Opção cultural

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Vila Boa de Goyaz: a poesia fotográfica de Rafael Perini

Atualmente residindo no Canadá, o escritor e médico volta a Goiás para registrar sua saudade

A luta da memória contra o esquecimento. Adelto Gonçalves por Marcos Faerman

O Jornal Opção publica, nesta edição, o prefácio do livro “Os Vira-Latas da Madrugada”, de Adelto Gon­çalves, escrito pelo jornalista Marcos Faerman (1943-1999). Sob intervenção do BNDES, o livro foi publicado em 1981, mas teve seu prefácio cortado pela editora, que receava represálias do governo militar. Após 34 anos, a obra ganha sua segunda edição pe­la Associação Cultural LetraSelvagem (Tau­baté/SP), trazendo um texto até então desconhecido: o prefácio de Faerman. Confira a entrevista feita com o autor do livro, Adelto Gonçalves. [caption id="attachment_45431" align="alignright" width="620"]Com diversos trabalhos na chamada “imprensa alternativa”, Marcos Faerman (1943-1999) tornou-se conhecido pela prática do jornalismo literário Com diversos trabalhos na chamada “imprensa alternativa”, Marcos Faerman (1943-1999) tornou-se conhecido pela prática do jornalismo literário[/caption] Marcos Faerman “Os Vira-Latas da Ma­dru­­gada”, de Adelto Gonçalves, é um ro­mance de sons delicados e de histórias tristes. Em suas páginas, sopra o vento, bate a chuva, se ouve a ressaca do mar — e as vozes dos homens, sempre as vozes, construindo penosamente a narrativa e a vida de personagens que nos desafiam pela sua não-linearidade: marinheiros, prostitutas, malandros do cais, gente que vive no porto de Santos e que é subitamente cercada por um desses momentos-limites da História, como foi o ano de 1964 nessa cidade. Como é difícil o mundo para alguns homens! Como nosso planeta, nosso país, não parecem feitos para os homens — mas contra os homens, principalmente para os heróis e anti-heróis de Adelto. Nas conversas do cais, dos bares, nas luzes vermelhas e nas sombras dos cabarés as vozes murmuram “sempre seremos uns fracassados”. E como não se entender que flua com tanta insistência e consistência o sentimento de que ser humano é uma vergonha, quando os homens perdem até o direito ao sonho? Nessa história, nos comove o desejo de seu autor de reconstruir um circuito da vida de nossa Nação, da vida de alguns homens em certo espaço. A memória de Adelto se abre para o abismo do momento em que o autoritarismo se implanta violentamente no país. E a memória do autor passa a ser também a memória dos outros, personagens de uma história densa como o mitológico Nego Orlando, célebre no porto por sua arte na dança e na briga; homem que as grã-finas de São Paulo buscavam para algumas horas de amor, porque também nisso ele era bom, famoso... Por onde passava no porto, se abriam alas de reverência... “Lá vai o Nego Orlando”, aquele que participou da revolta da Ilha Anchieta e deixou de lado os colegas bandidos na hora em que eles ameaçaram matar crianças, mulheres... “Lá vai o Nego Orlando...”. [caption id="attachment_45427" align="alignright" width="250"]A ilustração, de Enio Squef, compõe a obra de Adelto Gonçalves, “Os Vira-Latas da Madrugada” A ilustração, de Enio Squef, compõe a obra de Adelto Gonçalves, “Os Vira-Latas da Madrugada”[/caption] Esta é uma história de muitas histórias e algumas confissões. O contraponto à narrativa é um discurso tímido do autor; breve interferência na vida que sopra aqui e ali, nos desenhos do cenário e personagens; e é assim que um tempo vai se construindo para os que o viveram e não o viveram. Adelto, como um Jorge