Por Do Leitor

Encontramos 240 resultados
“Cara Vídeo, uma referência gigantesca para o cinema alternativo que ficará na memória”

[caption id="attachment_58701" align="alignnone" width="620"]Fechamento da tradicional locadora é lamentado por leitores Fechamento da tradicional locadora é lamentado por leitores[/caption] DHIEGO ANDRADE O fechamento da Cara Vídeo revela a marcha do tempo. Foi uma referência gigantesca para o cinema alternativo aqui em Goiânia, mas simplesmente não dá para competir com a facilidade e os preços da Netflix e dos torrents. Mas a Cara Vídeo ficará na memória de todos os cinéfilos de Goiânia.

“Um tesouro em minha vida”

LUCIANA VITORINO Eu era tão fascinada nesse lugar que minha mãe me deixava e eu ficava em torno de duas horas lendo as sinopses dos filmes, levava uns cinco deles para assistir e depois ela me buscava. Era um dos meus passatempos preferidos. Obrigada, padre Sérgio Bernardoni [fundador da Cara Vídeo], por esse tesouro que foi em minha vida. Luciana Vitorino é jornalista.  

“Um lugar para todo tipo de material para estudantes”

NICE RODRIGUES SILVEIRA É uma perda imensurável. A mais completa locadora. Lembro-me de seu começo, na Rua 90, em frente ao Colégio Maria Auxiliadora. Minha ficha era a de número 228. Nela encontrávamos os mais diversos gêneros, além de documentários. Era um lugar onde todo tipo de material disponível para estudantes era achado.

“Adriana Accorsi, para evitar mais do mesmo”

ALINY FRANK Apoio a pré-candidata Adriana Accorsi. Acredito que entre as opções é a melhor para a cidade. Se não for ela, teremos mais do mesmo novamente. Já está na hora de uma mulher comandar a Prefeitura de Goiânia e as mulheres devem apoiá-la. Tomara que o partido perceba que é uma forte candidata e não se alie ao PMDB, deixando o Iris Resende decidir. Se caso não for escolhida pelo partido, Adriana deve lançar candidatura independente. [“Adriana Accorsi coloca bloco na rua para ser candidata do PT”, Jornal Opção Online] E-mail: [email protected]  

“É humilhante andar de ônibus em Goiânia”

BEATRIZ ALIPIO Em relação à nota “Aumento da tarifa não trará benefícios ao transporte público, informa sindicato” (Jornal Opção Online), o que tenho a dizer é que se aumenta o valor, mas não há melhoria nenhuma. Isso é humilhante. As pessoas não têm segurança nos ônibus. Conforto nem vem ao caso, porque os ônibus de Goiânia mais parecem latas de sardinha e quase sempre, independentemente do dia da semana, ficamos quase uma hora no ponto. Isso para, quando o coletivo passar, estar cheio e não parar. E aí você ter de esperar mais ainda até o próximo ônibus. Humilhante mesmo. E-mail: [email protected]

“O que mais falta ao mundo hoje é empatia”

[caption id="attachment_58136" align="alignnone" width="620"]Jornalista goiano residente em Porto Alegre usa exemplos cotidianos para falar da falta de empatia no mundo de hoje Jornalista goiano residente em Porto Alegre usa exemplos cotidianos para falar da falta de empatia no mundo de hoje[/caption]

Marcelo Igor de Sousa

O que está mais em falta neste mundo? Pensei nessa pergunta quando já tinha a resposta na cabeça: empatia. Parece-me que ela está em falta. Duas cenas me chamaram a atenção neste fim de semana em Porto Alegre. 1) Depois do temporal que fez tremendos estragos na cidade, fui atrás de um vidraceiro. No caminho, vi uma árvore derrubada e fiquei olhando e fotografando — como foi o esporte dos moradores da capital neste fim de semana. Foi quando um rapaz passou por mim e me disse: “Imagina para mim, que estou na rua”. Como não havia imaginado isso até aquele momento? Nas praças estão tantas pessoas; e nessas praças estavam dezenas de árvores caídas. A colocação do rapaz me tirou o ar e me fez entender que meu drama era um tanto relativo. E foi assim, que, no domingo à tarde, depois de amenizadas as chuvas e as intempéries, um grande grupo de pessoas se aglomerou na entrada do Banco Bradesco. Vizinhos, não sei bem, se juntaram para reclamar: “Imagina se alguém precisa sacar um dinheiro, não há como!”. Talvez, no domingo à tarde, depois de sexta e sábado, esse seria o primeiro momento de sono daquelas pessoas. Aquilo me fez recordar da fala do rapaz que andava com a mochila quase que procurando um lugar seguro que ainda restasse, pois ter a casa atingida vai ser sempre menos que ter a rua toda atingida. Quiçá os amigos do banco pudessem ser tocados um dia a pensar como é se colocar no lugar do outro, a estar ao lado de pessoas concretas. Como faz bem dispor-se a enxergar o mundo a partir do outro. Enfim, há a chance de, em algum momento, abrir-se à alteridade. 2) Após alguém postar um curto vídeo de uma abordagem violenta por parte de agentes militares, uma pessoa, em poucos minutos, coloca o comentário: “Se está apanhando é porque não deve ter feito coisa boa. Se os pais não souberam educar, então um dia vai levar o que mereceu. Não vejo erro nenhum dos policiais aí”. A generalização tremenda mostra a incapacidade de parar ao menos para pensar que num Estado que se apresenta como democrático a cena não pode ser aceitável. A separação fictícia “cidadão de bem”, sabe se lá por quais mo­tivos, e criminosos (pela cara, pela condição social etc.) impede qualquer empatia. Creio que a mensagem é que, antes de qualquer esbravejamento, determinação ou ditação de regra, cabe aquela pausinha que ensina muito: “E se fosse comigo?” É textão? É. É lição de moral? Não. É preocupação comigo e com o mundo? É. Creio que escrever isto me ajuda a pensar no meu compromisso com este mundo. Em como posso ser mesquinho, egoísta. E como preciso melhorar a cada dia. Marcelo Igor de Sousa é jornalista, doutorando em Comunicação na Unisinos (RS) e servidor público federal na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).  

“A vida de um professor se prolonga em outras vidas”

Tom Coelho Minha paixão pela banda Supertramp, ainda quando garoto, levou-me a apreciar um instrumento musical em particular: o saxofone. Tanto que decidi comprar um, usado mesmo, e busquei um instrutor na expectativa de, um dia, tocar “The Logical Song” [um dos maiores hits da banda]. Mas para atingir este estágio, descobri que teria de aprender escalas musicais, além de ler partituras. Meses se passaram e, frustrado, descobri-me absolutamente desprovido de talento musical. Olhar para um pentagrama com claves de sol, semibreves, colcheias, bemóis e sustenidos era um atestado de ignorância plena. Era o mesmo que vislumbrar a fórmula do tolueno sem entender nada de química orgânica. Resignado, no auge de minha adolescência, aposentei meu sonho. E, desde então, o sax passou a ser um mero adorno. Aproveitando sua beleza estética, passei a afixá-lo na parede de escritórios e, mais tarde, na sala de estar de minha casa. Quase duas décadas depois, numa daquelas fases da vida que decorrem de uma crise existencial, experimentei o meu “momento da virada”. Dentre diversas deliberações, estabeleci como meta aprender a tocar ao menos uma canção que fosse com o instrumento. Foi quando conheci Alexandre Pena, um jovem professor que, de tão apaixonado por música, desenvolveu seu próprio método. E ele, com ponderação e tolerância, fez-me compreender que eu poderia não ter talento, mas tinha inteligência musical suficiente para aprender a tocar saxofone. Escala por escala, acorde por acorde, rompi o bloqueio mental que se instalara e aprendi a apreciar a música e a estudá-la rotineiramente. Dizem os dicionários que professor é aquele que professa, seja uma crença ou uma religião. E você só pode professar algo em que acredita, confia e segue... Shakespeare, por sua vez, dizia que “heróis são pessoas que fizeram o que era necessário, arcando com as consequências”. Quando elegemos um guru, e muitos professores assumem este papel, em verdade estamos vislumbrando um herói, que ao longo de toda uma trajetória de erros e acertos pavimentou uma trilha pela qual o aprendiz transita com segurança e conforto. O tempo passa e cada um de nós também abre clarões por entre a mata. E nos descobrimos igualmente como heróis, em especial quando dispostos a arcar com as consequências. Como educadores, esta é nossa maior e talvez única missão: inspirar nossos alunos. Ajudá-los a se descobrirem, a desenvolverem suas múltiplas inteligências. Trabalhar habilidades técnicas, mas também comportamentais e valorativas. Propor­cionar-lhes a oportunidade de caminhar pelo chão batido ou asfaltado de terrenos abertos e sinalizados pelo prazer ou pela dor de nossas experiências. Muitos já devem ter sido os alunos que capitularam em seus anseios, expectativas e sonhos por conta de maus mestres que, consciente ou inconscientemente, regaram sementes com fel ou as lançaram em terreno infértil. Mas, felizmente, há também aqueles que promoveram o entusiasmo e despertaram vocações. Porque a vida de um professor se prolonga em outras vidas. Tom Coelho é educador, escritor e palestrante em gestão de pessoas e negócios. E-mail: [email protected].

