Por Thiago Araújo

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PRF registra 49 acidentes com seis mortes em BRs que cortam Goiás no final de semana

Comparando os primeiros dias do mês de julho com o mesmo período do ano passado, o número de vítimas fatais nas rodovias federais cresceu mais 30%

Um romance, se assim o leitor quiser

Mostrando grande habilidade no manejo com a linguagem,  Luiz Ruffato mescla ficção e realidade para contar a história de personagens desiludidos e, de certo modo, resignados quanto ao rumo que o destino lhes deu

[caption id="attachment_9664" align="alignleft" width="1008"]Cultural_1885.qxd Luiz Ruffato: estilo escorreito e econômico, sem resvalar para a aridez vocabular[/caption]

Carlos Augusto Silva Especial para o Jornal Opção

“Flores Artificiais”, de Luiz Ruffato, só é um romance, na concepção tradicional da palavra, se assim quiser o leitor que por ele se aventurar. Trata-se de um conjunto de histórias independentes que, em um olhar de superfície, tem como único elemento de ligação o fato de serem todas conduzidas por um mesmo narrador. Lembra um pouco a estrutura de “Os Inocentes”, de Hermann Broch, na qual histórias independentes foram reestruturadas de modo a se tornarem parte de um todo. Distancia-se da perspectiva de “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, de “romance desmontável”, dada a possibilidade de se poder ler, no caso do livro de Graciliano, cada um dos capítulos como narrativas independentes.

Na obra de Ruffato, desde o seu início, com uma apresentação na qual o autor se pronuncia, quebrando o que Henry James chamaria de pacto ficcional — segundo o qual o leitor deveria tomar por verdade absoluta o que lhe é contado e o autor deveria praticamente desaparecer do imaginário daquele que lê —, vemos que o livro não seguirá o molde clássico de romance.

“Flores Artificiais” é o resultado de memórias que lhe foram enviadas por um engenheiro, Dório Finetto, funcionário do Banco Mundial, sujeito de vida errante, que não fixou raízes em nenhuma cidade ou país. Suas memórias, sem qualquer cuidado de estilo, foram enviadas para Ruffato para que este delas se desfizesse ou as transformasse em literatura. Dório, que enviou as memórias para Ruffato, reconhece que, para ser literatura, é necessário mais que enredo: o autor não lhe priva dessa lição. Sentencia: “assunto demandando estilo”. E disso nasce o “romance”, que grosso modo poderia ser assim resumido: oito narrativas apresentadas por esse viajante, sempre a trabalho, nas quais apresenta pessoas que lhe rendem histórias para contar.

A apresentação inicial, coisa pouco usual para um livro de ficção, que pode sempre soar como um “senão” preventivo do autor com forte tendência a levá-lo a uma redundância não planejada, não tem efeito negativo no livro. Pelo contrário, justifica-se e recebe uma nota a mais de harmonia quando, nas páginas finais, o autor volta a aparecer, literalizando, em um capítulo que é bem nominado de “Memorial descritivo”, a vida de Dório Finetto.

As narrativas, por mais que sejam aparentemente parte de um todo apenas pelo fato de serem contadas pela mesma voz, têm mais fatores de unidade, que acabam dando ao livro organicidade, harmonia quanto à forma e ao conteúdo, mostrando grande habilidade no manejo com a linguagem por parte do autor.

Todos os personagens apresentam desilusão quanto à vida, e estão, de certo modo, resignados quanto ao rumo que o destino lhes deu. A presença do narrador diante dessas personagens é tímida, ressaltando seu aparente aspecto de escada para que a história das figuras com as quais se encontrou possa aparecer, o que em alguns casos leva a um discurso demasiado longo por parte das narrações feitas pelos personagens a esse interlocutor que, diante das cenas que lhe são contadas, simplesmente desaparece. Um discurso indireto, que desse mais voz ao narrador, poderia conferir ao texto menos rememorações com aspecto de monólogo que leva o texto a uma quebra de verossimilhança — quem, em um bar, ficaria horas calado diante de um estranho ouvindo uma história, de forma ininterrupta, que não lhe é familiar, por mais que seja esse ouvinte interessado em histórias, digamos, exemplares?

Outro aspecto de unidade do livro é que os personagens, de alguma forma, são expatriados, tal como o narrador, e voltam ao passado para terem seus momentos catárticos. O interesse pelo outro é o motor das narrativas, que torna o íntimo matéria de interesse. Isso os coloca também em um clima de encontro com a solidão, porque, sendo os personagens dotados de histórias que se revelam somente quando encontram alguém que se interesse por elas, e sendo esse ouvinte alguém sem raízes e declaradamente sozinho, que, caso morresse, como ele mesmo diz, não seria chorado por ninguém, revela-nos uma dupla enseada de solidão: quem ouve o faz porque é só, como quem conta o faz pelo mesmo motivo.

O texto de Ruffato é firme, com estilo escorreito e econômico, sem resvalar para a aridez vocabular. Ruffato não desliza ao apresentar personagens e ambientes de forma categórica e precisa, e assim o leitor é muito bem conduzido por um estilo que sabe de onde parte e para onde quer ir, e especialmente de que forma chegar lá. É um trabalho de linguagem amadurecido e consciente dos instrumentos de que faz uso para atingir o seu efeito, e por isso merece ser lido.

Carlos Augusto Silva é crítico literário.