Semprún, se coloca na postura de quem usa a linguagem para cavar no poço da memória. “Eu era muito pequeno”, conta Adelto, “quando algumas dessas histórias aconteceram. Mas, enquanto as escrevia, ouvi vozes. Vozes de pessoas que já não estão mais entre nós — perdidas por aí, por este mundo imenso, numa cova rasa e sem lápide, ou no fundo do mar”. Personagem e autor vasculhando a memória fazem do romance uma obra contemporânea, implicada no discurso que busca resgatar o tempo e a possibilidade até de sermos humanos. Porque se Merleau-Ponty tem razão quando diz que “uma sociedade vale pelo que nela valem as relações do homem com o homem” — o que valerá a nossa sociedade? Envoltas na neblina (é beira-mar), caminham essas vidas confusas em que o antigo militante comunista é hoje, ontem, recolhedor de apostas do jogo do bicho e os homens parecem caminhar para algum lugar indefinido, sem forma. É nesse aparente caos que emerge, poderoso, o golpe militar de 1964, e a Ordem se impõe e carrega os anônimos, os anti-heróis para a perplexidade e o horror de uma silhueta cinzenta que se vê da beira do cais; signo do Novo Estado é esse navio-calabouço e limite, cheirando a “mijo, suor e merda”. E quando a existência passa a ser um calabouço, não pensem que o mundo se torna um reino de heróis. “Os homens maldiziam o dia em que haviam entrado naquela merda de política e o que queriam era só uma oportunidade para voltar ao lar, conseguir um novo emprego e sobreviver”. Olhares que se alternam bruscamente, a geografia política ou a política geográfica penetram na alma de cada um. Já não olham para o mar, com as suas múltiplas formas e linhas; já não veem navios flutuando para algum lugar, qualquer lugar. Os prisioneiros do navio-calabouço estão condenados a olhar para a cidade onde viviam, a ver silhuetas da natureza, das casas, dos bondes correndo pelas ruas em que construíram as suas vidas. E o que pode ser mais comovente do que esses homens caminhando pelo navio e olhando essa cidade — história brasileira, próxima e perdida em umas poucas vidas que vão desaparecendo, assim como a lembrança dessa época? Adelto Gonçalves é um dissidente brasileiro. A sua história não vai agradar àqueles que venceram em 64. Não por acaso, no começo dos anos 1960, um dos generais vencedores disse que a história era escrita por quem ganhava. Mas para os nossos e outros dissidentes, num mundo em que a palavra se concentra em círculos cada vez mais restritos, o Poder se fecha, a palavra é negada aos intelectuais e aos homens comuns. Mas as coisas não ficam aí. No campo da memória, da história, das frases, há uma guerra que nunca termina. Não disse um dissidente tcheco, Milan Kundera, que “a luta do homem contra o Poder é a luta da memória contra o esquecimento”? Não nos diz um personagem de Adelto, em obscuro manuscrito encontrado depois de sua morte (no qual poderia falar com toda a sinceridade), que, “às vezes, penso que essa capacidade de discordar é a única possibilidade que a humanidade tem de não ser levada irremediavelmente para o abismo obscurantista”? E tudo isso ganha uma irremediável grandeza, pensem o que pensarem de nosso tempo os vencedores, os que querem monopolizar o ser e o pensar de nossa História. De vozes que alguns ouvem e outros falam emerge o contratempo, o contraponto, o resgate, a palavra não-oficial. É o poderoso terreno da linguagem em que flutuam (como aquele sórdido navio) — “a história, as histórias — estamos citando Semprún —, as narrativas, as memórias, os testemunhos, a vida, o texto, a própria textura, o tecido da vida”.

