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Escritor de 20 anos lança livro muito bem urdido sobre pastor homossexual

[caption id="attachment_43479" align="alignleft" width="250"]Romance de Gustavo Magnani surpreende pela qualidade e, dada a temática, tende a se tornar best seller | Divulgação Romance de Gustavo Magnani surpreende pela qualidade e, dada a temática, tende a se tornar best seller | Divulgação[/caption] O prosador cubano Reinaldo Arenas (1943-1990) escreveu um livro, “Antes Que Anoiteça”, que surpreende pela crueza da narrativa e da história. É um relato da vida homossexual em Cuba, durante parte da ditadura da dinastia de Fidel Castro. Leitores de estômago fraco certamente não terão ânimo para frequentar as páginas de uma obra verdadeira e sem concessões ao moralismo. As histórias, descritas com rara perspicácia, sugerem que a sexualidade é muito mais complexa do que explicitam as categorias rígidas criadas pela cultura. As fronteiras entre a homossexualidade e a heterossexualidade, que parecem tão distantes e conflitantes, às vezes são mais tênues do que imagina nossa vã filosofia. A curiosidade e o prazer sexuais são exibidos com tanta vivacidade por Reinaldo Arenas, autor admirado pelo crítico Harold Bloom, que, ao ler a história, é como estivéssemos presenciando um strip-tease das profundezas da alma, uma devassa não apenas dos corpos dos homens. O escritor brasileiro Gustavo Magnani publicou um romance que tende a se tornar best seller — tanto pela temática, a conexão entre homossexualidade e religião, especificamente a evangélica, quanto pela qualidade de sua escrita. “Ovelha — Memórias de um Pastor Gay” surpreende pela narrativa precisa de um mundo complexo, ao qual não se deve adentrar com as limitações dos preconceitos (que não servem nem para seus combatentes) de variados matizes, e pela apresentação de um comportamento de maneira (quase) antropológica. O pastor gay é apresentado, sua vida é dissecada, mas o autor evita a rigidez dos julgamentos morais. Os julgamentos ficam por conta dos leitores — se quiserem fazê-los. O autor fornece os elementos para a leitura, ou melhor, leituras. Surpreende, pelo texto seguro e pela arquitetura sem fissuras, que Gustavo Magnani [foto acima, do arquivo do autor] tenha apenas 20 anos. Sua prosa é de autor maduro. Seu talento lembra o do escritor francês Raymond Radiguet. Já a percepção acurada da vida de um homem complexo e complicado, um homossexual religioso (até fanático), lembra a narrativa de “Antes Que Anoiteça”. O romance é, ao mesmo tempo, um “retrato” da realidade e literatura. Realidade e imaginação imbricadas. O romance, que possivelmente vai ganhar as livrarias de outros países e as telas dos cinemas, é menos sensacionalista do que insinua. Diria que é uma odisseia profusa e profundamente humana — até nos delírios do personagem — e um registro de como nós, homens, somos sofridos, variados e, portanto, difíceis de apreender por interpretações estreitas. Trecho do livro de Gustavo Magnani Despedida Não é, senhor, o último capítulo. Falhei talvez em entregar uma história de blasfêmia e ofensa: eu aqui — completamente nu, entregue e verdadeiro. Já não sei quem é o senhor e isso pouco me importa, não sei também o que dirão dessa carta de suicídio prolongada; de um ser que aos poucos morreu, mas que viveu, não direito, mas intensamente. Ainda uso aquela túnica, mas ninguém montou em mim. Talvez seja este meu último desejo: apenas um buraco na terra, insetos em volta do caixão e um esqueleto que acompanha o movimento do mundo: em eterna decomposição. Senhor, até nunca.

Aumenta o número de vítimas de golpes praticados na internet em Goiás

Crimes cometidos na rede mundial de computadores, em especial o do comércio de falsas mercadorias, evidencia falta de fiscalização do poder público e ausência de legislação mais rígida

Livro sugere que o homem, um super-predador, pode ser o responsável pela sexta extinção

