Imprensa
Podem falar mal. Podem falar bem. O fato é que o site Goiás 24 Horas não deixa ninguém indiferente. Seus redatores seguem o estilo pauleira, às vezes chique, de Bernard Shaw, Karl Kraus e H. L. Mencken. São divertidos, cáusticos e inteligentes. Virou febre e, dizem, é mais lido por aqueles que amam odiá-lo.
O site é demolidor. Dizem que é parcial, que não é independente. Não é. Mas quem acredita mesmo em independência jornalística costuma acreditar em fábula, curupira, saci- pererê, mula de duas cabeças e até em alma penada.
O diretor de redação da revista “CartaCapital”, Mino Carta, assumiu que apoia a candidatura da presidente Dilma Rousseff, do PT. Não há problema algum. A revista não piora nem melhorar devido a sua adesão ao PT e ao Lulopetismo.
A “Veja” e a “Folha de S. Paulo” apoiavam Aécio Neves. Escrevi “apoiavam”? Ah, sim, os proprietários e editores das duas publicações abandonaram a candidatura do senador mineiro e não sabem se ficam com Dilma Rousseff, a previsível (apesar da tentativa de controlar a imprensa), ou, por realismo, com Marina Silva, a incógnita. Na dúvida, ficam de olho nas pesquisas.
No jornalismo televisual é difícil dizer que há alguém com mais experiência do que a mineira Alice-Maria Tavares Reiniger, de 69 anos. A qualidade o jornalismo da TV Globo deve muito à competência e ao profissionalismo de Alice-Maria, que decidiu se aposentar, nesta semana, depois de uma carreira intensa e produtiva na Rede Globo.
Alice-Maria — que, ao modo de Gustave Flaubert, poderia dizer “o jornalismo da Globo sou eu” — formou-se em jornalismo na Faculdade Nacional de Filosofia (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em 1966, e nesse ano entrou para a Rede Globo de Televisão como estagiária. Lá, dadas sua competência e responsabilidade, se tornou a primeira mulher a assumir o cargo de diretora-executiva da Central Globo de Jornalismo. A criação do Jornal Nacional, da qual foi editora-chefe, passou por suas mãos. Criou também, com outros profissionais, como Armando Nogueira, o “Hoje”, o “Jornal da Globo”, o “Globo Repórter”, o “Globo Rural”, o “Bom Dia Brasil” e o “Fantástico”.
Em 1990, deixou, ao lado de Armando Nogueira, a Globo. Mas voltou em 1996 para implantar a GloboNews, outro sucesso do empreendimento da família Marinho graças, em larga medida, ao “dedo de ouro” de Alice-Maria.
A jornalista Janete Ferreira, uma workaholic, está deixando o cargo de gerente de Comunicações Eletrônicas na Agência de Comunicação do governo de Goiás (Agecom). Ela vai se dedicar à assessoria de imprensa para advogados. Ao mesmo tempo, estuda Direito e pretende ser promotora ou juíza. Obstinada como é, será o que quiser.
Você está deixando o jornalismo para se dedicar à advocacia?
Ainda não posso advogar, pois estou no terceiro período do curso de Direito. Vou assessorar advogados (na área da imprensa).
Estou com dr. Miguel Cançado [ex-presidente da OAB-Goiás], que me apresentou ao mundo jurídico, com o dr. Flávio Buonaduce e fechando com outros escritórios.
Estou ainda trabalhando no jornalismo mas me preparando para ser juíza ou promotora. Esta é minha meta.
