Bastidores
Não é mito, não: o deputado federal Alexandre Baldy conseguiu, por assim dizer, entrar para a nova corte da República — a do “presidente” Michel Temer, do PMDB. A aproximação se deu, em larga medida, graças a um primo — que trabalha com o líder peemedebista — e ao ex-deputado Sandro Mabel. Dada sua presença ativa na “corte” de Michel Temer, Alexandre Baldy, do PTN, alugou uma bela mansão, no Lago Norte, em Brasília. Ele disse a políticos goianos que a residência é para receber políticos nacionais e estabelecer relações em Brasília. Um deputado federal afirma que, apesar do luxo, Alexandre Baldy permanece surpreendentemente simples e é sempre gentil e atencioso com todos.

[caption id="attachment_53824" align="alignright" width="620"] Reprodução[/caption]
O presidente do PPS em Goiás, deputado federal Marcos Abrão, afirma que, se for convidado, o partido vai participar do governo de Michel Temer. “Nosso principal líder, Roberto Freire, frisa que se trata de um momento histórico, de salvação do país e que os políticos precisam ter responsabilidade. Há uma crise nacional, a economia está ‘derretendo’. Mas nós, do PPS, não temos a tradicional ‘ganância’ por cargos.” O parlamentar sugere que os novos grupos de poder precisam ter cuidado para não repetir os mesmos equívocos do governo anterior.
Marcos Abrão sublinha que a presidente Dilma Rousseff “já caiu”. “A petista já está arrumando suas coisas e usando seu direito de espernear. O Brasil disse ‘não’ ao governo do PT com todos os números e letras. Não há mais nenhuma sintonia entre o petismo e o país.”
A respeito da provável indicação de Henrique Meirelles para ministro da Fazenda, Marcos Abrão admite que se trata de um “grande quadro” do país. “Ele tem credibilidade nacional e internacional. É respeitado.”
Michel Temer, na opinião de Marcos Abrão, tem duas opções: joga para a história, comportando-se como estadista — pensando mais no país — ou joga para os amigos.
Sobre o provável substituto do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do PMDB, Marcos Abrão afirma que não há nada definido. Até porque ele ainda se mantém no poder. “Os nomes mais mencionados são Jovair Arantes (PTB) e, mesmo, Waldir Maranhão.” Fala-se também em Rogério Rosso, do PSD.
Dada a intensa atividade pela aprovação do impeachment, Marcos Abrão deixou brevemente a política regional. “Mas já estamos articulando com firmeza. Nós acreditamos que, assim que a campanha deslanchar, Vanderlan Cardoso (PSB) vai ter uma ascensão que vai surpreender os descrentes. Trata-se de um candidato consistente, que, eleito, saberá como administrar, não precisará ser ensinado e não usará a Prefeitura de Goiânia como ‘cobaia’.”
Em Anápolis, o PPS tanto pode lançar candidato próprio quanto compor com outros postulantes. “O ex-deputado Pedro Canedo, do DEM, já me procurou. O deputado Carlos Antônio, do PSDB, disse que quer conversar comigo.”