[caption id="attachment_43474" align="alignleft" width="250"]Um livro devastador e imprescindível sobre o que nós, homens, estamos fazendo com as demais espécies | Divulgação Um livro devastador e imprescindível sobre o que nós, homens, estamos fazendo com as demais espécies | Divulgação[/caption] Em nome do progresso e, às vezes, por puro prazer, os homens arrancam árvores — sem se importar com as vidas de outras espécies — e matam variadas espécies. Recen­temente, o dentista americano Walter James Palmer exibiu-se na internet ao lado de um leão, Cecil, que havia matado, no Zimbábue. Porém o que parece um caso isolado, produto de exibicionismo proporcionado pela força do dólar, não o é. Elizabeth Kolbert, especialista em jornalismo científico, escreveu um livro imprescindível, “A Sexta Extinção — Uma História Não Natural” (Intrínseca, 336 páginas, tradução de Mauro Pinheiro). Ga­nhou o respeitado prêmio Pulitzer. Depois de cinco extinções, como a dos dinossauros, a mais divulgada pela mídia, enfrenta-se agora o que os cientistas chamam de “a sexta extinção”. Elizaberth Kolbert, que colheu depoimentos de cientistas e leu dezenas de livros e pesquisas, conclui que será (está sendo) a mais devastadora de todas. Se os dinossauros foram dizimados por um asteroide, nós, homens, seremos os responsáveis pelo próximo apocalipse. A população humana cresce, exige que árvores sejam cortadas — para melhorar a mobilidade urbana e quase todos aparecem alegremente aplaudindo, ignorando que a Terra não pertence apenas aos seres humanos — e que mais animais sejam extintos. Uma onça apareceu recentemene em chácaras localizadas entre Senador Canedo e Bela Vista de Goiás e teria atacado um potro e uma cachorra. Logo será morta por um chacareiro. O que está acontecendo? Os homens estão ocupando mais espaço e destruindo o habitat tanto da onça quanto dos animais que ela preda. Os campos cada vez mais estão se tornando cidades. Ao examinar 12 espécies, entre desaparecidas e em processo de extinção, Elizabeth Kolbert conclui que, apesar da insensibilidade geral — o progresso não pode ser contido e é preciso alimentar os homens —, centenas de animais foram extintos e estão em fase de extinção. Enquanto abrimos mais espaço para nós, para viver e comer, destruímos outros animais. A pesquisadora aposta que, se não houver uma ruptura — e dificilmente haverá —, a sexta extinção será “o legado final da humanidade”. Ser humano é pensar exclusivamente nos seres humanos? No livro “Cachorros de Palha”, o filósofo britânico John Gray discute a questão de maneira crítica, localizando a ideia que transformou o homem em Deus. A “Veja” divulgou no seu portal o resultado de um estudo divulgado pela revista “Science” na sexta-feira, 21. “Os humanos são uma espécie única de ‘super-predadores’, com uma eficiência que ultrapassa todas as regras do mundo animal. Matamos outros bichos em uma taxa até 14 vezes superior a outras espécies caçadoras.” Os pesquisadores estudaram 2.215 carnívoros marinhos e terrestres. “Descobriram que os homens caçam populações adultas que estão no topo da cadeia alimentar, como ursos ou leões, em uma taxa nove vezes maior do que fazem esse animais. Entre as espécies marinhas, a taxa é 14 vezes maior”, registra a “Veja”. A pesquisa sugere que “o mais impressionante no comportamento humano é que costumamos matar animais adultos, diferente do que acontece em todo o reino animal, que prefere presas jovens (e mais fáceis de abater). Os peixes consomem apenas 1% de bichos adultos. Os homens são capazes de fazer isso porque desenvolveram técnicas sofisticadas de caça, que promovem ganho máximo e custos mínimos”. Os ataques intensos, sem escapatória — as armas são cada vez mais precisas —, geram “taxas de extinção elevadas”, pois eliminam “bichos que estão no auge da época reprodutiva. Esse modo de caçar contribui para desequilíbrios ambientais e distúrbios na evolução de algumas espécies, como o incentivo a seu tamanho reduzido, o que é verificado em alguns peixes”. Os cientistas sugerem que o homem se tornou um “insustentável super-predador”. “Em vez de garantir a sobrevivência das espécies que caça, ele acaba com as presas e, em consequência, com a própria alimentação.” Há uma saída? “Entre as alternativas para que” a humanidade “seja um predador ecologicamente mais eficiente, os autores” da pesquisa “sugerem que os homens observem os caçadores naturais e imitem sua maneira de agir”. Porém, se somos os donos da Terra, deuses que substituíram Deus, mesmo quando religiosos, por que mudaremos? Talvez para sobreviver. Poderíamos começar arrancando menos árvores nas cidades.

Filósofo britânico Roger Scruton sugere que o conservador é o verdadeiro progressista

[caption id="attachment_43470" align="alignleft" width="250"]Os conservadores são em geral os principais apóstolos de uma sociedade moderna e aberta | Divulgação Os conservadores são em geral
os principais apóstolos de
uma sociedade moderna e aberta | Divulgação[/caption] Dada a ditadura de 1964, dirigida tanto por militares quanto por civis (criaram todo o escopo institucional, fazendário e de planejamento do regime), tende-se, ao menos no Bra­sil, a se confundir “monstros” re­pres­sores com liberais e conservadores. Todo aquele que não é de es­querda se tornou sinônimo de reaci­o­nário e, sobretudo, contrário à melhoria das condições sociais. Noutras palavras, estamos falando de verdadeiros “monstros”. Na verdade, ao contrário do que tradicionalmente se pensa, um conservador às vezes, ou quase sempre, é mais “progressista” (termo excessivamente contaminado pela ausência de debates mais abertos) do que esquerdistas. O filósofo britânico Roger Scruton, apreciador e comentarista dos bons vinhos, escreveu dois livros que são fundamentais para que os leitores tenham uma compreensão abrangente do que é ser conservador. Os que querem elementos — ideias — para se contrapor à esterilidade de alguns discursos da esquerda, sempre hegemônica mesmo quando está por baixo, como agora, devem consultar, apreciando a argumentação bem fundamentada e um texto delicioso e às vezes mordaz, duas obras de Roger Scruton: “Como Ser um Conserva­dor” (Record, 294 páginas, tradução de Bruno Garschagen) e “O Que É Conservadorismo” (É Realizações, 328 páginas, tradução de Guilherme Ferreira Araújo). Lidos os livros, o leitor, se conservador, vai perder o receio de se apresentar como “conservador”. Porque vai descobrir que os conservadores são responsáveis, em larga medida, pelo avanço da sociedade, do mundo.

Luta contra Netflix e WhatsApp indica que Berzoini deveria ser estudado por paleontólogos

