Por Euler de França Belém
Mario Sergio Conti entrevistou um sósia do técnico da Seleção Brasileira de Futebol acreditando que estava entrevistando Felipão. O jornalista admitiu o erro e fez a correção. Por que massacrá-lo? Fica-se com a impressão de que rancores antigos, dada sua posição de mando em pelo menos três redações, “Veja”, “Jornal do Brasil” e “Piauí” — o que sempre gera desgaste com subordinados, mesmo com os mais talentosos (jornalistas detestam ser criticados e corrigidos) —, estão sendo expostos como se fossem críticas isentas.
O erro de Mario Sergio Conti entra para a categoria dos primários, mas possíveis. O que não se deve é avaliar o trabalho anterior e atual do jornalista pela falha — apenas uma. O ex-editor da “Veja” é um dos melhores jornalistas de sua geração, tanto que, sob sua direção, a revista era bem melhor. Assim como a “Piauí”, sua criação, ao lado de João Moreira Salles, é uma publicação de qualidade. Conti escreve muito bem e não é nenhum néscio. Apesar da crítica negativa de Mino Carta, seu livro “Notícias do Planalto” é uma importante crônica dos anos Collor.
Don Altobello ilude, num primeiro momento, o hábil filho de Vito Corleone e se aproximou da Igreja que jogava em dois mundos — o legal e o profano
As editoras “brasileiras”, como Record, Objetiva, Companhia das Letras, Leya e Planeta, não são tão ágeis quanto as de Portugal, que já publicaram três livros apresentados como extraordinários por especialistas: “Fortaleza Vermelha — O Coração Secreto da História da Rússia” (Temas e Debates, 664 páginas), de Catherine Merridale, “Continente Selvagem — A Europa no Rescaldo da Segunda Guerra Mundial” (Bertrand Editorial, 528 páginas), de Keith Lowe, e “A Cortina de Ferro — O Fim da Europa do Leste” (Civilização Editorial, 780 páginas), de Anne Applebaum.
Em “Fortaleza Vermelha”, Merridale conta a histór
ia da Rússia por intermédio do Kremlin, que é o centro do poder no país desde a Idade Média. O palácio foi “construído para intimidar os súditos do monarca e assustar os emissários estrangeiros”, afirma sinopse da editora. O autor do excelente “Stálin — A Corte do Czar Vermelho”, Simon Sebag Montefiore, escreveu sobre o livro: “Esta crônica do Kremlin é na realidade a história fantástica da própria Rússia, desde os primeiros czares passando por Lênin e Stálin até Putin”. A revista “The Economist” cravou: “Merridale é uma historiadora [professora de História Contemporânea no Queen Mary, Universidade de Londres], mas possui um faro de detetive e o talento literário de uma romancista”.
“Continente Selvagem” ganha o elogio de um dos maiores estudiosos da Segunda Guerra Mundial e de Hitler, o historiador inglês Ian Kershaw: “Gráfica e horripilante. Esta excelente obra pinta um retrato pouco conhecido e assustador de um continente mergulhado na anarquia e no caos”.
Anne Applebaum, conhecida por sua magnífica história do Gulag, agora vasculha, em “A Cortina de Ferro”, a história dos povos do Leste Europeu sob o socialismo e sob a dominação tirânica da União Soviética. O livro mereceu resenhas entusiásticas. “‘A Cortina de Ferro’, de Anne Applebaum, é com certeza a melhor obra de história moderna que alguma vez li”, anotou A. N. Wilson, no “Financial Times”. “A descrição que Applebaum faz deste período notável é tudo o que um bom livro de História deve ser: resultado de uma pesquisa extensa e brilhante, muitíssimo bem escrito, de uma abrangência enciclopédica e meticuloso nos pormenores”, escreveu, no “Sunday Telegraph”, o pesquisador Keith Lowe. “‘A Cortina de Ferro’ é uma obra excepcionalmente importante que põe em causa muitos dos mitos sobre a origem da Guerra Fria. É um livro inteligente, perspicaz, notavelmente objetivo e resultado de uma pesquisa brilhante”, disse Antony Beevor, um dos maiores historiadores ingleses.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) faz 100 anos em agosto e o Brasil está publicando bons livros a respeito, como os de Max Hastings e Niall Ferguson. Vale traduzir “La Gran Guerra — Historia Militar de la Primera Guerra Mundial” (Crítica, 563 páginas, tradução de Juan Rabasseda e Teófilo de Lozoya), de Peter Hart. Este escreve e pesquisa tão bem quanto o notável Antony Beevor.
