Bastidores

Revista Época afirma que “empresário ligado a” Carlos “Cachoeira doou 200 mil reais para a campanha de Pedro Paulo, candidato a prefeito bancado por Eduardo Paes

É possível que o delegado-deputado esteja perdendo eleitores tanto para Iris Rezende (que lidera) quanto para o postulante do PSB

[caption id="attachment_73238" align="alignright" width="620"] Gean Carvalho, Jorcelino Braga e Alberto Araújo[/caption]
Sem distinção partidária, os marqueteiros Gean Carvalho, Alberto Araújo e Jorcelino Braga abocanharam a maior parte do milionário mercado de marketing eleitoral na campanha de Goiás este ano.
No total, os três profissionais serão os responsáveis pelo marketing de várias candidaturas em municípios goianos. Gean está à frente da candidatura de Heuler Cruvinel, do PSD, em Rio Verde, e em outras cidades faz pesquisas por intermédio do Instituto Fortiori.
Já Braga comanda o marketing da candidatura de Álvaro Guimarães (PR), em Itumbiara; de Iris Rezende (PMDB), em Goiânia; e de Pedro Canedo (DEM) em Anápolis.
Alberto, por sua vez, ficou com Vanderlan Cardoso (PSB), em Goiânia; Lissauer Vieira (PP), em Rio Verde; e Marlúcio Pereira, em Aparecida de Goiânia.

Todo deputado tem uma cota para gastos com seu gabinete e pessoal, porém alguns políticos extrapolam esta cota, como é o caso do candidato a prefeito de Águas Lindas, Enio Tatico (PMDB) que gastou R$ 11.946,79 com combustível quando foi deputado federal por Goiás. O valor equivale a 5.973 litros de gasolina. Apesar da quantia exorbitante, este número ainda é ainda maior. Somando os reembolsos de Enio Tatico e do seu pai José Tatico, enquanto eram deputados o valor chega a R$ 298,5 mil, que foram devolvidos pela Câmara. Com este valor é possível rodar por 1.194.000 quilômetros. Este valor daria para fazer três viagens à Lua segundo cálculo de matéria do jornal O Globo de 2006. Apenas em um trimestre eles reembolsaram a soma de R$ 95,8 mil com gasolina. Tatico Pai foi o recordista naquele ano, com a maior nota do mês no valor de R$ 38,5 em combustível. E assim, José Tatico e Enio Tatico ficaram conhecidos na Câmara como os deputados “astronautas”, já que os valores por eles reembolsados dariam para viajar para lua, e três vezes.

[caption id="attachment_73102" align="alignright" width="620"] Iris Rezende, Waldir Soares e Vanderlan Cardoso: o primeiro e o terceiro trabalham para desidratar o segundo, um franco-atirador [/caption]
Parece que pelo menos um jornal está empenhado numa questão: torce para que Iris Rezende, do PMDB, seja eleito no primeiro turno. Trata-se de “O Popular”. Notas e reportagens insistem nesta possibilidade, que não é autorizada sequer pelo instituto de pesquisa, o Serpes, que trabalha para o jornal do Grupo Jaime Câmara. Incentivados pelo “jornalismo de apoio”, por assim dizer, os iristas começaram a espalhar que o veterano peemedebista, de 82 anos, pode ser eleito no primeiro turno. O jornal e os iristas se retroalimentam. Mas nos bastidores, que é onde se diz o que não se publica, o discurso do irismo é outro: aposta-se num primeiro turno complicado e que o segundo turno é praticamente certo.
Se a realidade é uma — o Serpes diz que Iris Rezende tem 31,9% e os demais candidatos têm 48% (16,1% a mais do que o peemedebista) —, por que tanto o jornal quanto os iristas dizem que o peemedebista pode ganhar no primeiro turno? Depois de conversar com cinco peemedebistas, com perguntas incisivas, o Jornal Opção conseguiu obter as informações que serão expostas a seguir.
Iristas afiançam que o eleitor de Waldir Delegado Soares, se abandoná-lo, corre para Iris Rezende. O peemedebista seria, nesta tese, o segundo nome dos eleitores que preferem o candidato a prefeito de Goiânia pelo PR. Então, ao frisar que Iris Rezende pode ser eleito no primeiro turno, o irismo está fazendo política, quer dizer, está trabalhando, com certa sutileza — sim, porque a imprensa parece não perceber ou não quer registrar —, para “desidratar” Waldir Soares.
O irismo aposta, especialmente nos bastidores, que o segundo turno se dará entre Iris Rezende e Vanderlan Cardoso, do PSB. Este é avaliado pelos iristas como um candidato mais complicado de derrotar, porque tem a imagem de gestor, como a do próprio peemedebista. Acredita-se que seria mais fácil derrotar Waldir Soares, porque este não é visto como gestor, e sim como meramente político, o que não é aprovado pela maioria dos eleitores. O gestor pode até ser político, na opinião do eleitorado, mas não pode ser exclusivamente político. A imagem de gestor deve sobrepujar a de político. Iris Rezende sabe, como político experiente que é, que sua frente atual é incômoda, mas, se “sugar” o eleitorado de Waldir Soares, pode ir para os segundo com uma frente um pouco mais ampla.
Há um problema, não mencionado pelos iristas. Se há eleitores de Waldir Soares que poderiam apoiar Iris Rezende, há também os que rejeitam o peemedebista e, se perceberem que o postulante do PR se tornou carta fora do baralho, podem migrar para Vanderlan Cardoso.
Por fim, pode-se dizer que uma possível desidratação de Waldir Soares serve tanto a Iris Rezende quanto a Vanderlan Cardoso. Se “puxar” votos do republicano, paradoxalmente, o peemedebista tende a “puxar” o postulante do PSB para mais perto de si. No fundo, desidratar Waldir Soares totalmente não é positivo nem para Iris Rezende nem para Vanderlan Cardoso. Todos querem desidratar o candidato de Valdemar Costa Neto e Paulo Borges unicamente para tirá-lo do páreo.