A boa intenção do ministro das Comunicações só é ruim para os usuários  Políticos maldosos costumam sugerir, ao menos nos bastidores, que o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini (apontado como um sujeito radical, mas sério), é um dinossauro — só não dizem se tiranossauro rex ou spinossaurus (espinossauro). As ideias do petista são sempre modernas — se estivéssemos no século 18. Não à toa há quem, dentro do próprio governo, o apresente como “a vanguarda do atraso”. Fernando Collor, quando presidente, ousou chamar os automóveis brasileiros pelo nome verdadeiro — carroças motorizadas. Suas palavras (e ações), um retrato preciso da realidade, provocou duas mudanças. Primeiro, contribuíram para abrir as portas aos veículos produzidos no Japão, França, Alemanha, Suécia e Coreia do Sul. Logo os brasileiros descobriram que, pelo menos na questão dos carros, Collor dissera a verdade. Segundo, o fim da reserva de mercado — convém lembrar que a reserva de mercado na área de informática foi um desastre — obrigou as empresas que estavam instaladas no Brasil, como Volkswagen, Ford, Chevrolet e Fiat, a transformarem suas carroças em automóveis de fato. A concorrência, que possibilita ao consumidor fazer suas escolhas, melhorou o produto dito nacional. Inspirando-se quem sabe no Policarpo Quaresma do romance de Lima Barreto, Ricardo Berzoini agora “implicou” com a Netflix e o WhatsApp. Os brasileiros apreciam séries e filmes da Netflix e a comunicação proporcionada pelo WhatsApp. Mas o ministro, aparen­temente usando a lógica, sublinha que os serviços de ambos — conhecidos como “Over the Top” — prejudicam as operadoras de telefonias instaladas no país. A lógica parece ser certeira: as empresas de telefonia, mesmo oferecendo serviços caros e de último mundo, geram empregos e, fundamental para o governo, pagam impostos. Ricardo Berzoini propõe a regulação dos serviços de internet, so­bre­tudo aquele que “competem com os serviços de telecomunica­ções regulados pela legislação bra­si­lei­ra”, relata a Agência Câmara Notícias. O ministro frisa que é necessário resolver o que chama de “‘assimetrias regulatórias e tributárias’ e dar ‘tratamento equânime’ aos serviços de telecomunicações e os serviços chamados Over the Top (como Skype, Netflix, YouTube e WhatsApp)”. Puro palavrório pueril. Talvez seja o momento de a presidente Dilma Rousseff, uma mulher moderna — que, como muitos políticos, aprecia “House of Cards” —, contratar um paleontólogo para “cuidar” de Ricardo Berzoini.

Governo teme desespero de Cunha

Palácio do Planalto sabe que o presidente da Câmara, que avisou que não cairá sozinho, tem grande potencial de causar danos

Paz? Com o Hamas?

Em meio a rumores de negociações secretas, o inimigo pode se tornar um parceiro para a paz. Mesmo que ela tenha prazo de validade

A revista “Piauí” prova que (a linguagem do) capitalismo patropi é super selvagem

[caption id="attachment_43435" align="alignleft" width="620"]Milton Schahin e Lúcio Funaro: briga nos bastidores do petrolão revela que o capitalismo brasileiro tem facetas virulentas e arcaicas | Divulgação Milton Schahin e Lúcio Funaro: briga nos bastidores do petrolão revela que o capitalismo brasileiro tem facetas virulentas e arcaicas | Divulgação[/caption] Uma das reportagens mais sensacionais sobre o petrolão, “Em águas profundas”, está na revista “Piauí” de agosto. O texto de Malu Gaspar ex­pli­cita o capitalismo selvagem, violento e destrutivo, que ainda impera no Brasil. Ao contar a história da Cons­tru­tora Schahin, de Carlos Eduardo Scha­hin, Salim Schahin e Milton Taufic Schahin, envolvida no petro­lão, faz um retrato denso da barbárie dos capitalistas patropis. O banco dos Schahin teria emprestado 12 milhões de reais, por intermédio do pecuarista José Carlos Bumlai, tido como primeiro-amigo do ex-presidente Lula da Silva, para “comprar o silêncio de Ronan Maria Pinto, um empresário de ônibus de Santo André, que estaria chantageando Lula e seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho”. Tudo a ver com o assassinato de Celso Daniel, prefeito de Santo André e petista. As empresas da família Schahin cres­ceram no governo de Lula. “De 2003 a 2010, o faturamento da Schahin Holding saltou de 133 mi­lhões de dólares para 395 mi­lhões”, conta Malu Gaspar. A construtora entrou firme para o setor de petróleo, trabalhando para a Petrobrás. O crème de la crème é a batalha entre o operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro, tido como homem de Eduardo Cunha, e a família Schahin. Funaro, um ricaço de apenas 41 anos, promete que vai destruir os Schahin. A briga começou por causa de uma usina hidrelétrica que não deu certo. Ao se encontrar com Salim Schahin, no escritório de Naji Nahas, Lúcio Funaro bateu abaixo da linha de cintura: “Seu velho filho da puta, você acha que vai me dar um calote e continuar andando de Mercedes? Você tá pensando que tem roupa para essa festa? Eu vou tomar tudo o que você tem, velho safado!” A linguagem é típica das elites brasileiras — que, diria Raymundo Faoro, autor do inescapável livro “Os Donos do Poder”, nunca saem do poder. Um trecho da matéria da “Piauí” tem a ver com Goiás e a CPI da Petro­brás: “No meio da sessão, o delegado Waldir, do PSDB de Goiás, deixou o plenário abanando a cabeça, contrariado: ‘Vou embora, vou fazer o quê? Pa­pel de palhaço?” É que os membros da família Schahin, orientados por seus advogados, não respondiam nada.

Lula da Silva processa O Globo para intimidar ou esclarecer fatos?

