Bastidores

[caption id="attachment_24140" align="alignleft" width="620"] Marconi Perillo, governador de Goiás: tucano-chefe quer, de fato, que o Estado sirva ao cidadão, não a interesses particulares | Foto: Wesley Costa[/caption]
Nem Jayme Rincon tem sido informado com antecipação das escolhas dos novos secretários do quarto governo de Marconi Perillo? Há quem diga que “sim” e há quem diga que “não”. O tucano-chefe nunca mostrou-se tão reservado e chega a rir, segundo os íntimos, das especulações dos jornais e dos aliados. “As indicações estão sendo tratadas como segredo de Estado. Mas tem um denominador comum: são escolhas ‘de’ Marconi, e não dos aliados. Poucas vezes ele pôde escolher seus auxiliares sem pressões”, diz um aliado, do grupo íntimo. O lobby para a Secretaria da Fazenda, embora a “cota” fosse (é) do líder do PSDB, era poderoso. Havia pelo menos quatro nomes cotados, todos muito bem avalizados. Porém, o governador surpreendeu e indicou a economista Ana Carla Abrão Costa, especialista em mercado financeiro. Teria sido porque é filha da senadora Lúcia Vânia? Nada disso.
Ana Carla, além da competência comprovada, é uma profissional de perfil nacional, com amplos contatos. Não à toa que, ao saber de sua indicação, economistas de São Paulo e Rio de Janeiro disseram que se trata da “Joaquim Levy de saia”. Ao lado do governador, não vai atuar tão-somente como uma burocrata — costurando a necessária conexão entre receita-despesa, que, no setor público, é um pouco diferente da iniciativa privada. A economista vai ser decisiva para encontrar saídas para aumentar a arrecadação e a capacidade de investimento do governo.
Anteriormente, Marconi havia indicado o vice-governador José Eliton para a poderosa Secretaria de Desenvolvimento. Trata-se de um lance mais político do que técnico? Pode até ser, mas o objetivo é preparar o presidente do PP como gestor e fortalecê-lo politicamente. Lêda Borges, como secretária de Cidadania, tem um aspecto técnico, político e comportamental. A ex-prefeita de Valparaíso tem experiência como gestora, é tucana e, claro, é mulher.
Na semana passada, o deputado federal Jovair Arantes esperneou, criticou, até com aspereza, o governador, em conversas com aliados políticos. O supercargo da Cidadania, que absorveu outras secretarias, era apontado como um feudo do PTB. Não é mais — é o recado de Marconi. Ou melhor, o recado é mais amplo: não há mais feudos no governo. Os aliados não vão ser desprezados, deixados de lado, mas o Estado estará muito mais a serviço dos cidadãos do que de políticos e de seus interesses. Todos falam em modernidade, e apostam que ser moderno é positivo para todos, e por isso o tucano-chefe está levando a teoria à prática. No lugar de interesses pessoais, de grupos ou corporativos, Marconi está apostando suas fichas e energia num Estado de fato modernizador, o que, evidentemente, não agrada nem mesmo aqueles que, em tese, defendem a modernização.
Jovair Arantes permanece como um aliado leal, além de amigo, porém não vai mandar no governo. Os feudos acabaram — é preciso insistir. O “Estado para o cidadão” não rima com um “Estado de negócios”. Marconi está sugerindo aos seus aliados que é preciso deixar de lado a teoria e fazer um governo de fato moderno, transparente e que presta serviços eficientes para a sociedade, não apenas para setores localizados e grupos de pressão.
Percebe-se que poucos estão entendendo de fato a determinação de Marconi. Ele não está brincando. Está agindo seriamente e não vai recuar. Porque, legitimado pelos eleitores, vai enfrentar seus próprios aliados — que, em parte, querem cargos e mais cargos — para realizar um governo empreendedor. Em busca do “Estado necessário”, o tucano não está hesitando em desagradar parceiros, alguns até queridos do ponto de vista pessoal, e não vai hesitar. Vale a pena não desafiá-lo sem uma boa razão.
Tese do governador de Goiás, Marconi Perillo, cada vez mais em vigor: o patrão do político, sobretudo do gestor público, não são grupos políticos e corporativos, e sim o cidadão. Marconi pretende fazer um governo focado exclusivamente no cidadão, claro que levando em consideração certos penduricalhos, como as pressões de políticos. Mas não vai ceder às pressões pouco católicas. É um dos recados do tucano-chefe. Fica-se com a impressão de que políticos e até mesmo jornalistas não estão entendendo a “urgência” do governador Marconi Perillo. O tucano de anos atrás, que até fazia concessões, não existe mais. Quem lidar com o líder do PSDB pensando que está lidando com o político de quatro anos atrás estará perdendo tempo.

