Bastidores
O ex-prefeito e o pré-candidato a prefeito mantiveram uma conversa amistosa numa rádio de Anápolis
A política de Anápolis começa a se definir tendo em vista as eleições de 2016. O ex-prefeito Ernani de Paula, que esteve com um pé no PPS, optou por se filiar ao PROS de Eurípedes Júnior. O empresário tucano Ridoval Chiareloto, que não apoia a candidatura de Alexandre Baldy (PSDB) para prefeito, pode migrar (há conversações) para o PPS e pode disputar a prefeitura, com o apoio do deputado federal Marcos Abrão. O vereador Frei Valdair de Jesus, se confirmada sua filiação ao PSB, pode disputar a prefeitura — com o apoio da senadora Lúcia Vânia e do empresário Vanderlan Cardoso.

A nova comissão provisória do tucanato no município provoca uma crise entre a cúpula e setores da base. Mesmo quem não está filiado se tornou membro

[caption id="attachment_46432" align="alignleft" width="620"] Ao centro, de camisa azul, o presidente Jovair Arantes, ao lado da presidente nacional do PTB, Cristiane Brasil | Foto: Sarah Teófilo/ Jornal Opção[/caption]
Uma brincadeira do presidente do PTB em Goiás, Jovair Arantes, durante o encontro estadual da legenda na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), foi um tanto infeliz. Com a presidente nacional, deputada federal Cristiane Brasil (RJ), ao lado, o presidente falava nomes de alguns prefeitos e comentava sobre as cidades.
Ao falar de Caldas Novas, Jovair brincou dizendo que todos querem ir para o município cujo foco é o turismo. "Quem quer ir para Caldas?", perguntou, e grande parte dos políticos presentes levantaram as mãos e deram risada. "Caldas é fácil, quero ver querer ir para Cavalcante", afirmou.
A presidente riu sem graça. "A senhora iria para Cavalcante?", perguntou Jovair, ao que Cristiane respondeu afirmativamente. O deputado federal goiano, então, comentou: "Vai lá então visitar os kalungas." Dessa ninguém riu.
A comunidade quilombola Kalunga foi criada a partir da luta de africanos escravizados na região onde hoje se situam os municípios goianos de Teresina, Cavalcante e Monte Alegre. Conforme informações do governo do Estado, a área ocupada pela comunidade foi reconhecida pelo Estado de Goiás, desde 1991, como sítio histórico que abriga o Patrimônio Cultural Kalunga.
A área é de mais de 230 mil hectares de Cerrado protegido e abriga mais de duas mil famílias, chegando a quase oito mil pessoas, segundo informações da Associação Quilombo Kalunga.
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[Rodrigo Melo, Franki Boniek, Ernani de Paula, Carlos Henrique e Jorge Matsubara: nova força]
O ex-prefeito de Anápolis Ernani de Paula vai disputar mandato de vereador pelo PROS. Tanto pode disputar mandato legislativo quanto a prefeitura do município.
Ernani e Jorge Matsubara, paulista radicado em Anápolis, fecharam com a cúpula do PROS em Goiás: Rodrigo Melo, presidente estadual; Frank Boniek, presidente municipal; e Carlos Henrique, vice-presidente.
O PROS adotou a política de se fortalecer sobretudo nas médias e grandes cidades. Ernani de Paula é um de seus trunfos.
Analistas políticos apostam que Ernani de Paula tende a ser o candidato a vereador mais bem votado de Anápolis.
Se for candidato a prefeito, pergunta um tucano, quem vai participar de sua campanha?
Tucanos dizem que, sempre que abre a boca, o delegado-deputado Waldir Soares perde um aliado. “Ele ganha um adversário quando decide falar. Se for candidato, quem vai trabalhar em sua campanha?”
O tucanato sugere que, se desagrega já no Legislativo, imagine se, algum dia, chegar ao Executivo.
Quando se refere à defesa da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula da Silva, para não citar os criadores e beneficiários do mensalão, o silêncio do PT de Goiás é espantoso. Rubens Otoni, Luis Cesar Bueno, Adriana Accorsi e Mauro Rubem, críticos de tantas coisas, não falam nada. Permanecem emudecidos. De Pinheiro Salles, aliado do senador Ronaldo Caiado — Karl Marx quase saiu do túmulo de tanta raiva da aliança pinheirista-caiadista —, nem se fala.