[caption id="attachment_73169" align="alignright" width="620"] Vanderlan Cardoso: interpretação de “O Popular” não fez jus à qualidade da pesquisa Serpes e deixa de registrar quem de fato cresceu, o postulante do PSB. É um grave equívoco jornalístico[/caption]
Pesquisas quantitativas demandam leituras qualitativas. “O Popular”, ao publicar uma pesquisa de intenção de voto — feita pelo Serpes entre 10 e 12 de agosto — sobre a disputa pela Prefeitura de Goiânia, não quis ou não soube fazer uma leitura qualitativa dos dados. Editorialmente, não soube explorar a competência de um dos institutos mais sérios do Estado. Assim, desmereceu sua própria pesquisa.
Na primeira página, “O Popular” publicou a manchete “Iris lidera com 11 pontos à frente de Waldir” e, na página 6, outra manchete favorável ao peemedebista: “Iris lidera com folga”. A rigor, as informações não são falsas e não se pretende, portanto, questionar a seriedade editorial do jornal. O que se quer realçar é sua miopia jornalística ao examinar os dados apurados pelo Serpes. Primeiro, não se trata de uma “folga” tranquila — a diferença entre Iris Rezende e o segundo colocado, Waldir Delegado Soares, do PR, é de apenas 11,3%. Nada intransponível, sobretudo se se considerar que a campanha está apenas começando.
Segundo, somando as intenções de voto de Waldir Soares e Vanderlan Cardoso, do PSB, chega-se a um número mais expressivo do que o de Iris Rezende — 37,4%. Ou seja, o peemedebista tem 5,5% a menos do que os dois adversários. Somados todos os candidatos, chega-se a 48%, quer dizer, 16,1% a mais do que tem o ex-prefeito de Goiânia.
Uma edição mais cuidadosa, atenta aos números do Serpes, diria o óbvio: os fatos novos são a ascensão vertiginosa de Vanderlan Cardoso — que descolou de Adriana Accorsi, do PT, e aproximou-se de vez de Waldir Soares — e a estagnação do postulante do PR. Estagnação com sintoma de queda.
O candidato do PR tem 20,6% e Vanderlan Cardoso obteve 16,8% — uma diferença de 3,8%. Como a margem de erro da pesquisa é de 4,38%, os dados levam à conclusão de que Waldir Soares e o postulante do PSB estão tecnicamente empatados.
A omissão mais grave de “O Popular” é que não informou que, na verdade, Iris Rezende, embora tenha descolado de Waldir Soares, praticamente não cresceu. Um político que foi prefeito de Goiânia três vezes, governador de Goiás duas vezes, ministro de dois governos, senador e deputado ter apenas 31,9% numa pesquisa de intenção para prefeito é um mau sinal. E sua rejeição — de 26,7% — é alta. A de Vanderlan Cardoso, de 12,4%, é menor 14,3% do que a do peemedebista.