[caption id="attachment_42927" align="alignleft" width="620"]Ex-presidente Lula processou "O Globo" | Foto: Roberto Stuckert / Instituto Lula Ex-presidente Lula processou "O Globo" | Foto: Roberto Stuckert / Instituto Lula[/caption] O Judiciário é a instância civilizada para as partes discutirem seus problemas. É certo que se usa a Justiça muito mais para intimidar a imprensa do que para esclarecer fatos. Ainda assim, as pessoas que se sentem ofendidas por textos dos jornais e revistas têm o direito de recorrer à Justiça para exigir que documentos sejam apresentados para comprovar as denúncias publicadas. Na terça-feira, 18, o ex-presidente Lula Inácio Lula da Silva processou — por “danos morais” — “O Globo”. O jornal publicou a reportagem “Dinheiro liga doleiro da Lava Jato à obra de prédio de Lula” e sustenta que o petista é dono de um apartamento tríplex no Edifício Solaris, no Guarujá, em São Paulo. O empreendimento é associado pelo veículo da família Marinho ao doleiro Alberto Youssef. O Instituto Lula sublinha que o ex-presidente não tem apartamento no Edifício Solaris e que sua mulher, Marisa Letícia, tem uma cota do empreendimento. “Não foi a primeira vez que isso foi esclarecido” ao repórter, frisa o Instituto. Mas, acrescenta, “o jornal optou por dar continuidade à mentira que vem repetindo desde dezembro do ano passado. O autor da matéria insistiu na versão mentirosa, com amplo destaque tanto na versão impressa do jornal quanto na internet”. Lula da Silva sustenta que a re­por­tagem “teve claro caráter di­fa­matório” e que o “mero registro bu­rocrático do outro lado não com­pensa os danos morais causados pela veiculação de graves mentiras”. A partir de agora, “O Globo” e Lula da Silva vão apresentar suas documentações. Como a Justiça é isenta, os brasileiros saberão quem está dizendo a verdade. A esquerda petista antes acusava mais ostensivamente a revista “Veja” — que publicou a maioria das denúncias sobre o petrolão, pautando a maioria dos jornais, revistas, redes de televisão e rádios — de “atacar” Lula da Silva. Paranoia do petismo? É possível.

Sobre livros, autores em um leitor (III)