Os acionistas da usina de Cachoeira Dourada agradecem a Maguito Vilela, que vendeu a galinha de ovos de ouro da Celg

[caption id="attachment_46311" align="alignright" width="620"] Roberto Balestra: “Eu não veto o senador Wilder Morais no PP” | Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Roberto Balestra, deputado federal, e Wilder Morais, senador: o primeiro diz que não há crise entre os dois, mas parece que há um certo mal-estar pelo fato de o segundo chegar num dia e já assumir a presidência.
Comenta-se que o deputado federal Roberto Balestra está “chateadíssimo” com o fato de que, mal chegou ao PP, o senador Wilder Morais já vai assumir sua presidência em Goiás. Sabe-se que a ascensão do ex-integrante do DEM foi pavimentada numa reunião entre o presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira, os deputados federais Sandes Júnior e Balestra, com a presença de Wilder, em Brasília. O que há de “errado”?
Na sexta-feira, 18, o Jornal Opção ouviu Balestra. “Que fique esclarecido de uma vez por todas: não estou insatisfeito com a filiação de Wilder Morais ao PP. Sou inteiramente a favor. É uma vitória do governador Marconi Perillo, pois um senador de um partido de oposição agora se tornou governista nos dois planos, o regional e o nacional. Nas últimas eleições, fui apoiado pelo pai do senador, já falecido, e por seu irmão, o prefeito de Taquaral, Willis Antônio de Morais, o Ziro. Portanto, não tenho como pensar em vetá-lo no partido.”
Se não está insatisfeito com a presença de Wilder no PP, sobretudo com o fato de que chegou agora e já está na “janelinha”, como diria Romário, por que Balestra não compareceu à sua filiação ao PP, quando a cúpula do partido deslocou-se para Goiás para prestigiá-lo? Parece inexplicável mesmo. “Eu estava noutro compromisso, em Inhumas, e avisei ao PP que não poderia ir. Mas enviei meu sobrinho, Joãozinho Balestra, como meu representante. Isto é uma prova de que não resisto à entrada do senador no partido.”
Perguntado se Wilder vai ser o presidente do PP em Goiás, Balestra respondeu: “Não sei se o senador vai assumir o comando do partido. Quem vai definir isto é o diretório nacional”. Balestra é sempre transparente, mas o repórter percebeu, aqui e ali, uma pontinha de mágoa na sua fala.
Instado a falar sobre o quadro político nacional, o experimentado Balestra, com quase 30 anos na Câmara dos Deputados, optou por falar em “on”. “O cenário é confuso tanto em termos políticos quanto econômicos. Os juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior entregaram o pedido de impeachment ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Cabe a ele colocá-lo ou não para apreciação do plenário. Se 344 aprovarem, começa o processo do impeachment. Daí o julgamento passa ao Senado. Se 44 senadores aprovarem, o impeachment está consumado.”
Balestra sublinha que, instalada a comissão processante, Dilma Rousseff será afastada por 90 dias. “O vice Michel Temer assume o governo. Percebo que o sentimento maior na Câmara é pelo impeachment. Por isso Lula está pedindo para Eduardo Cunha evitar a votação do impedimento. À presidente falta tranquilidade, apoio e, sobretudo, credibilidade. O fato é que não tem mais respaldo político e da sociedade para governar. Hoje, ela só tem o apoio de 150 parlamentares.”
Como Eduardo Cunha vai se posicionar? “Eduardo Cunha é um político frio e tem dito que vai cumprir o regimento.” Balestra frisa que “a esquerda está ‘xingando’ os críticos do governo e dizendo que as conquistas sociais resultam do trabalho dos governos do PT”.
Para Balestra, o vice-presidente Michel Temer “pelo menos tem apoio político, e não apenas no PMDB. Parte significativa do PSDB compõe com ele. Trata-se de um político experimentado, tendo sido três vezes presidente da Câmara dos Deputados, é vice-presidente e é jurista. Pode ser uma espécie de novo Itamar Franco”.
O momento é adequado para o país “experimentar, mais uma vez, o parlamentarismo”, afirma Balestra. “A crise seria menor se o país fosse parlamentarista. O governante já teria sido retirado e colocado outro no lugar.”
A CPMF passa? “O governo de Dilma Rousseff não tem mais força e credibilidade para aprovar coisas significativas no Congresso Nacional. E é preciso ressaltar que até parte do PT é contra a volta do ‘imposto do cheque’. O PSOL e o PC do B são contrários. A presidente Dilma está cada vez mais isolada, por isso Lula não sai mais de Brasília”, destaca Balestra.
