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“O dia a dia dos advogados é absolutamente prejudicado pela leniência do Judiciário”

Talmon Pinheiro Lima [caption id="attachment_26326" align="alignleft" width="250"]Foto: Pedro Afonso Foto: Pedro Afonso[/caption] O editorial (“Brasil está dizendo adeus à impunidade sem limite”, Jornal Opção 2061) é muito abrangente e para comentá-lo ou rebatê-lo precisaria escrever também um editorial. Entretanto, quero fixar-me em dois pontos: a) Os juízes, a exemplo dos políticos, são vistos como genis pela sociedade com toda a razão. A culpa da inércia do Judiciário é toda deles. Eles simplesmente trabalham muito pouco. Em 2014, eles trabalharam 166 dias e folgaram 199 dias, e quando trabalham é em expediente diário de no máximo cinco horas. O acúmulo de processos torna-se inevitável, a considerar a litigiosidade da nossa população. Ainda, juízes, ao contrário dos advogados, não cumprem os prazos processuais previstos em lei para pronunciarem nos processos. Exemplificando: eles têm dez dias para prolatar uma sentença. Esses dias, transformam-se em meses, anos a fio, por culpa ex­clusiva deles. Inexplicavelmente, não são punidos por isso. Por outro lado, existe uma cultura geral dentre eles de transferir a responsabilidade aos Legisladores pela não ou má-aplicação da lei. Quando querem, aplicam a lei conforme os desejos da sociedade (o famoso ativismo judicial), conforme vimos no julgamento do mensalão; b) Os advogados, ao lado dos usuários da Justiça, e ao contrário do dito no Editorial, são as maiores vítimas dessa lerdeza judiciária. A imprensa e parte da sociedade têm uma visão distorcida do trabalho do advogado, porque sempre utiliza como parâmetro advogados que trabalham em casos de grande repercussão, quase sempre criminais. Estes são vistos como habilidosos, chicaneiros e caríssimos. Essa situação, entretanto, não reflete nem 1% do trabalho dos advogados no Brasil. O nosso dia a dia, ou seja, de 99% dos advogados brasileiros, é absolutamente prejudicado pela leniência do Judiciário. Quando começou o ano forense, depois de um recesso de 18 dias, fui informado que, em Anápolis, dos 20 juízes, apenas 6 estavam trabalhando. Os demais estavam de férias (aliás, a primeira delas, visto terem duas). Enquanto isso, os processos permanecem nas prateleiras dos cartórios, uma vez que os que ficaram não impulsionam os mesmos. Ou seja, esse círculo vicioso é permanente. P.S.: o nome do juiz da Lava Jato é Sergio Moro e não Aldo Moro. Essa confusão (involuntária) é comum em ou­tras publicações. Deve ser fruto da memória inconsciente relativa ao primeiro-ministro italiano, morto pelas Brigadas Vermelhas. Talmon Pinheiro Lima é advogado

“Resta saber a reação dos ‘charlies’ se humoristas islâmicos ‘brincassem’ com as mortes dos chargistas”

Caio Maior Sobre a matéria “Intolerância, um mal que pede mais de si mesmo para poder proliferar” (Jornal Opção 2062): Análise ponderada. Texto objetivo. Acrescento que a via judicial já foi buscada por entidade islâmica que tentou representar ofendidos pelo “humor” do “Charlie Hebdo” — mas a pretensão não foi acolhida: a Justiça francesa entendeu que o jornal tão somente exercitava a liberdade de expressão. Resta saber como seria a reação dos “charlies” se humoristas islâmicos radicais “brincassem” com as mortes dos chargistas fazendo “humor” do mesmo gênero. Aliás, um comediante que fez algo parecido nas redes sociais já está preso, acusado de “apologia ao terror”.

“A diferença de opinião não deveria, em princípio, traduzir-se em hostilidade”

Adalberto Queiroz Sobre a matéria “Luís Nassif terá de pagar 50 mil reais a Ali Kamel. Guerra suja entre jornalistas é perda de tempo” (Coluna Imprensa, Jornal Opção 2062): No hospício chamado Brasil, alguém com equilíbrio é uma bênção: “Não há dúvida de que o jornalista defende o governo petista e critica o tucanato, mas não há nada que o desabone seriamente. É possível sugerir que apoia as principais ações das gestões petistas, mas é incorreto sublinhar que se tornou petista ou que está a serviço do exército lulista ou dilmista”. Ou: “...resenha de nove páginas, escrita pelo filósofo Ruy Fausto, na qual se comenta um livro do filósofo Paulo Arantes. É duríssima, chega a ser contundente. Mas a linguagem não é chula nem pesada; pelo contrário, é respeitosa. Os jornalistas-guerreiros deveriam observá-la com o máximo de atenção”. A diferença de opinião não deveria, em princípio, traduzir-se em hostilidade. Abraços e mais uma vez, parabéns pela lúcida análise. Adalberto Queiroz é poeta e jornalista