via Revista Bula

Bem-vindo à sua realidade, Brasil

À ascensão da bola deu-se concomitantemente o apagão social da crítica. Agora, a bola vai embora. Com o fim da Copa, espera-se que a luz volte à cabeça das pessoas [caption id="attachment_9692" align="alignleft" width="616"]Dilma Rousseff, agora retomando o lugar de Felipão no comando das ações: cada um com seu tigre de papel | Foto: Fotomontagem Dilma Rousseff, agora retomando o lugar de Felipão no comando das ações: cada um com seu tigre de papel | Foto: Fotomontagem[/caption] Em 1950, o Brasil, até en­tão nada mais do que uma república das ba­nanas de tamanho continental aos olhos de Europa e Estados Unidos, curtia seu primeiro grande momento de autoafirmação geopolítica. O país vivia a euforia de sediar a Copa do Mundo de Futebol, que já era então a indiscutível paixão esportiva do País. O presidente era Eurico Gaspar Dutra e a capital, o Rio de Janeiro — Juscelino Kubitschek era apenas deputado federal e talvez sonhasse em ser presidente um dia, mas certamente não pensava em criar Brasília. A última Copa havia sido na França, em 1938. O Brasil tinha feito ótima campanha, comandado por Leônidas da Silva e Domingos da Guia, e tinha chegado ao 3º lugar. O evento quadrienal não pôde ser realizado em 1942 e 1946, por causa dos horrores da Segunda Guerra Mundial e suas consequências. A Copa do Mundo de 1942 não foi disputada, mas Brasil e Alemanha haviam se candidatado a sediar o evento. A competição foi cancelada antes que houvesse a escolha do país-sede e muitos dos atletas acabaram por servir o Exército de seus respectivos países, e até mesmo morrer, na guerra. Para 1950, o Brasil usou o argumento de ter se candidatado a sede para 1942. A outra candidata, a Alemanha, estava suspensa pela Fifa até segunda ordem. O Mundial foi preparado sem muitas críticas contrárias internas e, com apenas 13 participantes e grandes jogadores brasileiros em atividade — Zizinho e Ademir Menezes eram as maiores estrelas —, a expectativa era da ratificação do sucesso total, com a apresentação do País ao mundo como cartão-postal e campeões mundiais. Como se sabe, o Uruguai furou o script. O gol de Ghiggia foi o ponto fora da curva preparada para a exposição nacional como gigantes do mundo do futebol. O Brasil entrou no Maracanã no dia 16 de julho como campeão do mundo e o deixou como portador do complexo de vira-latas. Sessenta e quatro anos depois, o Brasil voltou a ser sede de uma Copa do Mundo. Ao ser escolhido como local do evento, em 2007, não havia guerra que ameaçasse o evento. Um revezamento de continentes pela Fifa e a crise em vários dos possíveis concorrentes na América, entre eles a Argentina, facilitou para que o nome do Brasil fosse facilmente escolhido. Era o que bastava para coroar mundialmente o governo Lula, que então navegava na onda positiva da economia global. Ainda não tinha ocorrido a crise imobiliária nos Estados Unidos, que iniciaria um movimento de recessão que afetaria o País muito mais do que uma “marolinha”, como definiria o então presidente. O país do futebol, já pentacampeão, organizou uma Copa debaixo de contestações internas, com protestos e acusações de superfaturamento das obras, e a desconfiança externa, notada principalmente por meio dos inúmeros puxões de orelha feitos pela entidade-mor, a Fifa, por conta dos sucessivos descumprimentos de prazos. Com 12 novos estádios, os mais caros da história dos Mundiais, a competição encerra-se neste domingo. O palco da final é de novo o Maracanã, mas em campo não estará o Brasil. Uma seleção medíocre, com planejamento, convocação, treinamentos e modelo tático malfeitos, chegou até mais longe do que devia. Mas teve tempo de manchar sua história: o 7 a 1 sofrido para a Alemanha será, de agora em diante, uma tatuagem feita, em tamanho maior, sobre a do Maracanazo. Se em 1950 o Brasil não conseguiu a glória de passar a reinar no futebol, em 2014 perdeu, do modo mais humilhante — em casa e de goleada —, o status de rei do gramado. Pelos relatos da época, hoje não há nada perto do que foi a comoção de 1950. Um dos motivos talvez seja porque o brasileiro atualmente sabe que o maior motivo para preocupação ainda está por vir e não tem nada a ver com o desempenho nas quatro linhas: a expectativa para a economia brasileira o Brasil a partir de 2015 é catastrófica. A maioria dos especialistas mais respeitados prevê que o País vai entrar em declínio, especialmente após outubro passar e as urnas, como a Copa, também forem coisa do passado. A conta a pagar será bastante amarga, mas menos por conta de estádios que certamente virarão elefantes brancos do que pela maquiagem engendrada para evitar que viesse à tona a realidade da situação econômica em uma ocasião pouco propícia aos interesses do governo. É bom ressaltar que a grande mídia cooperou com isso: os olhos inevitavelmente voltados para a Copa fizeram com que as grandes questões nacionais fossem para debaixo do tapete das salas de imprensa. Assim, o caos na saúde, o aumento da violência, o escândalo da gestão da Petrobrás, tudo isso deixou de ser pauta. Representados por 58 mil pessoas no Mineirão, 200 milhões de brasileiros aguardavam ansiosos a conquista da vaga na final da Copa. Cada gol da Alemanha foi como um tapa para fazer acordar o torcedor da ilusão de que apenas a motivação, juntamente com improviso e “alegria nas pernas” — expressão usada pelo técnico Luiz Felipe Scolari para definir o estilo de Bernard, o garoto escolhido para substituir Neymar no jogo decisivo —, seria suficiente para vencer o poderio do adversário. Foram sete golpes que fizeram uma realidade dura aparecer: não havia craques, não havia esquema tático, não havia planejamento, não havia trabalho eficiente da comissão técnica, enfim, não havia nada que sustentasse o tigre de papel chamado seleção brasileira. Resta saber o que espera a população brasileira quando a Copa eleitoral acabar. Vença quem vencer, sem mais nada a perder ou a ganhar, o governo federal deve se tornar, então, convenientemente mais transparente. Aflorarão todas as nuances então escondidas. E o 7 a 1 da tarde-noite no Mineirão poderá estar materializado de formas mais concretas e brutais do que o fim do sonho de um hexa. A realidade, quando ofuscada, um dia reaparece. Nada fica oculto a ponto de nunca tornar à luz. Mais: algo até então escondido, sufocado, quando ressurge costuma vir de forma avassaladora. Assim é o sentimento de derrota, a autoestima aniquilada pela taça que viria e não vem mais. As consequências desse humor agora ainda são indefiníveis. À ascensão da bola deu-se concomitantemente o apagão social da crítica. Agora, a bola vai embora. Com o fim da Copa, espera-se que a luz volte à cabeça das pessoas. E que o brasileiro deixe de ser torcedor e se torne cidadão. A pátria de chuteiras já tirou a bandeira verde-amarela do capô do carro e da sacada do apartamento. Nunca, de fato, em um pós-Copa, o patriotismo nacional avançou além do âmbito esportivo. A esperança é de que o espírito das manifestações do ano passado, que ficou dormente durante as semanas do Mundial, esteja ainda pronto a aflorar para participar de fato da discussão eleitoral e registrar sua marca no destino do País. Seria, isso, uma boa nova para enfrentar a realidade difícil que virá.

Vexame, fiasco, vergonha e humilhação

Ao invés de arenas de rodeio e estádios suntuosos, ou o hexacampeonato (que vai sendo adiado pela nossa incompetência de jogar bem em casa), deveríamos sonhar mesmo com de salas de aula e bibliotecas, erguer o caneco do índice de leituras e de alfabetização

Ronaldo Cagiano Especial para o Jornal Opção

O vexame, o fiasco, a vergonha e a humilhação do oito de julho já vieram tarde. Há muito o povo brasileiro me­­recia essa surra. Depois da Se­gunda Guerra Mundial, foi o maior holocausto imposto a um povo.

A nação brasileira precisa de­ter-se no essencial, no que realmente importa, não na ilha de fan­tasia do milionário e corrupto fu­tebol brasileiro, com seus cartolas miliardários e jogadores ídolos de barro, que jogam sem suar a ca­misa, sem amor à arte, mas com os olhos nos contratos milionários.

Não precisamos de neyMAR­KETING Jr. Não necessitamos de daviDOLAR Luiz. Muito menos de feliPROPAGANDA Scolari ou de freDINHEIRO ou de imperadores de araque, como Júlio César (que não impedem a derrocada desse império sujo do futebol de várzea que jogaram).

[caption id="attachment_9634" align="alignleft" width="300"]Cultural_1885.qxd Foto: Jefferson Bernardes/VIPCOMM[/caption]

Se precisamos de atletas com espírito esportivo (como foram um Garrincha, um Pelé, um Nil­ton Santos e um Barbosa), tanto mais almejamos vencer outro campeonato. Golear as carências e construir mais escolas, hospitais; ao invés dos bilhões para novos templos do futebol, verbas para segurança, estrada, emprego, saneamento, moradia popular.

Venho dizendo há tempos que o Brasil vai se mediocrizando há décadas e a passos largos, nivelando tudo por baixo. E o sintoma disso é tanto o futebol anêmico como temos praticado (ganhamos as últimas Copas sem brilho e sem jogadas inteligentes), como nas artes e na política, esta apequenada, da negociata e do escândalo (esse o padrão FIFA a que estamos sendo condenados?).

Um país que dá mais valor ao futebol e ao Pedro Bial; à tv e ao BBB; que enche estádios para ver Michel Teló, Luan Santana, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Daniela Mercury ou entra em delírio diante da profusão de duplas sertanojo; que lota praças num transe demencial para assistir à manipulação estelionatária e mercenária das pregações evangélicas, esse país está fadado a se bestializar cada vez mais.

Ao invés de arenas de rodeio e estádios suntuosos, ou o hexacampeonato (que vai sendo adiado pela nossa incompetência de jogar bem em casa), deveríamos sonhar mesmo com de salas de aula e bibliotecas, erguer o caneco do índice de leituras e de alfabetização, orgulhar-se do diploma de um curso bem concluído e da qualificação profissional. No lugar de templos evangélicos e presídios, precisamos semear livros e cultura de qualidade. Mais salas e menos celas. Mais educadores e menos pastores. Mais Paulos Freires e menos Edir Macedo. Mais Pestalozzis e menos Marcelo Rossi.

O nosso jogo é contra a miséria, a ignorância. É para driblar a po­­breza de espírito, a falta de e­ducação (que vaiou equipes ad­ver­sárias nos estádios). É para dar um olé na péssima condição da saú­­de e do ensino público, da in­se­gurança. É para derrotar a a­liena­ção e o provincianismo de to­das as classes que dominam o país.

É tudo isso que nos avilta e humilha mais que a goleada germânica sobre a seleção macunaíma. O que empobrece e nos joga ainda mais no esgoto da civilização são os salários nababescos desses jogadores (a maioria sequer sabe usar o plural ou colocar corretamente um pronome), enquanto um professor, um médico do SUS, um policial, um gari, um trabalhador rural ga­nham uma miséria. Essa é a grande tragédia, não o Maracanazo de 1950 ou o Mineirazo de 2014. O Brasil da Copa, agora é um povo na Cova. Como diria Nelson Rodrigues, “o pior cego é aquele que só vê a bola”. Esse país que lê Paulo Coelho e Fábio de Melo, que ouve pagode e funk, só podia ser goleado por quem nos deu um Goethe e Thomas Mann; por quem tem Mozart e Beethoven na escalação de sua civilização.

Toma jeito, Brasil!

Ronaldo Cagiano é escritor.

