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Serra da Mesa vive seca histórica e faz antiga ponte ficar a 10m da superfície

Reportagem percorreu, de barco, região banhada por Uruaçu. Falta de chuva traz prejuízos econômicos aos ribeirinhos e deixa cenário do lago incomum

Al Qaeda no Iêmen reivindica responsabilidade por ataque ao Charlie Hebdo

Em mensagem, que foi enviada à agência de notícia Associated Press, a França foi escolhida como alvo por ter um “evidente papel na guerra contra o Islã e as nações oprimidas”

A missão real do intelectual não é justificar terrorismo de esquerda, de direita ou religioso

[caption id="attachment_25397" align="alignleft" width="300"]Momentos após o ataque ao jornal Charlie Hebdo, na França / Foto: William Molinié/ Twitter Momentos depois do ataque ao jornal Charlie Hebdo, na França / Foto: William Molinié/ Twitter[/caption] O terrorismo, contra a democracia e o indivíduo, aproveita-se de que nas democracias modernas, apesar do suposto big brother, os espaços públicos e privados são escassamente protegidos. Os terroristas que mataram dez jornalistas e chargistas da revista “Charlie Hebdo” — que satiriza, entre outros, o profeta Maomé — e dois policiais usaram da liberdade de ir e vir, típica da sociedade democrática, para cometer um atentado contra a vida e a liberdade de expressão. A França, com sua tendência a assimilar as diferenças, apesar das pressões da extrema direita, tornou-se vítima por ser, em geral, libertária. George Packer escreveu, no site da revista “New Yorker” — a síntese é de Caio Blinder, no portal da “Veja” —, que “o ataque contra ‘Charlie Hebdo’ foi apenas a última salva de uma ideologia que tenta conquistar o poder por décadas” por intermédio “do terror. A mesma que foi ao encalço do escritor Salman Rushdie a mando da teocracia iraniana, a mesma que matou 3 mil pessoas nos EUA em 11 de setembro de 2001, a mesma que assassinou Theo van Gogh nas ruas de Amsterdã em 2004 por fazer um filme, a mesma que pratica decapitação e estupro na Síria e Iraque, a mesma que massacrou 132 crianças e adultos em uma escola em Peshawar, no Paquistão, em dezembro. E como observa Packer, é a mesma que mata nigerianos com tanta regularidade, especialmente jovens, a que o mundo mal presta atenção”. “Todos nós devemos ser Charlie não apenas hoje, mas todo dia”, sugere George Packer. O problema é que o terrorismo, embora intolerante e contra a liberdade de expressão, não vai acabar. O filósofo britânico John Gray afirma, no polêmico livro “Al-Qaeda e o Que Significa Ser Moderno” (Record, 176 páginas, tradução de Maria Beatriz de Medina), que a Al-Qaeda modernizou o terrorismo (a barbárie), inclusive suas comunicações — daí sua eficiência letal. Destaco, neste breve texto, o comportamento celerado de certa intelectualidade. O livro “Passado Imperfeito — Um Olhar Crítico Sobre a Intelectualidade Francesa no Pós-Guerra” (Nova Fronteira, 478 páginas), do historiador britânico Tony Judt, mostra como o filósofo Jean-Paul Sartre e mesmo Merleau-Ponty justificaram, sem meias palavras, o inominável — o stalinismo. Em 1952, numa resposta a Albert Camus, Sartre assinalou: “Nós podemos ficar indignados ou horrorizados diante da existência desses campos [de concentração soviéticos]; nós podemos até ficar obcecados por eles, mas por que eles deveriam nos constranger?” Constrangidos com o Gulag soviético, Camus, François Mauriac e Raymond Aron optaram pela crítica ao stalinismo, indicando que não é dever do intelectual “acanalhar-se” por razões ideológicas ou quaisquer outras. No caso da França atual, intelectuais de uma certa esquerda avaliaram que o terrorismo é um instrumento legítimo da guerra. Óbvio que, para chocar menos, retorcem as palavras, ao estilo do facinoroso Frantz Fanon, espantosamente seguido nas universidades brasileiras, até por pessoas inteligentes e responsáveis. Os cartunistas que desenhavam Maomé, políticos e outras figuras públicas, sugerindo que todos podem e devem ser criticados, estavam em guerra? Não estavam. A guerra, no caso, era unilateral. Os cartunistas e jornalistas eram tão inocentes quanto as vítimas do terrorismo nas Torres Gêmeas ou em trens e ônibus. Seja religioso, político, de esquerda ou de direita, o terrorismo é sempre condenável. Não só o terrorismo dos árabes. Há ações de militares americanos e agentes da CIA no Oriente que são igualmente condenáveis. Não cabem aos intelectuais, mas eles se convocam para esta missão, justificar a violência.