Atendendo apelos de sua coordenação financeira, o candidato do PMDB a governador de Goiás, Iris Rezende, autorizou a demissão de 22 profissionais de sua equipe de comunicação. A maioria dos demitidos é de Brasília. Eles vieram para a campanha a convite do marqueteiro Dimas Thomas. Um peemedebista disse ao Jornal Opção que não haverá “calote”. “Todos vão receber.” Entre os demitidos estão produtoras, repórteres, cinegrafistas, assistentes de cinegrafistas, locutor e assistentes de produção. Todos foram demitidos — ou avisados da demissão — diretamente por Dimas Thomas. Um dado curioso: alguns dos demitidos trabalham na Prefeitura de Goiânia. Com autorização do prefeito Paulo Garcia, eles tiraram férias para trabalhar na campanha. Um peemedebista disse que, além da baixa produtividade dos demitidos, a coordenação vai priorizar a estrutura de campanha e a área de publicidade. “Vamos ampliar o espaço para a área publicitária.” Ele frisa que, com as demissões, vai sobrar mais dinheiro para comprar combustível para abastecer veículos que movimentam as carreatas e para contratar motoristas. As carreatas são vistas como prioridades absoluta, porque mostram que a campanha tem algum “volume”. O Jornal Opção ouviu dois profissionais demitidos. “Não se pode falar em baixa produtividade, principalmente porque as condições de trabalho eram muito difíceis. Falta tudo na campanha de Iris Rezende — de dinheiro a respeito. Parece que todos estão perdidos e comenta-se abertamente que o governador Marconi Perillo será reeleito no primeiro turno e que é preciso salvar pelo menos Ronaldo Caiado [candidato a senador pelo DEM]. Culpar os profissionais, que estavam fazendo o impossível para melhorar a imagem de Iris Rezende, não é justo”, afirma um dos afastados. “Ouvi que, como Iris Rezende vai perder mesmo, é preciso fazer uma campanha mais enxuta”, afirma outro demitido. “Nós estamos com medo de calote”, afirma.

[caption id="attachment_13919" align="alignleft" width="620"] Zilu Godói e o cantor sertanejo Zé Henrique: relacionamento terminado, mas maledicência não deixa a empresária em paz, pelo menos é o que diz l Zezé Di Camargo e Graciele Lacerda: o novo casal não sai das revistas, sites e redes sociais. Ao contrário de Zilu, eles não parecem insatisfeitos[/caption]
A maldade, a inveja e a burrice são as maiores multinacionais de todos os tempos. Os dramaturgos gregos, anteriores a Jesus Cristo, e Shakespeare, autor que viveu entre os séculos 16 e 17, escreveram peças seminais a respeito destas “desvirtudes” tão bem distribuídas entre os homens de todos os séculos. A internet não inventou nada — só potencializa os “problemas” descritos pelos gregos, Bíblia e Shakespeare (segundo Harold Bloom, o britânico inventou o homem moderno como o conhecemos). Porém, como deu voz instantânea a todos, produz uma certa barbárie — quiçá incontrolável. Na democracia, se têm direito ao voto, todos têm direito à palavra, à opinião — estapafúrdia ou não. O limite, quando aceito, é a lei. Como quase tudo é volátil na internet, raramente alguém colhe as diatribes que são ditas e decide mover processos judiciais. Pessoas com nomes falsos — ou verdadeiros, mas praticamente impossíveis de serem localizadas — dizem barbaridades e quase nada acontece. Documentar o absurdo é possível, mas localizar o autor é uma missão mais complicada. Num romance de rara excelência, “Reprodução”, o escritor Bernardo Carvalho faz uma radiografia corrosiva do mundo sem limites na internet. Não apenas anônimos são responsáveis pelos excessos — na prática, ataques brutais, eventualmente travestidos de humor. Há também figuras conhecidas, que, quando processadas e, às vezes, condenadas, saem com essa: “Era apenas humor”. A falta de humor é quase um crime, diriam Shakespeare, Bernard Shaw e H. L. Mencken. Mas qual humor? Mau humor, por certo. Grosseria é a regra.
