Por Euler de França Belém
[caption id="attachment_4393" align="alignright" width="150"] Fabiana Pulcineli: repórter do primeiro time de O Popular[/caption]
Fabiana Pulcineli, principal repórter de política do “Pop”, está numa encruzilhada. Pode permanecer no jornal, no qual é respeitada, apesar do salário considerado “baixo” (7 mil reais), fazer campanha política (pelo menos dois pré-candidatos gostariam de tê-la na batalha eleitoral) ou ir para o “Correio Braziliense”.
O fato é que Fabiana Pulcineli não faz leilão nem está se oferecendo no mercado. A repórter, competente e séria, é que tem sido procurada. Se depender da editora-chefe, Cileide Alves, que aprecia seu trabalho firme e preciso, fica no “Pop”.
Há pelo menos duas formas de se valorizar um profissional de qualidade, como é o caso.
Primeiro, pagando-o melhor. R$ 10 mil reais, por exemplo, não provocariam nenhum grande desfalque nas contas do “Pop”, que tem perdido excelentes repórteres, para o “Correio Braziliense” (Rodrigo Craveiro e Almiro Marcos) e para “O Globo” (Vinicius Sassine), porque adota a política, nada moderna, de nivelar os salários por baixo. Os únicos repórteres que ganham um pouco mais são os que trabalham em tempo integral (“full time”).
Segundo, valorizando-o internamente. Embora seja convocada para escrever artigos, por sinal os melhores do “Pop” — jornal que terceiriza sua opinião para Elio Gaspari, Dora Kramer e Miriam Leitão, para citar apenas três —, Fabiana Pulcineli não é chamada para editar a coluna “Giro” e para fazer parte da equipe de editores.
Na contramão do que ocorre noutros jornais e revistas, o “Pop” criou a tradição de editores que não escrevem — se tornem chefes e, com o tempo, se tornam absolutamente descartáveis —, mas avalio que com uma personalidade forte, decidida e crítica como Fabiana Pulcineli isto não aconteceria. Mas está acontecendo com duas jornalistas notáveis, Cileide Alves e Silvana Bittencourt. As duas, que escrevem muito bem e pensam pela própria cabeça, além de serem íntegras, praticamente desapareceram. Silvana Bittencourt eventualmente comparece nas páginas do jornal, com artigos bem formulados, mas é só. Ninguém, na redação do jornal, dá conta de escrever um artigo por dia?
O “Pop” precisa criar uma estrutura na qual seus editores não se tornem burocratas improdutivos. Afinal, pagar bem para os melhores cérebros ficarem apenas dando “palpites” não é um negócio rentável e inteligente. Pôr editores para escrever é muito mais pragmático e enriquecedor do que contratar repórteres que não têm o chamado texto final. O barato, ao menos em jornalismo, costuma sair caro. Uma Fabiana Pulcinelli, agressiva e produtiva, vale, quem sabe, por três repórteres lentos e desinteressados.
Há esquerdistas que dizem que Cuba é uma democracia. Trata-se de uma profissão de fé. Não à toa o filósofo britânico John Gray avalia o marxismo como uma religião teórica e politicamente meio bastarda, porque seus pais, o cristianismo e o positivismo, não aceitam “registrá-lo”. Na verdade, sabem os esquerdistas mais cerebrados, a ilha da dinastia Castro, Fidel e Raúl, é uma ditadura cruenta. Digamos que os jornalistas Rui Falcão e Franklin Martins morassem em Cuba e, de repente, decidissem: “Vamos lançar um jornal impresso”. Não publicariam. Primeiro, porque o governo não permite. Segundo, porque não teriam papel. O papel é controlado pelos comunistas. O impresso e o digital são como o rádio e a televisão: coexistem e, provavelmente, o primeiro não será o novo dinossauro. Mas em Cuba aquele indivíduo que planeja publicar alguma coisa tem de pensar em termos digitais. Por isso, a jornalista e blogueira Yoani Sánchez vai editar, a partir de quarta-feira, 21, o jornal digital “14ymedio”. Será, afirma, “um espaço para falar de Cuba aqui dentro de Cuba”. Corajosa, pois enfrentar a famiglia Castro não é para qualquer um, a editora do blog Generación Y pretende ampliar a cobertura do que ocorre em Cuba. “Várias pessoas de nossa equipe de trabalho já receberam os primeiros avisos de advertência dos órgãos de segurança do Estado. Será um caminho difícil porque a propaganda oficial tentará nos satanizar”, diz a jornalista. Não custa lembrar que o serviço secreto cubano, o G2, foi treinado pela Stasi, da Alemanha Oriental (a história está no livro “O Homem Sem Rosto”, as memórias de Markus Wolf, da Stasi). O estranho título “14ymedio” significa, relata o Portal Imprensa, o seguinte: 14 é o número do apartamento de Yoani Sánchez, local da criação do projeto, e diz respeito a 2014. “O ‘y’ refere-se ao vocábulo que a acompanhou ao longo dos anos, enquanto ‘medio’ é por se tratar de um veículo para propagar informações.” No país em que o principal jornal, o “Granma”, é porta-voz oficial do governo e, portanto, do Partido Comunista Cubano, o jornal deveria ser chamado de “Tostão”. O “Tostão” contra o “Granma”. Uma coisa é certa: a destemida blogueira vai deixar os ditadores apavorados e os cubanos poderão, aos poucos, saborear o que é imprensa crítica, à qual não têm acesso desde 1959, há 55 anos. “14ymedio” é uma luz, ainda que tênue, que assinala que o comunismo, falido e sem autoridade (o povo é controlado pela violência institucional), não dá mais conta de segurar a rebeldia dos cubanos e esconder e maquiar a realidade.