Das salas de aula a Roland Barthes: “o prazer do texto” literário

Em novo livro acadêmico, organizadores reúnem artigos que discutem os problemas que envolvem o ensino de literatura

“A capacidade de discordar é a única possibilidade que a humanidade tem de não ser levada para o abismo”

A frase acima é do personagem Marambaia, do livro “Os Vira-latas da Madrugada”, de Adelto Gonçalves, que ganhou, recentemente, sua 2ª edição

Troco Likes: Tiago Iorc se apresenta em Goiânia e Brasília

“Você gasta a maior parte do tempo/Procurando pelo amor que está à procura do seu amor/Você ama guardar seu amor para o amor/Passe mais tempo amando”, canta Tiago Iorc, em tradução livre do inglês. O trecho é apenas um de tantos que encantam por sua simplicidade e clareza, como quem limpa os óculos e enxerga diferente a vida. Se não bastasse, são mais que versos. São canções em voz, violões e demais instrumentos. O cantor e também compositor volta a Goiânia para apresentação de seu novo álbum, “Troco Likes” –– o quarto de estúdio. Ele ainda leva para Brasília “Story of a man”, “Alexandria”, “Coisa Linda” e tantas outras. Com realização da Giral Projetos, a apresentação, em Goiânia, será no Centro Cultural Oscar Niemeyer, às 20h do sábado, 19. No domingo, às 17h, o show será no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Os ingressos custam R$ 50, a meia.