“A gente sabe que a imprensa brasileira, na sua maior parte, é financiada pelo poder público”

Alberto Nery Sobre a matéria “Luís Nassif terá de pagar 50 mil reais a Ali Kamel. Guerra suja entre jornalistas é perda de tempo” (Coluna Imprensa, Jornal Opção 2062): Realmente é muito ruim para a imprensa a briga de dois grandes jornalistas. A gente sabe que a imprensa brasileira, na sua maior parte, é financiada pelo poder público. Infelizmente, os nossos meios de comunicação só andam se tiverem apoio governamental, e os blogueiros não fogem à regra. E quem recebe tem que mostrar serviço a favor de quem lhe paga. Ninguém me contou, eu ouvi alguns anos atrás, uma autoridade dizer: “se eu não pagar a mídia, eu estou frito. Primeiro, porque vão cair matando em cima de mim e, segundo, muitos pais de família vão passar fome”. Agora, essa briga entre esses dois jornalistas é um péssimo exemplo para os novos alunos das faculdades de jornalismo e ruim para a imprensa em geral. Finalizo com as palavras da juíza Larissa Pinheiro Schueler: “O direito de liberdade de expressão não pode ser usado como pretexto para atos irresponsáveis, como difamação, porque isso pode implicar mácula de difícil reparação à imagem de outras pessoas. É importante ressaltar que às pessoas públicas é notório não deixar, só por isso, de ter resguardado o direito de personalidade”. E-mail: [email protected]