Nas suas celebradas memórias, “Código da Vida”, o advogado Saulo Ramos conta histórias deliciosas (as informações sobre Jânio Quadros são reveladoras). Relato uma delas.
No comício pelas Diretas Já realizado em Goiânia, os comunistas compareceram com bandeiras vermelhas que incluíam as indefectíveis foice e o martelo. Os comunistas e os petistas atacavam duramente os militares, apontados como bestas feras. A versão de Saulo Ramos: “Não deu outra: nova conspiração de altas patentes. ‘Vinte anos não foram suficientes! É preciso mais!’. Fomos salvos, por incrível que pareça, porque o Congresso Nacional derrotou a emenda das diretas. Diante disso, os militares passaram a acreditar que poderiam ganhar as eleições naquele eleitorado encurralado e medroso”.
Nos bastidores, o presidente João Figueiredo dizia, segundo Saulo Ramos: “Tancredo, never!”. Eleito Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral, “as fotos do comício de Goiânia, bandeiras vermelhas com foice e martelo, voltaram a circular nos quartéis. O PT agitando o máximo, com viseiras e sem visão. Quase faz os militares retomarem o poder por mais de 20 anos”, conta Saulo Ramos.
Quando souberam que José Sarney seria empossado no lugar de Tancredo, os militares tentaram um golpe, garante Saulo Ramos: “Walter Pires, então ministro do Exército, ao ter conhecimento de que seria empossado Sarney, avisou: ‘Então vou agora mesmo para o ministério mobilizar nosso dispositivo’. O doutor Leitão de Abreu calmamente ponderou: ‘General Walter Pires, o senhor não é mais ministro. Nos quartéis, quem já está dando ordens é o general Leônidas’ [Pires Gonçalves]. A nomeação dele para ministro do Exército, naquele momento, não era válida. Leitão de Abreu blefou. E ninguém pagou para ver”.
Saulo Ramos assegura que, se os militares leais a João Figueiredo tivesse tentando um golpe, haveria reação nas Forças Armadas. O advogado e poeta Saulo Ramos foi jornalista, trabalhou para Jânio Quadros e foi consultor-geral da República, no governo Sarney.
Erros do livro de Saulo Ramos
O título das memórias de Saulo Ramos, “Código da Vida” (Planeta, 467 páginas), é uma referência explícita ao “Código da Vinci”, de Dan Brown, citado no livro do advogado brasileiro.
O livro é delicioso e deveria ser lido pelo menos por advogados e jornalistas (Saulo Ramos foi jornalista). Os erros, poucos e sem importância, não atrapalham a leitura.
Uma listinha desatenta das falhas de Saulo Ramos:
1 — “Enfarto”. Infarto e enfarte são mais apropriados.
2 — Mario Quintana e Mário Quintana. Saulo Ramos escreve o prenome do poeta gaúcho com e sem acento. No caso, Mario não tem acento.
3 — O nome do escritor turco Orhan Pamuk é reinventado por Saulo Ramos: “Orthan” Pamuk.
4 — “Blá-blá-blá.” O certo (ou mais usual) é blablablá.
5 — O ministro do Superior Tribunal de Justiça William Páterson ganha dois prenomes: “William” e “Willian”.
6 — O livro “A Trajetória de Octavio Frias de Oliveira”, de Engel Paschoal, não foi publicado pela Companhia das Letras, e sim pelas editoras Mega Brasil e, em seguida, Publifolha.
7 — “O senhor não sabe o que rooming?”. Falta uma palavra: “O senhor não sabe o que é rooming?”
8 — “Sua filha, Dra. Ana Drummond, trabalhou em meu escritória.” (Saulo inventa o feminino de escritório.)