Banda alemã Kadavar se apresenta pelo Drops Vaca Amarela

[caption id="attachment_45677" align="alignnone" width="620"]Reprodução Reprodução[/caption] Após um final de semana ba­da­lado com mais de 50 artistas, que se apresentaram nos palcos do Oscar Niemeyer, dentre eles, Tulipa Ruiz, Rollin Chamas, Emicida, Cone Crew Diretoria, Carne Doce e muitos outros, o Vaca Amarela está de volta com o Drops da banda alemã Kadavar. Com 5 anos de história, Kadavar é nome constante no circuito mundial desde o lançamento de seu álbum homônimo, em 2012. Além do Kadavar, os grupos Hellbenders, Overfuzz, Dry, Dogman, Almirante Shiva, de BSB, Revengers e Sheena Ye se apresentam pelo Drops, que acontece na noite da sexta-feira, 18, no Centro Cultural Martim Cererê. Os ingressos custam R$ 20, antecipados.

#MonstroRocks com Velhas Virgens

[caption id="attachment_45678" align="alignnone" width="620"]Velhas Virgens Divulgação[/caption] A Monstro Disco realiza mais um #MonstroRocks. Desta vez, com a banda paulista Velhas Virgens, como headline. Os grupos Sheena Ye, Woolloongabbas, Shakemakers e The Galo Power completam o line-up. Há 28 anos, inspirados em Mazzaropi, Alexandre Dias e Paulo de Carvalho criaram Velhas Virgens, a banda mais desbocada, divertida e bêbada do Brasil. A apresentação é no sábado, 19, no Centro Cultural Mar­tim Cererê. Os ingressos custam R$ 20, primeiro lote.

Rápidas

[caption id="attachment_45685" align="alignnone" width="620"]Divulgação Divulgação[/caption] A banda paulista Beatles Abbey Road se apresenta no Bolshoi Pub. Considerada na Inglaterra, por três anos consecutivos, como a melhor banda Beatles do mundo, Abbey Road não é um simples cover do grupo de Liverpool. Além de recriar a atmosfera da época, destacam-se por seu comportamento nos palcos e por sua competência musical. Com vinte anos de estrada, a Abbey Road se tornou a banda “Beatles Official Brazil”. A apresentação é na sexta-feira, 18, às 21h. Os ingressos custam R$ 40.

Lançamentos

Livro
Livro
De 2012, o livro ganha reedição. A obra reconta a história do Brasil desde as raízes da colonização, narrando aqueles fatos considerados importantes. História do Brasil Autor: Boris Fausto Pre­ço: R$ 84,10  - Edusp
 
musicaMúsica
“Burning Bridges” é o primeiro álbum dos roqueiros de New Jersey, desde “What About Now”, de 2013. “Saturday Night Gave Me Sunday Morning” já é hit nas rádios. Burning Bridges Intérprete: Bon Jovi Pre­ço: R$ 33,90 - Universal Music
VingadoresFilme
Homem de Ferro, Capitão América, Thor, Hulk, Viúva Negra e Gavião Arqueiro se reúnem mais uma vez contra o monstro de inteligência artificial, Ultron. Vingadores – Era De Ultron Direção: Joss Whedon Pre­ço: R$ 39,90 - Buena Vista

