Reza o velho dito popular que dois bicudos não se beijam. Por “bicudo”, entenda-se aquele que está sempre em atitude radical, que não aceita acordo, que precisa do dissenso e acha que fazer parte do consenso é aderir ao “sistema”.

Bolsonaristas têm como particularidade serem “bicudos”, pois estão sempre em atitude de combate, descontentes mesmo quando poderiam (ou deveriam) estar em harmonia. Basta ver como se portou no cargo de presidente, durante quatro anos, o “fundador” do movimento: Jair Bolsonaro (PL) só fez acordo com quem consentiu ao que ele queria e a quem via o mundo da mesma forma que ele. Por isso, o bolsonarismo, ao contrário de outros agrupamentos de direita e de esquerda, tende a se fechar em si mesmo e “cultuar” um único líder.

Magda Mofatto não foi formada no bolsonarismo. É empresária consolidada, claramente de direita, mas não se “encaixa” na bolha, ainda que dela tenha participado por causa da grandíssima influência do bolsonarismo nos últimos anos.

Estava há dez anos no PL. Entretanto, era natural que, assim que Bolsonaro se colocasse como protagonista do mesmo partido que a deputada, seu pessoal passasse a ser escanteado em prol dos mais extremistas. Assim, a saída de Magda e de seu marido, Flávio Canedo – que já havia sido preterido na direção estadual em prol do então deputado federal Vitor Hugo, o que foi estopim de brigas que agora ficam escancaradas – foi uma consequência natural.

Ao assinar uma carta de anuência, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, acaba por dar razão a Magda Mofatto e seu marido. Para onde irá o casal? Provavelmente para algum partido médio de direita em que possam chegar “por cima”, com direito a poder sobre os diretórios municipais.

E o PL, como fica? Com os “bicudos” que restarão – ainda muitos, e que continuarão não se beijando. Muito pelo contrário…