O deputado federal Sandes Júnior diz que a chapa majoritária da base governista está praticamente escalada, com Marconi Perillo, José Eliton e Vilmar Rocha
Dean Baquet é o substituto de Jill Abramson como editor-executivo. O “Times” quer faturar mais e renovar seu jornalismo O leitor de sites de notícias de imprensa fica com a impressão de que Jill Abramson se tornou editora-executiva do mais importante jornal dos Estados Unidos, o “New York Times”, por ser mulher. Na verdade, é apontada pelos colegas como uma profissional notável, uma pessoa que se tornou chefe pela competência – não devido a algum tipo de cota, a “cota-mulher”. Porém, como se tornou a primeira mulher a comandar a redação mais poderosa do globo, pode-se falar num fato história, ou quase, em termos de imprensa. Agora, para substitui-la, foi escalado Dean Baquet, tornando-se, revela o Portal Imprensa, “o primeiro negro a ocupar” o posto de editor-executivo do “Times”. Por certo, há quem acredite que Dean Baquet foi indicado para o cargo porque é negro, como o presidente Barack Obama. Nada disso, é claro. Trata-se de reconhecimento ao seu talento e profissionalismo. “Não há jornalista, na nossa redação ou em qualquer outro lugar, melhor qualificado para essa responsabilidade nesse momento do que Dean Baquet”, disse Arthur Sulzberger, o publisher do jornal. Nem se questiona o provável exagero, que até desmerece os demais profissionais do “Times”, mas é óbvio que o jornalista deve ter sido escolhido pelo mérito, porque o jornal não faria a maluquice de indicar alguém para um cargo da mais alta responsabilidade apenas porque é negro. Dean Baquet foi editor do “Los Angeles Times” e ganhou um prêmio Pulitzer, o Esso dos americanos. “É uma honra ser solicitado para liderar essa que é a única redação do país que está, de fato, melhor hoje do que era uma geração atrás”, disse o jornalista. O que ele quis dizer, exatamente, não se sabe. O “Times” aposenta seus editores-executivos quando completam 65 anos. O estranho é que Jill Abramson, que era bem avaliada pela cúpula do jornal, por ter sido responsável por sua modernização e pela adesão às mídias digitais com sucesso, tem apenas 60 anos. O fato é que o “Times” não é mais tão lucrativo quanto antes. E seu principal concorrente, o “Washington Post”, com Jeff Bezos como proprietário, está se tornando mais agressivo, inclusive fazendo várias contratações. O “Times” está dando um recado aos seus leitores: está mudando quase tudo, como o país, com Obama. A escolha de um editor branco teria merecido menos destaque na mídia mundial do que a de um negro. Muita coisa, e não apenas alguma coisa, estaria mudando no antiquíssimo jornal, tido como conservador. Mas o que a direção do “Times” quer mesmo é um jornal que fature mais dinheiro nos próximos anos.
Jornalismo e entretenimento põem família Marinho, da Globo, como a mais rica do Brasil, seguida das famílias Safra, Ermírio Moraes e Moreira Salles
Mesmo em crise, o “Correio Braziliense” pode contratar Fabiana Pulcineli, principal repórter de política do “Pop”. Seus colegas que estão no “Correio” fizeram a publicidade e o trabalho da jornalista teria sido bem avaliado pela cúpula da redação do jornal de Brasília. Se o “Correio” não levar o passe da competente profissional, um candidato a governador pretende contratá-la para a campanha. Mas Fabiana Pulcineli não bateu o martelo e, apesar de não ser valorizada pela chefia da redação, aprecia trabalhar no “Pop”. É uma das últimas das moicanas, uma workaholic assumida.
Alguns artistas têm fama de irresponsáveis, de que não cumprem compromissos e não são pontuais. Até os mais rigorosos, ao menos com a própria arte, como João Gilberto, são criticados. O cantor e compositor Erasmo Carlos — talvez maior do que Roberto, mas quem não se torna mito fica sempre menor — prova que é um profissional sério ao dizer as seguintes palavras, publicadas no jornal “O Estado de S. Paulo” na segunda-feira, 12: “O show não pode parar, bicho. Eu e meus filhos trabalhamos com música e temos um pacto: o que acontece com um não pode impedir os outros de seguir em frente. Meu filho ainda está em coma induzido, mas logo será retirado deste estágio para que os médicos façam uma avaliação do seu estado. Entendo que outras pessoas parem suas vidas para chorar, mas isso não resolve. Você pode mandar pensamentos positivos a todo instante, de qualquer lugar”. Ao contrário do que podem pensar os passionais, não se trata de insensibilidade, e sim de profissionalismo. Na quarta-feira, 14, uma equipe médica do Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, anunciou a morte cerebral de Carlos Alexandre Esteves, o Alexandre Pessoal, de 40 anos, filho de Erasmo Carlos, que decidiu cancelar um show que faria no sábado, 17, em Brasília. “A grandeza do amor é sempre se tornar inteiro mesmo perdendo uma grande parte...adeus, meu Gugu querido, jamais esquecerei você”, disse Erasmo Carlos nas redes sociais. Alexandre Pessoal havia sofrido um acidente de moto na quarta-feira, 7.