Sesc Centro recebe peças nacionais, dentre elas “Dia Qualquer”, com Dida Camero

O premiado espetáculo “Bem do Seu Tamanho” tem sua trilha sonora original executada ao vivo; e “Um dia qualquer” tem no elenco a atriz Dida Camero da novela Verdades Secretas (Rede Globo) [gallery type="slideshow" size="full" ids="45341,45342,45343"] Durante o mês de setembro, o Teatro Sesc Centro recebe três peças nacionais na sua programação: “Vidma, a menina trança-rimas” e  “Bem do seu tamanho” do Núcleo Caboclinhas de São Paulo e “Um dia qualquer” do Coletivo de Ideias para Por em Prática do Rio de Janeiro. As peças do Núcleo Caboclinhas serão apresentadas nos dias 12 e 13 de setembro, às 17h. O espetáculo "Um dia qualquer", do Coletivo de ideias para por em prática, será apresentado nos dias 26 e 27 de setembro, às 20h. Caboclinhas “Vidma, a menina trança-rimas” é inspirado no livro “Caldeirão de Poemas 2”, de Tatiana Belinky. O espetáculo conta a história de Vidma, uma menininha que mora em um lugar muito frio com sua família. Cheia de criatividade, ela vive a inventar poemas divertidos para ilustrar o cotidiano de sua casa, desde broncas até brincadeiras.  Apaixonada pelo mundo das bruxas, a menina acredita sua mãe seja uma delas – principalmente quando experimenta sua sopa, que acha muito ruim – e sempre encontra uma brecha para declamar “limeriques” de diversos bruxos e bruxas que já conheceu em sua imaginação. A montagem “Bem do Seu Tamanho” é baseada no livro de Ana Maria Machado. A peça foi vencedora na categoria Melhor Espetáculo Infanto-Juvenil, no Festival Ipitanga de Teatro da Bahia, em 2014. A história revela as inquietações da menina Helena que ora é considerada pelos pais muito pequena para realizar certas coisas, ora grande demais para outras. Dirigido por Edu Silva, o trabalho reúne no palco as atrizes Aline Anfilo, Geni Cavalcante, Giuliana Cerchiari e Luciana Silveira, que se revezam no papel de Helena, pais e outros personagens.  A peça tem trilha sonora original, executada ao vivo. O Núcleo Caboclinhas nasceu em 2005, da união de profissionais interessados em pesquisar a cultura popular brasileira. O grupo resgata a tradição dos atores brincantes, busca inspiração em músicas, cantos literatura, mitos e narrativas tradicionais de vários cantos do Brasil. Para Por em Prática O espetáculo "Um dia qualquer" do Coletivo de Ideias para Por em Prática é assinado por Julia Spadaccini, roteirista do programa “Tapas e Beijos” (Rede Globo). Em 2013, a autora foi indicada ao Prêmio Shell de Melhor Autor por duas peças: “Aos domingos” e “A porta da frente”, conquistando a distinção pela segunda. O elenco é composto por Dida Camero (que interpreta a personagem Lurdeca na novela Verdades Secretas da Globo), Anna Sant´Ana, Leandro Baumgratz e Rogério Garcia. Em “Um dia qualquer”, Julia escreve sobre um encontro entre um executivo, uma professora de inglês, um ator que trabalha com animação de festas e uma enfermeira de pacientes terminais. Eles dividem histórias de suas vidas e se divertem com esse momento inusitado. O amor e as relações superficiais que vivemos, a competição acirrada no trabalho, a frustração do sonho de genialidade artística e a proximidade cotidiana com a morte são alguns dos temas deste “dia qualquer”. Serviço Espetáculo “Vidma, a menina trança-rimas” Núcleo Caboclinhas (SP) Data: 12 de setembro Horário: 17h Espetáculo “Bem do seu tamanho” Núcleo Caboclinhas (SP) Data: 13 de setembro Horário: 17h Espetáculo “Um dia qualquer” Coletivo de Ideias para Por em Prática (RJ) Data: 26 e 27 de setembro Horário: 20h Ingressos: R$ 10 (comerciários e dependentes) e R$ 30, inteira