Barbárie americana

Se o leitor quiser saber o que os Estados Unidos fizeram (e fazem) no Oriente Médio, e noutros lugares, nos últimos anos, não deve deixar de ler “Guerras Sujas — O Mundo É um Campo de Batalhas” (Com­panhia das Letras, 840 páginas, tradução de Donaldson Garschagen), de Jeremy Scahill. O jornalista mostra, com fartos exemplos documentados, que, em nome da civilização e dos valores democráticos, os Estados Unidos também levam sua barbárie ao Oriente, matando indivíduos de maneira indiscriminada. Não é livro de esquerdista, e sim de repórter independente e íntegro.

Terror na literatura

A literatura tratou do terrorismo com rara felicidade. Fiódor Dostoiévski escreveu o clássico “Os Demônios” (vale ler a tradução de Paulo Bezerra, publicada pela Editora 34). Joseph Conrad é autor do celebrado “O Agente Secreto”. O romance “A Terrorista”, de Doris Lessing, relata o mundinho perfunctório e raso dos criadores de terror. John Updike enfrentou o tema em “Terrorista”. O atentado das Torres Gêmeas, em Nova York, no qual morreram mais de 3 mil pessoas — uma violência com a marca da Al-Qaeda, de Bin Laden —, rendeu livros de qualidade, como “Extremamente Alto & Incrivelmente Perto”, a narrativa fascinante de Jonathan Safran Foer, e “Homem em Queda”, de Don DeLillo. “Sábado”, de Ian McEwan, também toca no assunto.

O filósofo britânico John Gray apresenta a Al-Qaeda como moderna e filha do Ocidente

Um dos mais importantes filósofos da atualidade, John Gray afirma que a Al-Qaeda nada tem a ver com a Idade Média e que usa muito bem os recursos dos tempos modernos