Geografia na metrópole, na praia e no campo

Doutor  em Geografia pela Universidade Federal Fluminense, Tadeu Alencar Arrais fala  sobre o polêmico projeto de desafetação de áreas públicas em Goiânia e sobre o seu novo livro, “Morar na Metrópole, Viver na Praia ou no Campo”

[caption id="attachment_9652" align="alignleft" width="784"]Foto: Fernando Leite/Jornal Opção Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]

Ademir Luiz e Adriana Ap. Silva Especial para o Jornal Opção

Um dos maiores clássicos da literatura geográfica é o livro “A Ge­o­grafia: Isso Serve, em Pri­meiro Lugar, Para Fazer a Guerra”, do francês Yves Lacoste. Em Goiás, um dos geógrafos mais aguerridos é Tadeu Alencar Arrais, Professor Associado do IESA-UFG e Coor­denador da Rede Goiana de Pes­qui­sa em Desen­vol­vimento Regional e Análise da Informação Geográfica. Com graduação e mestrado em Geografia pela UFG e doutorado em Geo­gra­fia pela UFF (RJ), Tadeu Arrais é conhecido pela personalidade forte e, principalmente, pela seriedade e rigidez com que desenvolve suas pesquisas. Intelectual ativo e antenado, sendo bolsista nível 2 do CNPq, está lançando pela editora da UFG o livro virtual “Morar na Metrópole, Viver na Praia ou no Campo”. Nessa entrevista Tadeu Arrais fala de sua participação na polêmica sobre o projeto de desafetação de áreas públicas em Goiânia (PL-50), a distância entre a universidade e o poder público, o mercado imobiliário, educação geográfica, o fenômeno da difusão dos condomínios fechados e conta os motivos que o levaram a desistir da literatura. O livro que Tadeu Arrais está lançando en­con­tra-se disponível gratuitamente no link: (http://bit.ly/1ogJQvb).

Ademir Luiz — O projeto de desafetação de áreas públicas de Goiâ­nia (PL 50) foi aprovado na câ­mara de vereadores em votação realizada do dia 13 de maio de 2014. O senhor foi o principal crí­tico e opositor dessa proposta, en­cabeçando inclusive um abaixo-assinado contra ela. Agora que a desafetação é uma realidade, em­bora alguns vereadores de oposição estejam levando o caso à justiça comum, quais seriam as consequências imediatas para a cidade?

Temos que pensar o impacto em duas escalas. O mais imediato é para a escala dos bairros que perderam a possibilidade de construção de equipamentos públicos de lazer, bem como de receber infraestrutura de serviços públicos, como escolas e postos de saúde. Além disso, a verticalização, em todos os bairros, provocará prejuízos irreparáveis ao trânsito e, especialmente, ao meio ambiente. O segundo impacto é na escala da cidade, de forma geral, uma vez que esse tipo de procedimento abre precedentes para novas desafetações em grande escala. Veja. Estamos tratando de mais de 200 mil metros quadrados. Na verdade, o governo municipal quer financiar a política urbana com a venda de ativos pú­blicos. Imagine uma dona de casa que, a cada crise financeira, re­sol­va vender um cômodo de sua residência para complementar o custeio mensal. O que sobrará para o fu­turo? É muito sério. De­zenas de bairros de Goiânia não têm se­quer uma área pública e a população, basta observar o perfil demográfico, necessitará cada vez mais dessas áreas. Veja um exemplo sintomático da falta de compromisso com o futuro: existe uma área no setor Bueno de 4.795,06 m2 que será doada. A SMT (Se­cre­ta­ria Municipal de Trânsito) ne­ces­sita de uma sede. Pergunta: se­rá que ninguém percebe que aquela área no Setor Bueno, de excelente localização e acessibilidade, é um espaço ideal para sede da SMT, assim como para a Guarda Civil? Não. É melhor gastar com aluguel do que melhorar as condições de trabalho da Guarda Civil e dos agentes de trânsito.

Ademir Luiz — Alguns dos partidários da desafetação afirmam que os argumentos dos opositores são mais emocionais do que técnicos. Como o senhor se posiciona frente a essa acusação?

Concordo em parte. É claro que também são emocionais. Quem não se emociona ao ver um campo de várzea, única opção de lazer da garotada, ser destruído? Quem não se emociona ao ver uma praça construída por um idoso com recursos de sua aposentadoria ser vendida? Também compreendo que alguns vereadores não entendam os argumentos técnicos e isso tem uma explicação simples: não conhecem o Plano Diretor. Não se importam em ler, em estudar as leis que regulam o uso e a ocupação do solo. Leis aprovadas naquela casa. É mais fácil fazer discurso e ceder às cotidianas chantagens do Paço Municipal do que olhar para o futuro e preservar os espaços públicos. O argumento comum foi que precisamos desse recurso para fazer obras nos bairros. Alguns até disseram que a UFG é elitista, que não compreende as demandas da população. Pura chalaça. Um pequeno exemplo. O PL-50 não autoriza apenas a venda, permuta ou doação de áreas, mas também transforma, automaticamente, essas áreas em PDU-I (Projetos Urbanos Diferen­ciados), o que resulta, em síntese, na autorização para verticalização total dessas áreas. Sem essa transformação, uma afronta ao Plano Diretor, essas áreas não teriam interesse algum para o mercado imobiliário. Bingo. Então quem atende aos interesses da elite? A UFG ou o governo municipal que apoiou integralmente o PL-50? Em nosso relatório apontamos que apoiaríamos a destinação dessas áreas para moradia popular, mas nem isso sensibilizou os vereadores da base, mesmo porque a população pobre, jamais, poderá residir nas regiões nobres da cidade, não é mesmo? Quem poderá adquirir aquela área de 60.632,62 m2, no Portal do Sol? Assim responderam os representantes do governo municipal que estiveram presentes na audiência pública: “Qualquer um!”. Não sei em que cidade eles vivem.

Adriana Ap. Silva — Durante o desenrolar da votação do projeto de desafetação das áreas públicas em Goiânia, ficou evidente o distanciamento de opiniões entre a academia e o pensamento da maior parte dos representantes públicos desta cidade. Como promover o diálogo entre a administração pública e a academia?

Sou cético em relação ao diálogo. Vamos lembrar. O prefeito é egresso da UFG e não é a primeira vez que o IESA se manifesta contra a sua política urbana. Ele até fez visita ao novo reitor. Apenas um protocolo. Um dos vereadores do PT que defendeu o PL-50 foi aluno do IESA. Então não posso dizer que existe alguma ponte entre o governo municipal e o IESA. E por que isso acontece? A chantagem é o macro componente da atual política do governo municipal e o maniqueísmo é a forma discursiva que procura, por exemplo, classificar aqueles que hoje são contra venda de áreas públicas (esse é só um exemplo) como intelectuais conservadores e patrimonialistas. Não podemos ser ingênuos. A arena da pesquisa, da técnica, é distinta da arena da intervenção política.

Ademir Luiz — Qual foi o papel desempenhado pelo Ministério Público na questão da desafetação, considerando que o projeto partiu da assinatura de um termo de ajuste de conduta entre o MP, na pessoa no promotor de justiça Maurício José Nardini, e a prefeitura de Goiânia?

O Ministério Público tem um parecer técnico, muito bem elaborado, que condena a natureza do primeiro projeto de desafetação. Quando digo natureza, refiro-me a concepção de financiamento da política urbana. Agora, diante desse debate, confesso que causa estranheza o silêncio do Ministé­rio Público que tem, historicamente, lutado com afinco pelos interesses da comunidade. É bom citar a parte final do relatório do Ministério Público que foi contundente em relação ao projeto de desafetação: “Confi­gura-se, sem sombras de dúvidas, que o sr. prefeito agiu com dolo, com vontade e consciência, posto que propôs Projeto de Lei que vai de encontro com todo o Regime Democrático de Direito, chocando-se com as normas constitucionais, os direitos e garantias fundamentais da participação, da publicidade. Ao propor um projeto que desobedeceu frontalmente as normas legislativas insculpidas na Lei 10.257/01, agiu livremente, sem qualquer tipo de vício em sua vontade ou mesmo sem previsibilidade: o sr. Paulo Garcia elaborou o projeto com o propósito, único e exclusivo, de dilapidação do patrimônio público, de retirar do domínio do Município 33 (trinta e três) áreas públicas, que, em razão de manobras evasivas, antidemocráticas e de moralidade questionável por parte da Câmara Municipal, resultaram na verdade na perda de 70 (setenta) áreas públicas”. As diferenças entre o PL-224 e o PL-50 são apenas formais, não mudando, em minha opinião, o conteúdo da ação e os prejuízos para a coletividade.

Ademir Luiz — Após a aprovação do PL-50, o senhor liderou uma campanha na qual se pretendia construir alguns equipamentos públicos nos terrenos previstos para venda. Pareceu-me mais uma forma de marcar posição do que necessariamente a invasão desses terrenos, até pela proporção das ações tomadas, mas mesmo assim o movimento foi reprimido pelo poder público. Como foi isso?