“Minha Luta”, lançado há 90 anos, volta a provocar debates

Opinar sobre livros e autores é tarefa que, muitas vezes, até aos resenhistas sérios e experimentados causa angústias. Escrever sobre um livro cujo autor foi um dos maiores facínoras da época moderna, responsável por uma lista de hediondos crimes contra a humanidade durante o século 20, pode ser traumático. Independentemente de quem o tente, corre o risco de ser criticado: ou da direita ou da esquerda. Estamo-nos referindo ao “Mein Kampf”, “Minha Luta” de Adolf Hitler uma obra que, passados quase 70 anos após a morte do autor, continua a ser objeto de discussão especialmente na Alemanha onde o livro, por razões óbvias, consta na lista das “obras proibidas” desde o fim da 2ª Guerra Mundial em 1945. Pelo menos é isso que se divulga por aí. Trataremos de esclarecer este detalhe. Muitos comentários foram publicados ao redor do mundo desde o ano de seu lançamento em 1925. Mesmo assim existem controvérsias, dúvidas, discussões e sobretudo grande falta de conhecimento no que diz respeito às origens do livro. Muito de verdadeiro foi escrito sobre suas origens. Mais ainda foi escrito que pôs em dúvida ou distorceu o verdadeiro e contribuiu para que se formasse uma nuvem de mistério em torno do assunto. Nossa intenção é a de esclarecer, de procurar preencher esta lacuna de conhecimento e de desanuviar o mistério, resultado de suposições, conjeturas, invencionices e quiçá de acintosas mentiras. Além disso, preocupa-nos a questão se, na época da internet, ainda faz sentido proibir a publicação de uma obra independentemente de quem seja o autor. Em 1923 houve um “putsch” em Munique, um golpe para a tomada do poder na Alemanha. Hitler e vários outros foram acusados e processados por terem liderado o movimento golpista. No fim do processo, em 1° de abril de 1924, o juiz deu oportunidade aos acusados de fazerem um pronunciamento. Hitler fez questão de esclarecer que: “.....apesar de minha origem humilde sinto-me com vocação para governar um povo, uma nação”. Presunção, egotismo e arrogância, eis alguns temas que encontramos ao longo de seu livro cujos trabalhos iniciaria poucas semanas depois do pronunciamento dado ao juiz. Hitler foi condenado a cinco anos de prisão dos quais cumpriu apenas nove meses após a pena ter sido transformada em pena condicional. Foi posto em liberdade (condicional) em 20 de dezembro de 1924. Enquanto esteve confinado na penitenciária de Landsberg, que continua existindo na Baviera, Hitler teve certas regalias: ampla cela individual, recebia visitas de partidários políticos e, durante os almoços servidos em refeitório comum, aproveitava para discutir suas ideias com outros detentos. Não participava de esporte, nem fazia trabalhos como outros condenados. Os funcionários da penitenciária deixavam-no e não raro até assistiam aos debates políticos durante os almoços. O condenado Hitler, que já tinha fama de ser assíduo leitor, aprofundou-se ainda mais nas leituras e, paralelamente, começou a datilografar pessoalmente o texto de seu “Minha Luta”. Terminou o primeiro volume na prisão o qual foi publicado em julho de 1925 pela Editora Franz Eher de Munique. Hitler ditou o segundo volume a Max Amann, diretor da citada editora. Terminado o ditado, Hitler e Amann isolaram-se numa casa de montanha onde terminaram conjuntamente os trabalhos de datilografia. O segundo volume foi publicado em dezembro de 1926. Na época Hitler estava com 36 anos de idade e só veio a assumir o poder sete anos depois, em 1933, quando tinha 44 anos. Contrariamente ao que alguns autores afirmam, o “Minha Luta” não é autobiográfico nem memorial e muito menos se trata de um programa partidário. Hitler explica os motivos que o levaram à política e reinforça sua argumentação do “Anschluss”, a terminologia nazista para anexar a Áustria ao Império Alemão. Ademais, Hitler descreve a ideia do “Lebensraum”, o espaço vital (expansão para o Leste) necessário para a Alemanha. A ideia do espaço vital, no entanto, não é ideia de Hitler. Tais planos já existiam bem antes da 1ª Guerra Mundial. Hitler dedica amplo espaço à explanação de suas convicções antissemitas bem como a sua repulsa ao marxismo, à social-democracia, ao bolchevismo e à alta finança internacional. Ao longo de seus relatos, Hitler deixa claro que, para resolver os problemas por ele abordados, só ele seria a pessoa indicada, somente ele teria vocação para salvar a Alemanha das garras do bolchevismo, do comunismo, da alta finança internacional, do judaísmo e demais estultices que giravam em sua cabeça. Resumindo poder-se-ia afirmar que o “Minha Luta” nada mais é do que uma incitação propagandista à luta partidária sem conotação programática. Do ponto de vista histórico “Minha Luta” é um dos mais