Bastidores

A tendência é que o PP indique o vice do candidato do PSDB a prefeito. O nome mais cotado é o de Sandes Júnior

O ex-deputado afirma que Henrique Meirelles deve ser ministro da Fazenda e vai indicar o presidente do Banco Central. Aponta Baldy como possível ministro. Sugere que Caiado deve ser o candidato a governador das oposições

José Serra é o mais cotado para a Educação, Eliseu Padilha para a Casa Civil e Geddel Vieira para a Articulação Política
O empresário, segundo o peemedebista, também aposta no impeachment de Dilma Rousseff

José Vitti largou na frente, com uma equipe em ação. Mas Chiquinho Oliveira articula como poucos políticos
O ex-presidente da Saneago é lembrado como um diplomata e técnico de grande capacidade administrativa
Jorge Paulo Lemann assistiu palestra do governador goiano e ficou interessado nas suas ideias sobre gestão e educação
Ayres Britto frisou que o governador de Goiás é jovem e tem “ideias lúcidas, corajosas e claras”

A crise dos Estados será um dos principais problemas que um possível governo do “presidente” Michel Temer deverá enfrentar
Com larga experiência administrativa, o economista conta com o apoio tanto do PSD de Gilberto Kassab e Vilma Rocha quanto do governador Marconi Perillo

[caption id="attachment_64275" align="alignright" width="620"] Michel Temer, se assumir a Presidência da República, pode fortalecer o projeto político de Daniel Vilela para 2018: a disputa do governo[/caption]
Não há favas contadas em política e a realidade, sempre dinâmica, muda de uma hora para outra. O PSDB acreditava que ficaria no mínimo 20 anos no poder e acabou ficando “apenas” oito anos (sem contar o período de Itamar Franco). O PT parece ter projetado um período ainda maior, ao estilo do PRI no México, mas, dada a corrupção sistêmica que criou para governar e, em seguida, para locupletar-se — contaminando políticos de vários partidos, como PMDB, PP, PTB e PR —, tende a deixar o poder este ano, depois de um longo reinado de 13 anos. Se confirmado o impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo Senado, Michel Temer assume a Presidência e, como em 1992, o PMDB se tornará protagonista. O resultado é que o fortalecimento nacional tende a fortalecer o partido no plano estadual.
Em Goiás, para a eleição de 2018, há dois projetos básicos para o PMDB. O primeiro é bancar seu presidente, o deputado federal Daniel Vilela, para o governo. Político jovem, com boa estampa e discurso cada vez mais afiado, com a incorporação de uma argumentação mais técnica e abrangente — escapando ao populismo caboclo de Iris Rezende —, o parlamentar tem condições de disputar o governo. Pode até não ganhar de José Eliton, que deve ser o candidato do PSDB, mas tende a fazer boa figuração. Tanto pode jogar para ganhar em 2018 quanto pode jogar para ganhar musculatura tendo a disputa de 2022 como meta prioritária.
O segundo jogo do PMDB é apostar na figura experimentada do senador Ronaldo Caiado. Este pode candidatar-se pelo DEM ou pode trocar este partido, em 2018, pelo PMDB. Mas os velhos e novos peemedebistas sabem que, se eleito, o presidente do partido Democratas tende a trabalhar para constituir um grupo político com o objetivo de não cair sob controle do PMDB. Então, ganhar com Caiado pode ser, mais do que uma vitória, uma perda. Por isso, o mais certo é que, aproveitando-se do “empurrão” de Michel Temer, Daniel Vilela dispute o governo do Estado.

Há pelo menos oito goianos que são influentes junto ao “presidente” Michel Temer — em Brasília, nem o petismo o chama de vice-presidente — na República Temerista. Confira a lista a seguir, com breves comentários.
Alexandre Baldy — Apesar de ser considerado “almofadinha” pelos temeristas, articulou, furiosa e eficientemente, pelo impeachment de Dilma Rousseff. Teria contribuído para convencer Eurípedes Júnior, chefão do PROS, a entrar no trem dos que defendem a queda da petista. Michel Temer o vê como um “menino”, mas, via Eduardo Cunha, aprovou sua conduta. Pertence ao PTN.
Daniel Vilela — Embora não tenha sido protagonista, votou pelo impeachment. Michel Temer avalia que o jovem parlamentar deu um voto partidário e admite que tem apreciado conversar com o jovem, que percebe como “firme” e aposta em seu futuro político. Em Goiás, ao menos no PMDB, é um dos principais interlocutores do “presidente”.
Eduardo Machado — O presidente nacional do PHS tem falado com Michel Temer com frequência. Ele lidera uma bancada razoável e o “presidente” tem um olhar atentíssimo para os parlamentares. O PHS e o PTN, se se mantiverem unidos, poderão indicar, inclusive, um ministro num possível governo temerista.
Jovair Arantes — Relator da Comissão do Impeachment que detonou a presidente Dilma Rousseff, o deputado federal caiu nas graças tanto de Eduardo Cunha quanto de Michel Temer, que já o chama de “Jovadeus”. O “presidente” pode bancá-lo tanto para presidente da Câmara dos Deputados — Eduardo Cunha tende a se afastar para não ser afastado — quanto para um ministério. É líder do PTB.
Marcelo Melo — O nome do ex-deputado federal não tem sido mencionado. Mas é um político que frequenta a cozinha de Michel Temer. O “presidente” sinalizou que vai bancar sua candidatura a prefeito de Luziânia. Ao se filiar ao PSDB, supostamente por ter sido “sabotado” pelo grupo de Iris Rezende, o ex-peemedebista comunicou o fato ao líder nacional do PMDB.
Marconi Perillo — O governador de Goiás não pertence ao grupo que entra e sai do Palácio do Jaburu a todo momento. Mas tem o respeito do “presidente” Michel Temer. Porque apoia o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Tanto que 16 deputados federais goianos — procede que alguns, ligeiramente desgarrados, agiram de maneira independente — votaram pelo impeachment. Só um, o petista Rubens Otoni, votou contra. Acrescente-se que dois senadores goianos, Lúcia Vânia (PSB) e Wilder Morais (PP), pertencem à base política do marconismo. É do PSDB.
Ronaldo Caiado — O senador tem feito discursos contundentes contra o governo de Dilma Rousseff, mas sempre preservando Michel Temer. O líder do DEM pode acabar se tornando ministro da Agricultura, o que liberaria seu mandato de senador para um peemedebista.
Sandro Mabel — Nenhum político de Goiás tem tanto peso junto a Michel Temer quanto o empresário e ex-deputado federal. É cotado tanto para a Casa Civil quanto para o Ministério dos Transportes. É apontado pelos temeristas como hors concours. É do PMDB.