Essa ideia surgiu, na realidade, sem pretensões, em um grupo da comunidade, liderado por uma moradora chamada Ludmila. Em cinco dias, em parceria com uma arquiteta chamada Maria Ester, fizemos o projeto urbanístico, coletamos doações, mão-de-obra, equipamentos, máquinas e mobilizamos a comunidade. A logística foi perfeita. Veja que estamos tratando de uma área de 10.000 m2, com cobertura de pastagem, de difícil manejo. Então o que a comunidade fez nesse curto período? Uma pista de caminhada no perímetro da área, de aproximadamente 1.100 metros. Um playground para as crianças, com alguns bancos e brinquedos doados. Um campo de futebol para as crianças da região. A limpeza total do terreno e o plantio de aproximadamente 150 mudas, com orientação de agrônomos da UFG. Para nossa surpresa, por volta das 10 horas da manhã, chegou o secretário de fiscalização do município. Segundo declarou para um jornal local, a comunidade já estava sendo “monitorada”. Achei isso engraçado. Nunca pensei que fosse um subversivo. Como esse governo gasta energia com coisas pequenas. O secretário implicou com um memorial de 1m X 0,80 cm e chamou a polícia militar para tentar intermediar a conversa e derrubar aquela “obra” que feria o Código de Posturas. Ora, o nosso Código de Posturas é rasgado pelo governo municipal todos os dias da semana. Quando percebeu que não recebeu o apoio devido da polícia militar, que não reprimiu de forma alguma o movimento, o secretário chamou os fiscais que passaram a notificar a comunidade. Uma forma pou­co inteligente de intimidação. Nada disso era necessário. Repito. O prefeito Paulo Garcia deveria ter orgulho dessa comunidade que demonstrou compromisso com o espaço público. A resposta do governo, para todos os jornais, é que o assunto do PL-50 foi amplamente discutido nas comunidades. Se alguém da prefeitura disse isso, é mentira. Já passei da idade de eufemismos. É mentira. As duas audiências públicas não ocorreram com a presença das comunidades e mesmo assim todos foram contra o PL-50. Então, além de não ter nada de sustentável, essa gestão perde, a cada dia, seu verniz democrático. A comunidade espera que o prefeito reverta a situação e não recorra da decisão judicial que impede a venda. Não sou otimista, mas se isso ocorrer pode ser o início de um novo relacionamento da prefeitura com aquela comunidade. De qualquer forma foi uma excelente experiência.

Adriana Ap. Silva — No Blog “Necrópole”, o senhor reúne textos que tratam do que entende como a “Derrota política de Goiânia”. O que o motivou na criação deste blog? O senhor considera um espaço de informação, denúncia ou desabafo?

Um colega disse que o site “Necrópole Goiânia” era uma provocação. Discordo. Provocação é observar calçadas entupidas de carros, ruas sem sinalização, praças depredadas, lixo na rua, som automotivo que não permite o sono diário, enfim, um repertório interminável de experiências negativas que ferem o Código de Posturas Municipal. Então, “Necrópole” é uma modesta resposta a esse tipo de provocação diária. Sei que esse governo não é o único culpado pela situação deplorável, do ponto de vista do espaço público, de nossa cidade. Enfim, “Necrópole” é hi­pér­bole pura. Uma forma de homenagear o grande historiador Lewis Mumford.

Ademir Luiz — O senhor está lançando pela editora da UFG o livro virtual “Morar na Metrópole, Viver na Praia ou no Campo”, resultado de seu pós-doutorado. O título é significativo e sutil, tendo sido construído de maneira a defender que é possível morar na metrópole, mas só se vive realmente na praia ou no campo. O senhor propõe um estudo comparativo entre as regiões metropolitanas de Fortaleza e Goiânia. Quais foram os resultados principais da pesquisa?

[caption id="attachment_9650" align="alignright" width="300"]Morar na Metrópole, Viver na Praia ou no Campo Morar na Metrópole, Viver na Praia ou no Campo[/caption]

O livro tem como foco de estudo o que chamamos de segunda residência. O estudo dessa temática, tradicionalmente, foi mais destacado para as áreas litorâneas, processo adjetivado de veraneio. Para se ter uma ideia, no Brasil, segundo dados do IBGE, em 2010, existiam 3.932.990 domicílios de uso ocasional. Só nas regiões metropolitanas existiam, em 2010, 1.402.388 domicílios de uso ocasional. Esses domicílios, geralmente, estão localizados em áreas próximas às grandes metrópoles, já que esses espaços, por assim dizer, exercem o controle fundiário de áreas com amenidades ambientais: espaços litorâneos, áreas serranas, balneários. Então o problema que se coloca é o seguinte: em um país com déficit habitacional, qual o impacto da expansão do mercado de segunda residência para o conjunto da sociedade? Partimos do princípio que, além do controle fundiário exercido por atores localizados nas metrópoles, esse padrão de expansão causa problemas para os municípios periféricos, especialmente na regulação do solo urbano. Nossas pesquisas apontam que na Região Metropo­litana de Goiânia, no formato de condomínios de chácaras, foram convertidos mais de 25 milhões de metros quadrados de áreas. E por que esses condomínios estão localizados nos municípios periféricos? São três motivos, em especial. O grande estoque de áreas rurais, a pouca regulação do uso do solo por parte dos municípios periféricos e a proximidade dos eixos rodoviários que garantem acesso aos condomínios. Assim, as áreas rurais estão sendo convertidas, algumas irregularmente, em condomínios que não cobram IPTU, ITU e, consequentemente, poucos contribuem com as receitas tributárias municipais.

Ademir Luiz — O livro apresenta uma apurada reflexão sobre o mercado imobiliário. Em determinado momento, o senhor estabelece que o “Estado é o principal ator na análise”, explicitando as relações entre a administração dos espaços urbanos e os “atores ligados ao mercado imobiliário”, demonstrando o quanto estão amalgamados. Como essa perspectiva pode ser compreendida no cenário goiano?

Acho que esse cenário é uma característica, em menor ou maior grau, da maior parte das cidades nos vários continentes. Veja, por exemplo, o livro Mike Davis, “Cidade de Quartzo”, sobre Los Angeles. O Estado, de forma geral, é o responsável pela regulação do uso do solo urbano. Entretanto, nessa arena política, os atores do mercado imobiliário determinam as decisões sobre o ordenamento do solo urbano, a exemplo da política de zoneamento. Em Goiânia assistimos isso com as sucessivas mudanças no Plano Diretor. Lutar contra essa tendência exige, dos demais grupos de atores sociais, muita organização.

Ademir Luiz — Em seu novo livro o senhor retoma a questão dos condomínios fechados que “estão incrustrados em espaços distantes dos núcleos urbanos, dispersos em áreas rurais e/ou de expansão urbana, protegidos por muros e/ou alambrados”. Em um trabalho anterior, o artigo “Goiânia: as imagens da cidade e a produção do urbano”, o senhor chama atenção para o contrassenso representado pela expansão dos condomínios fechados, que vendem ao mesmo tempo o isolamento e um retorno ao espírito campestre, justamente em uma cidade que se pretende ecologicamente correta, a cidade do verde e das flores. Como explicar esse fenômeno? É um tipo de “espetacularização do lugar”, considerando que usou um trecho de Guy Debord como epígrafe do novo livro?

Debord é um especialista em sínteses. O espaço tornou-se, mais do que nunca, uma mercadoria vendida aos pedaços. Há uma intencionalidade específica em relação às chamadas casas de campo, especialmente nos condomínios fechados. Vendem um “campo” que não existe, um “ambiente” fabricado pelo marketing imobiliário. Visite alguns desses condomínios e verá o seguinte: práticas urbanas, como som automotivo e manejo irregular de resíduos que nem de longe lembram um ambiente sustentável. A política de segurança, associado ao lazer, é outra propaganda. Cada uma dessas “amenidades” também gera despesas de custeio, o que, não raro, torna os condomínios desses “condomínios” mais onerosos que os condomínios localizados na capital. Mas o fundamental é que a maior parte desses condomínios colabora muito pouco ou não colabora para a economia desses municípios.

Ademir Luiz — Para além de sua produção acadêmica, o senhor escreve livros didáticos e paradidáticos, trabalhando, sobretudo, a Geografia de Goiás e do Distrito Federal. Qual o enfoque de seu trabalho nesse campo? Como instigar os jovens ao estudo da Geografia?

[caption id="attachment_9656" align="alignleft" width="300"]Foto: Fernando Leite/Jornal Opção Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]

O livro didático e o livro informativo (prefiro esse termo ao paradidático) exigem um tipo específico de atenção em relação aos conteúdos e, especialmente, a estrutura narrativa. Não é fácil fazer um bom livro didático e, digo logo, quem deve dizer se esse livro é bom ou não, certamente, é o professor e o aluno. Existem vários limites para produzir um livro didático. Para o PNLD, por exemplo, não tem como fugir dos padrões determinados nos editais, o que interfere, de algum modo, nos conteúdos. Atualmente, prefiro trabalhar com as editoras regionais, a exemplo da Cânone, que oferece mais liberdade ao autor. Mas o livro, quando consideramos a relação ensino-aprendizagem, é apenas um dos elementos no processo formativo e digo, em minha opinião, não é o mais importante. O mais importante é um professor bem formado e motivado. Não podemos reduzir o ensino de Geografia aos conteúdos do livro didático. O mundo, o cotidiano do aluno, é mais complexo e interessante que qualquer manual. Penso que o desafio não é, apenas, ensinar Geografia, mas, sobretudo, ensinar ciência de uma maneira geral. É incrível como a ciência está em toda parte. A ciência, desde a modernidade, foi concebida pelo signo da interrogação, da verificação, da experimentação, da curiosidade. E como representamos, de maneira geral, a ciência na escola? De uma forma bastante burocrática, com respostas prontas.