Pesquisador do Imperial War Museum de Londres, Peter Hart diz que “a Grande Guerra [assim era chamada até o início da Segunda Guerra Mundial] foi o acontecimento mais importante do século 20”. O historiador frisa que se trata da primeira guerra que efetivamente pode ser chamada de “mundial”. Milhões de homens morreram nas batalhas — muitos por falta de medicamentos, como antibióticos — e pela primeira vez foram usados aviões, tanques, submarinos e gases asfixiantes. Impérios ruíram e novas ideologias surgiram (o fascismo e o nazismo) ou se fortaleceram (o socialismo, com a Revolução Russa de 1917).
Peter Hart assinala que a Grande Guerra mudou o mundo e contribuiu, de maneira decisiva, para a Segunda Guerra Mundial.
Iúri Rincon Godinho
Longe de ser uma bio de Sócrates, esse livro é uma breve história de amor. Kátia Bagnarelli, uma loira belíssima, capturou o coração do doutor. Viveram cerca de dois anos um amor incondicional, que só a paixão explica — ou não rs.
Kátia revela um pouco das explosivas anotações do ex-jogador, que deveriam, essas sim, virar uma biografia. A autora revela a conturbada relação de Sócrates com a família, em especial os filhos. Sua paixão por Cuba e a terrível decadência física de um ex-atleta com cirrose, vomitando litros de sangue pela madrugada. Em duas partes, discretamente, a autora revela que o doutor continuava a beber e a fumar contra todas as recomendações médicas.
Sobram críticas à Confederação Brasileira de Futebol e ao irmão Raí, que teria pedido que Kátia não falasse por Sócrates enquanto ele estivesse hospitalizado. A pequena parte em que narra um telefonema de Lula é emblemática. O ex-jogador preso a um leito hospitalar recebe a visita de José Dirceu, já enrolado com as denúncias do mensalão, e pede para falar com o presidente. Dirceu, denunciado mas poderoso, liga. Lula atende e conversa rapidamente com Sócrates, que cobra do “barba” sua recente aliança com o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Lula enrola, diz que explica pessoalmente em um futuro encontro.
No final da ligação, Sócrates vira-se para a mulher e diz: “É, o barba já não é mais o mesmo”. Para quem era apaixonado pelo socialismo e colocou o nome de Fidel num filho, até que Sócrates nem demorou muito a perceber a mudança.
Iúri Rincon Godinho, publisher da Contato Comunicação, é jornalista.
Serviço:
Título: “Sócrates Brasileiro — Minha Vida ao Lado do Maior Torcedor do Brasil”
Autoras: Regina Echeverria e Kátia Bagnarelli
Editora: PRUMO
Páginas: 240 páginas
Preço: R$ 34,90

Neymar é o craque da seleção brasileira. Oscar é bom jogador, mas irregular. Thiago Silva é um grande zagueiro. Mas craque mesmo só Neymar. Há uma tendência na imprensa patropi, na adulação frequente ao ex-jogador do Santos, a supervalorizá-lo para diminuir Messi. Ora, o argentino é um craque consumado e tem decidido os jogos.
