Bastidores
O prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), não quer bancar a candidatura de Sandro Mabel para sucedê-lo. Seu candidato é mesmo o secretário Euler Morais (PMDB), seu braço direito. Porém, se o PT bancar Olavo Noleto, um político pelo qual Maguito tem o maior apreço, é provável que o prefeito banque Euler Morais para seu vice. Aí, em Goiânia, o PT lançaria o vice do candidato do PMDB a prefeito.
O vice-prefeito de Aparecida de Goiânia, Ozair José, saiu da eleição deste ano menor do que entrou. Ele estava crente que seria eleito deputado estadual e obteve uma votação pífia. Assim, dificilmente será candidato a prefeito em 2016. Até porque o prefeito Maguito Vilela, que aposta em Euler Morais, não vai bancá-lo. Isto é definitivo. Vigora a tese que apoiar Ozair é o mesmo que bancar os políticos que são rejeitados pelos eleitores, como Ademir Menezes e José Macedo. O PT também não tem qualquer simpatia pela candidatura de Ozair, por considerar que o político “está” no PT, mas “não é” do PT.
Com quase 60 mil votos, o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás Edward Madureira (PT) é um candidato derrotado, mas não deve ser considerado um político derrotado. Ele fez uma bela campanha, gastando muito pouco e com cabos eleitorais não remunerados. Disputando mandato legislativo pela primeira vez, e filiado a um partido que lhe abriu poucos espaços, por considerá-lo cristão novo e não integrado a alguma tendência, Edward Madureira obteve uma votação espetacular. Se estiver atenta, a cúpula do PT deveria prepará-lo para disputar a Prefeitura de Goiânia, em 2016, porque ele tem imagem de gestor eficiente. Na próxima eleição, o eleitor goianiense certamente vai apostar naquele candidato que é considerado como gestor qualificado. É o caso do ex-reitor. Nem todos sabem, mas administrar uma universidade como a UFG é o mesmo que administrar uma prefeitura de médio porte.
Se a presidente Dilma Rousseff for reeleita, não será nenhuma surpresa se Edward Madureira for convocado para um ministério, possivelmente o da Educação. Porém, se o deputado federal Rubens Otoni assumir um importante cargo no governo federal — se a petista-chefe for reeleita —, o professor assume o mandato na Câmara dos Deputados. Antônio Gomide também é cotado para ocupar cargo importante em Brasília.
Conhecido como Leão do Norte, o ex-prefeito de Porangatu Júlio da Retífica é o político mais importante da região. Candidato a deputado estadual, obteve quase 28 mil votos, mas não conseguiu se eleger, devido ao quociente eleitoral. Por representar uma região que não tem muitos eleitores, Júlio da Retífica, se não sair do PSDB e se filiar num partido menor, será, em todas as disputas, o eterno suplente.
O competente jornalista Henrique Morgantini, um dos mais cerebrais e perspicazes auxiliares do petista Antônio Gomide na campanha para governador, admitiu, num programa de rádio, que nem que vaca tussa em grego arcaico Iris Rezende terá condições de derrotar Marconi Perillo. Morgantini é anti-Marconi, mas é um analista racional e, às vezes, preciso. Além de ter um humor ferino e fino, como se fosse um britânico.
Um peemedebista tem uma teoria curiosa sobre Iris Rezende: “O nosso líder maior passa a impressão de que é incapaz de ouvir as pessoas. Seus ouvidos parecem tapados e ele só faz aquilo que quer. Pode ser um motivo de suas três derrotas eleitorais”.
Paulo Faria, marqueteiro, psicólogo e ator, e Pedro Novaes, geógrafo, conseguiram um feito: Iris Rezende perdeu, ao menos parcialmente, aquela cara de Urtigão do Cerrado e está com o rosto mais ameno e menos carrancudo. Mas a pancadaria excessiva, sem fatos comprovados, continua. Neste sentido, Iris, com o apoio de Jorcelino Braga — os dois disputam qual odeia mais o governador Marconi Perillo (um psicanalista diria que isto é amor, e até profundo) —, não ouve os marqueteiros que cobram moderação e uma campanha propositiva.