Ademir Luiz — Para terminar, em 1999 o senhor publicou dois contos no livro “O Professor Escreve sua História”, organizado pela professora Vera Maria Tietzmann. Um dos contos, “Ensinar geografia”, foi muito elogiado, enquanto o outro “A pimenta”, foi mote de uma polêmica com o jornalista José Maria e Silva. Ou seja, foram trabalhos discutidos, que chamaram a atenção. Posteriormente, em 2003, publicou o livro “Viagens do Brasil — Relatos da Gente”, que saiu pela editora Mercuryo Jovem. Embora a Geografia sempre tenha estado presente, foram, sem dúvida, experiências de narrador, de ficcionista. Pretende voltar a escrever ficção?

Engraçado lembrar-se disso. Um colega na universidade, muito tempo depois, mostrou a crítica do jornalista. Achei engraçada. Sugerir uma associação entre a “transgressão”, ficcional, narrada no texto e outras “transgressões maiores”, como o incêndio do índio pataxó, foi um exagero. Naquele momento notei que não tinha nenhum talento literário e que era melhor direcionar minhas energias ao estudo da Geografia.

Marconi afirma que não focará críticas a adversários

Governador Marconi Perillo: “Vamos fazer campanha propositiva” semana.qxd Dando continuidade a uma tradição, o governador Mar­co­ni Perillo (PSDB) iniciou a campanha para sua reeleição na semana passada com uma reunião política em Goianésia. Desde 1998, quando disputou seu primeiro pleito najoritário, o município é escolhido pelo governador para dar inícios aos seus trabalhos eleitorais. Quando ele começou a campanha naquele ano, aparecia com apenas 3% das intenções de votos nas pesquisas, mas, contrariando todas as expectativas, sagrou-se vitorioso nas urnas. Passados 16 anos, o quadro político mudou muito, e desde já o governador desponta como o favorito na corrida para o Executivo estadual. E o tucano afirma que pretende manter-se à frente ao não enfocar sua campanha em críticas aos concorrentes. “O nosso forte não será xingar os adversários. Não estamos aqui para perder tempo enumerando defeitos dos outros. Este não é o nosso foco. A população saberá identificar quem é quem e fazer as comparações necessárias”, declarou o governador. Ressaltando avanços de seu governo em diferentes áreas, Marconi disse que vai fazer uma campanha propositiva. “Estamos preparados para todos os tipos de debates.” O ex-prefeito de Goianésia Otávio Lage saudou o governador ressaltando o crescimento do município durante sua administração.

Produção industrial goiana é a 2ª em expansão no País

Goiás registrou o segundo maior a­vanço na produção industrial brasileira no mês de maio, se comparado a abril. Os responsáveis pela alta de 2,1% fo­ram as produções de alimentos, de biocombustível e de minérios. Os dados mos­tram que a economia goiana cresceu bem acima da média nacional, que foi negativa em -0,6%. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) na série com ajuste sazonal, Goiás ficou apenas atrás do Pará, que as­­sinalou expansão 4,2% em maio e 12,4% no acumulado. No acumulado de quatro meses, a economia goiana al­cançou 10,2%. Se comparado ao mes­mo período de 2013, a elevação foi de 4,2%. Outros Estados que registraram altas foram Ceará (1,2%), Paraná (1,1%), São Paulo (1,0%), Minas Gerais (0,5%) e Santa Catarina (0,3%). No que se referem aos indicadores da produção industrial dos últimos 12 meses, Goiás cresceu 3,3%.

Goiânia é a melhor cidade brasileira em poder de compras

O site Numbeo divulgou no dia 1º deste mês o Índice de Poder de Compra de 2014, o qual aponta Goiânia na melhor colocação entre as cidades brasileiras, com 75,8 pontos. Na tabela feita pelo site, a capital goiana ficou acima inclusive de Londres. O índice mede a quantidade de bens e serviços que os cidadãos das principais cidades do mundo conseguem adquirir com os seus salários, levando em conta os valores de transporte, alimento, moradia, utilidades e restaurantes. Em geral, o índice das cidades brasileiras está bem abaixo de cidades como Berna, na Suíça, que está em primeiro lugar com 160,1. Com apenas 7,3, os moradores de Port Moresby, em Papua Nova Guiné, possuem o pior poder de compra. Numbeo é um site onde os próprios usuários contribuem com dados de suas cidades e países.

Portaria proíbe entrada de policiais armados em boates

Os policiais militares e civis do Estado de Goiás estão proibidos de ingressar em casas noturnas e boates em posse de armas de fogo de propriedade do Estado de Goiás. Esta foi a resolução definida em portaria assinada pelo secretário estadual de Segurança Pública, Joaquim Mesquita, na quarta-feira, 9. A exceção é para os agentes que estão a serviço. A portaria nº1115/2014/SSP é similar à que foi adotada durante as duas últimas edições da Exposição Agro­pe­cuária de Goiás proibindo o in­gresso de agentes que estejam fo­ra do horário de trabalho em posse de armas que pertençam ao Estado. A exigência partiu da Associa­ção Brasileira de Bares e Res­tau­rantes em Goiás (Abrasel Goiás). Em entrevista, Joaquim Mesquita destacou a importância da medida para a sociedade goiana. “De fato, devemos restringir o máximo possível o ingresso de armas em espaços com maior aglomeração e consumo de bebidas alcóolicas”, disse. No caso de eventos, a proibição do uso de armas deverá ser solicitada por meio de uma portaria específica.

Morre o ex-candidato à Presidência Plínio de Arruda Sampaio

O ex-deputado e ex-candidato à Presidência da República pelo PSol, Plínio de Arruda Sampaio, faleceu na tarde de terça-feira, 8, aos 83 anos. Ele estava internado por cusa de um câncer ósseo havia um mês no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Plínio foi candidato à Pre­sidência em 2010. Ele obteve 886 mil votos, 0,87% do total, ficando na quarta colocação na disputa. Sua entrada na política se deu em 1962, quando foi eleito para a Câ­mara dos Deputados pelo Par­tido Democrata Cristão (PDC). Foi eleito deputado federal por seis vezes. Quando teve o mandato cassado durante a ditadura militar, exilou-se no Chile e nos Estados Uni­dos. Retornou em 1976 e ajudou na fundação do PT, em 1980. Desfiliou-se do PT em 2005, indignado com o escândalo do mensalão.

Goiás registra 2º caso de febre chikungunya

O segundo caso suspeito de febre chikungunya foi registrado em Goiás. Trata-se de uma mulher, com idade de 35 a 40 anos, que chegou a Goiânia após uma viagem a República Dominicana. A febre chikungunya é uma doença viral, transmitida por mosquitos, com diversos registros na América Central. O caso da goianiense começou a ser investigado depois que ela procurou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) com suspeitas de que estava com sintomas da doença. Ela tomou conhecimento da enfermidade por meio da mídia. De acordo com a SMS, não há riscos de que outra pessoa seja infectada na capital, já que foram realizados todos os procedimentos preventivos em tempo hábil.

A esperança é um ato de resistência. Resista

André Gomes Especial para o Jornal Opção [caption id="attachment_9631" align="aligncenter" width="544"]Shawn van Daele Shawn van Daele[/caption] Você que de quando em vez chora à noitinha, na solidão da alcova. Você que se arrebenta no cumprimento das obrigações. Que perde um tempo danado desviando das porradas de todo dia. Você que tem medo do arrependimento um minuto depois de tomar uma decisão. Você que esconde seu pavor de morrer só, de não ter onde cair morto, de lhe faltar um gato para puxar pelo rabo. Você que ainda tem avós mas que pouco os vê. Que tem saudade da infância, que sente culpa por não telefonar mais seguido a seus pais. Você que já não tem pais e nem avós e quase só usa o telefone para pedir comida e responder que não, não quer assinar jornal nenhum. Você que tem uma inveja inofensiva das pessoas que demonstram a­feto. Você que queria ter mais ir­mãos, você que tem irmãos distantes, você que não tem irmão nenhum. Você que ainda corta a carne no prato do filho ou da filha. Que tem criança pequena e conhece o medo doloroso de lhe faltar. Você que se deu conta de que nunca será um astronauta, um campeão olímpico, um astro do rock. Que acha superficial e cínico quem defende que não se deve dar esmolas, quando a quem pede esmolas nada se faz para ajudá-lo a seguir outro caminho. Você que olhou nos olhos de um mendigo e sentiu um calafrio em algum lugar insuspeitado da alma. Você que sentiu culpa por estar ocupado demais para ouvir um amigo quando ele mais honestamente precisou falar. Você que já passou horas deitado no sofá de barriga para baixo, cutucando com a unha a sujeira leve que pousa e se instala impertinente nas ranhuras do chão. Você que enxerga rostos nos desenhos dos ladrilhos. Que observou a poeira flutuando contra a luz do sol e lembrou de um amor antigo. Você que não sabe lidar com um amor novo. Você que, no mais das vezes, das conversas do dia a dia não ouve nada senão relinchos, cacarejos e conversas para boi dormir entupidas de preconceito e burrice. Você que já se perguntou onde repousam as borboletas, enquanto imaginava sua vida secreta, e esse foi seu único instante de paz no dia confuso. Você que descobriu espantado que as baratas, quando esmagadas pelo chinelo da gente, liberam ovos que se transformarão em novas baratas que sobreviverão à hecatombe nuclear. Você que já pediu a Deus um tempo para viajar a um lugar distante e ver o sol nascer de outro canto, na tentativa honesta de lavar com sabão e esponja a sua alma cheia de borras e sentimentos esverdeados, envelhecidos. Depois estendê-la no varal de um dia inteiro e deixá-la ali secando ao sol. Você que já teve a impressão de que, se não fizer alguma coisa, a vida periga se transformar em um eterno domingo à noite. Você… Seja bem-vindo. Bem-vinda. Dá cá um abraço. Viver dói e se dói é por­que você vive. Resista, deixe estar. E acredite: para cada angústia há uma desforra gloriosa, esperando sua vez de vir ao mundo. André Gomes é escritor e publicitário. via Revista Bula