[caption id="attachment_43460" align="aligncenter" width="620"]cervantes Miguel de Cervantes: o gênio espanhol morreu há 400 anos[/caption] Um dos autores mais lembrados da Literatura Mundial é Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616) que nos deixou o “El ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha”. Na maioria dos países a obra é conhecida com o simples título “Dom Quixote”, leitura obrigatória para todos aqueles que se interessam pela literatura dos grandes clássicos espanhóis e um dos mais significantes livros da literatura mundial. “Dom Quixote” é obra não só rica em narrações de aventuras fictícias de um cavaleiro medieval; é rica também em personagens. Além das duas figuras principais, o próprio Dom Quixote e o seu escudeiro Sancho Pança, algo ao redor de outras 650 figuras aparecem ao longo do enredo. Não tencionamos discorrer sobre o conteúdo, nem fornecer um resumo, tampouco nos interessam as centenas de personagens. Interessa o autor cuja vida igualmente rica em aventuras, no entanto não fictícias, decorreu, muitas vezes, beirando a tragédia. Miguel de Cervantes foi o quarto filho, entre sete, de uma família pobre da nobreza de Alcalá de Henares, lugarejo próximo à Madrid, mas na época já um centro universitário. O pai, Rodrigo de Cervantes, médico cirurgião, tornou-se mais conhecido por seus insucessos; sobre a mãe, Leonor de Cortinas, pouco se sabe. Após estudos preliminares, o jovem Cervantes estudou Teologia nas Universidades de Salamanca e de Madrid. Aprofundou seus estudos com Juan López de Hoyos, um dos grandes humanista e eruditos da época. Em 1569, com 22 anos, indiciado pela justiça espanhola, fugiu para Roma onde foi camareiro do cardeal Giulio Acquaviva. No mesmo ano ingressou na Marinha do rei da Espanha em Nápoles e, em 7 de outubro de 1571, participou da Batalha de Lepanto, no Golfo de Patras, no Mar Jônico (hoje Grécia), sob o comando de Don Juan da Áustria que venceu os turcos. Cervantes foi ferido por três projéteis: dois no peito e um na mão esquerda que ficou deformada para o resto de sua vida, razão pela qual recebeu o apelido de “El Manco do Lepanto”. Em 1575, ainda na Marinha Espanhola, Cervantes foi aprisionado por piratas turcos da Argélia e levado como escravo para Argel (na época parte do Império Otomano) onde permaneceu cinco anos em mãos e a serviço de Hassan Pacha, rei de Argel, que o tinha comprado. Após quatro tentativas de fuga, Cervantes foi libertado e levado à Espanha graças a uma fiança paga pela Ordem da Santíssima Trindade para a Redenção dos Cativos, fundada em fins so século 12, em Cerfroid, nas imediações de Paris. Entre 1580 e 1582 novamente na Marinha Espanhola, participou em ações militares contra Portugal e os Açores. A primeira obra publicada por Cervantes foi “Los Tratos de Argel”, uma peça teatral, que não teve sucesso na qual abordou suas vivências durante o cativeiro naquela cidade. Endividado, dedicou-se a literatura na esperança de resolver seus problemas pecuniários. Em 1584 surgiu seu primeiro romance “La primera parte de la Galatea”que, já em 1588, foi traduzido para o alemão. No mesmo ano casou com Catalina de Salazar y Palacios, bem mais jovem do que ele, com a qual não teve filhos. Ao mesmo tempo Cervantes teve um relacionamento com Ana Franco de Rojas, uma artista teatral, com a qual teve uma filha ilegítima, Isabel de Saavedra. O casamento com Catalina durou apenas dois anos. Separou-se dela em 1590. No mesmo ano, seguindo sua sua vida aventuresca, Miguel de Cervantes candidatou-se ao cargo de governador da Província de Soconusco que corresponde hoje, mais ou menos, à Província de Chiapas, no México, que ficara vacante. Seu pedido foi revogado por Felipe II e, em consequência, Cervantes permaneceu na Marinha como “Comissário de Abastecimento”. Em virtude de uso ilícito de verbas públicas, Cervantes foi condenado à prisão em Sevilha em 1597/98. Aparentemente houve outro período de prisão, não totalmente confirmado, em 1602. Cervantes começou a redigir o seu “El ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha” durante a prisão em Sevilha. A primeira parte foi publicada em 1605; a segunda, dez anos depois, em 1615. Um cronista da época, comentou-o: “É um livro que as crianças folheiam; os jovens o leem; os adultos o entendem e os idosos o elogiam”. Nesse entremeio Cervantes publicou “Novelas ejemplares” que, na época, em seguida, também foi traduzido para o alemão e ao francês. Em 1617 Cervantes publicou seu romance “Los trabajos de Persiles y Sigismundo”. Otto Maria Carpeaux deixou-nos um pequeno mas excelente texto com o título “Cervantes e o Dom Quixote”, publicado numa edição do “Dom Quixote” do Círculo do Livro (sem data) de São Paulo. Carpeaux explica por que a obra é tão importante: “Antes, só havia romances em versos, de grande interesse histórico, mas hoje tão ilegíveis como os romances de cavalaria cuja fama o próprio Cervantes erradicou. O Dom Quixote é propriamente o primeiro romance, em prosa, que continua lido até hoje. Sua influência é evidente em obras tão diferentes como Tom Jones de Fielding, Almas Mortas de Gógol, de Dickens, de Balzac e de Flaubert, no Idiota de Dostoiévski, até no Ulysses de Joyce. É o romance dos romances”. Miguel de Cervantes tornou-se famoso com o seu “Dom Quixote” mas é quase totalmente desconhecido que Cervantes, além do “Dom Quixote”, é autor de mais de 40 outras obras. Certo é que o “Dom Quixote” trouxe-lhe fama e algum dinheiro que, infelizmente, acabou perdendo. Cervantes morreu pobre em 23 de abril de 1616 em Madrid. Morreu tão pobre que a Ordem das Monjas Descalças da Santíssima Trindade, a parte feminina da mesma ordem que o resgatara do cativeiro em Argel, apiedou-se em enterrá-lo em seu mosteiro em Madrid. Um cronista da época assim o definiu: “Viejo, soldado, gentilhombre y pobre”. Desde a morte de Cervantes já passaram 398 anos e, até hoje, os restos mortais nunca foram encontrados. Em quatro séculos o Mosteiro das Monjas Descalças passou por inúmeras reformas com a consequência de que seu sepulcro perdeu-se na penumbra da História mas o seu “Dom Quixote” continua vivo. Em 2013 a municipalidade de Madrid bem como o governo regional liberaram uma verba para a procura dos restos mortais do grande clássico espanhol nas áreas internas e externas do mosteiro. Geólogos, cientistas e historiadores espanhóis puseram-se ao trabalho. Em fins de 2014, após escavarem nos subterrâneos do Mosteiro das Monjas Descalças encontraram