Bastidores
[caption id="attachment_63757" align="alignleft" width="620"] Flávia Morais: sim ao impeachment | Foto: Ananda Borges/Câmara dos Deputados[/caption]
Três deputados federais goianos garantem que a deputada federal Flávia Morais, do PDT, optou pelo impeachment.
Os deputados afirmam que, entre as ordens do PDT e os eleitores, optou pelos segundos.
O jornalista Iúri Rincón Godinho gravou um vídeo dos bolivianos que foram brecados pela Polícia Rodoviária Federal quando se dirigiam a Brasília. A história de um congresso imobiliário, tudo indica, é mero pretexto.
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O impeachment é uma guerra, na Câmara dos Deputados e nas ruas. Mas também é uma festa. Na rua, há protestos e alguma diversão. Conta-se, inclusive, quem vota contra e a favor do impeachment
O repórter Iúri Rincón Godinho mostra o que está acontecendo no domingo, 17, em Brasília. Por enquanto, o clima está tranquilo
A capital está em paz. A Brasília real não está nos jornais e nem passa na tv. Parece que não está nem aí com a Dilma

[caption id="attachment_63920" align="alignright" width="620"] Thiago Peixoto e Michel Temer: o deputado percebe o vice-presidente como um político capaz de retirar o país da crise política e econômica | Fotos: Fernando Leite / Jornal Opção / Marcelo Camargo / ABr[/caption]
O deputado federal Thiago Peixoto, do PSD, afirma que a sociedade brasileira vive um momento complexo: o declínio de uma corrente política, o Partido dos Trabalhadores, e o nascimento de uma nova força política — que ainda não se sabe o que é exatamente. Mas, de algum modo, embora não seja uma volta ao passado, relembra a coalizão política que arrancou o Brasil da crise em 1992, com o impeachment do presidente Fernando Collor. Naquele período, o PMDB e o PSDB se uniram e deram uma nova configuração política e econômica ao país. “Portanto, não se trata, agora como antes, apenas de um projeto de poder, e sim de um projeto de nação”, afirma.
Na semana passada, Thiago Peixoto conversou duas vezes com o vice-presidente da República, Michel Temer, que assume a Presidência se o impeachment for aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado. “Temer está sereno e faz aquilo que a presidente Dilma Rousseff não faz: ouve seus interlocutores com o máximo de atenção e recebe todo o mundo político que circula em Brasília. Ele está sereno e se comporta como um diplomata. Sobretudo, tem ideias de como terá de administrar para recuperar a economia e restaurar a credibilidade do governo.”
Temer disse a Thiago Peixoto que, antes de pensar em reforma tributária e outras, planeja, evidentemente se se tornar presidente, fazer a reforma que governadores e prefeitos estão pedindo há anos: a reconfiguração do pacto federativo. Hoje, admite, a União fica com a parte do leão e entrega as migalhas para Estados e municípios. “Trata-se de um homem lúcido, que sabe o que deve fazer.”
O que impressiona, sublinha Thiago Peixoto, é que “todo mundo” está procurando Temer, que os deputados, senadores e governadores preferem chamar de Michel. “As pessoas dizem que se trata de um político qualificado e que tem visão de Estado.” Numa conversa, o senador Cristovam Buarque disse ao parlamentar goiano que vai votar pela admissibilidade do impeachment, mas que não sabe se votará pelo impedimento. Ele frisa que há indícios de que o Senado vai admitir o impeachment.

[caption id="attachment_63918" align="alignright" width="620"] Eduardo Machado e Virmondes Cruvinel: os integrantes do PHS e do PPS são mencionados para vice[/caption]
O deputado estadual Virmondes Cruvinel disse ao Jornal Opção que se colocou à disposição do PPS tanto para disputar a Prefeitura de Goiânia quanto a vice. “Mas é preciso frisar que não estou me oferecendo para ser vice — tanto que estou articulando em pelo menos dez cidades do interior, bancando candidatos a prefeito, com o objetivo de disputar a reeleição em 2018. Ser vice não depende de mim, e sim da coligação e do candidato majoritário.”
Virmondes Cruvinel está acompanhando Vanderlan Cardoso na pré-campanha em bairros e encontros com segmentos organizados. “Percebo que Vanderlan tem ideias objetivas sobre como administrar a capital. É, de fato, um gestor.” O parlamentar é visto como “agregador” e atrai um “voto novo” para Vanderlan Cardoso — o de parte das juventude e de setores da sociedade, como empresários, sobretudo os mais jovens. Além disso, se for vice, sedimenta a aliança entre o PSB e o PPS.
O presidente nacional do PHS, Eduardo Machado, também é cotado para ser vice de Vanderlan Cardoso. “Não fui convidado, mas a aliança com o PSB e o PPS agrada ao PHS”, afirma.