[caption id="attachment_24136" align="alignleft" width="620"] Helio de Sousa tem apoio do PSD e do PTB para eleição da presidência da Assembleia | Foto: Assembleia Legislativa[/caption]
De um integrante do PSD: “Às vezes é positivo não apoiar o governador Marconi Perillo. O deputado Helio de Sousa não subiu no seu palanque no primeiro turno e apoiou Ronaldo Caiado para senador. Mas está sendo bancado pelo tucano-chefe para presidente da Assembleia Legislativa”. O parlamentar, filiado ao DEM — deverá se filiar ao PL, mas há quem acredite que o partido não consegue registro em 2015 —, recebeu sinal verde. Tanto que PSD e PTB o apoiam.
Segundo um peemedebista, o governador Marconi é hábil. “Ele percebeu que, se bancasse Chiquinho Oliveira (PHS), perderia e a derrota seria sua, e não de seu inexpressivo aliado. Helio de Souza, com o apoio do PMDB, do PT e de parte da base de Marconi, seria eleito independentemente do apoio do governador. Portanto, o líder tucano quer que a vitória de Helio também seja ‘sua’. Mas, na verdade, a Assembleia está impondo-lhe uma derrota política. Na Câmara de Vereadores de Goiânia, ele conseguiu, com um trabalho competente de Jayme Rincón, eleger Anselmo Pereira para a presidência. Na Assembleia, por falta de articulador, Helio de Sousa vai ser eleito à revelia do governador”, afirma o deputado do PMDB.
Leia mais:
Chiquinho Oliveira foi “abandonado” e Helio de Sousa será presidente da Assembleia

[caption id="attachment_24082" align="alignleft" width="300"] Helio de Sousa, Virmondes Cruvinel e Lincoln Tejota: os três terão voz ativa no Legislativo[/caption]
Ao informar o governador Marconi Perillo de que gostaria de assumir a Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa de Goiás, dado ao seu preparo jurídico, o deputado eleito Virmondes Cruvinel Filho teria recebido o seguinte conselho: “Cole no Helio de Sousa”.
Virmondes Cruvinel seguiu o conselho, colou em Helio de Sousa e trabalha para que seu partido, o PSD, apoie a candidatura do parlamentar do DEM para presidente da AL. Lincoln Tejota, também do PSD, terá um lugar na mesa diretora, segundo um aliado do presidente do Legislativo.
Na semana passada, dizendo ter o apoio do presidente da Agetop, Jayme Rincón, Chiquinho Oliveira mantinha-se como candidato a presidente da Assembleia. Mas até a ambrosia mais humilde do Palácio das Esmeraldas, dialogando com um quadro de Pedro Ludovico, teria “dito”: “Tucanos de bicos erados avaliam que o gás é mais forte do que a oliveira”.
Leia mais:
Deputado do PMDB diz que Marconi teve de “engolir” Helio de Sousa

[caption id="attachment_24130" align="alignright" width="300"] Iris Araújo não conseguiu a reeleição na Câmara dos Deputados | Foto: Reprodução/Divulgação[/caption]
Peemedebistas estão tentando convencer Iris Araújo a disputar mandato de vereadora em Goiânia, em 2016. Por enquanto, a deputada está resistindo. Mas há quem diga que já resistiu mais. Sente-se, até, envaidecida com os convites.
Acredita-se que, embora não tenha sido eleita para deputada federal, Iris Araújo pode ser uma grande puxadora de voto em Goiânia.

