Ainda em 1º mandato, Aava Santiago torna-se um “oásis” na Câmara de Goiânia
20 novembro 2022 às 00h05
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A posição de enfrentamento que Aava Santiago (PSDB) adotou durante a votação pela mudança de nome da Avenida Castelo Branco para Agrovia Iris Rezende Machado, na semana passada, com as galerias ocupadas por comerciantes em defesa de seus interesses e contra a alteração, diz muito sobre o perfil que ela tem confirmado no cargo.
Em vídeo, ao ser ameaçada pelos comerciantes de ser “exposta” – o que consistiria em integrar uma relação, a ser divulgada nas redes sociais e outros meios, dos que votaram a favor do novo batismo para o logradouro –, ela dobrou a aposta: disponibilizou seu gabinete para quem quisesse passar por lá e escolher fotos para “ilustrar” a intimidação que pretendiam publicar.
“Respeito muito os clamores da galeria, mas eles não me intimidam”. Mais à frente, na mesma fala durante a sessão, a vereadora finalizou: “Quero que coloquem meu nome em negrito [nas publicações sobre quem votou pela mudança do nome]. E podem colocar foto também, que a cidade vai ficar até mais bonita.”
Ao contrário de boa parte dos colegas vereadores, que passam o mandato sem que quase ninguém, além de sua base, saiba seu nome, Aava faz questão de “aparecer”, no melhor sentido da palavra. Hábil politicamente, ela ganhou notoriedade em rede nacional por se levantar contra o assédio de líderes religiosos a seus fiéis nas eleições presidenciais. Nascida em família evangélica, ela fez um desabafo marcante em entrevista ao vivo à GloboNews. Apesar de tucana – é presidente do diretório municipal do PSDB –, declarou voto em Lula e fez campanha. Colheu frutos: na sexta-feira, 18, seu nome passou a integrar a Coordenação do Grupo Técnico de Mulheres do Gabinete, na equipe de transição do próximo governo, dirigida pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB).
Há políticos que passam toda a vida pública na Câmara de Goiânia. Outros, após várias tentativas, chegam a deputado estadual. Não há nada de errado nisso, pois “todo poder emana do povo”, como diz a Constituição, e, se o povo conduz e reconduz o mesmo vereador para a mesma função e não a outra, é porque assim ele quer que seja seu trabalho.
A atuação de Aava não corresponde a esse perfil. Ao contrário, sua trajetória no Legislativo goianiense não deve ser longa, porque voos mais altos parecem estar à espera. Tombos virão – como a baixa votação para deputada federal neste ano, com 13.387 votos –, mas isso também faz parte do jogo. Por enquanto, a “tucanopetista”, como alguns a chamam nos bastidores, é um “oásis” na Câmara de Goiânia.