Por Redação

Ivan Oliveira de Grande Às crianças, é inevitável a recorrente pergunta: “o que você será quando crescer?”. Algumas defendem que almejam se formar como médicas, engenheiras ou advogadas; outras, respondem baseadas em uma ótica subjetiva e lúdica, comum às suas condições de indivíduos em desenvolvimento moral e psicológico, querendo ser viajantes do tempo, astronautas ou até mesmo ilusionistas. Não obstante o desejo de quem está em formação, as cidades parecem também ter em seu íntimo uma força motriz que as leva a ser algo (ou alguma coisa), no futuro.Goiânia, com seus 84 anos, ainda parece estar sob essa perspectiva. Suas contínuas e rápidas transformações urbanas parecem elucidar um forte desejo de ser (logo)algo ou alguém. Comparada à idade de uma metrópole como São Paulo, a capital goianiense, proporcionalmente, teria seus apenas 18 anos. Ainda está em fase adolescente, quase se tornando uma jovem adulta. Talvez por isso suas inconstâncias urbanas e os seus novos paradigmáticosideários tão evidentes. E o que esta cidade quer ser quando crescer? No momento de sua criação, pautando-se na ideia da mudança da antiga capital de Goiás – Vila Boa – a nova capital surgiu da necessidade de localizá-la de acordo com os interesses econômicos e sociais de todos os municípios goianos. Goiânia foi planejada e construída para ser a capital de Goiás, por iniciativa do político goiano Pedro Ludovico Teixeira, em consonância com a Marcha para o Oeste – estratégia desenvolvida no final dos anos 1930, pelo governo de Getúlio Vargas, para acelerar o desenvolvimento e incentivar a ocupação do Centro-Oeste:enigmático e incógnito sertão a ser desbravado. Goiânia foi oficializada capital em 1937 e o estrangeirismo adotado através do estilo Art Déco inspirou a arquitetura;os primeiros prédios de Goiânia foram erguidos entre as décadas de 1940 e 1950. A configuração urbana da nova capital, de feição irregular, surgiu de modo contrário a como se tratava a paisagem urbana no período colonial. Anteriormente ao pensamento moderno, a concepção espacial dos largos das cidades coloniais brasileiras, tal qual a antiga capital do estado, tinha como princípio a valorização de um cenário urbano composto por pitorescos conjuntos arquitetônicos. Esteticamente tratados e de alta legibilidade, eles permeavam a paisagem das ruas do conjunto e das tradicionais praças coloniais, onde a fé era idealizadaatravés da materialização da arquitetura das catedrais. A cidade era o local de encontro. Para o novo plano urbanístico da capital, em negação ao passado colonial que se apoiava no traçado urbano híbrido (irregular e reticulado), Corrêa Lima adotou o partido da monumentalidade, condicionando o desenho do espaço aos prédios públicos de caráter administrativo, ao desenho das ruas e à altura dos edifícios, fazendo uso das técnicas do planejamento urbano modernista em voga naquele tempo. A nova cidade se montava como cenário alegórico de princípios estético-culturais europeus ou como um simulacro de uma nova vida que nem mesmo o cidadão sabia qual era, ou seria. Goiânia era vendida como a cidade de novas oportunidades, de enriquecimento rápido e de valorização galopante dos investimentos feitos na compra de lotes: a nova capital de Goiás recriava em si o passado do desbravamento das expedições Bandeirantes dos séculos XVIII e XIX rumo ao misterioso território sertanejo: era o eldorado reinventado do século XX através do sonho da modernidade. A lógica desse passado não tão distante parece perdurar no inconsciente coletivo da cidade, na sua vontade de ser sempre nova. A almejada modernidade (histórica do momento de sua criação) atualmente se vê traduzida nas construções em altura que compõe adensamentos incongruentes com os traçados de circulação da cidade, ainda pioneiros. Hoje, a modernidade está em ocupar ou possuir os superpostos (e valorosos) solos criados rumo ao infinito: a cidade se orgulha em ter o edifício mais alto do país, o Orion Bussiness and Health Complex, de difícil pronúncia e de brutal impacto na paisagem da cidade devido aos seus 184,43 metros de altura. Jan Gehl, urbanista dinamarquês, observa com desconfiança esse modelo internacionalmente reconhecido. Mais que edifícios, esses monumentos podem ser apreciados à distância por quem passa por eles em velocidade, dentro de um carro. E aescala que Gehl defende é a que valorize espaços menores, praças e fachadas com detalhes que as pessoas podem observar quando andam a pé. E a cidade é composta pelo dinamismo e vitalidades sociais resultantes da interação entre as características morfológicas (geométricas e topológicas) e a maneira como as pessoas interagem no espaço. Nela, o solo é o espaço mais valoroso da reprodução social. Parece que a Goiânia moderna de hoje acontece fora de si, a metros do chão. Gostaria de ser Nova York, ou talvez, a Los Angeles pós-futurista de Riddley Scott, em Blade Runner: umagigantesca megalópole de torres altamente tecnológicas que contrastam com uma outra cidade no nível do chão, onde ocorre a disputa pela sobrevivência? Goiânia pós-moderna exprime os extremos de uma sociedade de alta-tecnologia convivendo com as disputas entre velhas e novas estruturas urbanas; e observo a cidade, escrevendo do alto do 27⁰ andar de uma dessas novas estruturas. Gostaria de poder estar lá em baixo, na cidade real.
Ivan Oliveira de Grande é doutorando em Arquitetura e Urbanismo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília.

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