restos de madeira de vários sarcófagos um dos quais trazia as iniciais “M.C”. O jornal espanhol “El País” mencionou que os cientistas creem que “muito provavelmente” se trata dos restos mortais de Miguel de Cervantes. De momento, o DNA de resquícios de ossos encontrados junto ao sarcófago com as iniciais “M.C.” estão sendo analisadas em um instituto em Madrid. No mesmo dia, 23 de abril de 1616, outro grande autor da Literatura Universal morreu em Stratford-on-Avon: William Shakespeare. A coincidência das datas sempre foi motivo para especulações fantasistas que, em verdade são infundadas. Fato é que já em 1582 a Espanha, na época dos reis católicos Fernando e Isabel, adotara o calendário gregoriano, decretado pelo Papa Gregório XIII; a Inglaterra protestante só o introduziu em 1752. Assim, a verdadeira data da morte de William Shakespeare é 3 de maio de 1616. Uma das mais conhecidas obras de Shakespeare talvez seja o seu imortal “Romeu e Julieta”. A pobre Julieta que morreu de amores por seu amado Romeu e a briga das duas famílias, os Montecchios e os Capuletos, enfim o enredo da obra com a trágica história de amor, uma vez lida na juventude, grava-se na memória do leitor e o acompanha para o resto da vida. Depois de 400 anos, apenas recentemente, há cerca de 10 anos, descobriu-se que Julieta não morreu. Continua viva não só para os habitantes de Verona, cidade-palco da mais conhecida história de amor da Literatura Universal, mas para muita gente em outras partes domundo. Quem o sabe, descobri-o há pouco quando estive em Verona, é o aposentado Gianni Carrabetta que, passeando pelas ruas históricas da Verona antiga, acompanhado por seu cãozinho que curiosamente atende pelo nome de Romeu, casualmente observou uma mulher que afixara um bilhete no muro da casa na qual vivera, e para muitos ainda vive, a inesquecível Julieta. Gianni que, segundo me disseram, não é curioso mas quer saber tudo, delicadamente pegou o bilhete entre polegar e indicador, abriu-o e leu: “Julieta, desejo de todo o coração um pai para o meu filho que está por nascer”. Lido o texto, a curiosidade de Gianni cresceu e logo ele soube que bilhetes e cartas coladas naquele muro, com fervorosos pedidos a Julieta, são frequentes. Por várias semanas perambulou pela cidade, sempre acompanhado por seu Romeu, a fim de descobrir quem é que os recolhe e qual é o destino que se lhes dá. Gianni Carrabetta teve sorte. Na Via Galilei encontrou a sede do “Club di Giulietta” no qual trabalham, voluntariamente, 15 pessoas para responder às cartas e aos bilhetes de pedidos amorosos e fervorosos de pessoas de todo o mundo. São 10 mil cartas que o “Club” recebe via correio e outros tantos bilhetes que são afixados no muro por ano, a maioria dos Estados Unidos, do Japão, da Rússia e da Alemanha e todas recebem resposta redigida em caligrafia manual. O “Club di Giulietta” é tão conhecido que os carteiros entregam as cartas com endereços simples como: “Juliet – Verona”, ou “Giulietta-Verona”, “Juliete-Verona”, “Juliette-Verona” ou mesmo “Romeu e Julieta – Verona”. Todas chegam. Gianni Carrabetta candidatou-se para ajudar em responder às cartas. Foi aceito. Em sua vida anterior Gianni era executivo numa firma da indústria farmacêutica. Hoje ele é secretário de Julieta e assina todas as respostas com o seu verdadeiro nome: Julieta. Romeu cochila tranquilamente a seus pés e com o olhar de cão fiel, também parece estar convencido de que Julieta ainda vive. Não é apenas Julieta que recebe cartas. Romeu também as recebe se bem que em menor quantidade. Curioso é que não são apenas representantes do mundo feminino que escrevem a Julieta. Rapazes e homens também se dirigem a ela. Mas nunca um homem pediu a Julieta que o ajudasse “a procurar um pai para meu filho que está por nascer”. Enquanto relato estes detalhes sobre as zelosas atividades em Verona resultantes do “Romeu e Julieta” lembrei-me do próprio Shakespeare. Absorto em divagações vejo-o perambulando pelas ruas de Stratford-on-Avon envoltas em neblina e, por razões para mim inescrutáveis, vem-me à tona o nome de outro autor, não menos famoso – embora com obras completamente diferentes – que morreu sete décadas antes do inolvidável Shakespeare e que revolucionou o mundo. Seu nome Niklas Koppernigk (1571-1630). Após estudos preliminares em Thorn, sua cidade natal, na época Prússia, hoje pertencente à Polônia, Koppernigk iniciou seus estudos superiores na Universidade de Cracóvia que não chegou a terminar. Matriculou-se na Universidade de Bolonha onde estudou Direito, Grego e Astronomia; formou-se em Medicina na Universidade de Pádua e em Direito Canônico na Universidade de Ferrara onde obteve o título de “doctor iuris cononici”, doutor em direito canônico. Koppernigk regressou a sua cidade natal em 1503 onde inicialmente trabalhou como médico, cônego e administrador eclesiástico. Nas horas vagas, ocupava-se com a matemática e astronomia. Durante seus estudos na Itália Koppernigk, seguindo uma prática de estudiosos da época, latinizou seu nome em Niklas Kopernikus que, em português transformou-se em Nicolau Copérnico. Copérnico publicou varios tratados científicos sobre temas eclesiásticos, astronomia, matemática, trigonometria e um tratado sobre questões monetárias. Sua obra principal “De Revolutionibus Orbium coelestium, Libri VI” (Da Revolução dos Corpos Celestes) só foi publicada em Nuremberga no ano de sua morte, em 1543, embora já ter desenvolvido a teoria heliocêntrica do sistema solar décadas antes. Em 1509 já entregara rascunhos a alguns estudiosos com a observação de que os “cálculos matemáticos ainda terão que ser revistos”. A publicação tardia de sua obra principal provavelmente tenha sido simples medida de precaução. Copérnico viveu em plena época da Inquisição e a igreja católica defendia a teoria geocêntrica desenvolvida por Aristóteles. Quem defendia outras teorias era candidato às fogueiras da Inquisição. “Da Revolução dos Corpos Celestes” foi obra de grande impacto de forma que seguiu-se logo uma segunda edição. Ambas chegaram a cerca de 500 volumes. Para o mundo científico da época 500 exemplares já era edição voluminosa. Da primeira edição de 1543 restam raríssimos exemplares espalhados nas melhores bibliotecas do mundo. Na noite de 2 de setembro de 2004 a “Herzogin Anna Amalia Bibliothek” (Biblioteca Duqueza Ana Amália) de Weimar, cidade do Estado da Turíngia, no sudoeste da Alemanha, foi parcialmente destruída por um incêndio que irrompeu no teto de uma das