A belle époque na coleção de cardápios de Bilac

A pesquisadora Lúcia Garcia escolheu a coleção de cardápios do poeta Olavo Bilac como seu objeto de estudo em busca de reflexos da vida cotidiana que se espraiava pelos lugares frequentados pela elite carioca às vésperas do fim do Segundo Reinado e nos anos iniciais da República

Adelto Gonçalves Especial para o Jornal Opção

Atribui-se a Lucien Fe­bvre (1878-1956), fundador da Escola dos An­na­les, a ideia segundo a qual a História poderia ser contada a partir da escolha de novos objetos de estudos, o que constituiu uma revolução na historiografia, tal foi o número de trabalhos que se seguiram a partir da década de 1950 com recortes específicos. Deixou-se de lado a concepção tradicional que marcaram os livros de História até então, baseados nos feitos dos grandes nomes — reis, presidentes, primeiros-ministros, governadores. Hoje, um livro que siga esse modelo é visto como quinquilharia de museu, a tal ponto que um autor chegou a ser acusado pejorativamente na universidade de candidato a membro de algum instituto histórico.

É claro que a História vista em mí­nimos detalhes é sempre mais interessante do que aquela que se baseia nos feitos dos “grandes”. O problema é encontrar nos arquivos resquícios do que pensaram ou disseram aqueles que eram iletrados e, portanto, não deixaram registros de suas vivências, queixas, emoções ou anseios. Quer se queira ou não, a His­tória sempre será escrita a partir da visão dos letrados, daqueles que dei­xaram registro do que viram e viveram, refletindo obrigatoriamente a visão de mundo da classe dominante.

[caption id="attachment_9644" align="alignleft" width="304"]Para uma História da Belle Époque: A Coleção de Cardápios de Olavo Bilac Para uma História da Belle Époque: A Coleção de Cardápios de Olavo Bilac[/caption]

Mas a que vêm estas reflexões? Vêm a propósito do livro “Para uma História da Belle Époque: A Coleção de Cardápios de Olavo Bilac”, de Lúcia Garcia, com prefácio do poeta e ensaísta Alberto da Costa e Silva, ex-presidente da Academia Brasileira de Letras e ex-embaixador do Brasil em Portugal, Nigéria, Benim, Colômbia e Paraguai.

A partir da ideia de Febvre, Lúcia Garcia escolheu a coleção de cardápios do poeta Olavo Bilac (1865-1918), que faz parte do acervo da Academia Brasileira de Letras, como seu objeto de estudo em busca de reflexos da vida cotidiana que se espraiava pelos lugares frequentados pela elite carioca às vésperas do fim do Segundo Reinado e nos anos iniciais da República. Aliás, como observa Lúcia Garcia, Bilac, certamente, colecionava menus dos almoços, jantares e banquetes festivos de que participava no Brasil e no mundo.

É de assinalar que, como explica a autora, a palavra cardápio é um neologismo criado pelo filólogo Antônio de Castro Lopes (1827-1901) na década de 1890 para substituir a palavra francesa menu que, a rigor, significa miúdo e não tem em português equivalente, pelo menos no sentido de almoço, jantar ou ceia.

Diz a pesquisadora ainda que Bilac “preservava os cardápios para revisitar os momentos vividos, em benefício da memória, como antídoto ao esquecimento”. Entre os cardápios reproduzidos estão alguns de banquetes em homenagem ao próprio poeta, homem célebre ao seu tempo, e outros que celebravam o IV Centenário do Descobrimento do Brasil, a visita ao Rio de Janeiro da famosa atriz italiana Tina Di Lorenzo (1872-1930) e acontecimentos diversos.

Nos menus, acrescenta a pesquisadora, estão presentes as confeitarias Pascoal e Colombo, entre outros estabelecimentos comerciais conhecidos e frequentados pela classe dominante no Rio de Janeiro no início do século 20. Como diz Lúcia Garcia, a extensa coleção doada à ABL por Bilac, ou por seus familiares, revela a rede de sociabilidade do escritor, quer pela indicação do anfitrião, quer pela assinatura dos comensais. A essa época, é de ressaltar que havia uma “febre” entre as pessoas bem-postas na vida de colecionar autógrafos e cartões postais.

[caption id="attachment_9645" align="alignright" width="242"]Cultural_1885.qxd Olavo Bilac preservava os cardápios para revisitar os momentos vividos, em benefício da memória, como antídoto ao esquecimento[/caption]

Como diz Alberto da Costa e Silva no prefácio, esta coleção revela como novos padrões se iam popularizando no País e, como pela lista de pratos, afrancesavam-se cada vez mais as elites. A partir daí, Costa e Silva imagina o que se conversava à época os vizinhos de mesa, já que ecos dessas tertúlias não ficaram, a não ser esparsamente em crônicas, como as que Machado de Assis (1839-1908) e mesmo Bilac assinavam nos grandes jornais.

Diz: “É provável que, num almoço, se discutisse a abertura da Avenida Central pelo prefeito Pereira Passos ou a campanha sanitária de Oswaldo Cruz”. E acrescenta mais adiante: “Pois ainda havia quem não tivesse saído do assombro ou se acostumado, de alma rendida, à aspirina, à lâmpada elétrica, ao telégrafo, ao cabo submarino, do rádio, ao telefone, ao navio a vapor com hélice e casco de ferro, ao motor de combustão interna, ao automóvel com pneu de câmara de ar, às máquinas voadoras, aos raios-X, ao cinematógrafo e à partilha da África e de parte da Ásia entre as potências europeias”.

Da coleção constam ainda fotografias de um almoço — do qual não restou o cardápio — na década de 1910 na fazenda em Lou­vei­ra, no interior do Estado de São Paulo, de Júlio Mesquita (1862-1927), fundador e proprietário do jornal “O Estado de S. Paulo”, do qual Bilac também era colaborador. De notar, como assinala a pesquisadora, é que Bilac nas fotografias sempre fazia questão de aparecer de perfil. É essa também uma rara foto em que aparece alguém das classes menos favorecidas, o cozinheiro da fazenda de Mesquita, sentado meio a contragosto e sem jeito no primeiro degrau de uma escada à frente dos demais.

Lúcia Garcia (1979) é doutora e mestre em História Po­lítica pela Universidade do Es­tado do Rio de Janeiro. Partici­pou de vários projetos de pesquisa histórica documental e iconográfica nos últimos anos, tendo colaborado como consultora na “Comissão para as comemorações do bicentenário da chegada de D. João ao Rio de Janeiro” (Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro). É autora de “Euclides Da Cu­nha: Escritor por Aci­dente e Repórter do Ser­tão” (São Pau­­lo, Companhia das Letras), “A Transferência da Família Real para o Brasil 1808 2008”, com outros autores (Lisboa: Tribuna da His­tória), “Rio e Lisboa: Construções de um Império” (Lisboa: Câmara Muni­cipal) e “Documentos Oito­centistas da Biblioteca Nacional”, coautoria de Lilia Schwarcz (Rio de Janeiro, Bi­bli­o­teca Nacional). É coautora de “Im­presso no Brasil: Desta­ques da His­tória Gráfica”, organizado por Rafael Car­doso (Rio de Janeiro: Verso Brasil).

Adelto Gonçalves, mestre em Língua Espanhola e Literatura Espanhola e Hispanoamericana e doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo.