O governador Marconi Perillo (PSDB) estabeleceu uma meta. Como sabe que a eleição de 2018 será muito difícil para a base aliada, que, se eleger o governador, ficará 24 anos no poder, o tucano-chefe adotou uma estratégia ambiciosa. Marconi Perillo vai trabalhar para que o PSDB consiga ter 80 prefeitos já agora — tinha 50 — e a base aliada 170 prefeitos. O tucano planeja chegar em 2016 com 200 prefeitos — deixando apenas 46, se tanto, para as oposições. As bases destas estão quase que inteiramente desmontadas, não só pela ação do governador, e sim, sobretudo, por anos de abandono da cúpula do PMDB.

[caption id="attachment_46307" align="alignright" width="620"] Iris Rezende e Waldir Soares: os dois políticos mais populares de Goiânia podem se unir, mas o segundo pode ser atropelado pelo primeiro | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O dilema shakespeariano do PMDB de Goiânia é: ser Waldir Soares ou ser Iris Rezende. Líder nas pesquisas de intenção de voto, mesmo se disser que não quer — e quer, até com certo fervor —, o peemedebista-chefe deve ser pressionado por sua base política para disputar. Primeiro, porque tem chance de ser eleito. Segundo, se candidato, fortalece os postulantes a vereador. Portanto, exceto se ocorrer um terremoto, Iris é candidatíssimo a prefeito da capital de Goiás. Até as tartarugas das rotatórias dizem isto para os semáforos das ruas.
Entretanto, na avaliação de um ex-deputado peemedebista, um terremoto, “provocado” por um vulcão em erupção, de nome Waldir Soares, mais conhecido como Delegado Waldir, pode estar a caminho.
O ex-deputado diz que, se filiado ao PMDB, como se espera no caso da aprovação da “janela”, o Delegado Waldir pode ser seu candidato a prefeito de Goiânia. O peemedebista, ligado a Iris, exagera? É possível. Porque dificilmente, como favorito, Iris sairá do páreo. Muitos peemedebistas foram atropelados pelo peemedebista-chefe ao longo da história — casos de Maguito Vilela, em 1998, Henrique Meirelles, em 2010, e Júnior Friboi, em 2014. O Delegado Waldir poderia ser a mais nova vítima.
Na verdade, o Delegado Waldir prefere disputar a prefeitura pelo PSDB, porém, como sabe que o trânsito está congestionado, pode se filiar noutro partido. O tucano não gostaria de trocar de partido porque não quer ficar com a imagem de “vira-folha” logo no início de sua vida política. Mas, se for rifado da disputa, tende a buscar outro caminho. O PROS o espera de braços abertos; entretanto, sem janela, nada feito. O Partido Novo o quer? Por suas linhas programáticas, é complicado.
Tese do Delegado Waldir: como foi eleito com votos próprios, quase 300 mil, praticamente não dependeu dos votos do PSDB. O mandato, pois, seria seu — não do partido.

O deputado Lucas Calil (PSL) diz que políticos devem ser ousados, mas não devem dar um salto maior do que as pernas. “Até por não ser, no geral, atleta”, brinca. “Quero ser deputado federal? Sim, quero. Mas primeiro pretendo mostrar trabalho na Assembleia Legislativa, ajudar os prefeitos que represento para que, no futuro, eles decidam o que devo fazer. Não se faz política sozinho. A política é uma atividade eminentemente coletiva.”
Instado a comentar a questão do deputado Roberto Balestra e do senador Wilder Morais — que chegou “ontem” ao PP e já vai assumir sua presidência regional, rifando aquele que tem oito mandatos de deputado federal —, Lucas Calil diz que não acompanha a questão. “Mas me posiciono ao lado de Balestra, que tem bons serviços prestados a Goiás e ao Brasil. Ele não chegou agora; tem história.”
Sobre a disputa pela Prefeitura de Inhumas, Lucas Calil garante que não pretende disputar eleição em 2016. “Nosso candidato no município é o ex-prefeito Abelardo Vaz. Se ele quiser disputar, ninguém tem condições de derrotá-lo.” O deputado frisa que o médico João Antônio, do PSD, também deve ser candidato. Há, porém, quem aposte que será vice de Abelardo Vaz, ou, se este não quiser disputar, será o candidato a prefeito da base governista. Ele era do PMDB.