[caption id="attachment_63917" align="alignright" width="620"] Vanderlan Cardoso, Lúcia Vânia, Marcos Abrão, Eduardo Machado, Alexandre Baldy, Simeyzon Silveira, Virmondes Cruvinel e Deivison Costa[/caption]
Com a perspectiva de que, para o segundo turno, não irão dois candidatos populistas — há um aposta geral que, se postular o mandato, Iris Rezende (PMDB) irá para o segundo turno —, e sim um gestor, com formação técnica, contra um populista, Vanderlan Cardoso (PSB), Giuseppe Vecci (PSDB), Francisco Júnior (PSD) e Luiz Bittencourt (PTB) estão reforçando seus times e se preparam para colocar todos os titulares em campo. Os quatro têm perfis de gestores, são capazes e técnicos com ampla visão política — não são monotemáticos nem exploram a violência, a miséria das pessoas, para ganhar eleições. São humanistas e conseguem atrair a classe média.
No momento, quem está saindo na frente, em termos de agregar aliados e partidos, é Vanderlan Cardoso. Articulando com habilidade e discrição, tendo como parceiros básicos a senadora Lúcia Vânia (PSB), o deputado federal Marcos Abrão (PPS) e o deputado estadual Virmondes Cruvinel (PPS), o pré-candidato do PSB está trabalhando para montar uma ampla frente político-eleitoral. Líderes de seis partidos — PSB, PPS, PTN, PT do B, PSC e PHS — estão dialogando sobre uma composição para 2016, com reflexos em 2018.
O presidente nacional do PHS, Eduardo Machado, cotado para ser vice de Vanderlan Cardoso, mantém conversas avançadas com o pré-candidato e seu entorno. O deputado federal Alexandre Baldy, presidente do PTN em Goiás, planeja apoiar o pré-candidato do PSB. Deivison Costa, do PT do B, está conversando com a cúpula socialista. O PSC do deputado Simeyzon Silveira já está fechado com a coligação PSB-PPS.
Por que novos grupos políticos estão se agrupando em torno de Vanderlan Cardoso? Porque, dizem, estão apostando que irá para o segundo turno contra Iris Rezende. Seus líderes afiançam que o pré-candidato do PSB é mencionado pelo povão e pelas classes médias como um gestor eficiente, tanto por sua experiência como prefeito de Senador Canedo quanto como administrador de várias empresas em Goiás, Pará e Bahia. “Não é falsa a ideia de que quem conhece aprecia Vanderlan Cardoso”, afirma Marcos Abrão. “Ele é consistente”, afirma Virmondes Cruvinel.
O PHS de Eduardo Machado e o PTN de Alexandre Baldy pretendem irmanar-se tanto na eleição de 2016 quanto na de 2018. Os dois políticos avaliam que a aliança formatada pelo PSB e pelo PPS tem em vista a eleição para prefeito, este ano, mas também têm um projeto de poder para 2018. A estrutura que Lúcia Vânia e Marcos Abrão estão montando no interior e na capital articula um pensamento político mais amplo. Trata-se de um projeto de poder. Lúcia Vânia tanto pode ser candidata a senadora quanto a governadora em 2018. Ao mesmo tempo, se disputar o Senado, pode abrir espaço para um político jovem, como Alexandre Baldy, disputar o governo do Estado.

[caption id="attachment_63914" align="alignright" width="620"] Lucas Vergílio diz que Carlos Antônio é traidor[/caption]
O deputado estadual Carlos Antônio, em busca de estrutura política para disputar a Prefeitura de Anápolis, trocou o Solidariedade pelo PSDB. Em seguida, ofereceu-se para contribuir na organização do SD no município. Mas o deputado federal Lucas Vergílio não quer nem saber de ouvir o nome do neotucano. “Carlos Antônio não tem palavra e não dá para confiar em quem não tem palavra. Não queremos seu apoio para reorganizar o SD e tampouco vamos apoiá-lo para prefeito. Ficamos sabendo que iria sair do partido pelos jornais. Comportou-se como ‘traidor’ e nosso partido não apoia ‘traidores’.”
Lucas Vergílio diz que Carlos Antônio começou a trai-lo já na campanha de 2014. “Ele prometeu que iria me apoiar em Anápolis, mas depois fiquei sabendo que bancou, além da minha, outra candidatura.” O deputado frisa que o SD tem o apoio da Força Sindical no município e um vereador que apresenta como “qualitativo” — Amilton Filho.