Zilu Godói é mais conhecida como ex-mulher de Zezé Di Camargo e, ao ter sua vida privada devassada por sites e revistas de fofoca e redes sociais, paga um certo preço pela fama que, ansiosa e desesperadamente, buscou. Os artistas não-famosos e suas mulheres criam relações com a mídia, com o objetivo de se tornarem conhecidos, e depois, em alguns casos, tentam (parcialmente) cair fora. Aí é tarde. O pacto é faustiano. A mídia faz e, não raro, desfaz. A internet piora as coisas: a fofoca levemente divulgada num site “confiável” é potencializada e, depois, volta à publicação original, revitalizada. Zilu Godói, que sempre exibiu suas plásticas e bens com prazer, agora quer “recuar”. Talvez seja tarde. Muito tarde.
Entretanto, o fato de ter se tornado socialite e feito um “pacto” (tácito) para obter sucesso — Goethe (“Fausto”) e Thomas Mann (“Doutor Fausto”) certamente vibrariam com as agruras dos famosos atuais — não significa que Zilu Godói, não mais “Di Camargo”, não tenha direito e razão ao reclamar da “maldade”, às vezes articulada, de homens e mulheres que militam na internet. Como se fosse Bernardo Carvalho, ou Guy Debord, a quase-pensadora Zilu Godói escreveu (formula muito bem suas ideias), numa rede social, que “a internet é responsável por ‘tornar públicos os monstros existentes dentro das pessoas’”. A internet é o canal, os monstros somos todos nós.
“Uma das coisas que sempre me deixa pasma e triste é a capacidade humana, na verdade desumana, de julgar os outros de maneira implacável com base em impressões superficiais, ou ofender sem motivo algum, apenas pelo simples prazer de agredir”, escreveu Zilu Godói. O que difere o raciocínio de Zilu Godói do pensamento acadêmico é admitir que fica “pasma”. O sociólogo percebe a “crise” na internet como um “fenômeno” da contemporaneidade. A espetacularização da vida privada — e não apenas dos famosos — é o novo charme da internet com suas redes sociais, sites, blogs, aplicativos.
A “socióloga”, “psicóloga” ou “antropóloga” Zilu Godói continua: “A vida social se tornou infeliz e geralmente um imenso teatro coletivo, e considerando que a internet é, ao menos para mim, uma extensão do mundo real, não é difícil nos assustarmos ainda mais com a nossa chocante realidade que exala maldade. Na internet encontramos as pessoas mais próximas de como elas realmente são, sem a diplomacia exigida pelo cotidiano da vida ao vivo, e podemos ter uma ideia mais real da dimensão da intolerância e da violência que nos cerca real e virtualmente”.
Depois de concluir sua análise da sociedade moderna, Zilu Godói praticamente grita, gerando certa inveja em redutos consumistas: ‘Miami, me aguarde!” A saída da famosa é o aeroporto; a dos “mortais”, que têm de acompanhá-la a distância, são as redes sociais, notadamente o Facebook e o Twitter — misturas de divã, hospício, programa de humor, lupanar e parque de diversão.
O que, exatamente, fizeram com Zilu Godói? Os bárbaros não param de falar do relacionamento de Zezé Di Camargo com uma bela mulher, Graciele Lacerda, bem mais jovem do que a elegante Zilu Godói, e do fim do relacionamento entre a socialite e o cantor sertanejo Zé Henrique, tão jovem quanto a nova namorada do celebrado artista goiano. O elixir da juventude é a juventude. Zilu Godói, filósofa ou não, está certa. Somos, todos, responsáveis pelo monstro e o médico nos quais, diariamente, nos transformamos na internet. Seu único equívoco é eximir-se de alguma culpa. O diabo (ou o inferno) não são os outros. Somos nós.

[caption id="attachment_14196" align="alignleft" width="300"] “André” tem 9 anos e várias passagens pela polícia. Numa parede de sua casa, desenhou uma arma (ele adquiriu uma de brinquedo) Foto: Cristina Cabral/O Popular[/caption]
Cleomar Almeida, do “Pop”, fez uma série de reportagens impactantes sobre André, nome fictício, um criminoso de apenas 9 anos de idade, e sobre sua mãe, que busca ajuda para recuperá-lo. Depois da pressão do jornal, já que a da mãe não estava resolvendo, a ajuda dos órgãos públicos foi oferecida. Espera-se que não seja tarde demais — quase sempre é. O mundo do crime às vezes é prazeroso para meninos e adolescentes, talvez dada a possibilidade de aventuras. Mas acreditar que é possível “recuperar” um ser humano, sobretudo uma criança, faz parte da saudável crença do humanismo.