A respeito de Jaime Rincón, que deve ser o candidato da base governista a prefeito de Goiânia, Lucas Calil é enfático: “Jaime é um gestor extraordinário, desses que não apreciam burocracia e gostam de concluir as obras rapidamente, mas com alta qualidade. Ele é candidatíssimo a prefeito de Goiânia. Porém, como as campanhas são onerosas e é preciso estabelecer alianças políticas nos bastidores, aparentemente está meio quieto. Na verdade, está trabalhando mais e divulgando menos. É um craque, absolutamente confiável e parceiro”.
Mas qual é o ânimo verdadeiro de Jayme Rincón? “O ânimo, posso garantir, é total. O Jayme não desanima nunca. Mas, claro, está mais focado no seu trabalho como presidente da Agetop.”
O delegado Waldir Arantes, frisa Lucas Calil, é um fenômeno eleitoral. “Pode ser candidato? Pode. Mas precisa entender que uma campanha majoritária é completamente diferente das campanhas proporcionais. É preciso agregar, é necessário ter em mente que a eleição possivelmente terá segundo turno, por isso não se pode desagregar.”
Lucas Calil diz que está trabalhando, com atenção, na formatação de sua base política no interior. “Estou conversando com os pré-candidatos que vou apoiar tanto para prefeito quanto para vereador.”

[caption id="attachment_46304" align="alignright" width="620"] Vilmar Rocha será bancado para o Senado em 2018 | Foto: Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
“Vilmar Rocha é o candidato do PSD a senador em 2018”, garante o secretário de Gestão e Planejamento governo de Goiás, o deputado federal licenciado Thiago Peixoto.
“Partido sólido tanto em Goiás quanto no país, o PSD entende como ‘natural’ ocupar uma vaga na chapa majoritária da base governista em 2018. Nós vamos bancar o nome de Vilmar Rocha para o Senado. Na campanha passada, ele obteve mais de 1 milhão de votos e quase surpreendeu Ronaldo Caiado. Ele tem história política no Estado e no Congresso Nacional. É uma referência política para todos nós, inclusive para o governador Marconi Perillo”, sublinha Thiago.
O secretário frisa que o senador Wilder Morais, do PP, “tem o respeito dos líderes do PSD, mas quem foi eleito para senador, em 2010, foi Demóstenes Torres. Portanto, Wilder não tem experiência e vivência política. Os políticos precisam ‘mergulhar’ na política, não se trata de uma atividade acessória. Já a experiência e a credibilidade de Vilmar são fatos”.
Fala-se que a chapa governista de 2018 terá José Eliton, do PSDB, para o governo e Marconi Perillo e Wilder Morais para o Senado. “Como costumam dizer, faltou combinar com os russos. Que uma vaga é do governador Marconi Perillo, por tudo que tem feito por Goiás, é indiscutível. Mas não se pode perceber Wilder como dono da segunda vaga. Seria menosprezar a inteligência de todos os goianos, não apenas dos políticos. Como ignorar políticos experimentados como Vilmar Rocha e a senadora Lúcia Vânia?”
“Wilder enfrenta resistência no próprio PP”, diz Thiago Peixoto. “Roberto Balestra também pretende disputar o Senado, pois está no seu oitavo mandato de deputado federal e tem uma história a ser respeitada.”
O governador Marconi Perillo e o secretário das Cidades e Meio Ambiente, Vilmar Rocha, operam para que Lissauer Vieira, o nome bancado pelo prefeito Juraci Martins, e Heuler Cruvinel se unam para a disputa. Os líderes regionais avaliam que, separados, os dois políticos, consistentes eleitoralmente, podem fortalecer a candidatura do peemedebista Paulo do Vale.
O discurso mais ouvido no comitê político da oposição é que Lúcio Flávio “não precisa pregar para convertidos”. Os velhos companheiros reclamam que foram largados na campanha de Lúcio e que não existe a mínima discussão de projetos. Prova é a chapa praticamente composta de ex-OAB Forte: Thales José Jayme, Valentina Jungman, Simone Oliveira, Roberto Serra, Manoela Gonçalves. Onde está a renovação, senão de adesistas de última hora? O grupo original está tão insatisfeito que muitos preferiram se afastar e não vão participar da campanha. É o caso do histórico Edilberto Dias, controlador-geral da Prefeitura de Goiânia. Do grupo original só restam seis. Os “neófitos” como tem sido apelidados dentro da campanha de Lúcio Flávio tomaram conta de tudo e já criaram até a máxima: “Aqui a igreja é a mesma, mas o pastor mudou”, numa referência à empáfia e arrogância com que são tratados por Lúcio Flávio e seu grupo.