O quadro político de Mineiros começa a ficar mais claro. O PSDB definiu seu nome: Neiba Barcellos vai disputar a eleição pra prefeita. Ela une o partido. Flávia Vilela, do SD, frisa que será candidata, mas há quem aposte que vai compor com Neiba. Ressalva: PSDB e SD não têm entusiasmo pela aliança.
O grupo do presidente da Faeg, José Mário Schreiner, pode bancar Flávia para prefeita. Ela é mulher de Ionaldo Vilela, presidente do Sindicato Rural e aliado de Schreiner. O vereador Ernesto Vilela, que trocou o PMDB pelo PDT, apresenta-se como pré-candidato, mas é sobretudo o anti-Agenor Rezende. Este, prefeito do município, vai para a reeleição.
A ida do PT para o governo de Agenor Rezende provocou uma crise com o DEM, que rompeu com o prefeito. A petista Ivane Campos, cotada para disputar a prefeitura, é mencionada também para vereadora ou vice do peemedebista.

O deputado estadual Luis Cesar Bueno (PT) afirma que a pré-candidata do PT a prefeita de Goiânia, Adriana Accorsi, tem luz e voo próprios. “Como é popular, até por ter sido delegada, e tem prestígio na sociedade, Adriana tende a surpreender aqueles que avaliam, errado, que o petismo perdeu força na capital. Há uma crise, é certo, mas o PT sempre deu a volta por cima, sobretudo ao apresentar candidatos qualitativos e respeitados pela sociedade. Adriana, ao mesmo tempo que é leve, é uma política que tem conteúdo. Num momento em que não querem renovar, optando por velhos políticos e vícios, Adriana é um sopro de renovação. O PT e ela darão o seu recado na capital. Estamos ‘vivos’, e com consistência.”

[caption id="attachment_63910" align="alignright" width="620"] Rogério Azeredo: vice rompeu com a prefeita e é candidato a prefeito[/caption]
Na semana passada, um político da Cidade de Goiás disse ao Jornal Opção: “Não dá para entender por qual motivo uma cidade como a nossa, que tem tudo para dar certo, inclusive por ser turística, não tem administrações eficientes há vários anos. Há gestores corruptos, inertes ou francamente incompetentes. Esperávamos muito de Selma Bastos, mas a petista, embora seja uma pessoa idônea, está decepcionando como administradora. É bem intencionada, mas não sai do lugar”.
Por discordar das ações de Selma Bastos, seu vice, Rogério Azeredo, rompeu e vai disputar a prefeitura pelo PPS (deixou o PSD junto com Virmondes Cruvinel). O PSDB tende a bancar Gustavo Isaac, que já perdeu duas eleições. Joaquim da Farmácia e Rogério Azevedo estudam a possibilidade de compor. O PMDB pode lançar Biné Curado (que está doente) ou um de seus irmãos.

[caption id="attachment_38685" align="alignright" width="620"] Iris Rezende e Júnior Friboi: o primeiro “esqueceu” e o segundo, vetado, quer lembrar de 2014 | Foto: Leandro Vieira[/caption]
O PMDB de Goiás é mal visto pela cúpula nacional por causa de sua fragilidade eleitoral. Na eleição de 2014, além de não eleger o governador, não conseguiu fazer um senador e mandou para Brasília apenas dois deputados federais — Daniel Vilela e Pedro Chaves. Não é à toa que, na capital da República, fala-se que o PMDB é gigante no país e nanico em Goiás.
No caso de Michel Temer (PMDB) assumir a Presidência, com a possível queda de Dilma Rousseff (PT), Pedro e Daniel devem ser valorizados. Mas o grupo de Iris Rezende deve permanecer no ostracismo. Primeiro, porque não tem expressão em Brasília. Segundo, porque, em 2014, Michel Temer trabalhou pela filiação do empresário Júnior Friboi ao PMDB, acreditando que seria candidato a governador e, como o novo, teria chance de se eleger. Mas Iris pôs um “drummond” no meio do caminho e vetou a postulação de Friboi — candidatando-se ele próprio.
Se for candidato a prefeito de Goiânia, Iris não precisa esperar que Temer suba no seu palanque. Porém, se o candidato for Jovair “Jovadeus” Arantes, do PTB, é provável que o principal líder do PMDB dê uma passada pela capital para prestigiá-lo.

[caption id="attachment_63314" align="alignright" width="620"] Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Há quem defenda que, dadas suas qualidades como médico e morais, Zacharias Calil (PMB) deveria ser candidato a prefeito de Goiânia. Porém, avaliando que, se tem prestígio, não tem popularidade — que são coisas diferentes —, um dos mais gabaritados profissionais da saúde de Goiás pretende ser vice. Resta saber se, como vice, transfere votos.

O ex-senador Maura Miranda (PMDB) visitou a redação do Jornal Opção, na semana passada, e fez a defesa da candidatura de Iris Rezende a prefeito de Goiânia, em 2016 — “política é o alimento dele” —, e de Daniel Vilela a governador em Goiás, em 2018. “Daniel é um excelente nome, um garoto preparado.” Mauro Miranda está lendo o livro “Em Defesa do Preconceito — A Necessidade de se Ter Ideias preconcebidas”, do filósofo Theodore Dalrymple. “Passei a vida lutando contra os preconceitos”, afirma. “O título, de cara, me desconcertou.”