importantes documentos e — exatamente por isso —, a mais discutida fonte das “ideias de Hitler” e da ideologia do Nacional-Socialismo. Winston Churchill (1874-1965), duas vezes primeiro-ministro da Grã-Bretanha, em sua magistral obra de seis volumes “The Second World War” (A Segunda Guerra Mundial) escrita entre 1948 e 1954 comentou o livro da seguinte maneira: “... nenhum outro livro merecia ter sido estudado tão profundamente pelos chefes políticos e militares dos aliados como “Minha Luta” que é um novo Alcorão da fé e da guerra: empolado, fastidioso, amorfo, mas grávido com sua mensagem”. Mesmo em seu período de vida mais difícil, enquanto vivia em asilos em Viena, sem trabalho, Hitler passava seu tempo lendo. Suas ideias são o resultado de leituras de autores de opiniões racistas então correntes na Europa do fim do século 19 e nas primeiras décadas do século 20, como Karl Lueger, Georg von Schoenerer, Houston Stewart Chamberlain (com o qual mantinha contacto mesmo durante os meses de prisão), Paul de Lagarde, Alfred Rosenberg, o antissemita Julius Streicher e outros. Ideias racistas já existiam antes de Hitler, mesmo antes da 1ª Guerra Mundial. Ele assimilou-as, filtrou e comprimiu o que lera e extrapolou-as. Hitler nunca falava sobre o que lia, nunca falava de autores e nunca mencionava seus autores prediletos. Logo após o lançamento do primeiro volume de “Minha Luta” em 1925 surgiram boatos, com as consequentes dúvidas com respeito ao livro. Um dos boatos perdurou até após a 2ª Guerra Mundial em 1945. Comentava-se que não fora Hitler que o escrevera, que fora outro que o redigira a pedido ou por encargo do próprio Hitler. Cochichava-se que o “outro” era um padre e, pouco a pouco, o boato começou a ser desvendado. Mas, quem foi este “outro” e o que existe de ficção ou de verdade nisto? O padre em questão foi Bernhard Rudolf Stempfle (1882-1934), teólogo e publicista, tornou-se conhecido como editor do jornal “Miesbacher Anzeiger”, da Baviera, um jornal com tendências racistas. Stempfle publicava seus artigos sob seu verdadeiro nome; em outros órgãos usava o pseudônimo de “Redivivus” e “Spectator Germinae”. O padre Stempfle pertencia à pequena ordem dos “Pobres Eremitas de São Jerônimo” mas circulava o boato de que em realidade pertencia à Ordem dos Jesuítas. Ele próprio nunca tratou de refutar este boato. A “Ordem dos Pobres Eremitas” foi dissolvida por falta de membros, ocasião que o padre Stempfle aproveitou para abandonar a batina. Matriculou-se na Universidade de Munique, onde se doutorou em Filosofia e chegou a ser catédrático daquela universidade. Por acaso do destino, a vida do padre Stempfle cruzou-se com a de Adolf Hitler. O líder nazista tinha encontros semanais com um grupo de partidários num restaurante em Munique quando, certo dia, o padre Stempfle começou a participar desses encontros. Inicialmente Hitler via-o com grandes reservas mas reconheceu nele um excelente linguístico com profundo domínio do idioma alemão. Há fontes que afirmam que o padre Stempfle chegou a ser o confessor de Hitler, uma afirmação que parece não ser muito plausível; outras fontes afirmam que Hitler chegou a ter certa amizade com o padre e que este o teria iniciado nos ritos da maçonaria. O padre Stempfle era figura ambígua, de caráter duvidoso, que tinha ligações com o chefe de polícia de Munique e que, através destes canais, conseguira passaportes falsos para certos indivíduos. Por este e por outros motivos o padre Stempfle foi acusado de ter participado de tribunais secretos que custaram a vida de várias pessoas. Em consequência refugiou-se em Salzburgo, na Áustria. As reservas que Hitler tinha em relação ao padre parecem ter sido justificadas; mesmo assim entregou-lhe a primeira versão por ele pessolmente datilografada de seu “Minha Luta” para que a revisasse antes de entregá-la à editora Franz Eher. Stempfle e Elsa Bruckmann, esposa de um amigo de Hitler, puseram-se ao trabalho, corrigiram passagens e eliminaram outras. Otto Strasser, um ex-nacional-socialista, em seu livro “Hitler e Eu”, editado no exílio nos Estados Unidos, afirma que “Stempfle trabalhou meses seguidos a fim de ordenar as ideias expressas no original de “Minha Luta””. Strasser afirma que Hitler nunca perdoou padre Stemple pelo fato de este ter “percebido as fraquezas de Hitler”. Foi Strasser também que divulgou o boato de que Hitler mandara matar Stempfle em virtude das correções que fizera em seu texto. O britânico Alan Bullock, autor de uma biografia sobre Hitler, afirma que Stempfle teria “posto o livro estilisticamente à limpo e reescrito em grande parte os originais de Hitler”. Harry Schulze-Wilde (1899-1978) jornalista e escritor alemão, foi mais além ao afirmar que “o mérito do padre Stempfle foi de ter reescrito o texto