Hamilton de Holanda, o “Jimi Hendrix do bandolim, se apresenta em Goiânia

A turnê “Pelo Brasil” propõe uma travessia musical que exalta alguns dos ritmos brasileiros mais representativos; como choro, baião, maracatu e, dentre outros, o samba [caption id="attachment_45336" align="alignnone" width="620"]Reprodução Reprodução[/caption] O Teatro do Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG) recebe o espetáculo imperdível de Hamilton de Holanda, o “Jimi Hendrix do bandolim”, em sua turnê “Pelo Brasil”, que atravessa os 12 estados do país. A apresentação de Hamilton no CCUFG terá repertório baseado em composições autorais inéditas, como “Carimbobó”, “O jumento e a capivara”, “Sambaíba”, “O Amor e a canção”, “A escola e a bola”, “Chama lá” e “Frevinho”. O projeto “Pelo Brasil” propõe uma travessia musical que exalta alguns dos ritmos brasileiros mais representativos; como choro, baião, maracatu e, dentre outros, o samba. Nas palavras do próprio artista, o objetivo é “levar a minha música de forma acessível a todos os recantos possíveis. Estou muito feliz por este novo desafio, que me alimenta e abre novos horizontes”. Com 17 anos de profissão, Hamilton é um transgressor do instrumento e criador de uma técnica revolucionária, o bandolinista contagia plateias em turnês por todo o mundo, construindo uma carreira de inúmeros prêmios, de uma música focada na beleza e na espontaneidade. Hamilton é um músico que une tradição e modernidade passando com tranquilidade pelas mais diferentes formações (solo, duo, quinteto, orquestra). Serviço Show “Pelo Brasil” de Hamilton de Holanda Data: sábado, 12 de setembro Horário: 20h Local: Centro Cultural UFG Ingressos: R$ 20, meia entrada

Odara

[caption id="attachment_45332" align="alignnone" width="620"]Reprodução | Tumblr Reprodução | Tumblr[/caption] Paulo Lima Especial para o Jornal Opção A moça mal recebeu o folheto na calçada e já ia jogando fora quando percebeu algo que lhe interessava. “Odara, dona de muitos poderes, faz e desfaz qualquer trabalho. Traz seu amor de volta.” Obcecada, foi logo correndo ao local anunciado. Era bem perto da sua casa. Estranhou nunca ter reparado naquela porta de ferro e vidro com uma plaquinha em cima com o mesmo nome descrito no papelzinho. Entrou. Uma senhora bem alta, gorda e sorriso de orelha a orelha, com roupas largas em tom azul escuro e laranja, cheias de pano solto e um turbante, a recebeu com as duas mãos estendidas, agarrando as dela logo na entrada. ― Como vai, querida? Em que posso lhe ajudar? Meio sem graça, respondeu: ― Eu o li o seu folheto e queria muito... ― Já sei! Vem, senta aqui comigo. Procurou a pessoa certa! Puxou a cadeira e se sentou de frente pra ela, numa mesinha redonda com uma bola de cristal no centro. ― Então... ― continuou ― Aqui diz, entre outras coisas... A senhora atalhou: ― Traz seu amado de volta! É isso que você quer não? Surpresa, de sua boca só saiu um "É...". O diálogo pegou ritmo de vez. ― Como ele se chama? ― Leo. ― Leonardo, Leonel... ― Só Leo. ― Tá. E há quanto tempo ele se foi? ― Dois anos. ― Muito tempo... Nunca mais soube dele? ― Não. ― Por que ele desapareceu de sua vida? ― Ah... Tenho certeza de que foi por causa daquela cachorra... Ai que ódio! ─ Não! Nada disso. O ódio não leva a lugar algum. Confie em mim. A gente traz o seu Leozinho de volta. ― E quanto isso vai me custar? ― Quanto você esta disposta a pagar? ― Se a senhora conseguir, eu juro que te dou 5 mil reais! ― Hmmmm... A vigarista procurou se fazer de difícil, enquanto se controlava para não pegar logo a rua e ir pessoalmente atrás do desaparecido com uma coleira na mão. Cinco mil era uma senhora grana. ― Escuta, minha filha, eu preciso pensar... Tenho muitos poderes, mas dois anos é muito tempo. Não sei se consigo, mas por você eu vou fazer o possível. Vou começar os trabalhos ainda hoje, ok? Volte amanhã neste mesmo horário e falaremos mais sobre o seu amado. Pode ser? Para quem esperava há tanto tempo, um dia a mais não faria tanta diferença. ― Pode, sim. Até amanhã. Enquanto a moça ganhava a rua, a velhaca ia costurando um plano. “Essa tá a fim de gastar. Tenho que aproveitar a deixa. Amanhã, vou colocar mil e uma dificuldades, dobrar o preço e pedir 50% de entrada. Digo para retornar uma semana depois e faço como o tal do Leozinho: caio fora! O aluguel tá vencendo e esse ponto é muito ruim.” No dia seguinte, uma garota entusiasmada chega, toca a campainha e já vai entrando. ― A senhora é realmente muito poderosa! Vim lhe pagar o que devo. Abriu a bolsa e depositou três maços de notas de 100 e 50 sobre a mesa. ― Minhas amigas vão fazer fila na sua porta depois que souberem... A velha tentava disfarçar simulando humildade, mas no fundo não estava entendendo bulhufas. ― Imagine só: acordei de madrugada e olha quem tava lá na minha varanda, fazendo serenata, feliz de me ver? ― O Leo, claro! ― emendou a bruxa, tirando proveito da situação. ― O próprio! Dizem que a sorte acaba sorrindo pra todo mundo. Aconteceu com a dona poderosa. Um mês antes, a cachorra que havia tirado o Leozinho do caminho da mocinha havia morrido. Passado o luto, ele resolveu voltar para a sua ex. E graças à bruxa ― quer dizer, ao destino ― sua cliente e seu amado cãozinho estavam novamente em lua de mel. Paulo Lima é redator publicitário desde 1988, caminhando para 26 anos de atividades ininterruptas. Contista por natureza, vocação ou sina, escreve desde mini contos a contos maiores. Nesse balaio, inclui algumas crônicas.