O PSB vai lançar um jornal, sem periodicidade definida — tipo sazonal —, revelando dados de algumas pesquisas, por exemplo do Instituto Grupom, explicitando que seu pré-candidato a governador de Goiás, Vanderlan Vieira Cardoso, lidera as pesquisas de intenção de voto em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo. As pesquisas de intenção de voto, notadamente as dos institutos Serpes e Fortiori, revelam que, em todo o Estado, o governador Marconi Perillo, do PSDB, lidera com relativa folga — seguido de Vanderlan Cardoso, Júnior Friboi, do PMDB, e Antônio Gomide, do PT. O pré-candidato peemedebista está colado no socialista. Tecnicamente, considerada a margem de erro, estão empatados.

Guerra entre Iris Rezende e Júnior Friboi sugere que PMDB não pode pressionar por retirada de candidaturas de Vanderlan Cardoso e Antônio Gomide
O jornalista Nilson Gomes deve ser o editor do novo semanário que vai circular brevemente em Goiânia. Repórteres estão sendo sondados para compor a equipe. “Trata-se de um jornal de caráter mais popular, e não de jornal para fazer campanha política”, afirma Nilson Gomes. “É um jornal ‘normal’.”
Um grupo de jornalistas do Estado de Goiás revela que 700 funcionários efetivos da Agência Goiana de Comunicação, das rádios, TV e Diário Oficial vão paralisar suas atividades na quarta-feira, 14. Os servidores cobram a aprovação do Plano de Cargos e Salários (PCR).
A soma de intenções de voto de todos os candidatos a governador é inferior à intenção de voto no tucano-chefe
O jornalista inglês Thomas Harding revela que o judeu Hanns Alexander, a serviço dos ingleses, descobriu o comandante do campo de extermínio e o entregou para julgamento
“A estrada para Auschwitz foi construída pelo ódio, mas pavimentada com a indiferença.”
Ian Kershaw
[caption id="attachment_3778" align="alignright" width="300"] Este excelente livro contra a história de como o nazismo matou cerca de 5 a 6 milhões de judeus e, sobretudo, revela a história do nazista Rudolf Höss e do homem que o prendeu, na Alemanha, o judeu Hanns Alexander. Foto: Editora Dom Quixote[/caption]
No campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau foram assassinados 1 milhão e 100 mil seres humanos, entre eles mais de 200 mil crianças. Mais de 90% eram judeus. A maioria morreu nas câmaras de gás. Soldados e oficiais da SS mataram milhares a tiros. Vários morreram de fome. No livro “Auschwitz — Os Nazis e a ‘Solução Final’” (Dom Quixote, 425 páginas, tradução de Clara Fonseca e Lídia Geer), Laurence Rees, historiador formado por Oxford e documentarista da BBC, além de contar a história geral de Auschwitz — citando também os outros campos da morte, Treblinka, Sobibor, Belzec, Chelmno e Majdanek —, relata a vida de pessoas comuns. Resgata a história de alguns que morreram e de outros que sobreviveram. Alguns sobreviventes disseram-lhe que Deus não esteve em Auschwitz e, por isso, tornaram-se ateus.
No seu excelente livro “A Segunda Guerra Mundial” (Bertrand, 1095 páginas, tradução de Fernanda Oliveira), o historiador inglês Antony Beevor registra que, em 1940, os nazistas transformaram um quartel de cavalaria oitocentista “em campo de prisioneiros” dirigido “pelas SS para albergar prisioneiros polacos. Este era conhecido como Auschwitz. Era aqui que os primeiros testes do Zyklon B tinham sido levados a cabo em setembro de 1941 em prisioneiros soviéticos e polacos. No final de 1941, começaram os trabalhos ali próximo, em Birkenau, conhecida como Auschwitz II. Duas casas rurais foram convertidas em câmaras de gás improvisadas, que começaram a ser usadas em março de 1942. Os massacres em escala significativa só começaram em maio, mas em outubro já era claro para o comandante das SS [no campo], Rudolf Höss, que as instalações era totalmente insuficientes e que os enterros em massa estavam a poluir o lençol freático. Durante o inverno, foi construído um sistema de câmaras de gás totalmente novo.” Beevor ressalva: “Embora tivessem sido efetuados testes com o Zyklon B em Auschwitz em setembro de 1941, o primeiro campo de extermínio com câmaras de gás apropriadas construído sob a direção de [Oswald] Pohl foi Belzec. O trabalho começou em novembro de 1941, dois meses antes da Conferência de Wannsee” (a que decidiu pela Solução Final, o extermínio em massa dos judeus).
