Por Thiago Burigato

Discussões devem ser lideradas por um novo conselho de ética a ser formado após a próxima eleição do diretório estadual, prevista para o primeiro semestre do ano que vem. Durante reunião, Dona Íris solicitou afastamento da executiva do partido

O PMDB de Goiás está se tornando o PMD do D, ou Partido do Movimento Democrático das Derrotas. O partido perdeu cinco eleições consecutivas para o governo do Estado. Se apostar em Iris Rezende para prefeito de Goiânia, e não em um nome novo, como Daniel Vilela, outra derrota pode bater à sua porta

[caption id="attachment_20257" align="alignleft" width="280"] Marconi: mais recursos para melhorar qualidade vida do povo[/caption]
O deputado federal Vilmar Rocha (PSD) não para. Reúne-se com políticos, discute eleições e formatação de um projeto para a disputa de 2016 e, nas folgas das articulações, estuda a história do Brasil e teoria política. “Terminei de ler as memórias do senador eleito José Serra, de São Paulo. ‘Cinquenta Anos Esta Noite’ (Record, 266 páginas) é uma história fascinante sobre um indivíduo, Serra, e a história de seu tempo.
"É bem escrito. Li uma resenha do Jornal Opção e decidi comprá-lo.”
Vilmar afirma que o governador Marconi Perillo vai enxugar e agregar secretarias e agências. “A dúvida é se faz o ‘enxugamento’ de uma vez ou aos poucos. As demissões de comissionados podem ser feitas de maneira ‘programada’ ou não.”
O líder do PSD afirma que “o ponto de união da base governista é Marconi. Mas ele não vai disputar o governo em 2018, por isso, neste ano, haverá uma reorganização da base política”. O que o tucano-chefe vai fazer? “Marconi deverá concluir todas as obras até 2018. Seria um grande avanço.”

[caption id="attachment_20271" align="alignright" width="310"] Sandro Mabel: jogo do político “aposentável” é apontado como manjadíssimo por “mabeólogo”[/caption]
Um peemedebista, ex-deputado federal, afirma que é uma espécie de “mabeólogo”, quer dizer, intérprete do deputado federal Sandro Mabel, do PMDB. O repórter do Jornal Opção pergunta-lhe: “Procede que o empresário vai se aposentar da política?” Sua resposta: “Se até Iris Rezende não quer se aposentar, por que Sandro vai resignar-se?”
O ex-deputado afirma que Mabel está espalhando uma ampla cortina de fumaça sobre seu verdadeiro projeto político. “Ele teria sugerido que ‘pagou’ o marketing da campanha de Iris Rezende, no segundo e no primeiro turnos, para que o peemedebista-chefe o apoiasse na disputa para prefeito de Goiânia, em 2016. Verdade? Meia verdade. Sandro sabe que a disputa de Goiânia vai ser uma pedreira, possivelmente entre Iris Rezende, do PMDB, Vanderlan Cardoso, do PSB, e Jayme Rincón, do PSDB. Será uma batalha para profissionais, não para amadores. Sandro, nada bobo, não entra em bola dividida.”
Se é assim, o que quer, de fato, o aposentável Mabel? “Simples: Sandro quer disputar a Prefeitura de Aparecida Goiânia. Só precisa convencer o prefeito Maguito Vilela a rifar Euler Morais e a apoiá-lo.” É possível? “É.” Por quê? “Porque Maguito não quer ‘torrar’ dinheiro para eleger o amigo histórico e Sandro tem condições de bancar sua campanha.” Só isso? “Só.”