original de Hitler num alemão mais ou menos compreensível”. A historiadora alemã Renate Katharina Riemeck (1920-2003) defende a tese de que “o padre Stempfle, em colaboração com Josef Czerny, tem-se esforçado a fim de pôr um pouco de ordem nas difusas ideias de Hitler dando-lhes estrutura, gramática e ortografia”. Outros autores como Ernst Nolte, Werner Maser, Hermann Hammer opinam mais ou menos da mesma forma. Até mesmo Ilse Hess, esposa de Rudolf Hess, o qual mais tarde tornou-se substituto de Adolf Hitler, afirmou em 1965 que ela e seu marido trabalharam arduamente durante semanas e meses para pôr “o manuscrito estilisticamente em ordem”. Um dos primeiros resenhistas da obra foi o próprio padre Stempfle. Conhecedor do texto desde suas origens, publicou uma resenha extremamente crítica que saíu no seu “Miesbacher Anzeiger” de 29 de julho de 1925. Nos anos seguintes Stempfle participou em diversas atividades políticas e, em julho de 1934 (Hitler já estava no poder há um ano), foi preso por agentes da polícia secreta no âmbito de uma “ação de limpeza política”. Foi internado no campo de concentração de Dachau, nas imediações de Munique. Alguns dias depois Stempfle foi encontrado morto numa floresta nas cercanias de Dachau. Sobre os motivos de sua morte existem inúmeras conjeturas, de forma que é difícil separar o “trigo do joio”. O historiador britânico Ian Kershaw, autor de uma monumental biografia sobre Hitler, opina que a morte de Stempfle fora um engano e que Hitler, que sempre tivera certo respeito pelo padre, não teve motivos para dar ordens de eliminá-lo. Logo após o lançamento na Alemanha, “Minha Luta” começou a ser editado na maioria dos países europeus. Na França surgiu uma edição pirata, bastante alterada contra a qual o autor Adolf Hitler, como pessoa particular, moveu uma ação judicial com ganho de causa. Em 1938 surgiu uma edição oficial naquele país. Também nos Estados Unidos surgiram edições piratas. Entre 1934 e 1944 surgiram edições oficiais em dinamarquês, sueco, português, búlgaro, espanhol, húngaro, árabe, chinês, tcheco, francês, norueguês, finlandês, tâmil e inglês. Logo que Hitler chegou ao poder em 1933, foi dada ordem para que em todos os cartórios os tabeliões, ao firmar um casamento, eram obrigados a entregar um exemplar do “Minha Luta” aos recém-casados. Para tal fim foram impressas edições luxuosas protegidas em estojo de fino acabamento. Estudantes recebiam-no por oportunidade da formatura. Milhões de exemplares foram entregues desta forma. Em português o “ Minha Luta” teve oito edições. A primeira foi lançada pela Editora Livraria do Globo, de Porto Alegre, em 1934. A Editora Mestre Jou, São Paulo, lançou-o em 1962; a Editora Afrodite, Portugal, lançou-o em 1976 baseado na brasileira de 1934; a Editora Moraes, São Paulo, lançou-o em 1983; a Editora Pensamento, São Paulo, lançou-o em 1987 baseada na edição de 1934; a Editora Revisão, Porto Alegre, lançou-o em 1990; a Editora Hugin, Portugal, lançou-o em 1998 e a Editora Centauro, São Paulo, em 2001. Não há dados concretos sobre o volume das edições entre o ano de lançamento 1925 e a morte de Hitler em 1945. Há estimativas de que só nos três países de língua alemã (Alemanha, Áustria e Suíça), tenham sido vendidos cerca de 15 milhões de exemplares e que, neste mesmo período, outros 5 milhões a 7 milhões de exemplares teriam sido publicados no exterior. Pode-se concluir que os resultados financeiros para o autor, que nem autor era e que deixou uma obra sem valor artístico-literário, não foram insignificantes. A partir de 1945 o livro continuou a sair em vários outros países, com excessão dos de língua alemã. Grupos neonazistas e outros de tendências radicais publicaram-no, a partir de 1970, em vários países da Europa. Nos Estados Unidos a Editora Houghton Mifflin, de Boston, só no ano 1979 vendeu mais de 15 mil exemplares. A partir de meados da década de 90 a Barnes & Noble começou a vender a versão americana, via internet, a interessados na Alemanha e demais países. A então ministra de justiça da Alemanha, Hertha Däubler-Gmelin, protestou junto as autoridades americanas, um protesto que não teve nehum efeito. Em Israel a obra foi lançada em inglês e hebraico. Na Croácia bem como na Rússia, onde a obra estava sob proibição até 1992, houve elevada procura a partir daquele ano. Na Índia a Editora Jaico lançou-o em 2003 e vendeu em média, até hoje, 15 mil exemplares por ano. Paralelamente há outras seis editoras na Índia que o têm à venda. No mundo islâmico o “Minha Luta”, desde o seu lançamento, sempre esteve à venda. Dependendo do país é possível encontrá-lo nas prateleiras das livrarias em árabe, francês e inglês. Em Tunis, capital da Tunísia, encontrei-o em árabe e francês. A versão em árabe diferia da original alemã pois vinha ilustrada com bom número de fotografias sobre a vida do autor.