Num livro de alta qualidade, “A Tempestade da Guerra — Uma Nova História da Segunda Guerra Mundial” (Record, 811 páginas, tradução de Joubert de Oliveira Brízida), o historiador britânico Andrew Roberts revela que “na biblioteca particular de Hitler existia um manual de bolso, de 1931, sobre gases venenosos que dedicava um capítulo ao ácido prússico asfixiante vendido com a marca Zyklon B. (...) O uso de Zyklon, que significa Ciclone, e o B, inicial de Blausäure (ácido prússico), segundo a intenção original de Rudolf Höss, comandante do campo de Auschwitz, era para ‘poupar’ um ‘banho de sangue’, com o que ele queria dizer membros da SS tendo de matar, individualmente, judeus e outros. (...) No entendimento de um historiador de Auschwitz, ‘o uso do Zyklon B suavizava o processo da matança’”.
Entretanto, o uso de gás não foi uma invenção de Adolf Hitler ou de seu braço direito, Heinrich Himmler. A criação dos nazistas da SS de segundo ou terceiro escalão foi aprovada pela cúpula, que, de fato, cobrava métodos não para suavizar a morte dos judeus, e sim para deixar os nazistas da SS menos abalados. Muitos militares matavam judeus, ciganos, homossexuais, comunistas, mas ficavam emocionalmente abatidos. O ódio aos judeus, supostos culpados da derrota alemã na Primeira Guerra Mundial e pela crise da Alemanha, havia sido inculcado nos esquadrões da SS — daí terem uma justificativa para matá-los. Mesmo assim, aqueles que não eram sádicos, possivelmente a maioria, ficavam profundamente horrorizados com os assassinatos em massa. Isto preocupou Himmler.
Os historiadores têm procurado responder se a maioria do povo alemão sabia do Holocausto. O livro “Apoiando Hitler — Consentimento e Coerção na Alemanha Nazista” (Record, 518 páginas, tradução de Vitor Paolozzi), de Robert Gellately, conclui que, embora não se possa dizer que foram cúmplices (carrascos voluntários, no dizer de um historiador) da política do Estado, os alemães sabiam, sim, do Holocausto. Antony Beevor secunda Gellately — autor do livro mais equilibrado sobre a polêmica —, ao frisar que, “a princípio, a maioria dos civis não conseguia acreditar que os judeus estavam a ser gaseados em série. Mas havia tantos alemães envolvidos em vários aspectos da Solução Final e tantos a beneficiar da confiscação dos bens dos judeus, tanto do seus negócios como dos seus apartamentos, que uma grande minoria de alemães não tardou a ter uma boa percepção daquilo que estava a acontecer”.
Andrew Roberts relata que “ninguém foi sentenciado por se recusar a matar judeus; os oficiais arriscavam suas carreiras, e não suas vidas, quando se opunham a Hitler em termos de princípios militares. Eles podiam estar ‘apenas obedecendo ordens’, porém não o fizeram por bem fundamentado receio quanto às suas vidas”. O historiador britânico Ian Kershaw, autor da mais aclamada biografia do ditador nazista, “Hitler” (Companhia das Letras, 1160 páginas, tradução de Pedro Maia Soares), escreveu: “A estrada para Auschwitz foi construída pelo ódio, mas pavimentada com a indiferença”. Mas não apenas alemães “crucificaram” judeus. Poloneses, ucranianos e russos devotavam um ódio especial aos judeus. Stálin matou milhares de judeus.
O comandante de Auschwitz, Rudolf Höss, é dissecado em vários livros, e ele próprio deixou memórias em geral sinceras, com algumas justificativas questionáveis. Höss não era, assim como Adolf Eichmann, um mero cumpridor de ordens, um burocrata sem iniciativa, um homem que só cumpria as leis do Estado. Era um ser participante, que contribuiu para acelerar a mortandade no campo de extermínio. Antony Beevor contrapõe: “Höss era um antigo soldado imperturbável e de meia-idade, que tinha conseguido subir na hierarquia do sistema dos campos de concentração sem nunca questionar uma ordem. Primo Levi não o via como ‘um monstro’ ou como ‘um sádico’, mas sim como ‘um canalha ordinário, estúpido, arrogante e palavroso’. Höss era completamente servil em relação aos superiores, sobretudo” Himmler.