“Torcida única: futebol e sociedade, um empate justo”

vila nova ANTÔNIO LOPES O Campeonato Goiano toma gosto novamente pela bola e corre, a partir deste fim de semana, de pé em pé e no gramado. O mercado da bola corre atrás do gol que dita quem perde, a equipe que vence e, num piscar de olhos, qual ser humano se (des)qualificará, nesta temporada, para a fama efêmera capaz de gerar o lucro — segundo os marxistas —, a mais valia incontável além da superexposição e projeção da imagem, que a partir deste momento, se torna mais um fetiche destinado ao mercado. A interação humana proporcionada pelo esporte gera consequências saudáveis da necessidade básica de todo sujeito que, ao alcançar e exercer seu direito constitucional destinado ao lazer, promove “per si” a agitação da massa de trabalhadores que balança bandeiras, retratada numa arquibancada dividida entre sonhos e a própria história. Um time é capaz de mover e articular toda a cidade e seu povo através da milionária vertente desportiva (engolida pelo sistema capitalista), à qual os ingleses nominaram “futebol”. A filosofia revela que, pelas vias da alma, expressam-se mente e corpo. Coletivizados, desaguam numa arrancada movida a forças físicas e mentais, semente da possibilidade — hoje remota — da convivência em paz e pela paz promotora do Estado de bem-estar social o qual gera inclusão, move a massa, o mercado e muita moeda. Os fatos policiais retratados nas diferentes formas de violência fotografados, falados e impressos por diferentes formas de mídias local e internacional acusam uma sociedade fora de foco, com comportamento histérico, quando o senso comum abrange e suprime a ética e a moral das cidades, segundo a polícia: a paz urbana. A ordem política que determina o homem, incapaz de se (re)ordenar, nada mais faz que seguir os princípios da natureza, o (re)aproximando das leis que regem o universo. A decisão das autoridades estatais pós-modernizadas ligadas à questão do esporte que determina o jogo entre duas equipes, mas com uma torcida só, abrange também a logística de polícia e revela os bastidores de um poder de força o qual, apesar do nome, não se impõe pela ordem pura e simples, natural. Ao contrário, denuncia sua falta de força moral e mais ainda, “um amontoado de loucos”, sem nexo tampouco juízo, ditos torcedores (in)capazes de enxergar no outro não um adversário no campo do esporte saudável, mas o inimigo mortal e que deve ser combalido, dentro e fora dos limites do campo, até mesmo fora dos alcances do estádio. Primordial — tal qual o gol que a define —, uma partida determina a alegria efêmera de uma torcida ou a frustração saudável e desportiva de outra. No desenrolar das reuniões entre dirigentes e atletas, burocratas e patrocinadores, devidamente assistidas pelas gestões privada e estatal torna-se essencial (tal qual os times, o juiz e bandeirinhas, a bola e o gol numa partida) que estes atores permitam sentar à mesa de negociações também a ética e a moral. Na promoção da paz no futebol caminha os passos estreitos da segurança do avô que leva ao estádio o filho e neto. O desenrolar da história e da economia de mercado ali estão representados no vigia de carros que nos conta histórias, na compra do ingresso para as cadeiras ou arquibancada que gera impostos, no saquinho de pipoca com ou sem sal, e ainda na figura do vendedor dos rádios de pilha os quais anunciam as vozes de quem narra mais um gol gritando que “é nosso, é nosso... é nosso!”. Goiás detém inúmeras representatividades sócio-históricas, econômicas e políticas, em sua grande maioria, de umbigo colado ao coldre, às esporas e ao latifúndio delimitado pela última pegada do gado. O tempo se encarrega de tudo e, segundo a Psicologia So­cial, de todos. A sociedade moderna, segundo Lyotard [Jean-Fran­çois Lyotard, filósofo francês], tornou-se “um coletivo destinado e dominado pelos signos” que valoriza marcas que ditam a moda, o comportamento e também o consumo. Aos humanos, com aquilo que ainda lhes sobra de humanidade (sentada e aguardando no banco de reservas), resta a certeza concreta e, talvez por isso mesmo, de profundo teor filosófico que prega e avisa que as cidades ainda são o palco e “lugar simbólico para sua imaginação, o que sugere a subida para a melhor parte de nós, ou seja, aquela que ainda acredita que o mundo, hoje, precisa de novas ‘acrópoles’, feitas não de pedra, mas de seres humanos. Erguida no seio de nossas cidades, onde as pessoas podem crescer internamente e restabelecer os laços profundos que nos conectam com os outros e com a natureza”. Se o futebol se expressa com gingado, malícia, imaginação, força física e trabalho em equipe, a vida não foge à risca e sempre é bom lembrar que, mesmo do canto do quadrado, ali dentro da marca do escanteio, existe a possibilidade de se fazer um gol de placa, a conhecida “folha seca” ou, segundo o adversário, uma jogada de mestre e de sorte, impossível de ser ensaiada. A educação e o respeito ao próximo não dependem do manto nem da cor de que este se reveste. O princípio é tudo, primordial como o gol que decide, alegra, enfeitiça e entorpece. Princípio que (co)existe nas mais variadas acepções. De acordo com Aristóteles: “É o elemento primeiro e imanente do futuro, ou de algo que evolui ou se desenvolve (as fundações de uma casa, o coração ou a cabeça dos animais)”. Lembrando que os animais irracionais só matam por instinto e fome, jamais enquanto gangue ou falange, por causa da cor da bandeira ou vitimados pela ignorância e o ódio/demência urbano-coletiva, subproduto da falta de educação e da mazela socioconjuntural. Mas o pulso... ainda pulsa! Antônio Lopes é assistente social e mestrando em Serviço Social pela PUC-GO.

“O grande desafio do Brasil é achar um governo comprometido com o povo”

GREICE GUERRA Sobre o Editorial “Ideias de Da­ni Rodrik, Francis Fukuyama e Armínio Fraga para melhorar o governo de Dilma Rousseff” (Jornal Opção 2116), vejo que todas as três análises possuem seus fundamentos e pertinências. O Brasil é um país muito rico em recursos naturais, grande em extensão territorial ,sol ao longo do ano, chuvas, pouca ou quase nenhuma incidência de abalos sísmicos etc. Ou seja, o País possui um grande diferencial natural em relação a outros países do mundo. Já sai na frente só por ter esses fatores de produção naturais. O grande problema é a má gestão destes fatores, a corrupção e a falta de compromisso do governo com a sociedade. Isso sem contar a falta de efetividade no cumprimento das leis. Precisamos de governabilidade, precisamos de políticas que estimulem a produção, que ajudem a micro e a pequena empresas, que compõem o setor que mais emprega, o setor que mais gera emprego, arrecadação e renda e, no entanto, é o mais sacrificado. Precisamos de uma legislação trabalhista mais atualizada, que não onere e muito menos discrimine tanto as empresas! De nada adiantam também políticas fiscais e monetárias severas que comprometam o setor produtivo e a sociedade. É como se o governo trabalhasse contra ele mesmo. É como se o governo tratasse os efeitos da crise e não as causas. O grande desafio que enxergo é achar um governo comprometido com o povo. Quando o governo quer e está disposto a “fazer”, ele “faz”, possui os meios e as ferramentas para tal! É uma questão de governar beneficiando a sociedade e o setor produtivo, e não apenas a si próprio ou favorecendo determinados grupos. O problema é achar o governo que tenha esses objetivos. Eis o grande desafio, ainda mais no Brasil. Greice Guerra é economista.

“Na Venezuela, um projeto de inclusão de verdade”

vivienda ITAMAR OLIVEIRA Conheci o projeto Vivenda na Venezuela. Foi o projeto habitacional social mais fantástico que vi. O governo de lá desapropriava áreas grandes centrais e aí construía prédios com unidades habitacionais. Na área, fazia uma horta urbana, construía um mercado com as coisas ao preço mais barato, para ele sentir o peso dos preços de uma área nobre. Enfim, esse sim era um projeto de inclusão de verdade. Itamar Oliveira é 2º vice-presidente da Associação Nacional dos Engenheiros Ambientais (Aneam).

“Cidades inteligentes: tendência ou necessidade?

NELSON OSÓRIO Desenvolvimento, aumento populacional, migração e movimentação de pessoas. Todos esses itens convergem para o crescimento das cidades. Em 2011 a população mundial era de sete bilhões de pessoas, das quais 50% localizavam-se em áreas urbanas. O crescimento exponencial observado no último século nos permite projetar os desafios vindouros: crescimento da circulação de veículos em vias públicas, aumento no consumo de energia, elevada necessidade por conectividade à internet, entre outros. O avanço descontrolado é o principal causador de um cenário caótico para nossa sociedade. Mas, tendo em vista esse inevitável – e necessário – crescimento, há um desafio ainda maior a ser superado, que é o crescer de forma planejada e controlada. Felizmente, a resposta existe e já está ao nosso alcance: “Cidades Inteligentes”! Por meio da aplicação de uma arquitetura tecnológica integrada que aborde os problemas de maneira transversal e realize, assim, a gestão cruzada da informação para, de forma holística e inteligente, melhorar a eficiência e a prestação de serviços à população. Para alcançarmos essa perspectiva sistêmica de “cidade inteligente” – na qual os sistemas interagem de maneira compassada e estruturada – é necessário a existência de um ambiente que permita a integração dos atores e respectivos sistemas que, de forma ágil, sustente as suas operações. Este ambiente é conhecido como Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) que, por definição, é composto de ambientes complexos de infraestrutura e tecnologia, os quais acrescentam inteligência às operações. Isso acontece por integrarem informes e informações gerando, desta for­ma, o conhecimento necessário que permitirá às instituições a atuarem de maneira colaborativa. Devido aos benefícios advindos dessa sinergia, os centros têm sido utilizados por empresas, órgãos governamentais e outras instituições. Tecnicamente, parece algo complicado e apenas existente na teoria. Porém, é possível entender com facilidade quando vemos isso tudo aplicado, por exemplo: em Barcelona (Espanha), onde o acesso ao sistema de trânsito foi disponibilizado para que pedestres e motoristas pudessem acompanhar, por meio de seus smartphones, a melhor opção para se locomover no município. Outro bom exemplo é Seul (Coréia do Sul) que, além de permitir o acesso ao sistema de trânsito, a administração de trânsito aposta na troca de informações por meio digital com os moradores, a fim de identificar o mais rápido possível as demandas da população. Desse modo, por meio de CICCs, as cidades estarão equipadas para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, a eficiência no uso dos recursos à sua gestão como um todo. Esses são apenas alguns exemplos de iniciativas específicas que aplicam esse conceito e benefícios de inteligência e integração em escala global, permitindo, assim, que vislumbremos a cidade agindo como um organismo de forma integrada - algo extremamente necessário para suportar seu crescimento exponencial! Felizmente, temos muita tecnologia disponível a ser aplicada e que poderá viabilizar a realidade descrita. Para tanto, a escolha do fornecedor que permitirá toda essa mobilidade deverá passar pelo crivo da expertise e qualidade de serviços necessários para conceber, implementar e prover a manutenção de projetos integrados de grande complexidade – algo de extrema necessidade por conta, principalmente, do desenvolvimento das áreas urbanas. Afinal, iniciativas como essa poderão, inclusive, colaborar com a evolução da segurança pública, melhorando, assim, a sociedade como um todo. Nelson Osório é consultor.