(A usual original alemã vinha apenas com uma foto: a do próprio autor). Em Cairo estive em três livarias. Nas três havia uma versão em árabe e em duas adicionalmente uma versão em inglês. No mais, em Cairo pode-se comprar a obra em quiosques ou banca de jornal. E na Alemanha, afinal, é correto o que se divulga por aí de que o “A Minha Luta” é proibido? Fato é que o Supremo Tribunal de Justiça da Alemanha decidiu em 1979 que a simples posse e a divulgação do livro, por exemplo, por antiquários, não é infração. Baseado nessa decisão o livro está disponível, a fins de estudos, nas bibliotecas públicas e universitárias. Não existe, portanto, como sempre se divulga por aí, nenhuma proibição de facto explícita por parte das autoridades do governo alemão. No entanto, a obra não pode ser reeditada por uma outra questão. Adolf Hitler, como pessoa particular, tinha residência particular registrada na Praça Prinzregentenplatz 16 em Munique. Após a sua morte seus bens foram confiscados pelos aliados e, como não tinha herdeiros diretos a não ser parentes de sua esposa Eva von Braun e uma irmã, Paula, seus bens, que incluíam também os direitos autorais, em seguida foram transferidos ao governo do Estado da Baviera que os detém a té hoje. Segundo a lei vigente os direitos autorais caducam em 31 de dezembro de 2015, 70 anos após a morte do autor. Após esta data a obra entrará em domínio público e estará livre de qualquer litígio autoral. O governo da Baviera, no entanto, tem interesse em prorrogar a caducidade da lei vigente o que, segundo renomados juristas não será possível por estar em desacordo às leis autorais vigentes na União Europeia. Renomados historiadores alemães e estrangeiros discutem, há mais de 50 anos, sobre a necessidade de publicar uma edição oficial comentada. Um projeto nesse sentido, no entanto, até hoje, não chegou a se concretizar apesar de o governo da Baviera já ter posto verba à disposição e até mesmo já ter sido nomeado uma comissão de historiadores para tal fim. Joachim Fest (1926-2006), renomado historiador alemão, autor da melhor biografia de Hitler em língua alemã, com tradução em outros idiomas inclusive o português, foi grande defensor de uma edição comentada do “Minha Luta”. Faleceu sem ver cumprido o projeto. O renomado historiador britânico Ian Kerhaw também sustenta a ideia. O governo do Estado da Baviera, como detentor dos direitos autorais, durante estes anos todos, moveu inúmeros processos contra publicações não autorizadas. Em 2004 um editor na República Tcheca foi condenado por ter vendido vendido 90 mil exemplares sem permissão autoral; em 2005 houve processo contra um editor na Polônia que terminou com a proibição da divulgação do livro naquele país. Em 2012 houve um processo contra um grupo editorial na Grã-Bretanha, no qual o governo da Baviera também ganhou a causa. Casos jurídicos houve também com editores no Azerbaijão e outros países da Ásia Central. Curioso é o interesse que desperta o livro na Turquia onde, em 2004, 15 editoras publicaram-no quase ao mesmo tempo. Estima-se que 100 mil exemplares foram vendidos naquele ano. Em 2007 o livro esteve em terceiro lugar na lista dos mais vendidos. No mesmo ano o governo da Baviera moveu um processo e conseguiu proibir a obra através da justiça turca por se tratar de edições ilegais sem consentimento autoral. O comportamento do governo da Baviera em não consentir a publicação nada mais é do que uma proibição indireta nunca criticada pelas autoridades federais da Alemanha. Na era da internet não faz nenhum sentido manter esta pseudoproibição já que “A Minha Luta” está disponível para download na internet em vários idiomas, inclusive em português. Ademais existem várias versões comentadas não oficiais, de diferentes autores, livremente comercializadas na internet. Uma proibição, portanto, é um anacronismo ou, em outras palvras, é o mesmo que querer “tapar o sol com a peneira”. O governo da Baviera sempre argumentou que sua recusa de não permitir novas edições por editoras alemãs e estrangeiras não se baseia no conteúdo, mas simplesmente em seus direitos autorais. Em verdade, um argumento pouco convincente. Argumentar que a obra representa um perigo em mãos de grupos radicais não é válido já que hoje existem publicações aos montes que são definitivamente piores do que “Minha Luta”. Basta ler as diferentes “Chartas” de grupos radicais islâmicos que circulam por aí. Além disso, ninguém se torna criminoso pelo fato de ler um romance policial e ninguém se torna nazista pelo fato de ler “Minha Luta”. “O único que deveria ser proibido é a ‘Lista dos Livros Proibidos’ ”. Desconheço o nome do autor desta frase. Em todo caso, é válida.

