Opção cultural

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Sara Santos é um doce de pessoa

A doçura de Sara envolve duas características: a de sua pessoa e a de suas deliciosas cocadas. E foram estas que me possibilitaram conhecê-la

Rogério Lucas mostra em livro por que Dilma é a mãe de Bolsonaro

Jornalista lança o passo a passo da derrubada da presidente, desde a hora em que pula no abismo até o momento em que ninguém fica abismado com mais nada

Livro de Rogério Lucas, que analisa impeachment de Dilma, será lançado na Alego na 2ª feira

O jornalista, expert em política, analisa a cobertura do impeachment da petista Dilma Rousseff feita pelos jornais

CULTURA
Diaspóricas 2: coletivo feminino negro se apresenta em Goiânia

Entrada é gratuita, mas os ingressos devem ser retirados antecipadamente pelo Sympla

“Istambul”, a cidade melancólica de Orhan Pamuk

Livro do escritor turco laureado com o Nobel de Literatura de 2006 traz a imagem em preto e branco da antiga capital dos impérios bizantino e otomano vista sob a ótica de um menino

Plinio Martins Filho, o artesão dos livros, é biografado por Ulisses Capozzoli

Ávido por conhecimento, o biografado saiu dos rincões de Goiás para demonstrar aos barões da cidade grande que os homens do sertão transformam a cultura deste país

Romance de Peter Handke revela a complexidade da vida e as flutuações do processo criativo

“Ensaio Sobre o Louco por Cogumelos” é um vasto e envolvente retrato da experiência humana, reminiscente do pensamento do filósofo Robert M. Pirsig

Gabriel García Márquez: confira 10 elementos que revelam o realismo mágico do escritor

Livro póstumo do escritor colombiano chega às livrarias de todo o mundo no dia 6 de março; confira como linguistas analisam alguns elementos que revelam o realismo mágico de "Gabo"

Alguns cachorros, como Piricotico e Madalena, que me inspiraram para esta crônica

Piricotico acompanha seu dono pelas ruas de Goiânia. Madalena passa um tempo na ruas e, em seguida, volta para casa

Uma visão do Brasil contemporâneo por Kenneth Maxwell

Novo livro do historiador inglês Kenneth Maxwell analisa os caminhos percorridos pelo País nos últimos 12 anos

Felicidade: o grande debate “entre” os filósofos Luc Ferry e Baruch Espinosa

Francês diz que é possível ter uma vida feliz por um caminho que não necessita da religião. “Crença” é construída por meio do conhecimento de Platão, Aristóteles e Freud

Entenda por que As Convidadas de Silvina Ocampo merece 8,5 e não 10

O que une os temas abordados pela argentina é uma ironia aguda e implacável, que pode parecer minimalista, mas revela uma profunda capacidade de multiplicar interpretações

Um Dia Chegarei a Sagres, último romance de Nélida Piñon, retrata a alma lusitana

Na obra, o camponês minhoto Mateus cruza Portugal de norte a sul, em busca das memórias gloriosas da época das grandes navegações

Letras mortas na carta de amor e a doação de livros

Meu amor pelos meus livros é grande, mas tem limite. Esse amor, entretanto, não chega ao ponto de eu querê-los apenas para mim. Já doei muitos. E tenho mais alguns que logo vou passar adiante. Os autografados ficam comigo. Há outros poucos que só deixarão de ficar comigo “quando em meu peito rebentar-se a fibra / que o espírito enlaça à dor vivente”. Mario Quintana diz que “Os poemas são pássaros que chegam/ não se sabe de onde e pousam/ no livro que lês. (...) /alimentam-se um instante em cada par de mãos / e partem.” Vejo os livros como pássaros também. Os meus já se alimentaram nas minhas e, portanto, devem voar para outras mãos.

Ajuntando uns livros que pretendo doar (talvez até para uma empresa de reciclagem não havendo leitores), encontrei “Madame Bovary”, que vou dar de presente a uma amiga. Livro este que deu um boró dos diabos a Gustave Flaubert por, hipocritamente, ter sido considerado uma leitura indecente e corruptora.

Nessa mexida, encontrei dentro de “Madame Bovary” uma cartinha de amor já amarelada, cujas palavras doces que a compõem se tornaram letras mortas com o passar do tempo. Essa amiga, que não é entendida em estilos literários (mas apenas leitora, que é o essencial), ficou sabendo do respectivo livro de Gustave Flaubert depois de assistir, via streaming, ao filme “Pecados Íntimos”, lançado em 2006.

Gustave Flaubert e seu romance mais famoso | Foto: Reprodução

O filme, cuja trama compõe-se de vários conflitos interligados, tem uma personagem (Sarah) vivida pela atriz Kate Winslet, que possui alguns aspectos de sua vida íntima semelhantes aos vividos por Ema Bovary, personagem do livro. Sarah, uma sonhadora como Ema Bovary, participa de um grupo de mulheres que se reúne esporadicamente para discutir os livros lidos por elas. “Madame Bovary” é assunto de discussão.

Sarah defende Ema ardorosamente contra a acusação de vulgar, adúltera. O que, de certo modo, representa a sua própria defesa em relação ao caso de amor que tem com um vizinho que ela conheceu num parquinho do bairro em que morava, onde ambos levavam os filhos para brincarem. O marido de Sarah é um cara estranhíssimo, muito chegado a sexo virtual. Ela inclusive o flagra se masturbando na frente do computador vendo mulheres nuas e com uma calcinha feminina vestida na cabeça. Esse aspecto do marido de Sarah tem uma certa semelhança ao fracassado, apático e passivo médico Charles Bovary.

A carta de amor estava dentro da obra “Madame Bovary, escrita numa folha de um diário, contendo um desenho colorido de um casal de cisnes no alto da página, cujas cabeças juntas formavam um coração. A carta, escrita com letras miúdas, tinha pequeninos corações no lugar dos pingos nos “is”, coisas de uma adolescente de 18 anos apaixonada por um cara de 30. Reli-a atenciosamente e voltei no tempo no dorso de Bucéfalo. A beleza do texto existiu dentro do momento em que foi criado. Não foi uma beleza textual vivida esteticamente. Vivi-a de corpo e alma, numa intensidade maravilhosa, cuja duração não passou de dois anos. As palavras têm período de validade, elas são ligadas ao tempo de duração dos fatos.

A moça que me escreveu a carta hoje é uma mulher bem-casada, mãe de dois filhos e avó de dois netos. Outro dia eu a vi com sua família num parque da cidade e me lembrei de sua carta de amor outrora construída com palavras vivas em momento de calor de sua paixão. Fui tomado de um saudosismo bem subjetivo. Desejei-a novamente, mas não a mulher de agora, que não cabe na minha lembrança. Na verdade, meu objeto de desejo foi o passado. Essa carta de amor, que eu não chamaria de ridícula, guardei-a novamente dentro de outro livro, que não irá para doação.

Sinésio Dioliveira é jornalista

Livro de Adriana Abujamra revela a história da arqueóloga Niéde Guidon

Dedicação de Niéde à preservação do Parque Nacional Serra da Capivara possibilitou a inauguração de um campus universitário e um aeroporto — dos mais belos do Nordeste