Livro sugere que infiltração destruiu a guerrilha das esquerdas brasileiras

imprensa0001“A Casa da Vovó — Uma Biografia do DOI-Codi (1969-1991), o Centro de Sequestro, Tortura e Morte da Ditadura Militar” (Alameda, 611 páginas), do jornalista Marcelo Godoy, de “O Estado de S. Paulo”, é um notável livro de história. Não é um mero relato jornalístico. Trata-se de uma pesquisa exaustiva, nuançada e bem escrita. O livro esclarece histórias às vezes tão-somente esboçadas noutras obras. Para contar a história do DOI-Codi, além de pesquisar noutras fontes, inclusive livros, Marcelo Godoy decidiu ouvir agentes — inclusive mulheres — que trabalharam no órgão de combate à guerrilha das esquerdas brasileiras. Seu relato, porém, não é subserviente às fontes. É “seu”, quer dizer, ouve os agentes, mas confronta suas versões e apresenta, de maneira equilibrada, um denominador comum. O repórter, no lugar de “desmentir” o coronel Brilhante Ustra, abre espaço para os agentes — alguns deles com nomes reais apresentados, outros com codinome — contestarem as versões do comandante do DOI-Codi. Baseado nas entrevistas, Marcelo Godoy conclui que a guerrilha foi destroçada, em larga medida, devido ao trabalho dos “cachorros”, guerrilheiros que, “virados” pelos militares e policiais, se tornaram informantes. “O uso de informantes foi um dos métodos mais eficazes, às vezes até mais do que a tortura, para a destruição das organizações de esquerda”, afirma. Os esquerdistas se tornavam informantes mais para sobreviver do que por convicção. Há, claro, aqueles que se tornaram apoiadores da ditadura, como o Cabo Anselmo. A Ação Libertadora Nacional foi destroçada, em grande parte, graças ao informante João Henrique Ferreira de Carvalho, que se tornou o informante Jota. Ele deu informações precisas sobre os guerrilheiros da ALN. Era amigo do poeta Pedro Tierra (Hamilton Pereira da Silva), que militava em Goiás e São Paulo. O Molipo foi destroçado com a ajuda do informante Camilo. Gilberto Prata Soares contribui para a destruição da APML. Ele entregou o cunhado e Honestino Guimarães caiu ao se pôr em contato com José Carlos da Mata-Machado. O Cabo Anselmo contribuiu para a liquidação da VPR e da VAR-Palmares. Jover Teles (o informante VIP) entregou, por dinheiro, a cúpula do PC do B. Uma história mostra a coragem suicida do guerrilheiro Frederico Mayr, do Molipo. Preso e baleado, foi levado para a Casa da Vovó (o DOI). O comandante Brilhante Ustra “abriu a porta do interrogatório e aproximou-se de Mayr: — Ô, meu filho, fala aí, é melhor pra você... — Eu não vou falar, seu gorila filho da puta... Ustra deu-lhe as costas para sair e o guerrilheiro enfiou-lhe o pé na bunda. O chute tornou mais duro o tratamento que lhe foi reservado. “Mayr agonizou nas mãos do capitão Ramiro e morreu na sede do DOI em consequência dos ferimentos e das torturas”, relata Marcelo Godoy. A morte do arquiteto-guerrilheiro Antônio Benetazzo impressiona pela brutalidade dos policiais e militares. Pessoas de Goiás ou ligadas ao Estado que são citadas no livro: A.C. Scartezini, Aldo Arantes, Athos Pereira da Silva (irmão de Tierra), Edmilson de Souza Lima (repórter de “O Popular”), Gilberto Prata Soares, Marco Antônio Tavares Coelho (trabalhou no “Diário da Manhã), Pedro Tierra, Renato Dias (seu livro sobre o Molipo é listado) e Tarzan de Castro.

Bruno Rocha Lima deve ser o futuro editor-chefe de O Popular

Há um consenso no Grupo Jaime Câmara: o profissional que quiser sair, sobretudo por motivos salariais, não vai receber uma proposta superior à ofertada. No caso de Bruno Rocha Lima, pela primeira vez, mesmo não cobrindo a proposta do governo do Estado de Goiás, R$ 11 mil, o GJC decidiu segurá-lo. Por dois motivos. Primeiro, Bruno Rocha Lima é um editor diplomático, agregador e, profissionalmente, está em ascensão na redação. Segundo, comenta-se que está sendo, mais do que preparado, observado para que, adiante, assuma o comando da redação.

Meios de comunicação erram ao boicotar o Atlético devido a eleição de Maurício Sampaio

Acusado de mandante do assassinato do radialista Valério Luiz, o ex-cartorário Maurício Sampaio foi eleito presidente do time do Atlético. Parte dos meios de comunicação de Goiás decidiu não divulgar notícias sobre o clube, alegando que seu presidente é “criminoso”, “assassino”. O jornalista Henrique Morgantini sugere, com razão, que o empresário não foi julgado, por enquanto é acusado. Se querem boicotar Maurício Sampaio, tudo bem. Mas não há nenhuma lógica jornalística no veto ao Atlético. Leitores, ouvintes e telespectadores certamente não aprovarão os veículos que não divulgarem notícias do clube.

