A nova comissão provisória do tucanato no município provoca uma crise entre a cúpula e setores da base. Mesmo quem não está filiado se tornou membro

[Ozair José, quase tucano, deve ser candidato a prefeito de Aparecida]

A nova comissão provisória do PSDB de Aparecida de Goiânia agrada o comando regional do partido — por avaliar que contemplou as principais forças do município —, mas desagrada setores da base.

O delegado-deputado federal Waldir Soares — o mais bem votado no município — bancou o advogado Allyson Cabral para presidente. O deputado estadual Mané de Oliveira indicou o ex-prefeito Sebastião Viana para secretário-geral. O deputado João Campos escolheu, como tesoureiro, seu cunhado, o pastor Jair Antônio. Os três representam as principais forças eleitorais do PSDB no município. “Eles têm votos”, sustenta um tucano.

[Alcides Ribeiro e Sebastião Viana. O primeiro foi esquecido pelo PSDB]

Como membros da comissão foram indicados: os vereadores Cybelle Tristão e Manoel Nascimento Macedo; Helder Mendes (do grupo do deputado federal Fábio Sousa); o ex-prefeito José Macedo e o ex-vereador Max Menezes, filho do ex-prefeito Ademir Menezes (PSD). O ex-deputado Chico Abreu, o vice-prefeito Ozair José e Iracema Borges foram escolhidos para a comissão, embora ainda não estejam filiados ao partido — o que é ilegal e ilegítimo. Iracema Borges, que mora em Goiânia, foi indicada porque é a mulher do comandante geral da Polícia Militar, Silvio Benedito, um dos pré-candidatos tucanos a prefeito de Aparecida.

[Afrêni Gonçalves, presidente do PSDB; Maione Padeiro e o deputado-delegado Waldir Soares]

O bacharel em Direito Maione Padeiro manifesta-se contrário à formatação da comissão provisória. “Primeiro, insiste-se com a comissão provisória, quando o PSDB deveria pensar em organizar o diretório, para mostrar solidez e credibilidade. Segundo, a política em Aparecida continua a ser ditada, ao menos no PSDB, por aqueles que chamamos de ‘estrangeiros’. Nada tenho contra Iracema Borges, pelo contrário, tenho o maior respeito por seu marido, o coronel Silvio Benedito, um homem de bem. O que critico é o fato de ela nada ter a ver com a política do município. Ozair José, até pouco tempo, estava nos ‘atacando’ e, agora, já aparece como pré-candidato do PSDB a prefeito e, mesmo sem estar filiado, já é membro da comissão provisória. Se não tivesse sido expurgado do PT do vereador Helvecino Moura e rejeitado pelo PMDB do prefeito Maguito Vilela, Ozair não estaria do nosso lado. Terceiro, por que deixaram o professor Alcides Ribeiro de lado, se é um político e empresário respeitado na cidade? Quarto, o que percebo é que o idealismo foi trocado pelo pragmatismo exacerbado.”

A cúpula pode dizer: “Maione Padeiro é uma voz isolada e, por não ter voto, não tem força política”. Mas não é bem assim. Sua força política não é considerável, mas não está falando sozinho. O clamor por respeito às forças políticas locais é maior do que a voz de Maione Padeiro. Muitos não falam, mas não estão satisfeitos com o pragmatismo de seus líderes, cuja intenção é organizar uma frente competitiva para tentar derrotar o candidato de Maguito Vilela a prefeito, em 2016. Para tanto, o alto tucanato vai sacrificar algumas lideranças locais. “O que se está buscando é aliados que têm votos e possam contribuir para eleger o prefeito do município”, afirma um tucano. “Nada temos como Maione Padeiro e Renato Silva”, acrescenta.

“Se querem que a gente saia do PSDB, não há problema. Podemos sair”, afirma Maione Padeiro, que se intitula “marconista em tempo integral, não apenas em períodos eleitorais e quando é interessante”. Para o jovem tucano, o PSDB de Aparecida virou uma “panelinha”. “Foi assim que Iris Rezende perdeu em 1998, como todos se lembram”, alerta.