[caption id="attachment_64284" align="alignright" width="620"] Foto: Pedro França/Agência Senadowil[/caption]
O PP do senador Wilder Morais vai apoiar o deputado estadual Carlos Antônio, do PSDB, para prefeito de Anápolis e o deputado federal Giuseppe Vecci, do PSDB, para prefeito de Goiânia. (Em Anápolis, há um problema: o PP local quer apoiar a candidatura do prefeito João Gomes, do PT.)
A cúpula do PP gostaria de uma contrapartida: o apoio do PSDB para seu candidato a prefeito de Aparecida de Goiânia, o coronel Silvio Benedito.
Ocorre que o PSDB planeja lançar o empresário e professor Alcides Ribeiro para prefeito. Não só. O tucano trabalha para ter Silvio Benedito como vice — ideia que a cúpula do PP não aprova.
O deputado José Nelto, líder do PMDB, não tem papas na língua. Não suaviza e bate duro. “Vamos lançar o vereador e empresário Eli Rosa para prefeito de Anápolis e rejeitamos qualquer oferta de ocupar a vice do prefeito João Gomes, do PT. O PT está em franca decadência e, ao assumir o governo federal, o ‘presidente’ Michel Temer vai desidratá-lo ainda mais. O PT vai ser moído pelos eleitores e não queremos carregar a alça do caixão. Não é nada contra os militantes do partido em Anápolis, não. Só não queremos aliança com partidos ‘mortos’.” José Nelto sugere que, sem as estruturas do governo federal, o PT e o PC do B vão perder toda e qualquer importância nos Estados. “O novo Brasil começa sem o PT. Anote e me cobre depois.”
A crise chegou ao Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), o mais importante distrito industrial de Goiás e uma referência no país. A Cecrisa, que fabricava pisos e azulejos, fechou as portas — demitindo cerca de 200 trabalhadores. Outras empresas estão em crise, reduziram a produção e até demitiram empregados. A Hyundai, com o pátio abarrotado de veículos, fez um acordo com o sindicato dos operários para não demitir, mas reduziu salários, principalmente gratificações, cortou horas extras e diminuiu a carta horária de trabalho.
O deputado José Nelto avalia que a presidente Dilma Rousseff não daria jeito no Brasil nem se governasse 100 anos seguidos. “O próprio Lula, em conversas reservadas, acusa Dilma de ter acabado com o PT. Mas Michel Temer, se montar um ministério competente, muda o Brasil em 90 dias. Cria-se, de imediato, novas esperanças e as pessoas começam a investir.” A ascensão de Michel Temer vai fortalecer o PMDB em todo o país, na opinião de José Nelto. “O PMDB vai ficar forte em todos os lugares. Acredito, inclusive, que o próprio Henrique Meirelles vai se filiar ao PMDB e pode até disputar a Presidência da República em 2018.” Na semana passada, José Nelto conversou com Ronaldo Caiado durante um longo tempo. “Caiado está aguardando uma conversa com Michel Temer. Ele é bem-visto pelo PMDB e reconhece que o nosso partido foi decisivo para sua vitória para o Senado.”
Para 2018, o deputado José Nelto afirma que o PMDB vai procurar montar uma aliança ampla. “Nós queremos derrotar o PSDB para o governo do Estado e por isso vamos buscar alianças com Alexandre Baldy, do PTN, com Armando Vergílio, do Solidariedade, com o deputado federal João Campos, do PRB, e com a deputada federal Magda Mofatto, do PR. Hoje, Baldy, João Campos e Magda estão na base do governador Marconi Perillo, mas amanhã, se não tiverem espaço para seus projetos políticos, podem compor com outras bases políticas.” Daniel Vilela ou Ronaldo Caiado: quem será o candidato do PMDB a governador em 2018? “Nosso candidato, desde já, é o deputado federal Daniel Vilela.”
Os deputados José Vitti e Chiquinho Oliveira, chamados de Jon Jones e Daniel Cormier, estão se atacando com frequência e não será surpresa se se atracarem qualquer dia desse, como se estivesse num octógono. A guerra entre Vitti e Chiquinho deixou de ser fria e passou a ser quente. Por isso é provável que a base governista opte por uma terceira via. Um candidato mais moderado e agregador, no estilo de Helio Sousa, pode acabar superando os brigões.
Pesquisas qualificadas registram duas coisas. Primeiro, a ação de José Eliton (PSDB) na Secretaria de Segurança Pública tem o apoio da sociedade, que percebe que a polícia está mais presente e eficiente. Ao mesmo tempo, tem o apreço tanto da Polícia Militar quanto da Polícia Civil. Segundo, o potencial do secretário e vice-governador, por ser jovem, ousado e atuante, é apontado como imenso por pesquisadores experimentados. Dará muito trabalho para os medalhões na disputa pelo governo do Estado, em 2018. Sobretudo, numa disputa contra a velha guarda da política de Goiás, José Eliton tende a surpreender. É o novo. Até o “novo do novo”.

[caption id="attachment_44727" align="alignright" width="620"] Coronel Silvio Benedito[/caption]
Parecia favas contadas que o coronel Silvio Benedito, do PP, seria o vice de Alcides Ribeiro, do PSDB, na disputa pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia. “Parecia” é o termo apropriado. Na verdade, baseado em pesquisa qualitativa, o PP pretende bancar Silvio Benedito para prefeito, deixando a aliança para um possível segundo turno.
Por que o PP parece ter mudado de ideia? Os líderes do partido, como o senador Wilder Morais, não mudaram de ideia. É que pesquisas sugerem que o tema da segurança pública — o combate à violência — é um dos mais caros, senão o mais caro, aos eleitores de Aparecida. Como comandante da Polícia Militar, o coronel Silvio Benedito teve uma atuação firme e presente em Aparecida de Goiânia, sobretudo tem um discurso azeitado a respeito do assunto. Com um marketing eficiente, se traduzir suas ideias para a linguagem comum das ruas, pode-se tornar um candidato altamente competitivo. O PP decidiu bancá-lo e, insista-se, não para vice.
Pré-candidato a prefeito de Goiânia pelo PSDB, o deputado federal Giuseppe Vecci diz que nada o entusiasma mais do que ouvir dos fofoqueiros que não vai disputar mandato e vai acabar jogando a toalha. “Trata-se de coisa de quem não tem o quer fazer. Não tenho preguiça, levanto cedo e, nos dias que estou em Goiânia, percorro bairros, converso com eleitores e, ao mesmo tempo, com os segmentos organizados da sociedade. O que ouço, nas conversas formais e informais, é que o goianiense está cansado da mesmice, das figuras carimbadas e quer um gestor competente, presente e criativo e que tenha ideias claras de como administrar a capital.”