[caption id="attachment_24125" align="alignright" width="188"] Júlio da Retífica é da Região Norte | Foto: Assembleia Legislativa[/caption]
Ao combater a indicação de Lêda Borges para a Secretaria de Cidadania, Trabalho e Mulher, o deputado federal Jovair Arantes não percebeu um fato. Quem assume a vaga da deputada eleita é o suplente Júlio da Retífica, do PSDB dito petebista.
Quer dizer, um aliado de Jovair Arantes, conhecido como Leão do Norte, assume mandato na Assembleia Legislativa. É uma bela troca. Se não aceitá-lo, o presidente do PTB sugere que não quer ajudar Júlio da Retífica e o Norte de Goiás.
É um “porém” que Jovair Arantes precisa avaliar cuidadosamente. O Norte goiano pode rebelar-se contra o petebista.
O deputado federal Vilmar Rocha, embora cotado para uma secretaria do governo de Goiás, estaria se sentindo abandonado pelo governador Marconi Perillo. “Vilmar sente-se mais bem tratado por Gilberto Kassab, futuro ministro das Cidades do governo Dilma Rousseff”, afirma um integrante do PSD. O PSD estaria sendo tratado como “patinho feio” pelo governador Marconi Perillo. O governador diz, sem “medir” palavras, que adora e respeita Vilmar Rocha. A relação é de amizade e, até, paternal.
Jovair Arantes, que não desiste nunca, quer manter a Secretaria de Cidadania, agora ampliada, sob controle de seu grupo. Ele vai jogar pesado para retomá-la. Detalhe importante: todo o primeiro escalão, o das supersecretarias, agora é cota exclusiva do governador Marconi Perillo.
O deputado federal Jovair Arantes disse a dois interlocutores que o PTB, formatado o supersecretariado do governador Marconi Perillo, possivelmente sairá como o partido mais desprestigiado. Ele teria dito que o partido tem deputado federal e deputados estaduais, mas não conseguiu indicar nenhum de seus integrantes para o primeiro escalão. Já o PP, que tem apenas um deputado federal e nenhum estadual, foi o primeiro a conquistar cargo, e logo uma supersecretaria. Não é assim que funciona a política do real, teria afirmado.
O PTB do deputado Jovair Arantes não vai aceitar que o PSDB lance candidato em Goiânia sem mais nem menos. Aliados de Jovair Arantes afirmam que o presidente regional do partido pretende lançar candidato a prefeito de Goiânia. Porque acredita que, diante do fracasso administrativo do prefeito Paulo Garcia, será mamão com açúcar eleger o próximo gestor da capital.

[caption id="attachment_24146" align="alignleft" width="620"] Deputada Flávia Morais sugeriu que "derrubada" foi ação de Jovair Arantes e Jânio Darrot[/caption]
Os deputados federais Flávia Morais (PDT) e Jovair Arantes (PTB) choravam as mágoas na semana passada. Eles “brigaram” feio pela Secretaria de Cidadania, mas “dançaram”. O governador Marconi Perillo escolheu Lêda Borges para o cargo. Fica como uma lição para os adultos brigões.
Presidente do PDT, Flávia Morais, em conversa com aliados, sugeriu que foi “derrubada” por uma ação conjunta de Jovair Arantes e do prefeito de Trindade, Jânio Darrot, do PSDB.
O deputado Talles Barreto, do PTB, trabalhou para ser líder do governo Marconi Perillo na Assembleia Legislativa. Mas foi atropelado por José Vitti, do PSDB. José Vitti não é ruim e é ponderado, mas não tem a capacidade de convencimento de Talles Barreto. Embora seja um político sério e íntegro, José Vitti pensa que dinheiro é o centro da vida de todo mundo. Às vezes, não é. O PTB vai mesmo mal das pernas?
O deputado federal Jovair Arantes (PTB) e o governador Marconi Perillo estão trocando a língua da diplomacia pela linguagem bélica. Quem conhece bem o relacionamento do petebista com o tucano diz que foi sempre assim. Um deputado acrescenta: “Eles brigam, falam palavras duras, mas se adoram e gostam de disputar eleições lado a lado”. Mas acrescenta: “Mas o grau de irritação de Jovair Arantes está, percebo, mais acentuado”. Segundo o deputado, Jovair Arantes, assim como outros políticos, estaria se sentindo abandonado na chapada pelo tucano-chefe.
O setor de Comunicação do governo Marconi Perillo pode ser dirigido por Luiz Siqueira — que não teria resistência nos veículos de comunicação, agências e, além disso, é próximo do governador Marconi Perillo. Carlos Maranhão também é cotado para o setor. Embora seja geólogo por formação, Carlos Maranhão é um dos integrantes do governo que mais entendem de comunicação e marketing. Não é à toa que o marqueteiro Paulo de Tarso, um craque, não economiza elogios à sua criatividade e capacidade de pensar o inusitado.
Vale apena observar um detalhe que comprova que o governador de Goiás, Marconi Perillo, é, de fato, moderno. Há gestores que apreciam trabalhar com equipes medíocres, pois, agindo assim, acreditam que poderá brilhar mais. Com o tucano-chefe é exatamente o oposto. Ele quer trabalhar com uma equipe brilhante e focada, que, além de brilhar e alcançar repercussão positiva, também o ajude a conquistar mais espaço na política do País. O tucano-chefe aposta que só equipes criativas, com iniciativa própria para formular e encontrar soluções objetivas, sem enrolação, pode driblar a crise e colaborar para Goiás crescer em 2015. Ficar parado, culpando a crise nacional vindoura, não ajuda em nada. É assim que pensa, acertadamente, o jovem líder do PSDB.