“Eutanásia adulta”
O jornalista Thomas Harding, no livro “Hanns & Rudolf — O Judeu-Alemão e a Caçada ao Kommandant de Auschwitz” (Rocco, 302 páginas, tradução de Ângela Lobo), traça um perfil equilibrado de Rudolf Franz Ferdinand Höss. Hanns Hermann Alexander (1917-2006), o militar alemão a serviço da Inglaterra que capturou Höss, é tio de Harding. Este diz, de cara, que “Höss foi o primeiro nazista sênior a admitir ter cumprido ordens de Hitler e Himmler para a Solução Final”. Assim como Höss, Hanns nasceu na Alemanha. Porém, diferentemente do nazista, era judeu. O pai, o conceituado médico Alfred Alexander, era amigo do físico Albert Einstein, de políticos, escritores, compositores (Richard Strauss) e atores famosos (Marlene Dietrich e Max Pallenberg). A família estava inteiramente assimilada e nem era muito religiosa. Höss encantou-se com Hitler, ao ouvi-lo, em Munique, em 1922. Hitler havia criado, em 1919, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, ao qual Höss se filiou. Em 1923, juntou-se a Martin Bormann para torturar e matar Walter Kadow, que havia pertencido aos Freikorps e, supostamente, traído um companheiro. Höss e Bormann foram presos. Para proteger o amigo, o primeiro assumiu a culpa e foi condenado pelo assassinato, em 1924, a dez anos de trabalhos forçados. Bormann pegou uma pena branda — um ano de prisão. Em 1928, aos 26 anos, Höss foi libertado. Era, então, antissemita. “Pessoalmente, nunca odiei os judeus, mas os vi como inimigos de nossa nação”, disse Höss. Em 1929, Himmler, nomeado por Hitler para chefiar sua guarda de segurança nacional, a SS, conversou demoradamente com Höss. Os dois tinham um interesse profundo por agricultura. Em 30 de janeiro de 1933, Hitler é nomeado chanceler pelo presidente Paul von Hindenburg. Na eleição, o Partido Nazista havia obtido 33% dos votos. Himmler, nomeado chefe da polícia política na Bavária, passou a prender e assassinar adversários. Já em março de 1933, Himmler criou o campo de concentração de Dachau, na Alemanha. Primeiro campo de concentração da Alemanha, Dachau era um local para prisioneiros políticos, como comunistas e socialdemocratas. A SS deixou de ser a guarda de Hitler para se tornar, escreve Harding, “uma considerável organização e burocracia paramilitar”, com 200 mil integrantes, no final de 1933. Höss foi levado para Dachau como supervisor e, depois, comandante de companhia ou líder de bloco. O comandante era Theodor Eicke. No início, Höss ficou abalado com a crueldade com que os presos políticos eram tratados pelos nazistas. Depois, acostumou-se. Logo depois de assistir alguma cena de violência, ceava normalmente com a mulher e os filhos. Em 1938, foi transferido para o campo de Sachsenhausen e se tornou “responsável pela disciplina e as execuções”. Um amigo da SS, um oficial, deixou um comunista escapar e foi levado a um pelotão de fuzilamento. Depois de executado, Höss ainda deu um tiro em sua cabeça. Enquanto Höss progredia, a família de Hanns era perseguida pelos nazistas e teve de fugir para a Inglaterra. Perdeu seus bens. Hanns chegou na terra de Winston Churchill em junho de 1936, aos 19 anos. Na Inglaterra, Hanns e seu irmão gêmeo, Paul, que eram ricos na Alemanha, se tornaram pobres. Em abril de 1940, Himmler disse a Richard Glücks para convocar Höss. Este recebeu a incumbência de montar um campo de concentração na Silésia do Norte, na Polônia, nas proximidades da cidadezinha de Auschwitz (Oswiecim em polonês). Foi escolhido para comandante por ser “enérgico” e “eficiente”. Josef Kramer era seu ajudante. Os primeiros 728 detentos eram prisioneiros civis poloneses. Auschwitz não era, na altura, um campo de extermínio. Era um campo de concentração. “Por ordem de Eicke, Rudolf colocou sobre o portão um arco de ferro forjado com as palavras ‘Arbeit Macht Frei’ (O trabalho liberta).” No campo, Höss chamava os prisioneiros de “untermensch”, sub-humanos. A Fritz Hensel, irmão de sua mulher, Hedwig, ele disse: “Não são como você e eu. São diferentes. Não se comportam como seres humanos. Têm números nos braços. Estão aqui para morrer”. Em seguida, Höss se empenhou na construção de Birkenau, ou Auschwitz II, a cinco quilômetros de Auschwitz I. Himmler informou ao comandante do campo que pretendia “construir uma fábrica de borracha sintética [buna] perto de Birkenau para a enorme indústria química” I. G.