[caption id="attachment_64768" align="alignright" width="620"] Arquivo[/caption]
No lançamento do livro “Vida, Lutas e Sonhos”, de Tarzan de Castro, o secretário das Cidades e Meio Ambiente do governo de Goiás, Vilmar Rocha (PSD), sempre brincalhão e diplomático, encontrou-se com Iris Rezende e disse: “Iris vem cá, por favor. Vamos fazer uma fotografia para eu enviar por whatsapp pro Marconi”. Todos riram — até o sisudo peemedebista.

[caption id="attachment_57053" align="alignright" width="620"] Arquivo[/caption]
O “presidente” Michel Temer teria confidenciado a dois políticos que Daniel Vilela pode ser melhor candidato a prefeito de Goiânia do que Iris Rezende, que, em termos políticos e administrativos, estaria “superado”. A tese é que Iris tende a sair em 1º lugar e, aos poucos, perder musculatura eleitoral. Daniel pode sair atrás e, durante a campanha, ganhar musculatura.
Desde que se filiou ao PPS, há pouco mais de um mês, o deputado estadual Virmondes Cruvinel deixou um pouco as articulações políticas na capital para se dedicar ao interior e à sua atuação parlamentar. Na Assembleia Legislativa, é o único, por exemplo, que se manifestou sobre a possibilidade de limitação no acesso à internet de banda larga fixa com aval da Anatel. Via redes sociais, Virmondes começou uma tomada de opinião popular para se posicionar melhor sobre o tema. Mas já adianta: “Essa limitação é uma espécie de restrição ao acesso à rede, o que afronta o Marco Civil da Internet, bem como o Código de Defesa do Consumidor”, afirmou o deputado. Depois de reunir a opinião de seus seguidores, Virmondes levará esse posicionamento à bancada goiana em Brasília e cobrará respostas dos órgãos competentes. Virmondes visitou a Comissão de Direito Digital da OAB, presidida pelo expert Rafael Maciel. O objetivo foi discutir dois projetos de lei apresentados pelo deputado. Um deles regulamenta o comércio eletrônico em Goiás e o outro trata da venda de ingressos de meia-entrada também pela internet. Antes de apresentar as propostas, o deputado também ouviu setores empresariais.
Primeiro o deputado estadual Adib Elias (PMDB) conseguiu suspender na Justiça concurso público da Prefeitura de Catalão para preencher 292 vagas em diversas áreas. O peemedebista tanto fez que obteve também a suspensão do certame da SAE, a companhia de água do município, já em fase de homologação. Nada menos que 140 aprovados aguardavam chamamento para tomar posse. Na cidade, a versão corrente é de que Adib Elias, pré-candidato declarado à prefeitura, agiu contra os concursos — via legítima, transparente e democrática de acesso ao emprego público — simplesmente para garantir, em caso de vitória, o maior número possível de cargos para seus cabos-eleitorais. Até aí, nada muito diferente do que se vê Brasil afora. O interessante é que num arroubo questionável de moralismo, supostos aliados de Adib Elias passaram a divulgar na internet uma falsificação de ranking da revista “Exame” que mostra as cidades brasileiras com maior proporção dos chamados cargos de confiança. Numa montagem simplória, aliados do deputado peemedebista chegaram a divulgar que Catalão estaria em segundo lugar nesta lista. Mentira. Davinópolis ocupa tal posição, precedida pela também goiana Aruanã. Estivessem, Adib e aliados, tão preocupados com a redução do aparelhamento da administração pública, não teriam agido contra o concurso. Neste caso, seriam 292 cargos de confiança a menos. A cidade estaria, com certeza, entre aquelas com menor porcentual de comissionados do Brasil.