Yago Rodrigues é o novo editor de Cultura do Jornal Opção

O jornalista Yago Rodrigues Alvim, formado pela UFG, é o novo editor de Cultura do Jornal Opção. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás, Yago Rodrigues pretende manter o que o Cultural tem de positivo, como os textos de grande fôlego e o cosmopolitismo, acrescentando reportagens sobre temas locais, nacionais e internacionais.

Minha relação com Opção Cultural é mais que amor. É umbilical

Até logo, Jornal Opção Durante 9 anos e 10 meses editei o Opção Cultural, suplemento cultural do Jornal Opção. Foram 510 edições ininterruptas. Esta foi minha última semana. Foi no Jornal Opção que aprendi a ser editor. Com o Euler Fagundes De França Belém aprendi tudo que sei de jornalismo cultural. Mais: com o Euler eu descobri que ninguém é bom pelo que escreve, mas sim pelo que lê. Também foi no Jornal Opção que descobri na prática o significado de uma célebre frase de Pio Vargas: 'O pensamento é o armazém de tudo que pulsa e arde em nós'. Minha relação com Opção Cultural é mais que amor. É umbilical. Passei mais de um terço da minha vida envolvido com ele, sim, porque mesmo antes de editar — eu já era um entusiasta e colaborador. Foi no Opção Cultural que conheci vários de meus melhores amigos e colecionei histórias. Mas é preciso seguir, pois como disse Calderón de La Barca: 'Toda a vida é sonho, e os sonhos, sonhos são'. A todos que participaram desta caminhada, minha gratidão infinita.

Nota do Jornal Opção
O Jornal Opção lamenta a saída do jornalista e editor Carlos Willian Leite, que, durante quase dez anos, editou, com raro brilho e decência ímpar, o Opção Cultural. Vale o registro de que Carlos Willian não foi demitido. Ele pediu para deixar o jornal. Ele é editor da “Revista Bula”, umas das mais importantes publicações de cultura do País.

Bloco do PSB, PPS, SD e Rede planeja representar a classe média e criticar o governo Dilma Rousseff

[caption id="attachment_25794" align="alignleft" width="300"]Marina Silva e Roberto Freire: um pacto contra o liberalismo exacerbado da dupla Dilma Rousseff e Joaquim Levy / Fernando Leite/Jornal Opção Marina Silva e Roberto Freire: um pacto contra o liberalismo exacerbado da dupla Dilma Rousseff e Joaquim Levy / Fernando Leite/Jornal Opção[/caption] Se os ricos e os pobres têm políticos para representá-los — além do Estado: o BNDES, para os ricos; e a Bolsa Família, para os pobres —, a classe média é a maior abandonada da sociedade brasileira. Como lhe falta uma rede de proteção social, nas crises, é a classe que mais tem de cortar orçamento e, ao mesmo tempo, pagar impostos. Os ajustes que vão ser promovidos pelo “primeiro-ministro” Joaquim Levy, quase um interventor, por certo devem reduzir seu poder de compra. O ministro da Fazen­da e a presidente Dilma Rous­seff vão “ferrar” a classe média. Mais uma vez. Mas um bloco político, formado pelo PSB, PPS, Solida­riedade e Rede Sustenta­bi­li­dade, sem desprezar os pobres e mesmo o mercado, apresenta-se como possível defensor da classe média, o novo “proletariado”. O bloco não quer aliança com PSDB, embora não renegue parcerias eventuais. Por dois motivos. Primeiro, o tucanato faz uma oposição light. Segundo, é aliado do DEM, que não interessa aos quatro grupamentos. O grupo vai demarcar sua posição na sociedade, apresentando-se como de centro-esquerda. Para tanto, vai tentar conquistar o apoio dos setores não-representados ou subrepresentados. Os cortes no campo sócio-trabalhista (por exemplo, a questão do seguro-desemprego e as pensões) — promovidos por Joaquim “Mãos de Tesoura” Levy — serão criticados duramente. O bloco vai se apresentar como um grupo que não de­fende a sociedade tão-somente em períodos eleitorais. A tese é mais ou menos seguinte: o grupo quer se apresentar como sorriso da sociedade e cárie do poder petista. Acredita-se que, fazendo uma defesa da sociedade, com destaque para a classe média, o bloco pode constituir uma grande força eleitoral para a disputa de 2018. Mas em 2016, na eleição para prefeito, já querem constituir uma força eleitoral considerável. Marina Silva e Roberto Freire estão entre os opositores do “liberalismo exacerbado” da gestão Dilma-Levy.