Um dia de atraso

Paulo Lima Definitivamente, para o Feitosa aquela não foi uma das melhores manhãs. O chefe havia brigado com a a­mante, o faturamento não saiu do lugar e ele chegara no­va­men­te atrasado ― a terceira vez na mesma semana. Um recorde in­ve­jável para uma quarta-feira. Seu único consolo: naquele dia tra­balharia apenas no período matutino. Conseguira uma dispensa programada para ir ao mé­dico à tarde ― um hábito carioca na capital paulista. “Que ninguém desconfie da treta”, pensou. Alguém abre a porta de sua sala e avisa que a direção marcou uma reunião para as 13h00. “Ninguém poderia faltar”, insistiu o mensageiro. A ênfase era proposital, pois era sabido que o Feitosa programava nem retornar após o almoço. Justo naquela tarde a qual, depois de muitos “amanhã, quem sabe”, se rendera aos apelos da esposa para assistir a um filme no cinema, coisa que ele simplesmente odiava. Tinha que ser à tarde, pois de noite as crianças não deixavam e nos fins de semana os avós acampavam em sua casa. Na sua simplicidade, não conseguia entender por que, tendo em casa um videocassete, tinha de enfrentar o trânsito louco da velha Sampa para ver “O Silêncio dos Inocentes”, sucesso absoluto nos anos 1990. E agora, aquele maldita reunião. [caption id="attachment_9638" align="alignleft" width="300"]Cultural_1885.qxd Foto: M. File[/caption] Sabia que o chefe perdoaria a amante, mas nunca um fun­cionário ― especialmente ele ― que faltasse a um compromisso importante. Ligou para a esposa, avisou que iria direto do trabalho, levou uma bronca da patroa indignada com o fato de se aprontar toda para se encontrar com homem sujo e, ainda por cima, ficou sabendo que o sogro e sua digníssima também iriam. Não temia pelo sogro, um psiquiatra aposentado cuja única neurose era uma inexplicável obsessão por pontualidade. Temia, sim, pela jararaca, que insistia em dizer à filha que seu marido era um pervertido, atiçando um ciúme que por si só já ameaçava as sombras. Mas não estava em condições de exigir o que quer que fosse e confirmou para as 16h30. “Três horas me darão uma boa margem de manobra”, concluiu. Não, não era o seu dia. A reunião terminou as 16h00 e o cinema ficava a pelo menos 40 minutos do escritório, em condições normais de trânsito. Como havia garoado, a Marginal Tietê já era o centro das atenções. Saiu apressado, xingando intimamente o patrão pelas indiretas que insistentemente lhe dirigiu durante todo o tempo, esbarrou na secretária que manchou de batom vermelho o ombro de sua camisa branca e alcançou o carro já pensando numa boa explicação para a mais ciumenta das primeiras-damas. Olhou para o relógio, respirou fundo e arrancou, decidido. Não chegaria atrasado mais uma vez. No caminho, perdeu a conta dos sinais vermelhos que atravessou. E, com certeza, um dia pediria mil perdões ao dono do Del Rey (ou teria sido um Monza?) que amassou a lateral do seu Uno Mille, por culpa de sua justificada pressa. Estacionou na porta do cinema às 16h40. O sogrão apenas olhou para o relógio. A mulher e a sogra não tiravam o olhar de sobre o ver­melho comprometedor que lhe decorava a camisa. Cumpri­mentou a todos sem graça, comprou os bilhetes e passou por último pela roleta, explicando ao velho que acabara de assaltar um banco, coisa que normalmente demora mais do que o previsto. Nin­guém sorriu com a piada. As mulheres continuavam sérias, co­mo que prometendo exigir uma ex­plicação no momento oportuno. Sem dúvida, todo homem tem seu dia de cão e aquele fora dedicado ao Feitosa. Na mesma tarde, ao mesmo tempo em que corria para chegar na hora marcada, um casal corria por ruas próximas após assaltar um banco, tendo causado a morte de uma velhinha que estava no local e sofria do coração. Dirigiam um Uno Mille prateado, que também se chocou com vários carros, tendo sua placa anotada às pressas por um guarda de trânsito, com as possíveis inscrições: PQ-1381. A do Feitosa era PQ-1831. Fim do filme, efusivamente elogiado pelo sogro, as senhoras não pareciam tão animadas. Ao sair do cinema, o inusitado: os quatro foram abordados por três policiais que apontavam suas armas para o matador de serviço. Além disso, uma equipe da Rede Globo apontava suas câmaras para o grupo, um batalhão de fotógrafos e repórteres de rua se digladiava por um espaço melhor, curiosos se acotovelavam e uma multidão contida por um cordão de isolamento improvisado pedia por linchamento. Um homem alto e magro, relativamente bem trajado, lhe mostra uma insígnia parecida com aquelas dos filmes americanos. ― O senhor é o proprietário deste veículo? ― falou, apontando para o Mille prateado, estacionado em local proibido. ― S-sim... Sou sim. O velho e bom Feitosa, gaguejando, já procurava se lembrar de algum amigo do Detran para se livrar da multa. ― O senhor foi visto dirigindo perigosamente este veículo com uma mulher loira ao seu lado, após assaltarem uma agência do Banco Itaú, deixando uma senhora morta no local. Sua placa foi anotada por aquele guarda ali e a lateral amassada confirma que o senhor bateu num Monza azul. Se o senhor tem algo a declarar, sugiro que nos acompanhe até a delegacia, antes que não consigamos deter a multidão. Não se sabe ao certo quanto tempo aquele homem que começou mal o seu dia ficou ali paralisado, sem conseguir pronunciar uma única palavra. Era o silêncio de um inocente, que sabia que qualquer coisa que dissesse poderia piorar o impiorável. Afinal, à sua volta, além de centenas de populares enfurecidos, estavam um oficial de justiça, a imprensa trans­mitindo o acontecimento ao vivo e do outro lado da telinha o seu patrão apreciando tudo, policiais prontos para atirar, seu carro novo já não tão novo assim ao lado de uma placa de “proibido estacionar”, um guarda de trânsito com ar convicto, sua esposa em choro convulsivo, a sogra em estado de graça e, de quebra, um psiquiatra doido para tirar o atraso. Paulo Lima é escritor e publicitário.

Unimed não é obrigada a pagar tratamento experimental, decide TJGO

Ação foi movida por Waldemar Ponciano, vítima de uma doença causada por um tumor de células gigantes. O paciente solicitou que a Unimed cobrisse tratamento experimental

Apesar do fim da greve dos profissionais de saúde de Goiânia, mobilizações ainda acontecem

Greve municipal de saúde se encerrou oficialmente na última quarta-feira, após assembleia geral, mas os sindicatos afirmam que continuarão pressionando o prefeito para que as reivindicações sejam atendidas

Goiânia recebe pela primeira vez encontro que reúne principais designers nacionais e internacionais

Objetivo é promover a visibilidade de projetos acadêmicos da área, além do incentivo mercadológico da produção regional e nacional. A expectativa é reunir 2.500 profissionais [caption id="attachment_9556" align="alignleft" width="1500"]Evento acontece entre os dias 19 Evento acontece entre os dias 19 e 26 de julho | Foto: Divulgação[/caption] Entre os dias 19 e 26 deste mês a capital do cerrado recebe pela primeira vez o Encontro Nacional de Estudantes de Design (NDesign), a ser realizado no Campus Samambaia da Universidade Federal de Goias (UFG). O encontro já passou por 23 cidades brasileiras e reuni em média 2.500 acadêmicos do curso de design. Com o objetivo de promover a visibilidade de projetos acadêmicos da área, além do incentivo mercadológico da produção regional e nacional o tema  deste ano é "Mude seu estado_”. A edição goiana trará nomes de profissionais e empresas que se destacam no mercado, como o de David Carson, nomeado um dos 30 designers mais influentes na história da Apple, o sênior da marca havaianas Jonny Macali, além de especialistas goianienses. [caption id="attachment_9560" align="alignleft" width="178"]sem voce "Sem você" | Foto: Divulgação[/caption] O NDesign contará com palestras, oficinas, concurso de moda com desfile, reuniões de interação entre os participantes com show da banda Black Drawing Chalks. Durante o encontro também serão apresentados curtas-metragens produzidos no Estado, como o filme “Sem Você”, dirigido pela anapolina Lidiana Reis. “Sem Você” conta a história do ex-casal casal Felipe e Ana que decidem se encontrar meses após o fim do relacionamento. O filme recebeu três prêmios na 12ª Mostra ABD Cine Goiás no Festival Internacional de Cinema (FICA) da Cidade de Goiás neste ano. As inscrições para Encontro Nacional de Estudantes de Design estão abertas e podem ser feitas pelo site do evento. A organização também oferece alojamento e alimentação para os participantes que não vivem na capital. Confira toda programação do ato clicando aqui.