-Farben-Konzern, “que teria mais de 10 mil trabalhadores” escravos. No livro “Heinrich Himmler — Uma Biografia” (Objetiva, 911 páginas, tradução de Angelika Elisabeth Köhnke, Christine Röhrig, Gabriele Ella Elisabeth Lipkau e Margit Sandra Bugs), o historiador alemão Peter Longerich assinala que “tanto a conveniente localização geográfica da cidade quanto a perspectiva de mão de obra barata dos prisioneiros favoreciam o local”. Em 1941, Höss “supervisionou a introdução do programa de ‘eutanásia’ adulta. (...) Os médicos do campo selecionaram os presos supostamente incapazes de sobreviver para matá-los com uma injeção”. Os nazistas aplicavam “uma injeção de fenol diretamente no coração, causando a morte imediata”. Ainda sem as câmaras de gás, “assim foram assassinados milhares de prisioneiros nos primeiros anos de Auschwitz”. Como Himmler era implacável com os oficiais que deixavam prisioneiros fugirem, “Höss”, relata Harding, “implementou uma política draconiana: para cada prisioneiro que tentasse escapar, os guardas escolheriam dez do mesmo barracão, que seriam levados aos porões do bloco 11 e deixados lá para morrer de fome. Em consequência disso, o número de presos que tentavam fugir de Auschwitz era baixo: apenas dois tentaram escapar em 1940, dezessete em 1941 e 173 em 1942”.Solução Final
Em junho de 1941, com a Operação Barbarossa, Hitler atacou a União Soviética. Num encontro com Höss, em 1941, Himmler teria dito: “O Führer ordenou a Solução Final da questão judaica, e nós, a SS, é que vamos colocá-la em prática”. Höss pode ter confundido a data, pois a ordem para liquidar todos os judeus teria sido dada na Conferência de Wannsee, em 1942. Como matar judeus em grandes quantidades, e não apenas com tiros e injeções? Karl Fritzch, assistente de Höss, contou ao chefe que havia colocado Zyklon granulado “numa pequena cela do bloco 11” e que, “minutos depois, os russos [soviéticos] haviam morrido”. Além de aprovar a ideia, Höss — e, até aquele momento, Hitler e Himmler não haviam sido notificados da experiência de Auschwitz — “sugeriu que mais prisioneiros podiam ser mortos se usassem o antigo crematório do outro lado dos blocos, adjacente à ‘villa’ onde morava. Seria também uma solução ‘in loco’ para o problema de dar fim aos corpos”. Em seguida, Höss patrocinou um teste maior, agora com 900 presos políticos soviéticos. “As pessoas foram empurradas para dentro do crematório e as portas foram trancadas. Um guarda da SS, usando máscara de gás, subiu pela lateral do prédio, jogou um pó por uma abertura no telhado e fechou-a rapidamente. Mesmo através das grossas paredes de concreto, [Josef] Paczynski [barbeiro polonês de Höss] ouviu uma gritaria terrível. Aos poucos, os gritos foram cessando. Uma hora depois os guardas abriram as portas”, escreve Harding. Todos estavam mortos. Hanns, na Inglaterra, muda o nome para Howard Hervey Alexander, se tornou soldado e lutou na Normandia, na França, contra os alemães. O outro “H”, Höss, trabalhava intensamente, como Senhor da Morte. “O primeiro trem carregado de judeus para Auschwitz chegou em janeiro de 1942.” Foram levados para a “Sala de Desinfecção”, onde, “dez minutos depois, todos os prisioneiros estavam mortos”. Os nazistas usaram o gás Zyklon B. Mais tarde, os sonderkommandos, judeus obrigados a servir aos nazistas, “arrancavam anéis e dentes de ouro dos cadáveres”. Depois, os corpos foram levados para os crematórios. “Entre 1940 e 1944”, relata Harding, “mais de 1,3 milhão de prisioneiros chegaram a Auschwitz. Desses 1,1 milhão morreram, sendo 1 milhão de judeus, 75 mil de etnia polonesa, 21 mil roma (ciganos) e 15 mil prisioneiros de guerra” soviéticos. Satisfeito, Himmler promoveu Höss a major. No campo, uma das estrelas era o médico Josef Mengele, que morreu afogado, em 1979, em Bertioga, em São Paulo. Höss permitia a corrupção em Auschwitz e ele mesmo assediou sexualmente a austríaca (não judia) Eleanor Hodys, que engravidou. O comandante do campo mandou um médico fazer o aborto. Ela estava com seis meses de gestação. Mas Himmler estava satisfeito: Auschwitz era “capaz de assassinar mais de 4 mil pessoas por dia”. Porém, como havia denúncias de corrupção, Höss acabou afastado e transferido para Sachsenhausen. Passou a trabalhar sob a chefia direta de Richard Glücks. Em maio de 1944, dada sua “eficiência”, estava de volta a Auschwitz, com o objetivo de comandar o extermínio dos judeus-húngaros. As seleções foram feitas pelos médicos Josef Mengele e Kritz Klein. A “Aktion Höss” exterminou mais de 400 mil judeus-húngaros. Em seguida, Höss assumiu a supervisão dos campos.Caçada a Höss