[caption id="attachment_64269" align="alignright" width="620"] Iris Rezende: o peemedebista nunca esteve tão animado[/caption]
Iris Rezende confidenciou a dois aliados que vai mesmo disputar a Prefeitura de Goiânia, este ano, pois não sabe se, em 2018, aos 85 anos, terá energia suficiente para trafegar por um Estado que, geograficamente, é maior do que Israel, Portugal e Cuba juntos. O peemedebista, que está disposto a disputar, protela o anúncio por três motivos. Primeiro, o partido não tem alternativa a ele. Segundo, não quer gastar dinheiro antes do tempo que avalia como apropriado. Terceiro, sabe que todos os demais candidatos vão armar seu jogo a partir de sua definição — então prefere deixá-los supostamente “desnorteados”. Agora, a denúncia de enriquecimento ilícito feita pela revista “Época” — não comprovado e seus advogados já pediram direito de resposta —, longe de desanimá-lo, aumentou a sua vontade de disputar a Prefeitura de Goiânia. A reportagem parece que se tornou, por assim dizer, o incentivo que faltava. É provável que em maio, no mais tardar junho, ele faça o anúncio de sua candidatura.
A revista “Época” deveria ter usado os documentos do SNI com cautela. Porque agentes, às vezes orientados por seus chefes e políticos, organizavam ou plantavam documentação falsa com o objetivo de prejudicar determinados políticos, tanto do governo quanto da oposição. Historiadores sabem que documentos devem ser usados com o máximo de cuidado, sobretudo quando produzidos por serviços de informação e polícias políticas.

[caption id="attachment_64266" align="alignright" width="620"] Na montagem, Sandro Mabel, Henrique Meirelles, Daniel Vilela, Jovair Arantes, Eduardo Machado e Alexandre Baldy[/caption]
Alguns políticos de Goiás estão se credenciando para assumir ministérios num possível governo de Michel Temer. Por sua expressão política, o Estado tende a indicar no máximo 1 ministro. Porém, como Sandro Mabel é mencionado para assumir a chefia da Casa Civil (ou Transportes) e Henrique Meirelles é citado como possível ministro da Fazenda na cota do “presidente”, portanto não tem a ver com indicação política do Estado, é possível que outro político do Cerrado seja escolhido para o ministério.
Michel Temer, dada a força da bancada governista na Câmara dos Deputados e no Senado, deve consultar o governador Marconi Perillo. Significa que o tucano vai indicar ministro? Não se sabe. Além dos citados acima, são cotados para ocupar ministérios: o senador Ronaldo Caiado (Agricultura) e os deputados Jovair Arantes (Trabalho) e Daniel Vilela (Esporte). Juntos, PTN e PHS podem indicar um ministro — Alexandre Baldy ou Eduardo Machado.

[caption id="attachment_64244" align="alignright" width="620"] Na foto, Henrique Meirelles, Jovair Arantes e Sandro Mabel[/caption]
Se assumir a Presidência da República, Michel Temer é quem, de fato, vai mandar. Mas ao seu lado estarão, possivelmente, as seguintes pessoas: Eduardo Cunha (na sombra?), Eliseu Padilha, Henrique Eduardo Alves, Henrique Meirelles, José Serra, José Yunes, Jovair Arantes, Moreira Franco, Raimundo Lira, Renan Calheiros, Rocha Luris, Romero Jucá e Sandro Mabel. Como consultores, mas não nomeados, estarão Delfim Netto e Armínio Fraga.
Setores do PSDB não querem participar do governo de Michel Temer, resguardando-se para a disputa de 2018. Porém, como, se assumir, o peemedebista não vai disputar a reeleição, há quem, no alto tucanato, avalia que participar de governo pode fortalecer o projeto de seu candidato a presidente da República — que tende a ser, pela ordem, o senador Aécio Neves — se não for contaminado pela Operação Lava Jato —, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (se escapar incólume das denúncias contra seu governo) e o governador de Goiás, Marconi Perillo.