O desinteresse de Lula pela posse sinalizou o início do patrulhamento do novo governo

A falta de presença maior do ex na festa da sucessora foi um protesto contra a guinada à direita, que inclui a redução de sua influência no poder

O roteiro de afirmação lulista perante o Planalto incluiu aquele “Nós não somos ladrões”

Em quem pensava o lulista Gilberto Carvalho quando, depois de passar 12 anos na chefia, entregou o comando da Secretaria-Geral da Presidência ao dilmista Miguel Rossetto com afirmação de que “não somos ladrões”? Era mais um recado de Lula para erguer o moral do partido? Não deixa de ser. Recapitulemos a fala de Car­valho, por si já reiterada naquele momento: “A política é feita para servir. Estou muito feliz porque a imensa maioria dos nossos companheiros, dos nossos ministros, dos nossos assessores trabalha aqui por amor, trabalha aqui para servir. Nós não somos ladrões. Nós não somos ladrões.” Defendeu os companheiros que então atuavam no palácio, é óbvio. Mais tarde Carvalho afirmou que se dirigia ao tucano Aécio Neves, que, em entrevista à televisão em 30 de novembro, qualificou sua derrota para Dilma na corrida presidencial: “Na verdade, eu não perdi a eleição para um partido político, eu perdi a eleição para uma organização criminosa que se instalou no seio de algumas empresas brasileiras, patrocinadas por este grupo político que aí está.” Então ele iria esperar 32 dias para responder a Aécio? Ora, Carvalho é safo. Acostumado a lidar com a imprensa e a política, sabe que ambas operam com a atualidade, onde os fatos podem envelhecer rapidamente se não forem mantidos em evidência. Mas, ao mesmo tempo, sabe dar recados no momento em que Lula considera necessário. Nas circunstâncias dos últimos dias, Carvalho participou da afirmação lulista por espaço no poder. Livrou a cara de Lula, que pouco influenciou Dilma nos últimos anos, está insatisfeito com a sua cota no novo ministério e não quer ser isolado como se o Planalto, entre tantos escândalos, não quisesse se contaminar pelo lulismo. [caption id="attachment_25838" align="alignleft" width="310"]Ministra Kátia Abreu: choque aberto com petista Ananias | Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil Ministra Kátia Abreu: choque aberto com petista Ananias | Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil[/caption] Sobretudo, a fala se dirigia ao palácio atual, deixada por um representante da velha equipe. Um gesto de afirmação do PT como aquele outro fato que se seguiu quando o companheiro Patrus Ananias, ao assumir o Ministério da Reforma Agrária, investiu contra a colega Kátia Abreu, que passou a ocupar poder paralelo no Ministério da Agricultura. Quatro dias depois do discurso de Carvalho, veio Ananias em defesa da reforma agrária. “O direito de propriedade não pode ser inquestionável, em nosso tempo, que prevalece sobre os demais direitos”, respondeu a uma afirmação da colega que considerou ultrapassada a reforma generalizada para a distribuição de terras. Na véspera, Kátia Abreu afirmou em entrevista que a reforma “tem de ser pontual”, pois “latifúndio não existe mais, mas isso não acaba com a reforma”. Então ela justificou um novo modelo de ação com as terras: “Há projetos de colonização maravilhosos que podem ser implementados. Agora, usar discurso velho, antigo, irreal para justificar reforma agrária? A bancada vai trabalhar sempre, discutir, debater.” A menção da ministra ao trabalho da bancada ruralista no Congresso pegou mal. Soou como ameaça. Ananias deve ter se sentido desafiado, pois, em seu discurso posterior, insistiu que “não se trata de negociar o direito de propriedade uma conquista histórica e civilizatória”: — E sim de adequar o direito de propriedade aos outros direitos fundamentais. Enfim, a convivência entre ministros no novo governo promete. Outros choques virão, pelo menos enquanto uma banda do partido se motivar à luta quando sentir que Lula está inquieto. Nessa progressão, só faltaria Lula se lançar candidato contra o gosto de Dilma em 2018. Quanto à área rural, saiba-se que bancada ruralista lembrada pela ministra é maior do que a petista.