Playslit Opção

Olha quem já está por aqui. Que tal dar play e descobrir as músicas mais tocadas na redação do Jornal Opção? Baden Powel e Vinícius de Moraes – Canto de Ossanha Creedence Clearwater Revival – Fortunate Son Dirty Vegas – Save A Prayer Mumford & Sons – Babel Old Crow Medicine Show – Wagon Wheel One Direction – Drag Me Down P!nk – Today's The Day The Weeknd – Can't Feel My Face

Existem más atrizes, boas atrizes, ótimas atrizes e existe Meryl Streep

No recém-lançado longa, a atriz vive uma roqueira cinquentona que, após ter largado a família para viver o sonho de estrela de rock, tenta salvá-la [caption id="attachment_45321" align="alignnone" width="620"]Reprodução Reprodução[/caption] Tacilda Aquino Especial para o Jornal Opção Quem acompanha a carreira de Meryl Streep sabe que não é exagero chamar a atriz de Super Meryl. Afinal, ela já fez de tudo no cinema: uma bruxa e uma primeira ministra e, até mesmo, mães às voltas com os problemas familiares em filmes, como no recente “Álbum de Família” (com Julia Roberts) e em “Um Amor Verdadeiro” (de 1998), no qual contracena com Renee Zellweger. Com 66 anos, mais de setenta filmes, três Oscar e outras dezesseis indicações como Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante, ela bem que poderia ficar em casa, colhendo os frutos de seu trabalho, vivendo de renda ou ajudando a alavancar a carreira de duas filhas atrizes, uma executiva de marketing e um filho músico. Ou, ainda, curtindo o marido Don Gummer, com quem é casada há mais de 35 anos. Pensando assim, por que ver “Ricki and the Flash – De Volta Para Casa”? Para ver mais do mesmo? Não mesmo. Porque Super Meryl gosta de ir além e vê-la em ação é sempre gratificante. É como comprar toda a discografia de um cantor do qual se é fã. O disco pode nem ser grande coisa, mas a gente curte ouvir a voz do dito cujo, independentemente do que ele esteja cantando. No caso do mais recente filme da Super Meryl, há outros aspectos que merecem atenção. Um deles é a reunião do diretor Jonathan Demme e da roteirista Diablo Cody, que têm suas carreiras associadas a histórias agridoces sobre personagens fora do padrão social que tentam se adaptar, ou ao menos conviver, com o mundo careta ao redor. Parecia natural, portanto, que um dia os caminhos do veterano diretor de “Totalmente Selvagem” (1986) e da jovem autora da história de “Juno” (2007) e “Jovens Adultos” (2011) um dia se cruzassem em Hollywood. Este encontro aconteceu em “Ricki and the Flash – De Volta pra Casa”. Aqui, Meryl é a roqueira cinquentona Ricki Rendazzo que, à noite, toca com a banda The Flash em um bar de uma cidadezinha do vale de São Fernando, na Califórnia, e, de dia, trabalha como caixa de mercado. Os fãs são alguns gatos pingados que – como eu –, curtem clássicos do rock e artistas como Bruce Springsteen, Tom Petty e outros nem tão clássicos assim, como Pink e Lady Gaga. Assim, só para ouvir Meryl cantando “American Girl”, de Tom Petty; “My Love Will Not Let You Down”; de Bruce Springsteen; “I Still Haven't Found What I'm Looking”, do U2; “Get The Party Started”, de Pink – além de uma versão super cool de “Bad Romance”, de Lady Gaga já valeu a pena ter assistido “Ricki and the Flashes”. Além das músicas interpretada pela banda, ainda se pode ouvir na trilha sonora artistas como Lucinda Williams, com “Walk On”, Emmylou Harris, em “Here I Am”, Henry Wolfe, com “For The Turnstiles” e The Feelies, em “Paint It Black”. A parte boa do filme é essa. Fora dos palcos, o filme não anda tão bem assim. O roteiro é muito pobre. A líder do grupo mantém um romance meio enrolado com seu guitarrista Greg, o roqueiro Rick Springfield. Um telefonema vai revelar que a protagonista tem uma família: o ex-marido e também executivo bem-sucedido Pete, interpretado por Kevin Kline, liga para avisar que a filha do casal está em depressão porque seu casamento desmoronou. Ao cruzar o país para rever Julie, interpretada por Mamie Gummer (filha de verdade de Meryl), Ricki será confrontada pelo passado e pela opção de ter largado o lar e os três filhos para ir atrás do sonho de virar uma estrela do rock. Ainda que coloque em discussão o senso comum a respeito do papel feminino dentro da família e provoque ao mostrar como a sociedade tolera os excessos dos roqueiros homens e condena essas mesmas atitudes das mulheres, falta ao filme a densidade dramática de “O Casamento de Rachel” (2008), outro longa em que Jonathan Demme mostra o reencontro de uma família disfuncional. Fora dos palcos, um dos pontos altos de “Ricki and the Flash” é a química entre Meryl Streep e Kevin Kline. Eles já trabalharam juntos em “A Escolha de Sophia” (1982). Mamie Gummer, como a filha problemática, é uma boa surpresa do filme. Filha de Streep na vida real, a atriz não se permite ofuscar pela presença da mãe e conquista seu próprio espaço na tela, trazendo uma personagem desequilibrada, sarcástica e muito divertida. Assista o trailer do filme.

Pelos trilhos da nova MPB, Bel Maia se apresenta em Goiânia

Referência musical de Gilberto Gil, a artista se apresenta na Pizzadas da Geppetto [caption id="attachment_45193" align="alignleft" width="300"]Divulgação Divulgação[/caption] No sábado, 12, completando mais uma edição das Pizzadas da Geppetto, Bel Maia, cuja suavidade navega entre sambas, bossas, xotes, reggae, tece com desenvoltura sua personalidade musical na Oficina Cultural Geppetto. A premiada musicista é uma artista que vive descobrindo e conquistando os espaços onde possa criar e se expressar. Já lançou quatro álbuns autorais e independentes e dois DVDs. Seus trabalhos fonográficos estão sendo vendidos no Japão, na Alemanha, França, Espanha, Reino Unido e nos Estados Unidos. Seu disco ”Água no Balde” teve apresentação de Gilberto Gil e participação especial de Junior Marvin, do The Wailers. “A voz dependurada num galho não tão alto da árvore sonora está ao alcance fácil dos nossos dedos-ouvidos. Ela canta pra gente ali do batente do meio, sem que seja preciso subir toda a escada que leva ao topo das canções. Não carece que a gente estique o pescoço da atenção para alcançá-la lá no fundo do quintal de doces batuques armados nas barraquinhas de festa”, diz Gil. Serviço Show de Bel Maia e Banda Data: 12 de setembro Local: Oficina Cultural Geppetto Valor: R$30,00 (adultos) - R$10,00 (crianças até 12 anos) Classificação indicativa: Livre para todas as idades