A tese de Iris Rezende é que, como a vaca já foi para o brejo, vai aproveitar para atacar o governador Marconi, gratuitamente, única e exclusivamente para provocá-lo e irritá-lo. Fica-se com a impressão de que o peemedebista-chefe está brincando de fazer política. Iris Rezende e Jorcelino Braga querem morrer abraçados, como em 2010. É o velho e indesejável abraço dos afogados.
Perguntinha solerte: o político que roubou 5 milhões de reais da Caixego era do PMDB ou de outro partido? Um livro que está sendo escrito por um jornalista vai contar toda a história da Caixego, dando nomes aos bois, sem dó nem piedade. Um peemedebista-sênior vai dizer: “A Justiça absolveu o acusado”. Vale acrescentar que às vezes culpados são inocentados — desde que se tenham bons advogados.
Na semana passada, Adriana Accorsi disse, a duas pessoas, que não renega o apoio do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, mas atribui a sua votação excepcional, mais de 40 mil votos, ao seu trabalho como delegada da Polícia Civil. Adriana Accorsi, do PT, já está sendo chamada de “a delegada Waldir de saia”. Ela não se importa com isso, mas prefere ser chamada de “a Brigitte Bardot da política goiana”. A deputada estadual eleita pretende disputar a Prefeitura de Goiânia — se contar com apoio amplo. Ela gostaria, por exemplo, ter um vice do PMDB.
A questão da segurança pública preocupa tantos os goianos que três delegados da Polícia Civil — Waldir Soares (federal), João Campos (federal) e Adriana Accorsi (estadual) — e um policial militar, o Major Araújo (estadual), foram eleitos para deputado.
A Polícia Militar lançou candidatos em excesso para deputado estadual e todos foram derrotados, exceto um, o Major Araújo, apontado como um dos parlamentares mais combativos por seus próprios pares. Falem mal ou bem do Major Araújo, mas ele é atuante e posicionado. Os militares gostam disso.
Não há a menor dúvida de que Manoel de Oliveira usou o assassinato de seu filho, Valério Luiz, para ser o candidato a deputado estadual mais bem votado desta eleição. Porém, Manoel de Oliveira não pode esquecer que, noutro pleito, recebeu uma votação monstro, mas, com uma atuação apagada e folclórica na Assembleia Legislativa, foi derrotado na eleição seguinte, recebendo uma votação pífia. A morte brutal de Valério Luiz merece a condenação de todos e os mandantes e executantes devem pegar as penas mais altas possíveis.
Prova de que o deputado federal Vilmar Rocha é um político diferenciado, moderno e nada rancoroso: o presidente do PSD perdeu a eleição para senador, depois de obter uma votação consagradora, mais de 1 milhão de votos, mas não anda lamentoso pelos cantos culpando os eleitores e os aliados. Nada disso. Vilmar Rocha é adepto da tese de bola para frente e afirma que só tem a agradecer aos eleitores e aos aliados. As pesquisas apontavam o parlamentar com menos de 20% das intenções de voto, mas, ao final, obteve quase 40%. É provável que, como mais dez dias de campanha, tivesse derrotado Ronaldo Caiado. Político moderno, democrático, Vilmar Rocha não tinha rejeição alta. Seu problema, até o final da eleição, é que não era muito conhecido do eleitorado. Este não chegou a avaliá-lo com precisão. Na medida em que eram acessados ou tocados pelas ideias de Vilmar, e pelo seu comportamento de democrata, os eleitores começavam a avaliá-lo positivamente. Na campanha, muitos sugeriram que o líder do PSD abaixasse o nível, mas ele disse “não” todas as vezes em que era instigado. Vilmar, civilizado e refinado, não aceita campanha afeita aos mais baixos instintos. Como qualquer político, ele queria e quer eleito, mas não a qualquer custo. Este é o verdadeiro e admirável Vilmar — um político de bem e do bem. Daqui a quatro anos, mais conhecido, Vilmar Rocha pode ser candidato a senador novamente.