[caption id="attachment_73167" align="alignright" width="620"] Montagem[/caption]
Líderes da aliança PSDB, PSB, Solidariedade (SD) e PRB avaliam que é possível eleger pelo menos 11 vereadores em Goiânia e listaram seus favoritos.
Alysson Lima — PRB. É o nome da TV Record.
Anselmo Pereira — PSDB. Desgastado, mas conta com uma estrutura poderosa. É presidente da Câmara Municipal.
Denício Trindade — SD. O vereador conta com estrutura azeitada.
Doutor Gian Said — PSB. É vereador e tem o apoio da Igreja Fonte da Vida.
Doutora Cristina Lopes — PSDB. Apontada como vereadora qualitativa.
Elias Vaz — PSB. O vereador é o nome mais consistente do partido.
Fábio Lima — PSB. É, eleitoralmente, consistente.
Giovani Antônio — PSDB. É vereador, tem estrutura forte.
Inspetor Newton — PSB. É uma das apostas do partido, dado o tema da segurança pública.
Joãozinho Guimarães — SD. Na eleição passada, foi bem votado, mas não se elegeu.
Maurício Beraldo — PSDB. Tem força na periferia.
Pedro Azulinho — PSB. Vereador, tem forte presença nos bairros.
Professor Dumas — PSB.
Rogério Cruz — PRB. Ele é vereador e tem o apoio da Igreja Universal.

[caption id="attachment_73165" align="alignright" width="620"] Arquivo[/caption]
PHS, PSL e PP caminham juntos na disputa pra vereador em Goiânia. Líderes da coligação sugerem que tendem a eleger de 2 a 3 vereadores. A pedido do Jornal Opção, elaboraram a lista de seus favoritos — ressaltando que podem ocorrer surpresas.
Capitão Wayne — PHS. É um político experimentado.
Cleudimar Mariano — PHS. Aparece em todas as listas do partido.
Desirée Penalba — PSL. Um dos trunfos do partido.
Frederico Michel — PP. É apontado como nome forte, porque é bancado pelo vice-governador de Goiás e secretário de Segurança Pública, José Eliton (PSDB).
Lorena Louzada — PHS. Outra aposta do partido.
Lucas Kitão — PSL. É o candidato do presidente do partido, Benitez Calil, e do deputado Lucas Calil. Aparece na lista dos favoritos, sobretudo porque representa setores da juventude.
Mãezinha (Maria Helena Ferreira dos Anjos) — PP. É mencionada como “forte” na Vila Finsocial.
Marcelo Augusto — PHS. Ex-presidente da Câmara Municipal e presidente do partido. É favoritíssimo entre os favoritos.
Pachecão do Táxi (Paulo Roberto da Silva Pacheco) — PHS. Com os taxistas rebelados por causa do Uber, é um concorrente sólido.
Professor Vanderlan — PHS. É uma das apostas do partido.

[caption id="attachment_64855" align="alignright" width="620"] Ana Carla Abrão em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Renan Accioly[/caption]
Ana Carla Abrão Costa é uma economista brilhante, com a diferença de que, além do conhecimento teórico — é doutora em economia pela Universidade de S. Paulo —, não descurou da prática no mercado público e privado. Depois de uma passagem bem-sucedida pela área bancária, como executiva, aceitou o convite para ser secretária da Fazenda do governo de Goiás. Corajosa e firme, fez, bancada pelo governador Marconi Perillo (PSDB), um ajuste fiscal dos mais rigorosos e eficientes — por isso apontado como modelo para o país por economistas e jornais nacionais, como o “Valor Econômico”.
Como resultado de suas ações no ajuste da máquina pública, uma espécie de monstro pantagruélico — devorador de quase todos os recursos financeiros —, Ana Carla ganhou projeção nacional. Se quisesse, poderia ter assumido cargos de diretoria tanto no BNDES quanto no Banco Central. Mas um cargo mais elevado pode estar à sua espera — o de ministra do Planejamento do governo do presidente Michel Temer. Tem inclusive o apoio do tucano-chefe Marconi Perillo.
Na verdade, Marconi Perillo prefere mantê-la no seu governo. Ele disse isto ao Jornal Opção na semana passada. A amigos, Ana Carla tem dito que tende a ficar no governo até dezembro deste ano. Se não for para o governo de Temer, volta para São Paulo (tem sido cobrada pelos filhos, que moram lá).
Há outra informação: Ana Carla pode iniciar uma carreira política por Goiás, a partir de 2018. Pode disputar mandato de governadora ou, se sua mãe, a senadora Lúcia Vânia (PSB) abrir espaço, disputar mandato de senadora.