André é uma criança e, como mostra o repórter Almeida, gosta de brincar. Porém, como noutros casos, convivem num único ser um menino (que chora) e, pelas ações, um adulto (duro, implacável). O repórter pergunta: “Por que você está nem aí e pega coisas dos outros?” A resposta é precisa e mostra consciência: “Porque não dá nada”. “As pessoas têm medo de mim. Sei disso porque elas abrem um olhão quando fico mais próximo”, conta, possivelmente com certo prazer. Almeida percebeu que, quando não quer falar, André simula que está com sono. Ele “já acumula 20 passagens por envolvimento com crimes em Goiânia, como tráfico de drogas, furto e roubo”.
O repórter pergunta qual é seu maior sonho e André não titubeia: “Tinha vontade de ter pai. Só vi a foto dele”. O pai foi assassinado. A mãe não consegue orientá-lo e controlá-lo.
A função de um repórter é colher informações verdadeiras e divulgá-las. Almeida, profissional rigoroso, quer, com sua série de reportagens, ajudar André e sua mãe. Planeja ampará-los. As reportagens são explícitas sobre isso. Mas há pelo menos um problema.
André quase foi linchado por populares do bairro onde mora com a mãe e um irmão de 4 anos e estaria jurado de morte por traficantes. Independentemente do que disse ao repórter, que colheu e publicou suas palavras com o máximo de fidelidade, a situação de André é complicada.
Entretanto, trechos da entrevista agudizam os problemas do menino, que possivelmente, ao contar “vantagens”, não percebe a gravidade do que diz e o que isto pode representar para sua segurança e de sua família. Almeida quer saber onde “fica em Goiânia quando sai de casa e dorme fora” e o menino não hesita: “Na casa de um homem que tem droga. Ele também tem até aquele negócio preso na perna [tornozeleira; é um preso do semiaberto] com uma luzinha que só fica piscando. Ele não pode roubar, senão a polícia pega ele. Mas ele diz que a polícia não faz nada. (...) Tem um tantão de traficante que conheço que tem isso aí [tornozeleira] na perna. O resto, que conheço, não tem”. Para a criança, é uma conversa qualquer, sem nenhuma gravidade. Do ponto de vista do traficante, que vive fora da lei, representa uma “delação”, um “crime” que deve ser punido com uma sentença: a pena de morte.
Um traficante bateu no garoto. “Eu caguetei porque ele pegou minha bola e meus brinquedos. Peguei a bola, a bola estava rasgada e caguetei ele. Se não tivesse feito isso, não teria caguetado ele para a polícia”, relata André. “Ele falou na delegacia que, quando sair, vai me matar. Mas os policiais falaram que ele não vai sair mais não”, conta, inocente.
É óbvio que Almeida quer apenas ajudar André e sua família. Mas a reportagem pode agudizar a possibilidade de traficantes matarem o menino.
Vale a pena ler um trecho do livro “O Jornalista e o Assassino”, da notável jornalista (da “New Yorker”) e escritora Janet Malcolm: “Qualquer jornalista que não seja demasiado obtuso ou cheio de si para perceber o que está acontecendo sabe que o que ele faz é moralmente indefensável. Ele é uma espécie de confidente, que se nutre da vaidade, da ignorância ou da solidão das pessoas. Tal como a viúva confiante, que acorda e descobre que aquele rapaz encantador e todas as suas economias sumiram, o indivíduo que consente ser tema de um escrito não ficcional aprende — quando o artigo ou o livro aparece — a sua própria dura lição. Os jornalistas justificam a própria traição de várias maneiras, de acordo com o temperamento de cada um. Os mais pomposos falam de liberdade de expressão e do ‘direito do público a saber’; os menos talentosos falam sobre a Arte; os mais decentes murmuram algo sobre ganhar a vida”. Almeida deveria ler o livro, assim como a editora-chefe do “Pop”, Cileide Alves.