Ainda sem data, equipe de Iris Rezende define local da largada eleitoral

*Colaborou Ketllyn Fernandes
Ao menos dez encontros regionais já estariam planejados. QG irista estava movimentado nesta terça-feira, e a reportagem acompanhou parte da rotina. Em entrevista, Wagner Guimarães disse que todos os políticos cometem erros em suas gestões O candidato do PMDB ao governo de Goiás, Iris Rezende, já tem local definido para iniciar a campanha, embora ainda sem data marcada. O primeiro encontro oposicionista e pontapé eleitoral ocorrerá em Aparecida de Goiânia, cidade com mais de 250 mil eleitores, o que torna o município o terceiro maior colégio eleitoral goiano. Fontes iristas afirmaram à reportagem que os organizadores da campanha já marcaram dez encontros em regiões diferentes de Goiás. O segundo ato será em Iporá, cidade que atualmente é governada pelo tucano Danilo Gleic. A reportagem do Jornal Opção Online visitou o escritório político de Iris Rezende nesta quinta-feira (10/7) para sentir o clima da campanha. Como de costume, desde quando o líder peemedebista afirmava que não pretendia se candidatar, o QG estava movimentado pela manhã com lideranças, militantes e alguns políticos da coligação. Dentre os presentes estava o ex-deputado Wagner Guimarães (PMDB). Em entrevista, o peemedebista da velha-guarda do partido disse que, em relação aos atuais candidatos ao governo, não existe um "que seja melhor ou pior". Para Wagner Guimarães, todos os políticos cometem erros nas gestões ou mesmo nos processos eleitorais. “Marconi Perillo (PSDB) e Iris já erraram e já cometeram pecados em suas gestões. Mas em contrapartida Iris tem mais experiência, é um político consolidado que entende o que o eleitor quer”, acentuou. “Todos são seres humanos iguais, a diferença está na maturidade, e isso apenas o tempo pode oferecer”, acredita o ex-deputado, defensor árduo da chapa irista. Com 80 anos de idade (e mais de 50 de vida pública), Iris Rezende é o candidato mais velho que disputa o Palácio das Esmeraldas nesse pleito. "Quando se é jovem as experiencias ainda estão para ser adquiridas", argumenta o ex-deputado quanto às críticas sobre a idade do líder peemedebista. A reportagem presenciou o momento em que a deputada estadual Isaura Lemos (PCdoB) perguntou a Wagner Guimarães se ele tentaria uma vaga na Assembleia. O irista foi preciso em responder e seguiu a mesma coerência da entrevista que acabava de conceder: “Não tenho condições, e não existe vitória política sem investimentos financeiros, infelizmente”, concluiu. Isaura Lemos é candidata à reeleição e, embora faça parte da coligação de apoio a Iris Rezende, já flertou com o empresário neopeemedebista Júnior Friboi, que retirou seu nome após árduo impasse interno na sigla. [relacionadas artigos="8644"] Até antes do meio-dia, além de militantes e partidários, o escritório político de Iris esteve movimentado. O ex-senador e atual coordenador da campanha de Iris Rezende, Mauro Miranda, e o esposo de Isaura Lemos e também secretário de Organização do Partido Comunista do Brasil em Goiás, Euler Ivo, estiveram no QG.
Vice melhor que o de 2010
Militantes do PMDB, em conversas internas dentro do escritório, apontavam que o vice da chapa de Iris, Armando Vergílio (Solidariedade), é mais preparado para enfrentar o caminho eleitoral do que Marcelo de Araújo Melo (PMDB), que foi candidato a vice na chapa irista das eleições de 2010. O ex-deputado Wagner Guimarães acredita que os dois são preparados. “Mas Armando Vergílio tem mais dinheiro para investir”, comentou. Conforme dados divulgados nesta quarta-feira (9/7) pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Armando Vergílio tem um patrimônio estimado em R$ 4,9 milhões. A campanha do PMDB será a mais cara do Estado. Conforme registrado no TRE, Iris Rezende deve gastar R$ 35 milhões na tentativa de ocupar o poder estadual novamente. 
Principal adversário inicia campanha 
Enquanto a equipe irista segue sem definições quanto ao dia da largada de sua campanha, o governador e candidato à reeleição Marconi Perillo terá a sua oficializada na noite desta quinta-feira, em Goianésia, como faz desde 1998. O ato pretende reunir a chapa majoritária da base governista e os principais candidatos a deputados estaduais e federais, além dos presidentes dos 17 partidos que compõe a coligação marconista.

Demolição de viaduto em BH é concluída, mas avenida segue interditada

O viaduto despencou e atingiu um micro-ônibus, um carro e dois caminhões. Duas pessoas morreram e 23 pessoas ficaram feridas no acidente Os trabalhos de demolição e de remoção dos escombros do Viaduto Guararapes, em Belo Horizonte, que caiu na última quinta-feira (3/7), já foram concluídos, informou a Defesa Civil da capital. No entanto, parte do viaduto que não afeta as vias foi preservado para que os trabalhos de perícia e de investigação sobre as causas do acidente sejam feitos. O Viaduto Guararapes estava localizado na Avenida Pedro I, uma das principais vias de acesso da capital mineira, que liga a zona norte da cidade ao Mineirão, palco do jogo de ontem (8) entre Alemanha e Brasil pelas semifinais da Copa do Mundo. O viaduto despencou e atingiu um micro-ônibus, um carro e dois caminhões. Duas pessoas morreram e 23 pessoas ficaram feridas no acidente. Apesar do processo de demolição estar concluído, a Avenida Pedro I segue interditada. Segundo a Defesa Civil, serão realizadas diversas ações no local, tais como recuperação do pavimento por onde circula o Move [um dos sistemas de transporte público de Minas Gerais], que precisou ser destruído para a retirada do carro que ficou preso sob o viaduto. Também serão feitos trabalhos de recuperação do asfalto da pista e de destruição da cabeceira do viaduto. A previsão do órgão é de que a pista seja liberada para circulação somente na manhã do sábado.

Confira lista dos astros hollywoodianos mais conquistadores

Womanizer, you're a womanizer, baby. Mulherengos. Mais que influenciador cultural, Hollywood abriga homens e mulheres charmosos “Acho que estou apaixonada, eles são belíssimos!”, foi a afirmação de uma internauta goiana que conferiu a lista. "Os bonzinhos que me perdoem, mas todos os conquistadores charmosões são irresistíveis. E a primeira mulher que nunca se apaixonou, mesmo que na ficção, por um tipinho desses que atire a primeira pedra", retrucou a outra.

1 Sean Penn

Sean Penn Na última segunda-feira (7/7) Sean Penn apareceu com Charlize Theron no desfile da Dior, grife de luxo, em Paris. A partir daí veículos de comunicação começaram a relembrar o sex appeal do americano. Com 53 anos, o premiado ator, produtor e diretor de cinema, encabeça a lista dos maiores “pegadores” de Hollywood. Madonna, Robin Wright, Scarlett Johansson, Elizabeth McGovern, Elle MacPherson, estão estre as mulheres que já tiveram um romance com o conquistador.

2 George Clooney

O ator de Onze homens e um segredo anunciou recentemente que se casará com Amal Alamuddin, uma advogada libanesa especializada em direito internacional. A jovem contrasta com as conquistas anteriores do hollywoodiano, que vão de modelos a garçonetes, como: Stacy Keibler, Elisabetta Canalis, Lisa Snowdon e Celine Balitran...

3 Leonardo DiCaprio

leonardo-dicaprio-hd-Image O Lobo de Wall Street é um caçador. O ator, que hoje tem 39 anos, já se relacionou com diversas modelos, preferencialmente as da Victoria´s Secret – marca de lingerie e produtos de beleza. A modelo de maior destaque que já desfilou ao lado de DiCaprio  foi a brasileiríssima Gisele Bündchen, que hoje é casada com o jogador de futebol americano Tom Brady. Na lista das modelos de DiCaprio estão também Bar Refaeli, Erin Heatherton, a atriz Blake Lively, e atualmente a modelo alemã Toni Garrn.

4 Lenny Kravitz

eye-candy-lenny-kravitz-1O cantor já se relacionou afetivamente com mulheres da música, cinema e moda. Adriana Lima já foi noiva do multi-instrumentista estadunidense. Além da brasileira, o rockeiro já namorou as cantoras Madonna e Kylie Minogue, e a atriz Nicole Kidman. Hoje o cantor está na casa dos cinquenta e prepara o lançamento de "Strut", seu décimo álbum da carreira.

5 Bradley Cooper

NEGEuXwUCjAIKO_1_2     O ator de Se Beber, Não Case é pegador também fora da tela do cinema. Hoje ele namora a modelo britânica Suki Waterhouse. Mas também já se relacionou com Zoe Saldana, Olivia Wilde, Renee Zellweger e Jennifer Esposito. Cameron Diaz e Jennifer Aniston podem ter passado nas mãos do ator.  

6 Ben Affleck

Ben Affleck 660 ReutersHoje aos 41 anos e bem casado com Jennifer Garner, o ator e produtor Ben Affleck já namorou com Gwyneth Paltrow, Jennifer Lopez e Enza Sambataro [uma anônima]. Como ator Ben já ganhou um óscar juntamente com Matt Damon na categoria de melhor argumento original com Good Will Hunting