“Eu, Pedro Ludovico e a cirurgia de dona Gercina”

Hélio Moreira ­ [caption id="attachment_56999" align="alignright" width="620"]O casal Pedro Ludovico e Gercina Borges: médico relembra encontro marcante com o líder político goiano O casal Pedro Ludovico e Gercina Borges: médico relembra encontro marcante com o líder político goiano[/caption] Li a reportagem “Visionário, estadista ou modernizador? O lugar de Pedro Ludovico no imaginário dos goianos” (Jornal Opção 2115) e tenho um depoimento a dar: um dia estava no consultório e verifiquei na agenda que uma das clientes a ser atendida era a dra. Gercina Borges. Pedi a secretaria que a colocasse em primeiro lugar e, ao adentrar a meu consultório, qual não foi meu susto ao verificar que o dr. Pedro a acompanhava. Ouvi a sua história medica e, após examiná-la, dr. Pedro (que era médico) me perguntou: — Dr. Helio, a sua impressão diagnóstica e a mesma que a minha? Pela maneira como ele me abordou, verifiquei que ele desconfiara do diagnóstico, nossos olhares cruzaram e confirmei com grande emoção: — Sim, dr. Pedro! Dona Gercina estava com um tumor no intestino. — A cirurgia precisa ser com urgência ? — Dr. Pedro, o senhor é médico, como eu sou, e sabemos que o quanto mais rápido operarmos melhor será a chance de bom resultado. — Quanto será o preço da cirurgia? — Dr. Pedro, os gastos que o senhor terá, serão somente com o hospital; porque, de minha parte, o senhor não terá nenhum gasto; por ser médico e, sobretudo, pelo que o senhor e dona Gercina representam para Goiás. Ele então a deixou aguardando no consultório e foi ao Hospital São Salvador fazer o orçamento. Em pouco tempo, ele voltou e me disse: — Preciso de uma semana de prazo para podermos operá-la. Na hora não entendi bem a razão, porém achei prudente não questioná-lo. Uma semana depois a internei e a operei. Algum tempo depois descobri a razão daquele prazo: o homem que mandou em Goiás por tanto tempo não tinha dinheiro para operar sua companheira. Foi até sua fazenda vender algumas vacas para inteirar o dinheiro. Hoje em dia, quando vemos tantos roubos, fico emocionado de lembrar que aquele homem todo poderoso não tinha dinheiro para acudir sua esposa.

Helio Moreira é médico, escritor e professor aposentado da Universidade Federal de Goiás (UFG).
 

“A culpa da violência social é de quem está atrás das grades”

[caption id="attachment_57000" align="alignright" width="620"]Divulgação Divulgação[/caption] Nara Rúbia Ribeiro Tenho a mania interiorana de ouvir conversa alheia. Certo dia, goiana que sou, sentei-me no mercado central de Goiânia para comer uma empadinha de frango, enquanto ouvia três senhores de avançada idade, boas cidadãs, co­mentarem sobre a violência e dizerem que seu crescimento se dava pela frouxidão com que as penas são cumpridas no Brasil. O problema é que eles só enxergam uma ponta do nó afrouxado. Mas as pontas são duas e vou mostrá-las. Proponho que pensemos no seguinte experimento: caminhe por sua rua e catalogue todos os cães ferozes, indomados, aparentemente não domesticados. Escolha um reduto pequeno, uns 10 metros quadrados, e aprisione-os a todos. Dá para colocar uns 30 cães nesse espaço. Comida regrada, pouco ou nenhum contato com o ambiente externo. Uns ferirão a outros, mas não tome partido. Deixe que a lei do mais forte prevaleça ali no cativeiro. Os mais fracos e os mais velhos, os menos ferozes, serão mortos em meio aos demais. Não se ocupe disso. Não os adestre. Não lhes dê carinho e afeto. Não lhes dê qualquer sorte de retribuição considerável por bons comportamentos. Nada. Deixe-os ali por cinco, talvez dez anos. Findo esse prazo, chame a sua filha, ou sua neta de 5 anos e diz a ela: “Pronto, já ensinamos essas feras. Está aqui a chave do cativeiro. Você pode soltá-los agora, querida. Já estão aptos ao convívio social.” Você faria isso? Entregaria a chave para a sua filha? Penso que não. Todavia, assim como no experimento acima, trancafiamos humanos de tendência infeliz, descumpridores da lei penal, de comportamento antissocial e caráter questionável, na mesma condição que teríamos trancafiado os cães, no citado experimento. E, pasmem, ainda há quem se queixe e não entenda a escalada da violência em nosso país e diga estar estarrecido pela insegurança de nossos filhos. A insegurança aumenta porque a maldade é viscosa. Uma vez em contato com a violência, ficamos impregnados do ódio, da sede de vingança, do desejo de retribuir o mal com um mal equivalente ou maior. Nós nos permitimos o uso da violência para com os violentos como se essa fosse a panaceia de todos os males e o resultado disso é a sentença que hoje pesa sobre nós: medo, dor, insegurança, tristeza. Somos assombrados pelo espectro da nossa não caridade para com os menos afeitos à bondade: o “bandido” estuprado, ferido, ofendido, extorquido por autoridades vai voltar para a rua dez vezes pior do que quando entrou para a prisão. Isso é fato. A violência é crescente porque pulou as nossas cercas morais e se alojou no sofá das nossas almas. Por isso aqueles bons senhores diziam: “Estuprador tem que ser estuprado mesmo. E tinha que matar a quem rouba.” Acaso quem estupra ou quem faz apologia ao estupro de um estuprador é menos estuprador que o primeiro criminoso? Acaso a sociedade que mata a quem pratica um crime grave ou hediondo é menos criminosa, é menos vil que aquele a quem a pena capital está a ser aplicada? A frouxidão do nó da Justiça penal no Brasil não se dá apenas quando a pena é parcialmente cumprida, quando o culpado é inocentado ou quando o apenado, de dentro do presídio, permanece a praticar crimes. Tem outro lado e ainda mais frouxo: quando não tratamos o apenado como humano, quando retiramos dele muito mais do que a lei prevê, privando-o não só da sua liberdade, mas também do seu senso de dignidade, da possibilidade de ocupar-se de coisas nobres, da sua integridade física, da sua integridade psíquica. Manoel de Barros, poeta mato-grossense, pensava renovar o homem de um modo muito peculiar: usando borboletas. Sábio Manoel! Só a beleza, a candura, a pureza e a liberdade é que renovam o homem. Que elas (as borboletas) inspirem-nos na tolerância da grande metamorfose que necessita advir para que possamos experimentar a real evolução. Assim como hoje nos envergonhamos dos nossos antepassados em razão da escravidão a que submetiam outros humanos valendo-se de parâmetros como a cor, a origem ou a classe social, as futuras gerações se envergonharão de nós pela forma com que tratamos primeiro a educação dos nossos jovens e, depois, da reeducação dos nossos infratores. Os nossos filhos e netos saberão, quando tiverem nas mãos as chaves do “canil humano” a que submetemos os nossos apenados, que os verdadeiros culpados da violência são aqueles que estão atrás das grades. E diga-me aqui: Algum de nós hoje é livre? Não estamos todos atrás das grades?
Nara Rúbia Ribeiro é escritora e advogada.

“David Bowie, genial até na morte”

João Paulo Lopes Tito* [caption id="attachment_55912" align="alignnone" width="620"]Reprodução Reprodução[/caption] Quando eu vi que estava em pré-venda um novo disco de David Bowie, “Blackstar”, fiquei empolgadíssimo! Até porque o anterior, “The Next Day”, de 2013, foi considerado por muitos como o disco do ano (e foi mesmo). Então, “Blackstar” era mais uma prova de seu renascimento depois de anos longe da mídia, dos palcos e dos estúdios. E me bateu certa decepção quando vi que o álbum só tinha sete músicas. Poxa, mas só isso, Bowie? Pelo mesmo valor das 14 de 2013? Mercenário. Só vou pagar porque é você. Comprei, ouvi. Sinistro. Denso. Saxofones soando como violinos. Gaitas como corvos. Triste, agonizante. Misterioso. O que não é nenhuma surpresa em se tratando de David Bowie. E depois vi o clipe de “Lazarus”. O cara que morre e é ressuscitado por Jesus quatro dias depois. E dois dias depois do lançamento (e de seu aniversário de 69 anos), Bowie se vai. Em silêncio, discreto como sempre, elegante, imprevisível. Aquelas sete músicas, de início poucas, caras, tomaram um valor totalmente diferente. O disco mudou completamente de significado – aliás, muito provavelmente o seu significado verdadeiro. Um último sinal de vida, um abraço aos fãs, o último resquício de luz no olho do buraco negro. Que bom poder ter mais sete músicas inéditas para curtir e, diante da partida dele, decifrar. Sua última mensagem. “Major Bowie to ground control”. O Starman, agora, Blackstar. De qualquer forma, Estrela. Genial até na morte. *João Paulo Lopes Tito é assessor jurídico no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO).  

“Substituir a vegetação de Cerrado por lavouras exige cota de responsabilidade”

Pedro Freitas Em relação à entrevista intitulada “O Cerrado está extinto e isso leva ao fim dos rios e dos reservatórios de água” (Jornal Opção 2048), tenho a dizer que considero o professor Altair Sales Barbosa, sem dúvida, um dos maiores estudiosos do assunto. Sua opinião, como sempre, é muito pertinente para o momento que vivemos. O Cerrado é o berço de águas do Brasil e sua ocupação, sem critérios, implica, sim, em alterações no regime hídrico que prejudicam o fornecimento de água potável nas cidades, a disponibilidade de água para a produção de alimentos, com ou sem irrigação, as atividades agroindustriais e, no final, a qualidade de vida de humanos, animais e de toda a flora. Substituir a vegetação natural de cerrado por lavouras e pastagens exige uma cota de responsabilidade de quem autoriza, o governo, e de quem executa, os empresários rurais. Existem tecnologias que proporcionam manter a capacidade de captação de água e recarga de aquíferos próximas à da vegetação nativa. O uso dessas tecnologias não faz parte de políticas públicas ou de recomendações agronômicas quando se trata da produção de alimentos, fibras e matérias-primas. O exemplo mais marcante é o entendimento dos princípios básicos do sistema plantio direto, os quais, uma vez respeitados, aumentam a infiltração de água no solo e a promovem a recarga plena de aquíferos.