alas da edificação. A biblioteca foi fundada em 1691 pelo duque Guilherme Ernesto. Em 1991, por oportunidade dos festejos de seu 3° Centenário, a biblioteca recebeu o nome de Biblioteca Duqueza Ana Amália que fora sua grande incentivadora. A biblioteca não é a maior do mundo mas é uma das mais importantes por seu incomparável acervo de mais ou menos 1 milhão de exemplares especialmente da literatura alemã do Iluminismo até ao fim do Romantismo. Entre as raridades encontram-se cerca de 2 mil livros manuscritos, entre os quais um evangelho carolíngio do século 9, 427 incunábulos e coleções da época da Reforma e centenas de riquíssimas iluminuras da Idade Média. Além disso encontram-se as bibliotecas completas da família von Arnim, Liszt, Nietsche, Haar e a da Sociedade Shakespeare da Alemanha. A biblioteca é mundialmente conhecida por seu belíssimo salão ovalado, com três andares, em estilo rococó. Após a morte da duqueza Ana Amália seu filho, Grão-Duque Carlos Augusto (1757-1828), assumiu os negócios de Estado. Carlos Augusto foi grande admirador de Johann Wolfgang von Goethe. Foi ele quem o convenceu de vir de Frankfurt à Weimar onde o grande literato permaneceu até a sua morte sempre às custas de verbas públicas. Em 1797 Carlos Augusto nomeou Goethe, além das outras tarefas às quais já respondia, diretor da Biblioteca Ana Amália. Mas Goethe, apesar de ter sido um gênio erudito de cultura universal, foi um grande safado. Como diretor andava sempre a comprar livros para a Biblioteca Ana Amália que pagava com verba pública mas surripiava as obras mais importantes para a sua biblioteca particular. Mesmo assim, Goethe não foi um safado egoísta. Deixou em testamento que, após a sua morte, o seu acervo deveria passar à propriedade do Estado. Conservou-se, desta forma, toda a sua biblioteca particular de 43 mil volumes, 18 mil pedras preciosas e semipreciosas do Brasil que colecionara durante sua vida, além de milhares de documentos sobre botânica, geologia e mineração e obras de arte, principalmente italianas e da Grécia Antiga. Tudo isto pode ser visto, tal e qual como ele o deixara, em sua mansão de 42 cômodos na Praça Frauenplan em Weimar. Todo o acervo de Goethe faz parte da Biblioteca Ana Amália. Na ala na qual irrompeu o incêndio encontravam-se 196 mil volumes, a maioria dos quais no Salão Rococó, dos quais 50 mil foram totalmente devorados pelo fogo. 118 mil volumes sofreram sérios danos por fogo, altas temperaturas, água dos bombeiros, fuligem, fumaça e demais sujeira. Muitas das 3 mil partituras musicais manuscritas são consideradas como perdidas entre as quais partituras de Orlando di Lasso, Johann Nepomuk Hummel e Karl Siegmund von Seckendorf. Os 80 funcionários da biblioteca, apoiados por centenas de voluntários, começaram a catar nos escombros à procura de restos chamuscados, de páginas soltas, meia páginas e, inimaginável mas verdadeiro, até as cinzas passaram por um processo de filtragem à procura de restos de papel, por menor que fossem, mesmo tendo apenas uma ou duas letras, tudo foi guardado para eventual uso na restauração. O trabalho de restauração é tarefa complicada, um verdadeiro puzzle, que exige experiência e equipamentos adequados. A maioria dos 118 mil volumes danificados foi entregue a 27 institutos especializados em diversos países europeus. São instituições que mais parecem laboratórios altamente sofisticados do que oficinas artesanais. Os custos para a reconstrução do prédio com o Salão Rococó seriamente danificado e a restauração de 118 mil compêndios são astronômicos. As verbas vêm do governo alemão, do Estado da Turíngia, de empresas e pessoas particulares que fizeram donativos. Verbas adicionais vieram de países europeus. Muitas bibliotecas ao redor do mundo ofereceram exemplares quando tinham mais de um em seu acervo. Até o presidente Barak Obama, que em 2009 esteve em Weimar, levou em sua bagagem dois valiosos livros que presenteou à biblioteca. Uma das obras que tinha sido dada como perdida e que foi encontrada recentemente entre a montanha de livros altamente danificados foi o “De Revolutionibus Orbium coelestium, Libri VI” de Copérnico. Segundo Michel Knoche, diretor da biblioteca, a obra se encontra em mãos de uma firma especializada em Weimar encarregada da restauração. A alegria em encontrar esta raridade bibliográfica foi grande pois afinal a obra representa um marco histórico na História da Astronomia e, segundo especialistas, é de inestimável significado para a ciência e a história cultural da Idade Moderna que teve início com um médico, cônego e administrador eclesiástico que só nas horas vagas se dedicara à matemática e à astronomia: Nicolau Copérnico, grande sábio da Idade Média. Os esforços da equipe de técnicos da Biblioteca Ana Amália de Weimar juntamente com os especialistas de 27 instituições localizadas em diversos países europeus para restaurar 118 mil livros danificados pelo fogo, sem falar nos custos que o projeto, que poderá durar entre 30 e 40 anos, acarretará, são admiráveis. O zelo e o empenho empregado demonstra que a conservação de tesouros culturais de épocas passadas representa riqueza cultural para as gerações futuras. Tanto mais triste e desolador é o que vem acontecendo em outra parte do mundo onde uma horda de bárbaros faz exatamente o contrário: Em junho de 2014 radicais do Estado Islâmico (IS) se apoderaram de Mossul, segunda maior cidade do Iraque. Dezenas de mesquitas e igrejas foram dinamitadas até aos alicerces entre as quais o famoso Mausoléu do profeta Jonas, na região, símbolo de interrelacionamento religioso. A famosa Mesquita Vermelha, do século 12, no centro de Mossul, também foi transsformada em escombros. Em janeiro de 2014 membros das mesmas hordas devastaram a Biblioteca da Universidade e atearam fogo na Biblioteca Central de Mossul transformando em cinzas mais de 8 mil documentos manuscritos de inestimável valor cultural histórico. As imagens que percorreram o mundo em fins de janeiro passado mostrando elementos do IS destruindo a martelaço obras de arte milenares são apenas a ponta do iceberg. Tudo isto num lugar chamado Mesopotâmia que, durante séculos, foi visto como o berço da Humanidade. Enquanto em Weimar especialistas se empenham em recuperar livros até das cinzas que sobraram de um incêndio, em Mossul, e em outras partes do Iraque e da Síria, bárbaros do IS fazem o contrário, transformam livros em cinzas. Dois mundos, duas culturas e dois comportamentos, segundo parece, incompatíveis.