Na semana passada, auxiliares do governador Marconi Perillo e deputados eleitos e reeleitos elaboraram, a pedido do Jornal Opção, a lista do possível secretariado do quarto governo do tucano Marconi Perillo. Pelo menos cinco entrevistados chamaram a lista de “bolsa de apostas”. Outros optaram por nominá-la de “especulação”. O leitor encontrará o nome de uma pessoa sugerido para mais um de cargo.
O listão dos favoritos:
Agecom — Orion Andrade, Carlos Maranhão, Danin Júnior.
Agel — Júnior Vieira (Célio Silveira e Jovair Arantes disputam a agência para algum aliado) e Francisco Bento.
Agetop — Jayme Rincón (o único hors concours).
Agricultura — Heuler Cruvinel (favorito), José Mário Schreiner, Roberto Balestra e Robledo Rezende.
Chefe de gabinete — Eduardo Zaratz, Joaquim Mesquita, Joaquim de Castro (citado para o TCM na vaga de Virmondes Cruvinel) e João Bosco Bittencourt.
Cidadania e Trabalho — Flávia Morais (favorita), Virmondes Cruvinel Filho e Tales Barreto.
Cidades — Roberto Balestra e João Balestra.
Cultura — Aguinaldo Coelho, Nasr Chaul, Décio Coutinho, Fernando Cupertino e Edival Lourenço.
Detran — João Furtado e Horácio Santos.
Educação — Raquel Teixeira, Fernando Pereira dos Santos, Vanda das Dores Siqueira Batista, Edward Madureira (cotado, mas não quer) e Vilmar Rocha.
Emater — Antenor Nogueira (com certa rejeição).
Escritório de Representação em Brasília — Gilvane Felipe, Luiz Alberto Bambu e Simão Cirineu.
Fazenda (Sefaz) — Giuseppe Vecci (afirma que prefere ficar na Câmara dos Deputados), Jalles Fontoura (agrada o Fisco, mas reluta em deixar a Prefeitura de Goianésia), José Paulo Loureiro (há quem diga que prefere ficar na iniciativa privada), José Taveira (é um curinga) e Simão Cirineu (pela coragem de dizer “não” e de não fazer “média”).
Goiás Turismo — Eduardo Machado. Francisco Bento ou uma indicação da deputada federal eleita Magda Mofatto (se parar de plantar notas em jornais, numa pressão nada sutil).
Governo (união de Casa Civil, Justiça e Articulação) — Frederico Jayme, Vilmar Rocha, Joaquim Mesquita, Henrique Tibúrcio e Eduardo Machado.
Habitação (se criada, incorpora a Agehab) — Marcos Abrão (prefere ficar na Câmara dos Deputados) e Carlos Maranhão.
Indústria e Comércio — Bill O’Dwyer, Jean Carlo, Frederico Jayme e Alexandre Baldy.
Infraestrutura — Danilo de Freitas.
Juventude (pode ser uma diretoria ou superintendência da Secretaria de Governo) — Rodrigo Zani.
Meio Ambiente — Jacqueline Vieira.
Metrobus — Padre Ferreira.
Particular — Glória Miranda, Gilvane Felipe e João Bosco Bittencourt.
Saneago — Julinho Vaz.
Saúde — Halim Girade, José Taveira, Antônio Faleiros, Cristina Lopes e
Francisco Azeredo (o grupo de Lincoln e Sebastião Tejota tem interesse na pasta).
Sectec — Francisco Júnior, Vilmar Rocha e Mauro Faiad (bancado por Giuseppe Vecci).
Segplan — Leonardo Vilela (nome apoiado por Giuseppe Vecci) e Marcos Abrão.
Segurança Pública — Joaquim Mesquita, Frederico Jayme (em alta), José
Paulo Loureiro, Henrique Tibúrcio e João Campos.
VLT — Carlos Maranhão e João Balestra.