“A quantidade de rios que deixaram de ser perenes é impressionante”

Romualdo Pessoa Campos Filho Ótima entrevista do Jornal Opção com o professor Altair Sales Barbosa (edição 2112). Mas o título [“O São Francisco já não é mais um rio. E a transposição vai decretar seu fim definitivo”] me parece desproporcional com o conteúdo abrangido. Creio que em 70% da entrevista, ele trata dos problemas relacionados ao Cerrado, com foco principal na confluência dos Estados da Bahia e de Goiás. Aliás, é pelo Cerrado, e principalmente em Minas, que começam os problemas da Bacia do São Francisco, com a destruição de uma quantidade cada vez maior de veredas, fontes por onde brotam as águas que tornaram o Cerrado a “caixa d’água” do Brasil, como dizia Guimarães Rosa. Claro que o professor aborda com precisão os riscos da transposição. Mas ainda creio que, dadas as circunstâncias do agreste nordestino, as saídas não são muitas. A quantidade de rios que deixaram de ser perenes é impressionante. O que, aliás, já começa a acontecer também em Goiás, campeão de irrigação com pivô central. Aqui ainda há tempo de conter a mesma destruição que gerou o sertão nordestino. Já assisti outras exposições do professor Altair Sales, e ele fala com uma segurança impressionante. Mais impressionante ainda foi a PUC-GO [Pontifícia Universidade Católica de Goiás] ter prescindido dessa experiência que ele tem acumulado. Romualdo Pessoa Campos Filho é professor do Instituto de Estudos Socioambientais (IESA) da UFG.   “Fico triste com as previsões sobre o Cerrado” Luiz Fernando Pegorer Papai teve um sítio no Cerrado do Triângulo Mineiro e fico triste com as previsões. Existiam lindas palmeiras de buritis por lá e uma biodiversidade maravilhosa. As autoridades não têm um mínimo de respeito pelos profissionais de engenharia e isto tem muito a ver com a falta d’água também, pois o “negócio é levar vantagem em tudo, certo?”. O Rio Bom Jardim passava pelo sítio e a água que nascia lá e corria sob as árvores era leve e gelada. A gente tomava litros de água sem sentir. Meu pai, muito honesto e idealista, me transmitiu seus valores, mas como todo homem honesto em país de cultura criminosa, não se aguentou e faliu. Teve de vender o sítio. Eu era seu Sancho Pança de todas as horas e trabalhos, e tinha comprado uma égua que se transformou em uma tropa que vivia solta nos 60 alqueires sem cercas internas. Chorei ao dar os cavalos para ele vender, pois eram de estimação. Olhei recentemente o Google e na região consta hoje um algodoeiro. Luiz Fernando Pegorer é engenheiro civil.   “Rica contribuição sobre o drama do Velho Chico” Donizete Santos Esta entrevista é mais uma rica contribuição do pesquisador Altair Sales Barbosa e do Jornal Opção, que, em uma linguagem simples e direta, compreensível até a governantes — que alegam sempre nada saber sobre coisa alguma — e a seus defensores, diz o que nos aguarda com a morte anunciada do “Velho Chico”   “Trocados que compram Ferraris, mas não a vida” Mauro Henrique Dias da Cruz Muito boa matéria. É sabido que a vida sempre acha uma brecha para sobreviver, mas é uma grande perda destruir essa biodiversidade por uns míseros trocados, que compram Ferraris, mas não compram a vida.  

“Ter opinião no Brasil parece ser o fim do mundo”

[caption id="attachment_55156" align="alignright" width="620"]Chico Buarque foi alvo de ataques no Rio de Janeiro | Reprodução/Facebook Chico Buarque foi alvo de ataques no Rio de Janeiro | Reprodução/Facebook[/caption] PAULO LIMA A agressão ocorrida com Chico Buarque por jovens anti-PT é reflexo do atraso político que vivemos. É fácil imaginar e concluir que, se fosse o contrário (um Chico Buarque tucano), uma horda vermelha o estaria hostilizando como se fosse uma bruxa na idade média. Ele é apenas mais uma vítima da crença generalizada de que, no Brasil, não se pode ter o direito de ter opinião. Aliás, ter opinião parece ser o fim do mundo. Ou o começo de outro, que já se manifesta nas ruas e nas redes sociais. Um mundo bipolar: ora PT, ora PSDB. Demônios e anjos representados por seguidores que, no fim do jogo, querem gritar bem alto “Venci!”, seja lá o que essa vitória signifique. “A reestruturação das escolas de São Paulo não me parece um plano diabólico” ARNALDO B. S. NETO No finalzinho da minha temporada universitária, lembro-me de que o governo FHC lançou o tal Provão, uma avaliação nacional que iria medir o resultado final do processo de aprendizagem nas universidades públicas. A reação foi de uma virulência inacreditável. Boicotes, manifestações, acusações. Toda uma máquina de guerra foi mobilizada para provar que estávamos diante de um artifício que visava tão somente fragilizar as instituições públicas de ensino para, em seguida, privatizá-las. O tempo passou e as avaliações não somente continuaram como foram se sofisticando, abrangendo também outras etapas da aprendizagem, como o ensino médio. Medir e avaliar passou a ser a regra e os próprios governos de esquerda adotaram este mecanismo tão banal quanto necessário. Naquele momento, vendo a histeria contra o Provão (sim, amigos, a palavra certa é histeria), é que comecei a me dar conta de que a esquerda (até então eu me punha resolutamente como uma pessoa de esquerda) também podia ser reacionária, inimiga de qualquer progresso. Nem sempre é assim. Todavia, por vezes os resolutos partidários da igualdade estão certos, mas vez ou outra e o lado ludista [que se opõe à industrialização intensa ou a novas tecnologias ] vem à tona com toda força. Escrevo isso por conta da tal reestruturação em São Paulo. Os bairros das grandes cidades brasileiras “envelheceram”, os casais tem menos filhos, muitas escolas passam a ter menos alunos. Seria mais racional reorganizar, não? Também sou simpático à ideia de reunir os alunos por etapas da vida escolar, separando crianças de adolescentes, por exemplo. Muitos pais concordarão comigo. Ou seja, a princípio, a tal reestruturação, até que prove em contrário, não me parece ser um plano diabólico. O que me pareceu foi inoportuna e imprudente, pois as reações das pessoas às mudanças são algo que sempre podemos contar como certa. Mas isso não entrará nunca em debate. Aliás nenhum debate será possível. Trata-se de um governo do PSDB, o “demônio” a ser batido a todo custo. E o demônio estava “fechando escolas”, como se a racionalidade, inclusive econômica, fosse algo desde sempre expulso da vida, das decisões cotidianas. O plano foi rechaçado, derrotado. Ficará adormecido até que um governante de esquerda assuma o Palácio dos Bandeirantes, quando então será retirado da gaveta e aplicado sem que qualquer reação seja esboçada contra, e será tido como a coisa mais natural do mundo. Arnaldo B. S. Neto é professor da Faculdade de Direito da UFG e auditor fiscal do Ministério do Trabalho.

“O Jornal Opção tornou-se porta-voz dos avanços sociais, da cultura e do pensamento moderno”

Layout 1José Eliton O Jornal Opção completa quatro décadas de serviços prestados à democracia e à veiculação de informação com análise. Surgiu às vésperas do Natal de 1975, numa iniciativa do seu diretor-responsável, jornalista Herbert de Moraes. Desde então, brinda os leitores com um semanário de rara qualidade. O veículo foi homenageado na segunda-feira, 14, pela Assembleia Legislativa. O sucesso é fruto da independência editorial, relevância de conteúdo e inovação permanentes, em estreita sintonia com a sociedade. Tornou-se porta-voz dos avanços sociais, da cultura e do pensamento moderno. O jornal tem expressiva presença na vida dos goianos, dos que buscam o melhor da notícia, dos bastidores, e prezam a reflexão, o debate inteligente, a originalidade e diversidade. Com o advento da internet, imediatamente se adaptou e disponibiliza um portal que se mantém entre os mais acessados da região Centro-Oeste. O Jornal Opção soube se reinventar, ao instigar e cativar leitores, ao ampliar o leque de cobertura com privilégio da análise criteriosa, década após década. Em suas páginas a economia, a ciência, a política e a cultura se sucedem em reportagens e artigos de larga repercussão. Neste processo, Herbert de Moraes sempre teve, desde o início, a estreita colaboração da diretora financeira, Nanci Guimarães de Melo Ribeiro, como tem hoje a da diretora-executiva e editora de política, Patrícia Moraes Machado, e do correspondente internacional Herbert Moraes. O editor-chefe Euler de França Belém coordena com enorme talento as ações editoriais de uma equipe de jornalistas à altura de sua relevância social.

José Eliton é vice-governador de Goiás.
 

“Publicação inovadora com visão analítica dos fatos”

Agenor Mariano Num País onde metade das empresas fecha as portas após quatro anos de atividade, segundo dados do IBGE, quero parabenizar o Jornal Opção por seus 40 anos. Sou testemunha e admiro a luta deste semanário, pioneiro no Brasil por adotar o formato tabloide desde sua criação, para manter-se vivo no cenário goianiense contribuindo para o fortalecimento da democracia. Durante quatro décadas, o Jornal Opção tornou-se um espaço importante para divulgação e valorização da cultura goiana, dando voz aos escritores e artistas locais. Com uma visão analítica dos fatos é, hoje, referência para o debate de assuntos do cotidiano, comportamento e política. A chegada de novas tecnologias provou, mais uma vez, sua vocação para o pioneirismo. O jornal soube se reinventar, saindo na frente de concorrentes no uso da internet e das redes sociais e ganhando ainda mais destaque. Na pessoa do editor-chefe, Euler de França Belém, a quem admiro pela idoneidade e alto nível intelectual, quero ainda destacar a competência e ética dos profissionais que contribuíram para o sucesso do Jornal Opção nestes 40 anos. Parabéns e que venham mais 40 anos, produzindo um jornalismo cada vez mais inovador e de alta qualidade.
Agenor Mariano (PMDB) é vice-prefeito de Goiânia.
 