Ao voltar da praia, Dilma revela os cinco companheiros que se tornam seus conselheiros

[caption id="attachment_25835" align="alignnone" width="620"]Aloizio Mercadante, Jaques Wagner, Miguel Rossetto, Pepe Vargas e Ricardo Berzoini: os cinco homens da presidente Dilma Rousseff Aloizio Mercadante, Jaques Wagner, Miguel Rossetto, Pepe Vargas e Ricardo Berzoini: os cinco homens da presidente Dilma Rousseff[/caption] Nenhum deles lidera o PT ou se destaca como articulador político. Nem são propriamente populares no PT, partido multiplicado em correntes e subcorrentes internas. Mas são os cinco ministros que a presidente Dilma chamou para conversar na noite de terça-feira, quando ela voltou um dia mais cedo da nova temporada na praia baiana. Ao lado da presidente na mesa do Alvorada se sentaram Aloizio Mercadante (Casa Civil), Jaques Wagner (Defesa) ,Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Pepe Vargas (Relações Institucionais) e Ricardo Berzoini (Comunicações). Dois nomes chamam a atenção no grupo: Wagner e Berzoini, que não trabalham ao lado na vizinhança de Dilma no Planalto. Entre os dois, o judeu Wagner sempre foi mais chegado e, agora que deixou o governo da Bahia, poderia estar no Planalto, mas a chefe preferiu que ficasse ao lado dos militares na Defesa. Nasceu no Rio, militou no sionismo e depois no movimento estudantil. Perse­guido pela ditadura, escondeu-se em Minas, um dia fugiu de ônibus para a Bahia e lá ficou. O movimento de Berzoini é di­fe­­rente. Estava no Planalto, como ar­ticulador político, até se mudar pa­ra o Ministério das Comunica­ções, mas agora se demonstrou que ele continuará presente no palácio. A ida seria um agrado a Lula e aos petistas mais à esquerda, pois teria no ministério a missão de desengavetar o projeto de controle da mídia. Porém, parece que não será bem assim. Ao se retirar do Planalto, demonstrou que pretende fazer um novo projeto a começar pelo zero, a partir de um amplo debate com empresas, sindicatos e a sociedade. Na discussão, seriam recolhidas sugestões a serem, então, seriam enviadas ao Congresso como colaboração. “Quem regulamenta é o Congresso Nacional”, avisou. Enfim, não haveria mais aquela pressa que a assessoria petista de Lula desejava quando, há quatro anos, ao deixar o governo legou para a sucessora Dilma o duro projeto pronto e acabado feito pelo companheiro e jornalista Franklin Martins, secretário de Comunicação Social, que encerrou ali seu expediente ao entregar o texto a Lula. A matéria não empolgou a presidente, que preferiu repassar o projeto ao então novo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, pois o projeto abrange televisão e rádio. O companheiro percebeu que seria melhor esquecer ao assunto numa gaveta. Dilma não reclamou. Lula se lembrava do projeto apenas quando se sentia perseguido pela imprensa, como a TV Globo. Agora, quando chegar ao Congresso, se chegar, a matéria deve voltar a dormitar. Se a presidente revelar interesse pela tramitação do projeto, oferecerá aos insaciáveis mais uma oportunidade para negociar com o Planalto verbas e posições. Os únicos estímulos que viriam da mídia seriam conselhos para esquecer o assunto. Agora, a acolhida ao projeto se tornaria ainda mais sinistra depois do histórico e bárbaro espetáculo proporcionado por terroristas muçulmanos em Paris, na quarta-feira, com o atentado contra a irreverência do jornal satírico “Charlie Hebdo”. O que queriam os terroristas? Controlar os jornalistas, censurar com morte a ironia deles diante de mitos religiosos, de Cristo a Maomé. A missão dos novos conselheiros não seria a de abrir novas frentes de conflitos em tempo tão difícil para o governo. Ao contrário, é momento de o palácio fazer amigos e influenciar pessoas de modo que fluam pelo Congresso, o mais levemente possível, as duras propostas para o reordenamento da economia.