Como os refugiados sírios mudaram a paisagem do Líbano e se tornaram o maior problema do país.

Chanceler libanês chama o problema dos refugiados de “bomba-relógio que poderá destruir seu país”

Democracia na educação municipal em Trindade

Prefeitura dá posse aos diretores das escolas e centros de educação infantil eleitos por meio do voto de servidores e comunidade

Voto distrital puro é o melhor, mas tem chance zero de passar

Cientista político Paulo Kramer diz que o grande mal no País é que os políticos têm liberdade para regular a própria atividade

Iluminação pública de Goiânia, sem licitação, deve virar escândalo nacional

O empresário que está cuidando da iluminação pública em Goiânia teria sido escorraçado de São Paulo. O prefeito Paulo Garcia tem de verificar com cuidado quem são seus aliados, sejam políticos, administrativos ou empresariais. Em seis meses, a Prefeitura de Goiânia torrou 18 milhões de reais com iluminação pública, ainda muito deficiente. Para piorar as coisas, não há licitação.

Popularidade de Ernesto Roller em Formosa parece que “comeu” fermento. Pois só cresce

A popularidade de Ernesto Roller, em Formosa, comeu fermento e está cada vez mais alta. Deputado estadual eleito pelo PMDB, o jovem advogado lidera todas as pesquisas de intenção de voto no município. As sérias, as mais ou menos sérias e as não-sérias. Há um único nome consistente para enfrentar Ernesto Roller: Sebastião “Caroço” Monteiro, conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios. Tião Caroço quer disputar. Para ele, mais do que uma questão política, é um problema pessoal. Tião Caroço chega a dizer, nos bastidores, que, se perder para Ernesto Roller, mudará de Formosa para sempre. O que ele está sugerindo, na verdade, é que “não” perderá de maneira alguma para o peemedebista.

Governo Dilma planeja extinguir incentivos fiscais mas rejeita discutir o pacto federativo

Guerra fiscal é uma expressão pejorativa para definir algo que é positivo para o crescimento e o desenvolvimento dos Estados, os incentivos fiscais. Sem eles, Bahia, Ceará, Goiás, Tocantins, Pernambuco e Mato Grosso seriam meras colônias de São Paulo

Prefeito de Minaçu demite servidores e prefeito de Alto Horizonte segue pelo mesmo caminho

A quebradeira é geral nas prefeituras de Goiás. O prefeito de Minaçu demitiu a maioria dos servidores públicos. O prefeito de Alto Horizonte, devido à queda da arrecadação de 10 milhões para 6 milhões de reais, também vai demitir funcionários. O problema é que o mercado dos dois municípios não têm condições de absorver, de imediato, os afastados. Crise social à vista.

Político garante que Juraci Martins vai ser “condenado” pelo Tribunal do Júri

Folclore corrente em Rio Verde: dois políticos, um do PSD e um PSDB, conversam animadamente na porta da prefeitura quando um deles, de supetão, dispara: — Você está sabendo que o prefeito Juraci Martins vai ser condenado pelo Tribunal do Júri?” — Não estou sabendo, não. O que sei é que Juraci Martins, um homem de bem e extremamente pacífico, não matou ninguém. — Você está enganado. Ele matou sim, e todos já estão sabendo, exceto você. — Então, caro amigo, desembucha: quem, afinal, Juraci Martins matou. — Ora, caro amigo, ele matou uma cidade, Rio Verde.

Articulador político garante que Anselmo Pereira não está cumprindo acordos

De um hábil articulador político: “O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Anselmo Pereira, até agora não honrou os compromissos que garantiram a sua vitória”. O recado, meio enviesado, não explica exatamente quais foram os compromissos. “Nada de irregular”, garante a fonte. “São compromissos políticos.” Sabe-se que, sem o apoio deste articulador, dificilmente Anselmo Pereira teria sido eleito.

Irista ortodoxo diz que Iris Rezende está no jogo para 2016, mas não para 2018

De um peemedebista irista linha ordotoxa: “Iris Rezende está no jogo para a disputa eleitoral de 2016. Mesmo que ele não dispute, a campanha vai passar por suas mãos. Mas posso garantir que ele estará fora do jogo em 2018. Neste ano, com 85 anos, ele estará aposentado, em definitivo”.

“Goiânia não resiste a mais uma gestão do PT”, diz ex-vereador Marcelo Augusto

Pré-candidato a prefeito de Goiânia pelo PHS, o ex-presidente da Câmara Municipal da capital Marcelo Augusto frisa que quatro candidatos devem concorrer em 2016. “Iris Rezende deve ser candidato pelo PMDB. Vanderlan Cardoso tende a disputar pelo PSB, quem sabe com o apoio do PSDB. Adriana Accorsi é o nome mais cotado, por sua popularidade, para ser candidata pelo PT.” Marcelo Augusto, articulador político dos mais hábeis, sublinha que “Goiânia não resiste a mais uma gestão do PT”. “A campanha de 2016, aposta o líder do PHS, vai ser marcada pelo fato de que o eleitor vai querer, acima de qualquer coisa, expulsar o PT da Prefeitura de Goiânia. Quem estiver associado ao prefeito Paulo Garcia vai sair chamuscado, ele está contaminando todos os seus aliados. Por isso, aos poucos, o PMDB está se afastando. No momento apropriado, os peemedebistas vão chutar o balde e o próprio Paulo Garcia, dizendo mais ou menos assim: ‘Não temos nada com isso, não’”.