“Um jornal de suma importância para Goiás”

Dioji Ikeda Como prefeito de Inhumas, venho parabenizar os diretores do Jornal Opção pelos 40 anos do semanário, estendendo os cumprimentos a todos os funcionários e colaboradores, que, juntos, desempenham um trabalho que leva a informação séria e responsável a seus milhares de leitores. Em nome da municipalidade inhumense venho agradecer o trabalho realizado na condução deste jornal que é de suma importância para o Estado de Goiás.
Dioji Ikeda é prefeito de Inhumas.
 

“A vocação para o debate de ideias é o marco do semanário”

José Nelto Infelizmente, devido a uma rouquidão, não pude comparecer à sessão solene na Assembleia Legislativa em comemoração aos 40 anos do Jornal Opção na última segunda-feira, 14. É um dos mais importantes e relevantes veículos de comunicação do Estado de Goiás. Sua vocação para o debate de ideias é um marco para o fortalecimento das instituições democráticas em nosso Estado e no País. Reitero os parabéns ao Jornal Opção!
José Nelto (PMDB) é deputado estadual.
 

“A seleção de 70 preservou o conjunto total de talentos”

basilMarco Antônio da Silva Lemos Após ler o artigo “Livro conta a história de Rivellino, o craque que encantou Pelé, Maradona, Beckenbauer e Platini” (Jornal Opção 2110), na coluna “Imprensa”, me veio a questão: alguém consegue imaginar hoje uma escalação do Barcelona sem o tridente Messi-Neymar-Suárez? Claro que não. Tendo talento, arruma-se lugar para todo mundo. Em 1970, Tostão era cogitado como reserva de Pelé; Jairzinho seria o centroavante (na reserva dele, Dario “Peito de Aço”). E Rivelino seria reserva de Gérson no meio de campo. E ainda existiam outros “problemas”: Piazza, titular como volante, foi improvisado como quarto-beque — e assim entrou Clodoaldo no meio de campo. Quem seria o ponta-direita? Imaginem: Rogério Smazniek, xodó de Zagalo no Botafogo, jogador comuníssimo. A questão foi resolvida com uma série de improvisações, que miraculosamente deram certo. Pelé, Tostão, Jair e Rivelino entraram simultaneamente e tudo funcionou. Preservou-se o conjunto total de talentos. O grande jogador daquela Copa, que fazia esse carrossel funcionar, era Gerson. O outro nome de maior destaque, Jairzinho, era um atacante que ficava na direita e fechava para o meio — à la Robben, da Holanda de hoje — e era um desmantelador de defesas com seu físico privilegiado Nossa Copa de 70 era “black & white” — só os poderosos do governo Médici em Brasília dispunham de TVs em cores. Mas a gente acompanhava também pelo rádio. Muitas vezes, punha-se a imagem e escolhia-se o locutor favorito — eu fiquei com Geraldo José de Almeida. A pior coisa do mundo era começarem os jogos ao meio-dia local, no México. Um absurdo total, e em locais altos, com baixo teor de oxigenação. Sempre houve o costume de se comparar as seleções de 1958 e 1970. Tarefa impossível; eram duas configurações completamente diversas, e consolidadas ao acaso. Mas eu faria um “mix”: O resultado: Gilmar; Djalma Santos, Piazza e Nilton Santos; Zito e Gérson; Garrincha, Didi, Jairzinho, Pelé e Tostão.
Marco Antônio da Silva Lemos é desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJ-DF).

“Papai Noel existe ou a insegurança o deixou sem sapato na janela?”

Antônio Lopes O reconhecido mestre e professor Habib Badião vaticina: “Quem estuda Fi­losofia e Sociologia reflete e atua melhor na vida prática, inclusive ao exercer o poder do voto.” De maneira passiva, o coletivo sofre consequências do lodo moral e midiático da Sodoma e Gomorra em que se tornou a Câmara dos Deputados. Gerenciada por um santo do pau oco, a ala reacionária do poder não vale o que pesa aos cofres e seu Conselho de Ética não exala ética nem moral. Não é novidade que o Brasil convive com as consequências socioeconômicas mundiais agravadas por um Congresso corrupto, corruptível e corruptor, fato e acontecimento secular o qual remonta ao Império de um país quintal do mundo e exportador de matéria-prima bruta — a qual incluía o sujeito nativo e negro sem dignidade, cujo valor enquanto ser humano reduzia-se à mercadoria no mercado. A delação premiada fomenta o sistema capitalista pirata e corrupto, pós-moderno, lobista, monoteísta e movido pelo óleo do dinheiro não declarado. A Filosofia entende como comportamento ético a reta ação do ser humano a qual destoa da necessidade jurídica e afago ao roubo do patrimônio público. Nos tempos da militância que enfrentou o período de exceção política, o dedo-duro era conhecido como “cachorro” ou “X9”. O eu-consciência afogou-se, atirado que foi do navio de piratas contemporâneos cujo capitão é o eu-coletivo. O lixo do luxo com “poder de polícia” instalou-se em Brasília, tem maioria no alforje que sonega impostos e rouba a ética. Um terço dos brasileiros paga o preço do pecado dos outros dois terços, as igrejas católica e evangélica, representadas ali por lobistas profissionais, santos larápios metidos em vestidos e ternos que valem mil vezes o salário de fome do trabalhador. São mais de 500 frouxos para um Cunha! O exército de reserva (desempregados) enfrenta a carta de Michel Temer, o zica e a dengue, a matilha instalada no poder, a greve da polícia, o desemprego, a força abençoada, hipócrita e santa das ONGs, o neoliberalismo da gestão do Estado, empreendimentos imobiliários que adensam a cidade sem pensar o trânsito e o urbanismo mal administrado que culminam na expressão social do abuso das drogas. De olho no relógio, o trabalhador cumpre tripla jornada. Endividado, enriquece instituições que rasgam a Constituição e comercializam o ensino. A pretensão do sujeito em se tornar mestre ou doutor é mais uma mentira da sociedade capitalista. Na janela das verdades, um cabaré, a gasolina, a cocaína e o sexo insistem em mover os melhores mundos que Freud e Chaplin descobriram há tempos, modernos, e que delegam a certeza violenta de que durante o Natal, o sapatinho na janela, logo pela manhã, denuncia se Papai Noel existe ou se a insegurança te deixou sem sapato ou chinela.

Antônio Lopes é mestrando em Serviço Social.
 

“Que o Jornal Opção tenha sucesso por muito mais tempo”

Marcos Abrão Ao completar 40 anos de existência, o Jornal Opção faz jus às palavras do jurista e também jornalista Rui Barbosa: “Todo o bem que se haja dito e se disser da imprensa ainda será pouco, se a considerarmos livre, isenta e moralizada.” Com sua análise crítica e diferenciada dos fatos, este jornal é leitura obrigatória para quem gosta de ficar informado por meio de um amplo painel de opiniões e perspectivas. Antes, como integrante do Poder Exe­cutivo, e agora, no Legislativo, con­tinuo sendo leitor fiel desse pe­riódico que enriquece a im­pren­sa goiana. Como deputado federal, devo reconhecer a força do Jornal Opção para debater ideias no cenário político de nosso Estado. Os jornalistas Herbert de Moraes e Patrícia Moraes Machado merecem todos os cumprimentos por permitir que nós, goianos, possamos ter variedade e credibilidade em um único veículo de comunicação. E é isto que o Jornal Opção — seja em versão impressa, seja em versão online — faz de melhor: comunica. Importante ressaltar a elogiosa adaptação às novas tecnologias ao longo dessas quatro décadas, o que reforça a ideia de um periódico de vanguarda, que indica novas tendências. Por esses motivos, parabenizo toda a equipe do Jornal Opção pelo trabalho que dignifica a imprensa não apenas de Goiás, como do Brasil inteiro. Parabéns aos idealizadores e aos que concretizam diariamente o projeto iniciado em 1975. Sucesso por muito mais tempo: é o que desejo. Marcos Abrão é deputado federal, presidente do PPS de Goiás e economista.

“Lamentável o mercado de livros de arte ficar sem a Cosac Naify”

Orley José da Silva É lamentável que o estreito mercado de livros artisticamente bem produzidos fique sem a Cosac Naify. Então, a causa não foi econômica, mas de má administração dos projetos? Um segmento gráfico que hoje suporta até mesmo uma desastrada gestão é o de livros didáticos e paradidáticos. Um restrito grupo composto de 10 ou 15 editoras, no máximo, vive de produzir e vender livros para o MEC. E os números são milionários para a impressão dos títulos (R$ 30 milhões, 40 milhões ou 50 milhões por título) e bilionários para o dinheiro que entra no caixa dessas empresas. Aliás, a Lava Jato, se quisesse, bem que poderia achar serviço nesses negócios.

Orley José da Silva é professor.
 

“A editora não se adaptou se tornou-se inviável”

Everaldo Leite A ideia de segmentação com especialização estava em alta na década de 1990, todavia o mercado mudou e quem não percebeu criou uma armadilha para si (em quaisquer segmentos). Editoras precisam atuar em várias frentes, minimizando o custo de produção, além de lançar mão do uso das novas tecnologias. A Cosac Naify não se adaptou, não quis se adaptar. Poderia ter se associado a outras editoras, novos sócios; não o fez, se tornou inviável.
Everaldo Leite é economista e professor.
 

“É preciso investir na formação de novos e bons leitores”

Cássia Fernandes Apesar de lamentar, achei a explicação de Charles Cosac coerente. Para sobreviver, as editoras publicam muito lixo, que acaba pagando o custo dos bons livros, pouco rentáveis. Parece-me que há aqui um ponto que Larissa Mundim, que está à frente da Nega Lilu Editora, aborda muito bem. Temos novos autores produzindo e publicando no Brasil, mas para onde afinal vão todos esses livros? Não adianta investir só na produção; é preciso investir de verdade na formação de novos leitores e bons leitores, e não temos políticas realmente comprometidas com isso.
Cássia Fernandes é escritora e jornalista.
 