[caption id="attachment_20263" align="alignright" width="620"] José Vitti e Lincoln Tejota: dois nomes consistentes para a a disputa da presidência da Assembleia Legislativa, logo no início de 2015[/caption]
Um deputado procurou o Jornal Opção e disse: “Um ‘candidato’ a presidente da Assembleia Legislativa de Goiás estaria oferecendo dinheiro para pagar dívidas de campanhas de deputados eleitos de vários partidos”. Como o parlamentar não apresentou provas, o Jornal Opção optou por fazer o registro, mas sem mencionar o nome do suposto comprador de “votos”. “A história está grassando”, frisa o político, que não se elegeu.
O fato é que sete deputados estaduais — José Vitti (PSDB), Helio de Sousa (DEM), Henrique Arantes (PTB), Chiquinho Oliveira (PHS, recém-eleito), Francisco Júnior (PSD), Lincoln Tejota (PSD) e Álvaro Guimarães (PR) — estão trabalhando, às claras e, às vezes, silenciosamente, com o objetivo de articular uma frente de apoio ampla para assumir o controle da poderosa Assembleia. O presidente eleito vai dialogar diretamente com o governador Marconi Perillo e com a sociedade goiana e vai gerir um orçamento maior do que o de algumas prefeituras pequenas e médias. Quem assume o Legislativo se torna poderoso da noite para o dia (observe-se que Helder Vallin é conselheiro do TCE porque, antes, foi presidente da AL).
Pode-se falar num favorito? Ainda não. A tendência é que o presidente seja do PSDB, o maior partido da casa. Se prevalecer esta tese, o nome mais cotado é o de José Vitti. Sua ascensão resolveria também alguns problemas políticos em Palmeiras de Goiás. Helio de Sousa é considerado, por todos, como carta fora do baralho. “Ele é um presidente tranquilo, não cria problemas, mas não tem a simpatia dos deputados e, sobretudo, pertence ao DEM, partido que é comandado por um adversário figadal do governador Marconi Perillo, o senador eleito Ronaldo Caiado”, diz um secretário do tucano-chefe.
Lincoln Tejota, com o apoio de seu pai, o conselheiro do TCE Sebastião Tejota, e do ex-prefeito de Goiânia Nion Albernaz, do PSDB, é um nome consistente. Ele articula com habilidade. Henrique Arantes também quer comandar a casa, mas tende a apoiar Tejota. Francisco Júnior saiu atrás de Tejota, na articulação, e por isso tende a apoiar o correligionário.
Chiquinho Oliveira tem a simpatia de Marconi, mas, por ser cristão novo, enfrenta certa resistência.
O deputado eleito Adib Elias, ao lado de Iris Rezende e Iris Araújo, é o mais radical quando se fala em expulsar do PMDB “aquilo” que o irismo e o irisaraujismo chamam de “triunvirato marconista” — Júnior Friboi, Frederico Jayme e Robledo Rezende. Friboi, Frederico e Robledo não temem o chamado “triunvirato da vanguarda do atraso” — Adib Elias, Iris Rezende e Iris Araújo — e não vão sair do PMDB. Nem aceitam a expulsão. Os expulsos pelos eleitores é que deveriam ficar preocupados, afirmam.
O deputado Helio de Sousa contesta e diz que não enviou emissário para conversar com o governador Marconi Perillo
Numa fase de reflexão profunda — às vezes pergunta: “Por que Deus fez isto comigo?”, depois muda o discurso: “Deus estaria me testando?” —, Iris Rezende disse a dois peemedebistas que não pretende disputar a Prefeitura de Goiânia. Porém, confrontado com a possibilidade de as pesquisas revelarem que tem chance de ser eleito, até no primeiro turno, teria acrescentado que é cedo e que no devido tempo ele vai tomar uma decisão. Acredita-se que os iristas, notadamente suas viúvas, vão usar as pesquisas para emplacar Iris Rezende como candidato a prefeito. De fato, uma pesquisa feita recentemente aponta o peemedebista-chefe como líder, com Sandes Júnior em segundo.
A cúpula do PSD reuniu-se para discutir se algum dos deputados federais e estaduais eleitos planeja participar do quarto governo de Marconi Perillo (PSDB). O deputado Heuler Cruvinel admitiu ao presidente do partido, o deputado federal Vilmar Rocha, a hipótese de pleitear a Secretaria da Agricultura. “Mas acrescentou que iria conversar com seus aliados em Rio Verde e em outras cidades e que iria ‘amadurecer’ a ideia.” Thiago Peixoto frisou na conversa: “Quero ficar em Brasília e exercer o meu mandato”. Os cinco deputados estaduais — Lincoln Tejota, Francisco Júnior, Virmondes Cruvinel, Lissauer Vieira e Diego Sorgatto — também discutiram a questão. “Só Francisco Júnior admitiu que pode ser secretário.” O que Heuler Cruvinel e Francisco Júnior não querem é assumir secretarias sem estruturas, sem recursos financeiros. A Agricultura, para o deputado federal, o fortaleceria em Rio Verde. Ele planeja disputar a prefeitura do município.
O advogado Robledo Rezende, aliado do empresário Júnior Friboi, pretende ser candidato a prefeito de Porangatu, em 2016. Como Robledo Rezende é filiado ao PMDB, e o partido deverá bancar a reeleição do prefeito Eronildo Valadares, no momento mal avaliado pela população, é possível que migre para o Pros de Eurípedes Júnior. Se candidato, o advogado vai se apresentar como terceira via pacífica, sem atritar com os grupos de Eronildo e de Júlio da Retífica (PSDB).
Uma possível vitória de Iris Rezende para a Prefeitura de Goiânia será uma derrota para a renovação do PMDB e, portanto, mais uma pedra no caminho dos jovens do partido para 2018. Os peemedebistas avaliam que o peemedebista-chefe jamais pensa no partido e nos projetos de seus integrantes, por isso quer participar de todas as eleições, sem abrir espaço para os correligionários.
O governador deve conquistar o apoio de pelo menos 35 deputados estaduais na nova legislatura. Acredita-se que apenas quatro deputados vão fazer oposição mais ferrenha: Major Araújo, Ernesto Roller, Adib Elias e Luis Cesar Bueno. A tendência é que, por serem minorias entre as minorias, vão falar para as cadeiras. Porque a maioria vai ser governista.
O presidente do PPS em Goiás, deputado federal eleito Marcos Abrão, garante que não conversou com o governador Marconi Perillo sobre cargos, mas sabe que o partido terá cargos importantes no governo. O sr. poderia assumir a Secretaria da Habitação? “Meu projeto é ir para Brasília, tanto que estou estudando detidamente o regimento interno da Câmara dos Deputados. O governo do Mato Grosso do Sul tem uma Secretaria de Habitação eficiente, mas ainda não sei se Marconi vai criá-la. Seria um avanço para Goiás.” Marcos Abrão diz que, em 2016, o PPS pretende lançar candidato a prefeito e vereador em várias cidades, como Goiânia. “Não se ganha eleição dentro de gabinete”, frisa.
Expulso pelos eleitores, o casal Iris Rezende e Iris Araújo quer expulsar do PMDB aqueles que, como os goianos, não quiseram apoiá-lo na disputa pelo governo de Goiás e uma vaga na Câmara dos Deputados. Iris Rezende e Iris Araújo parecem que não têm noção precisa da rejeição deles tanto junto ao eleitorado, apesar do resultado das urnas, e no interior do PMDB. Antes, os peemedebistas temiam Iris Rezende, mas agora que o leão perdeu os dentes, depois de quatro derrotas estaduais, não temem mais dizer que precisa deixar a liderança do PMDB. Porque está “matando” o partido.