Se André for morto, não há problema: rende mais uma manchete e, quem sabe, mais um prêmio para o jornal, que poderá dizer: “Nós avisamos”. E, ao mesmo tempo, culpar as “autoridades”.

Literatura de Néstor Sánchez começa a ser republicada na Argentina e filme vai relatar sua vida. Sua prosa era elogiada por Julio Cortázar, Severo Sarduy, Antonio Di Benedetto e Emir Rodríguez Monegal

“É um escritor em estado de deriva, que só tem sentido e encontra sentido no movimento e descobrimento de uma nova paisagem, um novo instante, uma nova experiência”
A Intrínseca põe um livro notável nas livrarias: “A Busca — Energia, Segurança e a Reconstrução do Mundo Moderno” (830 páginas, tradução de Ana Beatriz Rodrigues), de Daniel Yergin. A obra, que ganhou o Pulitzer, é elogiada por pesos pesados como Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, e Henry Kissinger.
Sinopse da editora: “Uma das maiores autoridades mundiais sobre o assunto, Daniel Yergin demonstra que a questão energética é o motor de transformações políticas e econômicas globais da atualidade.
“‘A Busca’ é um relato arrebatador sobre um problema que afeta o mundo contemporâneo — onde encontrar a energia que tanto necessitamos.
“Neste livro, o autor aborda as formas de energia tradicionais sobre as quais nossa civilização se ergueu e as novas fontes que prometem substituí-las.
“Yergin devassa os bastidores do mercado petrolífero, analisando o aumento dos preços, a corrida pelos estoques do antigo império soviético e as fusões colossais que transformaram o cenário mundial. E encara algumas perguntas polêmicas — o petróleo vai acabar? Seria ele capaz de provocar um conflito inevitável entre a China e os Estados Unidos? Como a turbulência do Oriente Médio afetará o futuro dos estoques globais?
“O autor relata a história surpreendente e, às vezes, turbulenta da energia nuclear, do carvão, da eletricidade e do gás natural e oferece uma perspectiva singular sobre o problema das mudanças climáticas. E também nos conduz pelo ressurgimento das energias renováveis, explorando o potencial de recursos como o vento, o sol e os biocombustíveis.
Das ruas engarrafadas de Pequim ao litoral do mar Cáspio, dos conflitos no Oriente Médio até o Capitólio e o Vale do Silício, Yergin revela as decisões que estão moldando o futuro.”
"O Pintassilgo" (Companhia das Letras), de Donna Tartt, deve entrar na lista dos melhores romances publicados no Brasil em 2014. A prosadora americana escreve muito bem, tem uma imaginação poderosa e, por isso, sabe como poucos contar uma (intrigante) história. Há uma vantagem extra: a tradução de Sara Grünhagen é do primeiro time, fluente e sem erros. Aqueles que preferem cinema a ler um livro de 719 páginas podem ficar sossegados: o romance será adaptado pelo diretor Brett Ratner (“Hércules”). A Warner Bros adquiriu os direitos. Brad Simpson e Nina Jacobson serão os coprodutores. O trabalho do roteirista não será nada fácil, e não pelo tamanho do livro, e sim porque a história é intrincada e há detalhes que, embora importantes, não cabem num filme de duas horas. Mas o núcleo do romance é adaptável. Na página 33, o personagem Theo cita “Cidadão Kane”, de Orson Welles: “Gostei muito da ideia de uma pessoa poder reparar, casualmente, numa desconhecida fascinante e lembrar-se dela o resto da vida”.