“O brasileiro é, antes de tudo, um intolerante”

Arnaldo B. S. Neto No Brasil, país fruto da contrarreforma e da Inquisição, discordar é sempre algo mal visto. As pessoas tendem a levar opiniões como uma ofensa pessoal. Basta ser um pouco mais duro, irônico ou sarcástico na argumentação que amizades de pronto terminam. A disposição para mudar o próprio ponto de vista é mínima. Somos um país dogmático por excelência. Adoramos uma receita ideológica pronta, uma cartilha que nos dê a ilusão de estarmos sempre certos num mundo cada vez mais complexo, onde errar é algo sempre inevitável. O brasileiro é, antes de tudo, um intolerante.
Arnaldo B. S. Neto é professor da Faculdade de Direito da UFG e auditor fiscal do Ministério do Trabalho.

“O Jornal Opção mantém as características que sustentam sua importância”

cartasJÂNIO DARROT Parabéns a Herbert de Moraes, que há 40 anos fundou o Jornal Opção, e também a todas e a todos que estão ou estiveram no dia a dia do jornal, fazendo-o merecer as críticas de ser um dos mais acreditados de nosso Estado. A credibilidade reafirma o po­ten­cial do jornal como meio. O Opção mantém as características que sustentam sua im­portância, conquistando no­vos leitores e se fortalecendo também como espaço publicitário. É um veículo forte e necessário: tem sido muito importante nos informes sobre a Prefeitura de Trindade porque chega à mão de pessoas formadoras de opinião. Jânio Darrot (PSDB) é prefeito de Trindade.

“Digo a todos que é meu jornal favorito”

HENRIQUE GONÇALVES O Jornal Opção é um veículo que apresenta matérias analíticas com profundidade em diversas áreas. Respiro jornal e redação de jornal desde moleque, co­nheci semanários por todo o Brasil, mas, indubitavelmente, é o melhor semanário que li e leio. Além disso, os textos do ex-governador Irapuan Costa Junior são imperdíveis. Já falei isso em Goiânia, inúmeras vezes – porque no domingo sempre ia à feira ou ao mercado com o Opção debaixo do braço e, claro, sempre comentando com os amigos algum artigo ou matéria. A eles, sempre falei: “O Jornal Opção é o meu semanário favorito!”. Para­béns ao editor-chefe Euler de França Belém e demais jornalistas. Henrique Gonçalves Dias é jornalista.

“Artigos que poderiam estar mesmo em revistas científicas”

RONALD BICCA Realmente o Jornal Opção é um veículo de primeira linha no sentido de qualidade editorial. Há anos se fala isso aqui em Brasília. Assuntos tratados com seriedade e alguns artigos muito profundos que poderiam ser publicados mesmo em revistas científicas. O semanário já tratava de questões ideológicas delicadas com honestidade intelectual numa época em que setores da imprensa eram totalmente dominados por ideologias. Sobre o ex-governador e colaborador do jornal, Irapuan Costa Junior, especialmente afirmo que é pessoa que tenho orgulho de dizer que conheci desde a época em que foi senador. Eu era estudante, mas sempre fui muito bem recebido pelo mesmo em seu gabinete, onde expunha sua visão de Brasil sempre com seriedade e altivez. Grande político, empresário sério e excelente governador. Ronald Bicca é ex-procurador-geral do Estado.

“Um semanário que merece ser lido”

ANTÔNIO MACEDO Leio o Jornal Opção há anos. Gosto muito. É um jornal que tra­ta de assuntos variados com profundidade e coragem. Um semanário que merece ser lido. Para­béns a Elder Dias, Euler Fagundes De França Belém, Irapuan Costa Junior e aos demais que contribuem para a sua grandeza. Por vezes atravessam momentos difíceis, mas nunca desistem. Antônio Macedo é médico dermatologista.

“Altair Sales nos revela uma gravíssima situação”

LUCIANA M. SANTOS ARRAES Matéria excelente com o professor Altair Sales Barbosa (Jornal Opção 2048). É a melhor exposição que já li sobre este tema. Fiquei muito emocionada porque gostaria de encontrar os caminhos para reverter esta gravíssima situação e não vejo como. Apregoa-se que nossa arma é o voto. Quem acredita nisso? As campanhas estão somente estruturadas sobre políticas imediatistas que garantem voto. Dilma, Aécio, tanto faz porque, por trás de cada candidato, existe apenas comprometimento com os grandes financiadores das campanhas, os grandes cartéis. Em instância nenhuma há o povo em vista. Os programas sociais de Dil­­ma têm a função de resolver o ago­ra. Pronto: e depois? O im­portante mesmo é ter o controle do poder. A preservação do meio ambiente depende da sensibilização dos indivíduos de uma sociedade e o professor Altair Sales Barbosa, com a plena consciência do que expõe, é uma voz isolada diante de nossos governantes e ouvida apenas por nós poucos, que só temos como arma o voto. [caption id="attachment_43406" align="alignright" width="620"]Altair Sales Barbosa, o “Dr. Cerrado” e ex-professor da PUC de Goiás Altair Sales Barbosa, o “Dr. Cerrado” e ex-professor da PUC de Goiás[/caption]

“Uma pena os brasileiros não se reconhecerem em sua própria cultura”

GABRIEL DOURADO ROCHA Em relação ao texto “A bandeira da França no Facebook e a ilusão de pertencer a um mundo mais civilizado” (Jornal Opção 2107), não concordo com a discussão maniqueísta (solidarizar-se com Mariana ou Paris), mas concordo plenamente com o ponto de vista referente ao pensamento da população ser, em inúmeros casos, colonizada ou manipulada, sim. Uma pena a maioria dos brasileiros não reconhecer na cultura do sr. Marcos Eufrásio (personagem da matéria, um dos moradores desabrigados do povoado de Bento Ro­dri­gues, em Mariana) e dos indígenas a mesma grandeza da cultura europeia. Gabriel Dourado Rocha é estudante universitário.

“A grande mídia quer livrar os responsáveis pelo crime de Mariana”

[caption id="attachment_51472" align="alignleft" width="620"]Leitores protestam contra o crime ambiental ocorrido com o rompimento das barragens em Minas Gerais | Foto:  Antonio Cruz/ Agência Brasil Leitores protestam contra o crime ambiental ocorrido com o rompimento das barragens em Minas Gerais | Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil[/caption] Alexandre Araújo Costa A grande mídia está começando a repercutir de maneira irresponsável que houve “abalos sísmicos” na região de Mariana (MG). Trata-se de uma cumplicidade inaceitável da mídia com as corporações. Essas matérias não passam de factoides plantados pela Vale e BHP, donas da Samarco S.A. A escala Richter é logarítmica, ou seja, um abalo de intensidade 8 não é duas vezes maior que um de abalo 4. Ele é 10 mil vezes mais forte. Aliás, a cada ponto na escala, a intensidade cresce dez vezes. Como bem mostra a tabela Richter, abalos inferiores a 2 sequer são sentidos por nós. Só a sensibilidade do equipamento (sismógrafo) permite que se saiba que ele aconteceu. Acima de 5,0 pode haver danos, mas eles só são importantes se a construção for frágil, de má qualidade, fora de qualquer parâmetro de segurança. Estamos falando de um barraco, um casebre, uma ponte artesanal de madeira. Estruturas de engenharia corretamente construídas devem ser capazes de suportar abalos de escala 7 ou mais, com danos, mas sem colapso. Uma represa precisa ter estrutura ainda mais resistente. É o tipo de estrutura que só tremores próximos a uma escala 9 ou mais seriam capazes de derrubar. Movimentos sísmicos de menos de 2,0 na escala Richter ocorrem o tempo todo! Milhares deles todo dia. E ninguém os sente, de tão fracos! Então, falar de “abalos sísmicos na região de Mariana” num mo­mento como esse, quando se sabe que, para haver qualquer relação entre o desabamento da represa e atividade geológica seria necessário um terremoto 100 milhões de vezes mais intenso do que os tremeliques observados, é pura má-fé. A grande mídia quer livrar a cara da grande mineração. Corporação de braços dados com corporação. Alguma surpresa?

Alexandre Araújo Costa é professor titular da Universidade Estadual do Ceará, doutor em Ciências Atmosféricas pela Universidade do Colorado (EUA), PhD pela Universidade de Yale (EUA) e integra o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.

“Não é acidente; é crime ambiental por negligência”

Roberson Guimarães A Samarco Mineração S.A. é uma empresa dirigida à mineração, beneficiamento, pelotização e exportação de minério de ferro. O controle acionário da empresa está dividido igualitariamente entre a Companhia Vale e a BHP Billiton. Essen­cialmente, toda a produção da companhia é vendida para siderúrgicas de 25 países das Américas, Ásia, África, Europa e Oriente Médio. Não é um absurdo que os meios de comunicação só se preocupem em solicitar da população ajuda com donativos para os desabrigados quando a responsável pela tragédia é uma multinacional biliardária? Só mais uma coisinha: isso não é um acidente. É crime ambiental por negligência do responsável.
Roberson Guimarães é médico.

“Governador Valadares sofre a morte que exala do Rio Doce”

Samuel Zatta Vocês não têm ideia do que estamos passando em Governador Valadares. Acabou a água da cidade. Estamos sem previsão de ter o abastecimento normalizado. Água mineral para beber? Ficou o “olho da cara”. Há mau cheiro pela cidade por toda a morte que exala do Rio Doce. Em quanto tempo nossa vida volta ao normal? Estamos em calamidade pública. Porém nessa cidade tem um povo orando, clamando e pedindo socorro. Que Deus nos ajude!
Samuel Zatta é pastor e morador de Governador Valadares.

“O tempo está acabando, Brasil”

Arnaldo B. S. Neto Uma emergência ambiental atrás da outra. O berço esplêndido se esgotou. Quando vamos deixar de ser o país que paga suas contas exportando sua natureza? O tempo está acabando para você, Brasil. Descubra outro modelo ou pereça miseravelmente na vala comum das nações fracassadas. Arnaldo B. S. Neto é professor da Faculdade de Direito (UFG).  