A estranha pressa do Planalto em defender Graça contra os procuradores da República

Entre um mandato e outro, alguma coisa já mudou nas duas primeiras semanas do novo governo: Dilma falou menos e deixou que ministros se expressassem

Ao jogar Lula contra a presidente, Marta ameaça a revanche contra os dois em São Paulo

[caption id="attachment_26261" align="alignnone" width="620"]Alexandre Padilha: candidato bancado por Lula fracassou em São Paulo | Foto: Euza Fiúza/ABr Alexandre Padilha: candidato bancado por Lula fracassou em São Paulo | Foto: Euza Fiúza/ABr[/caption] A quase dois anos das eleições municipais em 2016, a senadora e ex-ministra Marta Suplicy caminha com determinação para ser candidata a prefeita, sobretudo, contra o PT em São Paulo. Quanto à chance de ser eleita contra o PSDB que domina o Estado há 20 anos e tem mais quatro pela frente, ainda é cedo para se prever. Mas Marta poderá se aliar aos tucanos, é claro, para abater o PT rumo a 2018. A fúria com que a senadora pediu demissão à presidente Dilma como ministra da Cultura, em novembro, confirma-se no estardalhaço da entrevista que concedeu há uma semana. A fala continua a ecoar por conta da força das palavras, mais os desdobramentos visíveis na tessitura da manifestação. Há dois meses, Marta apresentou sua carta de demissão a Dilma. A presidente a leu, devolveu e pediu que a ministra esperasse sua volta de uma reunião econômica em Doha, capital de Qatar. Mal a companheira colocou os pés no avião presidencial, a ministra mandou entregar a carta no Planalto. Agressivo, o documento incluía um desafio à presidente recém-reeleita: “Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera.” Agora, veio a entrevista à repórter Eliane Cantanhêde em que Marta Suplicy joga Lula contra Dilma, confirma suas manobras para convencer o ex a lançar-se candidato a presidente contra reeleição da companheira no ano passado, critica a assessoria presidencial e a direção do PT, e determina a todo o aparelho petista: — Ou o PT muda ou acaba. A explosão de Marta apresenta como estopim a escolha do desafeto Juca Ferreira a ministro da Cultura, último pouso da senadora na Espla­nada, onde ocupou antes o Turismo depois da reeleição de Lula. Mas o desenho da fala na entrevista expõe o projeto pessoal de voltar a disputar postos majoritários em São Paulo sem ser pressionada a ceder a vaga a companheiros. À procura de um novo partido, Marta tem um trunfo: pode surfar no massacre que o PT sofreu no Estado com a derrota do companheiro inexperiente Alexandre Padilha, bancado por Lula. Em terceiro lugar, com apenas 18,2% dos votos, Padilha ajudou a abrir o caminho à reeleição de Geraldo Alckmin, que garante aos tucanos 24 anos de poder contínuo no Estado. Agora desponta a eleição a prefeito. A força de Marta está na capital. Ali, o frustrado Padilha recebeu ralos 7% dos votos a governador. Na campanha, a então ministra da Cultura tentou ajudar. Numa carreata, subiu num caminhão para ficar ao lado de Dilma e do candidato, mas o presidente do PT, Rui Falcão, mandou apear e subir no caminhão que vinha atrás. O troco da senadora em Falcão veio na entrevista. “O Rui traiu o partido”, fulminou Marta sem explicação. Ao longo do ano passado, a discreta, mas real, pressão interna no partido para lançar Lula contra Dilma não tocou Falcão, que hoje assume posições, no PT, mais dilmistas do que lulistas. É um dos sintomas de esvaziamento de Lula, que não pode mais se impor sozinho. Apesar de tudo, a falta de respaldo pelo ex é mais uma garantia de que o PT não acolheria nova candidatura de Marta a prefeita. Ela, que nunca contou com Dilma, embora fosse sua ministra – na verdade, nem queria contar, preferiu ser alguém à parte e por isso apoiou a volta do lulismo ao poder.