Bastidores
"Sempre admirei o trabalho de Lúcia como responsável pela área social do governo federal (presidente FHC) e do estadual (governador Ronaldo Caiado) e como deputada e senadora", diz Baldy
Caiado chegou ao Executivo e, na avaliação de Baldy, “sua relevância se tornou ainda maior, pois reconstruiu Goiás e devolveu o Estado aos goianos”
“O que a pesquisa mostra é que Marconi tem teto e não consegue superá-lo. Então, não vou me surpreender se, contados os votos, ficar em segundo ou terceiro lugar”
Vereador Mauro Rubem (PT) classifica a proposta da Prefeitura de Goiânia como “catastrófica”
Ciro Nogueira, Fábio Faria e Tereza visitarão Goiás para declarar apoio aos candidatos ao Senado e a governo
O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Goiás participou de encontro do parlamentar em Ouro Verde
Jorge Kajuru relata que negociação está sendo feita pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso
Senador afirmou que a primeira vez que conversou com ex-ministro da Justiça e Segurança Pública concluiu que: ‘esse cara não tem caráter’
Diante da multidão de apoiadores de Zeli e Baldy, inclusive o prefeito Pábio Mossoró (MDB), Lêda começou a xingar
O candidato do PSDB decidiu concentrar energia na Grande Goiânia, o que pode sinal de que já tem uma virada eleitoral
O anúncio do apoio foi feito em um encontro no escritório do tucano
O prefeito, como o craque da seleção, quis dar o “pulo do gato” e acelerar sua consagração pessoal, mas política, como o futebol, funciona coletivamente
Dani Cruz é representante do coletivo Onda Jovem, do PDT
Era 9 de novembro daquele conturbado ano de 1889. O governo imperial resolveu oferecer, naquele dia uma festa de gala para os oficiais da fragata chilena Almirante Cochrane. Seria um modo de estreitar as relações entre Brasil e Chile, diziam as autoridades, mas o propósito real (embora oculto) era usar o evento para mostrar o poder da monarquia, uma ideia do Visconde de Ouro Preto, presidente do Conselho de Ministros – algo como um Ciro Nogueira, no governo atual. O País vivia pressão cada vez maior dos republicanos e era preciso mostrar que o regime estava inabalável.
O local escolhido foi a Ilha Fiscal, na Baía de Guanabara, onde fora construído um castelo de estilo neogótico. Com a presença de Dom Pedro II, o baile teve 4,5 mil convidados da corte e consumiu 800 quilos de camarão, 1,3 mil frangos, 500 perus e 10 mil litros de cerveja, entre muitos outros itens da alta gastronomia da época. O financiamento do chique rega-bofe veio, obviamente, dos cofres públicos: foram 250 contos de réis, retirados de um montante reservado a socorrer os flagelados da terrível seca que assolava o Ceará. Mais: era um valor que correspondia a quase 10% do orçamento previsto da Província do Rio de Janeiro para o ano seguinte.
Enquanto a festa acontecia, militares se reuniam para a iminente tomada de poder, que ocorreria seis dias depois. Existem várias expressões para dizer o que foi o Baile da Ilha Fiscal no contexto da época: o “canto do cisne” do Império; o “último suspiro” da monarquia”; a “melhora da morte” do regime. Fato é que em menos de uma semana o Brasil já seria uma República, sob a espada dos militares.
Voltando para o Brasil de 2022, neste 7 de Setembro que deveria ser solene, pelo Bicentenário da Independência, o governo federal pouco se esforçou para comemorar a data. O único chamariz para a data veio de uma sugestão um tanto mórbida da médica Nise Yamagushi, famosa por defender o tratamento precoce e alvo da CPI da Pandemia: ela resolveu que seria uma boa ideia trazer, de Portugal, o coração de Dom Pedro I conservado em formol.
O que houve, de fato, foram desfiles e apresentações militares feitos de uma forma mais abrangente ou completa. Um propósito que serviu também a outro fim, nada republicano: é que as comemorações pela data foram realizadas, não por coincidência, exatamente no mesmo local, no Rio e em Brasília, em que Jair Bolsonaro convocou manifestações em favor de sua candidatura.
Sem juízo de valor – se o chamado foi elaborado com intenções de enfrentamento institucional, por exemplo –, Bolsonaro “sabe” que é presidente e candidato ao mesmo tempo. Por lei eleitoral, não poderia transformar em palanque o espaço reservado a seu papel como chefe de Estado. Nem ao menos usar a estrutura do evento da República – o que consome gastos, obviamente – para fazer discurso político a dezenas de milhares de apoiadores.
O presidente não deu bola para isso. E o que se viu no dia 7 em Copacabana, à tarde, e na Esplanada dos Ministérios, mais cedo, foi chamado pelos opositores de “micareta do Bolsonaro” – micareta é o nome que se dá ao carnaval fora de época.
O importante era mostrar força e ter as fotos das multidões para serem usadas nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp como provas de que “o Datapovo não mente”. Incorreu em várias irregularidades que podem levar à cassação da chapa e que, caso não sejam punidas, desmoralizarão por completo a Justiça Eleitoral.
Mas como a justiça tarda e muitas vezes falha, Bolsonaro bancou a aposta. Se o preço a pagar vai ter como recompensa para zerar a desvantagem que tem para o oponente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas ainda não se sabe. Pode ter custado caro e, assim como o baile da Ilha Fiscal, ser apenas uma festa cara de despedida de uma quadra da história.
Assim como o Império organizou uma megafesta para mostrar sua força quando a derrota era iminente, o presidente parece ter baixado todas as cartas
As lideranças empresariais tendem a apoiar aqueles políticos que já têm mandato, ou seja, que já fizeram a defesa do setor em algumas circunstâncias