“Faça uma breve pausa para pensar no tempo”

Tom Coelho Minha filha está completando 6 anos de idade. Esta é uma das mais incontestáveis provas de que o tempo voa. Afinal, ainda me recordo dela como um bebê engatinhando, pronunciando suas primeiras palavras, comemorando seu primeiro aniversário. Já notou como nossas vidas parecem seguir orientadas por um piloto automático? Acordamos em horários regulares, tomamos um café da manhã parecido e seguimos para nossas atividades pelos mesmos caminhos, enfrentando o trânsito nosso de cada dia. Quer você seja um estudante, um atleta ou um profissional, no seu destino a rotina (do francês “routine”, o caminho muito frequentado) lhe aguarda: uma sequência de aulas para assistir, treinos extenuantes para cumprir, reuniões ou ações operacionais para realizar. No decorrer do dia, um almoço talvez insípido no mesmo restaurante ou refeitório, alguns momentos fugazes de prazer por telefone ou pessoalmente com um colega ou familiar, fechando o dia em companhia da TV, do celular ou da internet, jantando e indo dormir, para recomeçar tudo na manhã seguinte. Faça uma breve pausa, por favor. Coloque-se defronte ao espelho e observe como a vida está passando rápido diante de seus olhos. Cabelos embranquecem ou começam a rarear, rugas instalam-se em sua face, algumas dores ocupam partes de seu corpo. Agora olhe ao redor e perceba o mesmo em relação aos seus pares: pais, irmãos, filhos, amigos. Minha filha me proporciona ao menos dois momentos muito felizes todos os dias: quando a desperto e quando a coloco para dormir. Ao acordá-la, com pequenos beijos e abraços, sinto o calor de seu corpo ainda pequeno e o aroma de sua pele. Ao abrir os olhos e receber seu carinho, ouço o som de sua voz e toda sua disposição por iniciar mais um dia. Ela faz questão de descer as escadas em meu colo, o que ainda é possível, e exige minha companhia ao seu lado enquanto faz seu desjejum. À noite, após o banho e o jantar, aquela pequena mocinha, agora com longos cabelos cacheados e trajando sua ainda infantil camisolinha, sobe as escadas novamente em meu colo e por alguns minutos, antes de adormecer, conversa comigo sobre suas ideias, sobre seu sonho de um dia poder voar como uma fada, sobre como ela julga sua “vida perfeita”. Então, termino meu dia envolvido pela alegria e tomado por reflexões. É impressionante como a pureza e a inocência de uma criança têm muito a ensinar a nós adultos sobre como valorizar e celebrar cada novo dia. Neste momento, lembro-me de Shakespeare, que dizia: “O tempo é muito lento para os que esperam, muito rápido para os que têm medo, muito longo para os que lamentam, muito curto para os que festejam. Mas, para os que amam, o tempo é eterno”.
Tom Coelho é educador, palestrante e escritor. E-mail: [email protected].

“De pedras e pedradas: o som e a fúria”

Livro-DawnVALDIVINO BRAZ Mas o que foi aquilo? Alvoroço por conta de um mero exercício do intelecto, de curiosa leitura e repasse de observações. Não somos críticos literário, não fazemos crítica, comentamos aspectos, expressamos impressões de leituras. Similitudes em literatura existem, sim, pelo mundo afora (em nós mesmos, como admitimos no artigo), e não quer dizer que este ou aquele autor está plagiando ou que não tenha talento. Não intentamos minimizar a obra de ninguém. Os temas são sempre os mesmos, universais, e mais importa o modo de cada um contar. Escritores não estão isentos, estão expostos e devem ter caixa torácica ou psicológica aberta aos ventos adversos de alguma crítica. No nosso caso, particularmente, a “fama” é que nos difama. Aos 73 anos de idade, sob patrulhamento civil e censura à livre-expressão sobre literatura! “Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo” (frase atribuída, controversamente, a Voltaire). Tratando-se de pessoas letradas, que levamos em consideração, sugerimos que releiam, mais atentamente, o texto “De hóstias e de pedras” (caderno “Opção Cultural”, Jornal Opção 2102), no qual comentamos e especulamos sobre aspectos paralelos nos romances da escritora Clara Dawn e de Camilla Läckberg, autora sueca. Mais acuidade na leitura: perceberão que ressaltamos o talento de Clara Dawn e as qualidades de seu novo romance. O mais são conjecturas, suposições de ressonâncias (ou nada disso, como deixamos claro no artigo), sem o intento de “detonar” uma talentosa escritora. E mais: visitem o blog de Clara (www.claradawn.com) e leiam (se lá ainda se encontra) a vinheta sobre o primeiro romance, “Alétheia”, publicado por ela: “Considerado pelos escritores Edival Lourenço e Valdivino Braz, como a revelação de um novo estilo na literatura goiana”. Como, então, haveremos de boicotar ou detonar uma escritora por nós mesmos reconhecida? E, como assim, virem dizer que boicotamos o romance de Clara, que a detonamos, e outro a insinuar que só gostamos de literatura fast food? Muito raramente lemos alguma obra deste gênero, e se lemos “O Cortador de Pedras”, de Camilla Läckberg, foi porque primeiramente estávamos a ler “O Cortador de Hóstias” (prestigiamos o lançamento da obra), de Clara Dawn, e então nos deparamos com o romance da escritora sueca nas prateleiras de um “sebo” (livros usados). Só por isso compramos o livro de Camilla Läckberg. E morremos. Se a curiosidade mata, como dizem, ponderamos que a curiosidade também é fonte de conhecimento, por temerário que seja. Não há melhor metáfora sobre o risco do conhecimento do que as páginas de livro envenenadas no romance ”O Nome da Rosa”, de Umberto Eco. Releiam o artigo “De hóstias e de pedras”, de forma mais isenta emocionalmente (certo, amizade é coisa sagrada, e muitos que usaram o Facebook ainda nem tinham lido o romance de Clara), desprendidos de uma apressada e animosa interpretação do texto. Aqui lamentamos muito, muitíssimo, que Clara Dawn sofra por causa dos nossos incompreendidos comentários. Um texto híbrido, que redigimos, dentro do nosso costumeiro estilo (que Clara conhece bem), e alguns criticaram porque não o entenderam. Não, Clara, não nos fale em parar de escrever. Não pare, nunca! Como nos disse (a mim), via e-mail, um intelectual amigo, sobre o artigo: “Seu texto é muito bom, e valoriza o livro de Clara, inclusive ao situá-lo.” E outro, doutorando em Literatura: “Vi o seu texto, gostei muito. E você colocou em evidência o romance de Clara.” No Facebook, alguém, meio que mais ponderado, ressaltou que “cada um tem uma forma peculiar de sentir e interpretar”. Então é também isso aí. Valdivino Braz é jornalista e escritor.

“Há soluções inteligentes para o problema da água”

ARIEL HEBERT Em relação ao texto “O Brasil pode se tornar uma potência hídrica mundial. E isso pode começar por Goiás” (Jornal Opção 2104), é preciso levar em conta também o regime de propriedade de bens imóveis urbanos e rurais. Se porventura, desalocassem populações goianienses precariamente assentadas próximas a córregos e ribeirões da capital, com prévio afastamento de esgoto em 100% do município, reconstituindo com a cobertura vegetal original sem fazer essas horrorosas canalizações, em pouco tempo, com um trabalho paralelo em cada município da bacia, logo a recuperação do Meia Ponte seria uma realidade. [caption id="attachment_50039" align="alignright" width="620"]Rio Meia Ponte encontra-se com nível de água baixo Rio Meia Ponte encontra-se com nível de água baixo[/caption] Quanto à propriedade rural, as áreas de reserva legal, que são burladas de toda maneira, deveriam ser redimensionadas, mas só com a ação e coragem de mudar o regime de uso da propriedade. Com relação a recuperação de áreas rurais, de seus respectivos biomas e ainda prover a segurança alimentar de nosso povo, sugiro o opúsculo “A Salvação da Lavoura”, de Gilberto Felisberto Vasconcellos e Marcello Guimarães, bem como “O Poder dos Trópicos”, também de Gilberto Vascon­cellos em coautoria com Bautista Vidal. Soluções inteligentes, brasileiras e bem menos dispendiosas do que anunciam aqueles que adiam estas decisões fatídicas, alegando custos altos. Ariel Hebert é escrevente judiciário. IVONALDO DUARTE Segundo a experiência de privatizações, em algum momento, quando a água for mais valorizada ainda, o nosso governo vai fazer uma obra bilionária de recuperação dos rios. Mas antes vai colocar a culpa do problema na população pobre das proximidades. Depois, sabemos os próximos passos. Ivonaldo Duarte é geógrafo e servidor da Universidade Federal de Goiás (UFG).

“Onde estão os comitês das bacias hidrográficas?”

IVAN BISPO Goiás, indiscutivelmente, é uma potência hídrica. Mas falta algo muito importante que é a estruturação da gestão de nossos recursos hídricos. Não temos nenhum investimento no sistema estadual de gestão dos recursos hídricos. Onde estão os comitês de bacia para fazer a arbitragem primária? Qual estrutura que dispõe o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte? Ivan Bispo é ambientalista.

“Que feio, deputado Waldir!”

DONIZETE SANTOS Quando se acaba ou não se tem argumentos plausíveis para a interlocução, recorre-se aos resquícios da ditadura tentando calar os que questionam e aos que delegam mandato e poder; o povo, de quem a imprensa livre é sempre a porta-voz. A crítica, positiva ou negativa, aos que ocupam cargos públicos e às suas ações faz parte do jogo democrático. Quem não estiver preparado para isso que não se habilite. Que feia iniciativa deputado Delegado Waldir! [“Ao censurar jornal, deputado Waldir Soares comete atentado contra a democracia”, Jornal Opção 2104] Donizete Santos é publicitário.

“A postura independente do Jornal Opção merece um ‘bravo!’”