[caption id="attachment_73162" align="alignright" width="620"] Montagem[/caption]
O PMDB havia preparado o empresário e vereador Eli Rosa para ser candidato a prefeito. Mas, devido ao desgaste do PT, o ex-prefeito Antônio Gomide negociou com o presidente do PMDB, deputado federal Daniel Vilela. Eli Rosa tornou-se vice na chapa do prefeito João Gomes, do PT, e Antônio Gomide será vice de Daniel Vilela, se este for candidato a governador em 2018.

[caption id="attachment_46148" align="alignright" width="620"] Frederico Jayme | Foto: Fernando Leite[/caption]
Há uma grave crise na base política governista em Pirenópolis. O chefe de gabinete do governador Marconi Perillo, Frederico Jayme, do PSDB, não apoia o candidato do PSD a prefeito, Luiz Armando Pompeu de Pina, que tem como vice o tucano Edmundo Siqueira. “Não apoio a chapa, até por uma questão jurídica, pois Luiz Armando, embora tenha recorrido, permanece cassado. A candidatura dele não foi registrada” [no site do TSE está anotado: “Aguardando julgamento”].
O DEM banca a candidatura de João do Léo. Altamir Mendonça, postulante do PP, conta com o apoio do prefeito Nivaldo Melo. Paulo Daiam disputa pelo PTB. “O quadro político está equilibrado e indefinido, dada a questão jurídica”, frisa Frederico Jayme. “Por enquanto, não estou apoiando ninguém”, sublinha.

[caption id="attachment_70008" align="alignright" width="620"] Arquivo[/caption]
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), disse ao Jornal Opção que vai terminar o ano com dinheiro em caixa. É o resultado de um ajuste fiscal rigoroso. A responsabilidade com o uso do dinheiro público tornou o governo saudável em termos financeiros.
Ao contrário do governo de Goiás, que está com as contas equilibradas, 11 Estados correm sério risco de deixar de pagar a folha dos servidores em setembro, entrando em colapso em função do descontrole dos gastos públicos.
Aliados da deputada federal Magda Mofatto (PR) admitem que, para disputar mandato de senadora, em 2018, ela pode aliar-se com o senador Ronaldo Caiado, do DEM, que planeja disputar o governo de Goiás. Sem o apoio do PMDB, que deverá bancar Maguito Vilela ou Daniel Vilela para o governo, Ronaldo Caiado terá de montar outro grupo político. Daí a possibilidade de composição com os deputados Alexandre Baldy (PTN) e Magda Mofatto. Os mofattistas sugerem que a chamada base aliada irá lançar para o Senado, em 2018, o governador Marconi Perillo (PSDB) e a senadora Lúcia Vânia (ou Ana Carla Abrão), do PSB.
Candidato a prefeito de Anápolis pelo PTB, Roberto Naves — com um discurso afiado e presença ativa na política local — afirma que, no debate realizado pela Rádio Manchester, houve dois vencedores: ele e Carlos Antônio, do PSDB. Roberto Naves frisa que o prefeito João Gomes, do PT, “foi muito mal”. Carlos Antônio confirma: “Ganhei o debate e o prefeito não respondeu às perguntas com precisão”. Carlos Antônio e Roberto Naves, numa dobradinha não planejada, encurralaram João Gomes. Fica-se com a impressão de que, sem Antônio Gomide por perto, soprando alguma coisa nos seus ouvidos, o prefeito fica meio perdido. “Ele deveria andar com um fone de ouvido e, assim, Gomide poderia comandá-lo a distância”, afirma um aliado do deputado Alexandre Baldy (PTN).
O governador Marconi Perillo (PSDB) mantém relação cordial com o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB). Mas tem dito aos aliados que, em política, é preciso escolher um lado. No município, está ao lado de Alcides Ribeiro e do colégio Silvio Benedito, do PSDB e do PP, e que, possivelmente, subirão no palanque de seu candidato a governador, em 2018. Enganam-se aqueles que pensam que o tucano-chefe está fora do processo político, deixando o barco navegar como se a deriva. Nada isso. Ele participa das articulações e joga com habilidade para montar uma base mais sólida para 2018. Um verdadeiro político não renuncia à política por nada. E, como se sabe, Marconi Perillo é um animal político de primeira linha. É um político profissional, na acepção moderna e positiva do sociólogo alemão Max Weber.