Em agosto de 1944, as Aliados criaram um banco de dados, o Registro Central de Criminosos de Guerra e Suspeitos contra a Segurança (Crowcass). Eram citados Hitler, Oswald Pohl e Hermann Göring. Höss era mencionado, mas não Richard Glücks, o médico Enno Lolling e Adolf Eichmann. Em 15 de abril de 1945, os soldados e oficias ingleses entraram no campo de concentração de Belsen e ficaram horrorizados com o estado dos prisioneiros. Os ingleses decidiram escolher 12 homens — quatro investigadores, quatro intérpretes e quatro assistentes — para encontrar e penalizar judicialmente os criminosos de guerra. Hanns, com o nome de Howard Hervey Alexander, foi um dos escolhidos para integrar a primeira equipe de investigação de crimes de guerra. Hanns ficou sob as ordens do tenente-coronel inglês Leo Glenn, atuando como intérprete. Um dos investigadores era Alfred James Fox. O primeiro a ser ouvido, Franz Hössler, havia sido subchefe de um subcampo de Auschwitz. “Todos no campo sabiam das câmaras de gás em Auschwitz”, admitiu Hössler. Hanns ficou chocado e irritado com as declarações do nazista, mas anotou tudo que ele falou organizada e corretamente. Fritz Klein, médico em Auschwitz, disse que participou das seleções de prisioneiros e relatou que as ordens para o Holocausto eram verbais. “Nunca protestei contra as pessoas serem mandadas para a câmara de gás”, declarou. Ante os depoimentos sobre o horror, sobre a brutalidade como eram tratadas até as crianças, Hanns tornou-se mais duro nos interrogatórios e jurou caçar Höss. Mesmo quando desautorizado, o jovem caçava nazistas. “Hanns foi um dos primeiros homens do Exército Britânico a caçar criminosos de guerra.” A revisão do depoimento de Josef Kramer, que, depois de vários depoimentos de guardas e prisioneiros, finalmente admitiu que tinha conhecimento das câmaras de gás em Auschwitz e que havia sido ajudante de Höss, foi feita por Hanns. Kramer e outros 44 integrantes da SS foram julgados em setembro de 1945, na Alemanha. Franz Hössler, Fritz Klein, Josef Kramer, Elisabeth Volkenrath e Irma Grese, condenados, foram enforcados em dezembro de 1945. [caption id="attachment_3784" align="alignright" width="305"]

- “Holocausto — História dos Judeus da Europa Durante a Segunda Guerra Mundial” (Hucitec, 1022 páginas, tradução de Samuel Feldberg e Nancy Rozenchan), de Martin Gilbert. Supre, em parte, a lacuna de “A Destruição dos Judeus Europeus”, de Raul Hilberg, estranhamente inédito em português. - “Auschwitz — Os Nazis e a ‘Solução Final’” (Dom Quixote, 425 páginas, tradução de Clara Fonseca e Lídia Geer), de Laurence Rees. É um livro notável de um pesquisador competente e equilibrado. - “A Alemanha Nazista e os Judeus — Os Anos de Extermínio, 1939-1945” (Perspectiva, 840 páginas, tradução de Lyslei Nascimento, Josane Barbosa, Maria Clara Cescato e Fany Kon), de Saul Friedlander. Volume 2. Uma história ampla da perseguição e assassinato de judeus. Livro importante. - “Heinrich Himmler — Uma Biografia” (Objetiva, 911 páginas, tradução de Angelika Elisabeth Köhnke, Christine Röhrig, Gabriele Ella Elisabeth Lipkau e Margit Sandra Bugs), de Peter Longerich. Disparada, a melhor biografia de Himmler e, de quebra, uma brilhante história da Alemanha no século 20 (até 1945). - “A Segunda Guerra Mundial” (Bertrand, 1095 páginas, tradução de Fernanda Oliveira), de Antony Beevor. Neste livro, o historiador britânico mostra, com fartos dados, que a guerra foi de fato mundial e pode ter começado não na Europa, mas na Ásia. A crueldade japonesa surpreende. Os japoneses chegavam a comer americanos e outros prisioneiros como se fossem gado. - “A Tempestade da Guerra — Uma Nova História da Segunda Guerra Mundial” (Record, 811 páginas, tradução de Joubert de Oliveira Brízida), de Andrew Roberts. O historiador britânico mostra que o Holocausto, além de uma desumanidade, foi contraproducente para a economia alemã. Frisa o autor: “O Holocausto foi um erro militar, pois desviou meios ferroviários de monta e tropas SS, mas, sobretudo, porque privou a Alemanha de milhões de trabalhadores potencialmente produtivos e de prováveis soldados”. Confira resenha. - “Hitler” (Companhia das Letras, 1160 páginas, tradução de Pedro Maia Soares), de Ian Kershaw. Trata-se de uma edição condensada pelo historiador inglês. A edição integral saiu, em inglês e em espanhol, em dois volumes. É a mais ampla e perceptiva biografia do criador do nazismo. Kershaw é peremptório: o cabo austríaco que mesmerizou e levou os alemães à guerra morreu mesmo em 1945. E observa que, se cometeu erros, não era tolo nem maluco. - “Europa na Guerra — 1939-1945” (Record, 602 páginas, tradução de Victor Paolozzi), de Norman Davies. O livro faz um balanço excelente das principais publicações sobre a Segunda Guerra Mundial e comenta até obras literárias e filmes que tratam do assunto. Ele manda “O Resgate do Soldado Ryan” para o raio que o parta... E mostra quais filmes realmente examinam a guerra com mais precisão. Leia.