[caption id="attachment_48644" align="alignleft" width="620"]Estudo de Impacto de Vizinhança do gigante deve ser questionado na Justiça Estudo de Impacto de Vizinhança do gigante deve ser questionado na Justiça[/caption] Adalberto de Queiroz A respeito do editorial “Cons­tru­­tores não podem se tornar os ver­dadeiros ‘donos’ de Goiânia” (edição 2013), destaco a postura in­dependente do Jornal Opção, que, mesmo estampando publicidade da prefeitura municipal, não se omite: “O que o Jornal Opção está propondo é que Goiânia seja de fato uma cidade para os goianienses — não apenas para os proprietários das grandes construtoras e imobiliárias. Uma palavra final: bater palmas para os poderosos, só porque são endinheirados, não é sinônimo de modernidade, e sim de atraso. É o que, na falta das palavras justas buscadas pelo escritor francês Flaubert, podemos nominar de “vanguarda do atraso”. Os goianienses devem lutar para que sua cidade não seja dirigida por um poder paralelo e acima das leis. Um futuro melhor depende de um presente melhor." Isso prova que "o jornal não é contra o progresso, não tem a intenção de dificultar os negócios dos empreendedores. O que propõe é que haja uma discussão ampla com foco no interesse não apenas dos empresários, mas sobretudo no de todos os cidadãos." Adalberto de Queiroz é escritor.  

“Nunca fui ouvido sobre o Nexus”

Robson Dias Eu nunca fui ouvido sobre esse Nexus. Nem ninguém da vizinhança. Ninguém concorda com isso. Só quem depende daquele trajeto sabe o inferno que fica a Praça do Ratinho em horários de pico. Mas, enfim, será construído não é? Fazer o quê! Robson Dias é empresário.  

“Risco de rebaixamento do lençol freático”

José Carlos Marqui As únicas nascentes das águas do Córrego Buritizal, no Clube de En­ge­nharia (Avenida 136), passam ao lado da Pra­ça do Ratinho, canalizadas e destinadas à vida hídrica do abastecimento dos la­gos do Bosque dos Buritis. De­pen­dendo da profundidade das garagens su­bterrâneas escavadas, do projeto Ne­xus, haverá risco iminente do rebaixamento do lençol freático, esgotando o a­bas­tecimento das águas do Bosque dos Bu­ritis, que será um parque sem vida (fau­na, flora, paisagem, clima e visitantes). José Carlos Marqui é auditor fiscal.  

“É o caos programado ou inconsequente”

Newton Marcos Porto Totalmente lamentável. De­pois que a porcaria estiver feita e, consequentemente, ficar mais caótico o trânsito, daí virá a SMT [Secretaria Municipal de Trânsito] tentando fazer remendos, plantando “taca-multas”, faixa disso e faixa daquilo, microrrotatórias e reclamando que a cidade tem veículos demais. É o caos programado ou inconsequente?  

“Goiânia vai deixando de ser uma cidade verde”

Mozart Fialho Jr.  Infelizmente – e especialmente em cidades grandes – o que se vê não é a preocupação com a qualidade de vida para a qual são destinados estes microparques e pracinhas que já possuem “donos”. O que se vê, aqui, é uma cidade 24 horas, onde só se pensa em trabalho e ganhar dinheiro pra dar conta do recado. Qualidade de vida, se quiser, junte seu dinheirinho e vá passar um fim de semana em Pirenópolis, ou em Goiás, que já está de bom tamanho. Goiânia, com esse crescimento esquizofrênico, vai deixando de ser uma “cidade verde” para dar lugar a edificações gigantescas, que só sabem esconder o horizonte e obstruir as correntes de ar. Com a cimentação da cidade toda, o que nos resta é esse calor absurdo e, com as chuvas, mais problemas, com alagamentos pela cidade toda, junção de lixo e proliferação de doenças. Vai chegar um ponto em que isso aqui vai ficar intolerável. Mozart Fialho Jr. é redator.  

“Crescimento desordenado e a especulação estão pedindo passagem”

Costa Junior Eu, na condição de geógrafo, fiquei pasmo com a seguinte situação: um lote que, entre valor venal e de mercado, custaria em torno de R$ 100 mil a R$ 120 mil, tem a pedida pelo proprietário de até R$ 250 mil porque está próximo de um muro de um condomínio fechado. Vamos acabar voltando à era dos feudos. O crescimento desordenado e a especulação imobiliária estão pedindo passagem, por mais que o governo esteja fazendo sua parte. Costa Junior é radialista.  

“Um artigo que põe o dedo na ferida”

Juca Fernandes Artigo maravilhosamente escrito. Põe o dedo na ferida, mostra com clareza qual é o problema sem desmerecer ninguém. Ah, se toda a imprensa goiana fosse assim! Juca Fernandes é editor de vídeo na Agência goiana de Comunicação (Agecom)  

“Cria-se um parque para cercá-lo de prédios”

Alberto Nery dos Santos Realmente um texto interessante. Só tem um porém: quem vai colocar na cabeça desses empresários que eles não mandam em Goiânia? Quem deveria proteger Goiânia seriam nossos vereadores, mas para que eles servem? São apenas criadores de títulos de cidadão goianiense e nada mais. Aqui em Goiânia, ao contrário de outras cidades, quando se cria um parque logo o mesmo é cercado de prédios. Exemplo temos o Parque Cascavel, que praticamente acabou com tudo que havia sido criado. Aí alguém ai dizer que sou contra o progresso, nada disso: sou talvez a única pessoa que só sente feliz na cidade. Até chego a brincar que tenho saudade de quando a Avenida 85 era um congestionamento constante. Apesar de que a mesma hoje, graças à faixa exclusiva para ônibus, está tendo os mesmos problemas. Sei que o Jornal Opção tem a melhor das intenções, mas o poder aquisitivo ainda fala mais alto do que a população. Sabe essa chamada CEI das Pastas Vazias? Não vai dar em nada, porque quem financiam os vereadores são os grandes empresários da construção civil. E-mail: [email protected]

“Carta de Goiânia: por um futuro melhor”

TADEU ALENCAR ARRAIS É conhecida a premissa de que, em se tratando de planejamento urbano, as decisões do presente comprometem o futuro das cidades. A qualidade de vida nas cidades pode ser mensurada pela eficácia das políticas de mobilidade, pelas políticas habitacionais para as camadas de menor poder aquisitivo, pela preservação dos espaços públicos e, especialmente, pelo cuidado com os recursos hídricos. Essas políticas, considerando os marcos da democracia representativa, têm na lei de uso e regulação do solo urbano sua principal matriz jurídica. O grande avanço normativo da política urbana brasileira, reforçado no Estatuto das Cidades, foi a separação entre o Direito de Propriedade e o Direito de Construir. É essa separação que garante, em tese, a função social da propriedade, de maneira particular, e a função social da cidade, de maneira geral. Se aprovado, o novo Código de Parcelamento do Município de Goiânia (projeto de Lei Complementar 020, de 27 de agosto de 2015, que está em trâmite da Câmara Municipal de Goiânia) será um divisor de águas entre um projeto de cidade verdadeiramente sustentável — a que todos defendemos — e um projeto de cidade cujo cuidado com o meio ambiente não passará de um sonho nostálgico. As macrozonas rurais do município de Goiânia estão assentadas, estrategicamente, em áreas com função ambiental imprescindível para o futuro da cidade. A liberação dessas áreas para instalação de Núcleos Residenciais de Recreio e Núcleos Industriais coloca em risco os recursos hídricos e a cobertura vegetal remanescente. A preservação da Macro­zona Rural do Capivara e da Macrozona Rural do João Leite é fundamental para preservar o abastecimento de água do município de Goiânia. As áreas rurais, em função da cobertura vegetal e o do uso do solo de baixa densidade, são essenciais para qualidade de vida urbana. É preciso que todos compreendam, com urgência, que as intervenções urbanas promovidas pelo governo municipal, aparentemente pontuais, prejudicarão as diferentes regiões do município de Goiânia. É por esses motivos, entre outros, que nos manifestamos contra o novo Código de Parcelamento do Município de Goiânia. O compromisso com uma cidade sustentável deve, prioritariamente, sair do campo da retórica. O governo municipal e a Câmara Municipal de Goiânia deveriam traduzir a retórica sobre a cidade sustentável em ações que, efetivamente, possam colaborar com a construção uma cidade mais sustentável e mais democrática. Tadeu Alencar Arrais é doutor em Geografia pela UFF (RJ) e professor associado do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa) da UFG. Também assinam o manifesto: Maria Ester (arquiteta e vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo/CAU- GO); Daniel Emídio de Souza (médico psicanalista); Arnaldo Mascarenhas (arquiteto e presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo/CAU-GO); Celene Barreira (diretora do Iesa/UFG e coordenadora do Plano Diretor da Região Metropolitana de Goiânia); Aristides Moysés (doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP, professor do Mestrado em Desenvolvimento e Planejamento Territorial e ex-diretor do Departamento de Ordenação Socioeconômico da Secretaria Municipal de Planejamento da Prefeitura de Goiânia); Luis Felipe Cherem (doutor em Geociências do Meio Ambiente pela Universidade de Aix-Marselha, França e professor adjunto do Iesa/UFG); Lana Jubé (arquiteta e conselheira federal do CAU); Sandra de Fátima Oliveira (doutora em Ciências pela USP e professora titular do Iesa/UFG); João Batista de Deus (doutor em Geografia pela USP e professor associado do Iesa/UFG); Pedro Célio Alves Borges (doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília/UnB) e professor da UFG); Gisélia Lima Carvalho (professora doutora do IF Goiano); Romualdo Pessoa (professor adjunto do Iesa/UFG e presidente da Associação de Geógrafos Brasileiros/AGB-GO); Lorena Cavalcante (arquiteta e conselheira do CAU-GO); Denis Castilho (doutor em Geografia e professor adjunto do Iesa/UFG); Adriano Rodrigues (doutor em Geografia pela Unesp e professor adjunto do Iesa/UFG); Genilda Bernardes (doutora em Sociologia e professora da UniEvangélica/ Anápolis); Matheus Hoffmann Pfrimer (doutor e pós-doutor em Geografia pela USP e professor adjunto da Faculdade de Ciências Sociais (FCS/UFG); Francisco Mata Machado (coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFG); e Leandro Oliveira Lima (doutor em Geografia e professor da UEG).