A ditadura civil-militar vigiou integrantes da Igreja Católica, revela o historiador Paulo César Gomes. Seu livro “Os Bispos Católicos e a Ditadura Militar Brasileira: A visão da Espionagem” (Record, 224 páginas), baseado em documentos inéditos e secretos, mostra que os governos militares se preocupavam muito com as ações dos líderes católicos.
César Gomes, pesquisador do Grupo de Estudos Sobre a Ditadura Militar da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é mestre e doutorando em história. Comentário de Daniel Aarão Reis, um dos mais historiadores do período pós-64: “Pesquisando os arquivos da chamada ‘comunidade de informações’, garimpados por mão segura e olhar aguçado, dialogando com a melhor literatura sobre o assunto, Paulo César Gomes reconstitui esta trama complexa — recoberta e dissimulada por grossas camadas de memória —, apanhada em seus meios-tons e matizes diferenciados, tortuosa e contraditória como a vida. É o que faz deste livro um trabalho de História”.
Denise Bottmann
Sobre as fraudes da Editora Germinal, fico contente em avisar que tive ciência do andamento do inquérito policial por estelionato que o Ministério Público de São Paulo considerou por bem instaurar: as pessoas que constavam como tradutoras das duas obras que questionei junto ao MP “confessaram não terem sido as autoras das traduções em tela” e o laudo pericial realizado pelo instituto de criminalística constatou que “as obras questionadas e os padrões” apresentavam conteúdos semelhantes.
Para acompanhar o caso da Germinal, conhecer os cotejos, a relação das várias fraudes e as denúncias de Alfredo Monte e de Euler Fagundes De França Belém desde 2004, veja http://naogostodeplagio.blogspot.com.br/search/label/germinal.
João Gilberto, o Roberto Carlos da Bossa Nova, tentou mas não conseguiu apreender o livro “João Gilberto”, de Walter Garcia, publicado pela editora Cosac Naify, em 2013. O Portal Imprensa relata que “a 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a decisão de primeira instância que indeferiu o pedido de busca e apreensão de biografia não autorizada do cantor e compositor João Gilberto”. A Justiça avaliou, com correção, que a apreensão do livro “seria uma forma de censura prévia”, registra o portal. “O relator João Francisco Moreira Viegas avaliou que o compositor não demonstrou o alegado dano moral que teria sofrido e agiu com a intenção de determinar censura antecipada ao livro.” Livros que propagam a obra de João Gilberto, reconhecidamente de qualidade, não provocam dano algum. Pelo contrário, soam como publicidade de sua música. “Nos apertados limites dessa cautelar, em que o autor/apelante só busca a apreensão da obra literária em via de ser divulgada, não há mesmo como reconhecer a ocorrência de lesão à honra, à imagem ou à intimidade do apelante. Adentrar nessa seara é admitir a possibilidade de censura prévia", assinalou o relator João Viegas. Não há dúvida de João Gilberto é um dos maiores artistas brasileiros, comparável a Noel Rosa, Chico Buarque e Caetano Veloso. Mas seu comportamento no Brasil não parece o de um simples mortal. Ele comporta-se como uma espécie de Emilio Garrastuzu Médici da música patropi. Fica-se com a impressão de que se uma pessoa espirrar, e se o espirro soar como “jooooããããoooo ggggilllbberrtoo”, o músico recorrerá à Justiça para mover mais um processo. A Justiça não deve ser vista como chicote para “atacar” aqueles que, mesmo escrevendo de maneira positiva sobre seu trabalho — e a respeito seu estranho comportamento —, não se posicionam como aduladores tradicionais. João Gilberto é, possivelmente, maior do que o mito de ranzinza, chato de galocha, como se dizia quando ele era jovem, que está criando para si. O gigante fica menor quando encrespa quando faz muito barulho por nada.

Ascensão da ex-ministra deve forçar a presidente a mudar seu marketing político e partir para o confronto com a candidata a presidente do PSB

Misha Glenny conta a história do golpe que um grupo de criminosos nigerianos aplicou no Banco Noroeste, das famílias Simonsen e Cochrane, entre 1995 e 1997