Repórter do Pop fugiu às aulas de Geografia e Lógica

A reportagem “Trânsito — Interior mais violento que capital”, assinada por Gabriela Lima, de “O Popular”, parece, como diz o jargão jornalístico, “redondinha”. Só parece. Serva das fontes, sobre as quais não reflete—, a repórter tão-somente apresenta dados crus do Observatório de Mobilidade e Saúde do Estado de Goiás. “Primeiro lugar do ranking, o município de Uruaçu registrou 50,7 mortes no trânsito por 100 mil habitantes. O índice é quase o dobro da média do Estado, que é de 29,9”, registra a jornalista. Eduardo Belchior de Paula, apresentado como “analista”, ressalva sobre Uruaçu: “Lá existe uma malha viária muito intensa com grande fluxo de pessoas nas estradas”. O técnico deu o mote para o trabalho da repórter, que não quis fazê-lo. Ela sequer foi atrás dos dados sobre as mortes, para saber de onde eram as pessoas que morreram na cidade. Elas são de Uruaçu, de outras cidades, de outros Estados? A repórter deveria ter explicitado os dados exclusivos do município — sem omitir os acidentes da BR-153, é claro — para que a comparação com as outras cidades fosse precisa e justa. O “Pop” acrescenta: “O mu­nicípio [Uruaçu, no Norte de Goiás] é uma confluência de eixos rodoviários, como as GOs 060 e 040 e BR-153”. Como diz um professor de Uruaçu, “Ga­briela Lima fugiu das aulas de Geografia e Lógica”. Leia texto enviado pelo jornalista Jota Marcelo, de Uruaçu A BR-153 corta Uruaçu. A GO-237 liga Uruaçu a Niquelândia e se estende para outras cidades do Nordeste goiano. Parte da BR-080, sentido sul, liga Uruaçu a Santa Rita do Novo Destino (zona rural/Povoado da Placa) e Barro Alto (zona urbana). Em terra uruaçuense no sentido norte, a BR-080 só existe no papel (a parte existente vinha sendo pavimentada [sentido São Miguel do Araguaia-Uruaçu, mas as obras estão paralisadas há tempos, em Mara Rosa]). Detalhe, partindo de São Miguel: a BR-080 terá encontro com a BR-153, no chamado Trevo Sul [quando o usuário parte de Porangatu, o segundo trevo dentro de Uruaçu, sentido Goiânia]); o usuário percorrerá cerca de 13 quilômetros na BR-153 e, no denominado Trevo que dá acesso à Santa Rita/Barro Alto, a BR-080 tem reinício, indo até o Trevo que dá acesso para Vila Propício/Padre Bernardo (sentido Brasília) e, daí por diante, finalizando no limite com o DF, exatamente na satélite Brazlândia. BR-060: Anápolis-Brasília. GO-040: Goiânia-Inaciolândia. Resumo: em Uruaçu, apenas BR-153, BR-080 (uma parte, só no papel) e GO-237.

Jornais impressos resistem à “profecia” de que vão desaparecer

Quanto mais se anuncia a morte do jornal impresso mais a circulação volta a crescer. A “Folha de S. Paulo” (jornal de maior circulação do país), “O Globo”, “Super Notícia”, “Estadão” e “Zero Ho­ra” terminaram o primeiro se­mestre de 2015 com um crescimento de 4% (comparação com o mesmo período de 2014). Os da­dos são do Instituto de Ve­rificação de Comunicação. O Portal dos Jornalistas informa que, “somados, os cinco jornais circularam no primeiro se­mestre com a média mensal de 1,429 milhão de exemplares, contra 1,375 milhão em 2014. O maior crescimento foi do ‘Zero Ho­ra’ (14%), seguido por ‘Es­ta­dão’ (4%), ‘Folha’ (3,6%), ‘Super No­tícia’ (1,9%) e ‘O Globo’ (0,8%)”. Os números são expressivos. Pes­quisas têm sugerido que as pessoas que decidem ainda consultam mais jornais e revistas impressos. O curioso é que se assiste um renascimento do vinil, e no momento em que o moderno CD começa a “morrer”, e a permanência do livro, tanto que as editoras anunciam vendas extraordinárias — apesar da crise econômica — e grandes editoras internacionais chegam ao Brasil e apostando no livro impresso e não fortemente nos livros digitais (representam apenas 3% do mercado). Parece que há algo errado com julgamentos peremptórios.

Governador se reúne com base aliada e pede pacto pela governabilidade

Marcelo Miranda sabe que, em momentos de crise, união é imprescindível para fazer os ajustes necessários

Dulce Miranda integra Frente em Defesa da Assistência Social na AL

[caption id="attachment_43452" align="alignright" width="350"]Deputada e primeira-dama do Estado, Dulce Miranda: “Defendo a bandeira da assistência social técnica” Deputada e primeira-dama do Estado, Dulce Miranda: “Defendo a bandeira da assistência social técnica”[/caption] A deputada federal Dulce Miranda, vice-líder do PMDB, vai integrar a Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Social na Câmara dos Deputados, em Brasília. A Frente reúne 216 deputados com o objetivo de dar apoio às políticas públicas de assistência social, inclusive na hora de definição do Orçamento da União. Membro da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) e da Comissão da Defesa dos Direitos das Pessoas com De­ficiência (CPD), ambas da Câmara, a deputada vê a participação na Frente Parlamentar, um modo de fortalecer a pauta da assistência social e o Sistema Único de As­sistência Social, que está completando dez anos de existência. Para a parlamentar, a assistência social tem que promover e garantir as mais diversas formas de cidadania. “Estou defendendo a bandeira da assistência social técnica com janela de saída. Não podemos manter os cidadãos reféns da assistência social. É preciso dar aos atendidos, maneiras e perspectivas de um futuro garantido pelo seu trabalho e esforço com dignidade”, afirma Dulce Miranda. A deputada tem atuação focada na área do desenvolvimento e assistência social, saúde e empoderamento das mulheres e defesa das comunidades tradicionais. A parlamentar é membro da Comissão de Seguridade Social e Família, da Secretaria da Mulher, Subcomissão Permanente de Assistência Social, Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Comissão Permanente Mista de Combate à Violência Contra a Mulher.

Itamar Pires lança dois livros: um de poesia e os “Contos de Solibur”

Cultural_1885.qxdItamar Pires é um dos intelectuais e escritores mais plurais do país. É poeta com ampla compreensão da história da poesia, dialogando com a tradição sem se tornar um de seus diluidores. Escreve contos de primeira linha. Suas incursões na ficção científica são de amplo interesse. É romancista (“Lygia Entre os Dragões”). Escreve críticas literárias de qualidade. Sobretudo, sua obra surpreende, pela manutenção da qualidade em áreas tão variadas. Na terça-feira, 25, às 19 horas, na Rádio Universitária (Alameda das Rosas, nº 2200, Setor Oeste), lança dois livros: “Poemas Reunidos — 1990-2015” e a terceira edição, revista, ilustrada e ampliada de “Contos de Solibur”.