As denúncias contra Eduardo Cunha e Anastasia são diferentes, mas há suspeito comum

[caption id="attachment_25831" align="alignnone" width="620"]Procurador Eugênio Aragão: ação estranha no interesse de ir para o STF? | Foto: Nelson Jr. /TSE Procurador Eugênio Aragão: ação estranha no interesse de ir para o STF? | Foto: Nelson Jr. /TSE[/caption] Há a suspeita no Congresso de que o subprocurador-geral da República, Eugênio Aragão, seja o autor do vazamento sobre o envolvimento com o petrolão do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, e do senador eleito Antonio Anastasia (PSDB), ex-governador de Minas. São dois casos diferentes. Cunha, desafeto do Planalto por causa de sua voracidade por cargos e verbas, é o candidato favorito à presidência da Câmara contra o PT, na mudança do mês. Sua implicação com o petrolão viria da delação premiada do doleiro Alberto Youssef. Para ganhar pontos na redução de sua pena, Youssef teria que provar o que disse. O envolvimento de Anastasia, que assume no Senado também na virada do mês, teria surgido em depoimento de um preposto de Youssef, o polícia federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca. Depoimento não exige prova. Nele, Careca teria dito que, em nome do doleiro, entregou pessoalmente a Anastasia R$ 1 milhão para a sua campanha eleitoral a governador de Minas. A notícia desgasta o senador Aécio Neves, de quem Anastasia era vice-governador. Em 2010, Aécio elegeu-se senador e Anastasia se reelegeu ao Palácio da Liberdade. Saiu do governo mineiro para se candidatar ao Senado no ano passado, quando Aécio concorreu a presidente contra a reeleição de Dilma Rousseff. A missão de Careca junto ao doleiro era entregar dinheiro vivo a pessoas indicadas por Youssef. Cunha e Anastasia seriam duas delas. Agora, o senador eleito se oferece a uma careação com Careca. Entre outras coisas, deseja que o policial aponte o endereço aonde teria ido com uma sacola para recolher a grana. O procurador Eugênio Aragão permaneceu onde estava, na Procuradoria Geral da República. Mas é candidato a promoção: deseja a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. No fim do ano passado, foi autor de uma causa polêmica, derrotada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Questionou no TSE a indicação do ministro Gilmar Mendes a relator da prestação de contas da campanha de Dilma a presidente em 2010. O recurso era estranho porque não caberia ao Ministério Público duvidar de indicação de relator no tribunal. O questionamento deveria vir de partido político, mas não veio.

João Gomes faz balanço de 2014 com novo secretariado

Para avaliar e apoiar as ações de sua equipe, o prefeito João Gomes (PT) promoveu uma reunião com todos os secretários e assessores diretos para fazer um balanço de 2014. Durante o encontro, todos os titulares de pastas puderam de­mons­trar o trabalho realizado com suas respectivas folhas de serviços. Por meio da integração entre as se­cretarias municipais foi possível en­tregar à população importantes o­bras como praças, parques, unidades de saúde, pontos de cultura e centros municipais de educação infantil. João Gomes agradeceu a constante parceria e incentivou a continuação de todos os projetos que beneficiam Anápolis. “Temos momentos para executar e outros para debater o que tem dado certo e o que deve ser melhorado. Por isso, é importante encontros co­mo esse que permitem uma avaliação ampla de todo processo de crescimento que a cidade tem. E aproveito para agradecer a todos pelo empenho durante 2014.”