Neymar é um grande investimento do Barcelona, mas ainda não se firmou no time. Fica-se com a impressão de que o futebol de Messi, mais vistoso e produtivo para o time, encabula e constrange Neymar — que, acostumado a ser a primeira voz, não tem funcionado muito como segunda voz. Na seleção, como único maestro, Neymar tem brilhado, com boas atuações, mas as comparações com Pelé têm sido primárias. A rigor, até agora, não fez nenhuma partida de gênio. Contra o México e o Chile, times melhores do que a Croácia e Camarões, foi inteiramente anulado. Nem os lampejos de gênio apareceram.
Messi também não fez nenhuma partida brilhante, mas, como Neymar, ao menos tem decidido os jogos.
Por que Neymar e Messi, craques incontestes, não fizeram partidas acima da média, exceto se comparados com os jogadores de seus dois times? O óbvio: são muito bem marcados. Contra o México, Neymar estava sempre sob a vigilância de dois a três jogadores, alguns faltosos. Com Messi ocorre o mesmo. Mas, mesmo bem marcados, eventualmente desequilibram as partidas.
Posto isto, resta dizer que a alegria da Copa do Mundo tem sido, até o momento, exatamente Neymar e Messi e dois ou três jogadores da Holanda, da Alemanha e um da França (Benzema). A Copa tem sido dos jogadores leves e habilidosos. Holanda, Alemanha e França têm bons jogadores, mas craques mesmo, da estirpe de Neymar e Messi, não têm nenhum.
Cristiano Ronaldo, o craque da Seleção de Portugal, não jogou bem. Por dois motivos. Primeiro, não está bem fisicamente. Segundo, a seleção de seu país é muito pior do que o Real Madri. Fica-se com a impressão de que Cristiano Ronaldo passa a bola e recebe uma pedra. O mesmo ocorre com Neymar na Seleção Brasileira: passa a boa com suavidade, rolando macia, e recebe uma paulada. Parece que alguns de seus companheiros acreditam que se trata não de um jogador, e sim de um velocista (o português é um misto de jogador e velocista).
É provável que, se entrevistar Philip Roth, um jornalista goiano faça a seguinte pergunta: “Qual a sua opinião sobre Bernardo Élis, José J. Veiga e Eli Brasiliense?” O escritor americano certamente não saberá responder. Rogério Borges, do “Pop”, entrevistou o pianista Arnaldo Cohen (foto), que atua no Brasil e no exterior, e não hesitou em fazer uma pergunta provinciana. O repórter quis saber se ele conhecia os trabalhos de musicistas goianas. Polidamente, já que estava em Goiânia, Cohen disse: “Como eles [artistas] são muitos, eu teria receio de citar alguns, pois estaria cometendo uma injustiça ao omitir outros, igualmente importantes”. Se fosse no Facebook, ou noutra rede social, o editor poderia ter acrescentado: “Rs.”
O Brasil é um país que impressiona pelo desleixo e desfaçatez com que trata seus grandes escritores. Carlos Drummond de Andrade, seu maior poeta, deveria ter pelo menos umas dez biografias, para que uma fosse incorporando as pesquisas e interpretações das outras, o que permitiria uma compreensão mais adequada tanto de sua vida quanto de sua obra (mais bem analisada, o que é positivo, do que sua vida). “Os Sapatos de Orfeu — A Biografia de Drummond” (Biblioteca Azul, 338 páginas), de José Maria Cançado, não é ruim. Pelo contrário, é, até certo, um trabalho exaustivo, pioneiro, pois não contou com trabalhos anteriores de envergadura, ou mesmo de envergadura. O que se pode desta pesquisa, sem desmerecê-la — e o próximo biógrafo não pode desconsiderá-la —, é que é lacunar. No sábado, 27, “O Estado de S. Paulo” publicou a notícia de que o jornalista Humberto Werneck, que entende como poucos as coisas de Minas Gerais, iniciou uma pesquisa para escrever uma biografia alentada de Drummond, encomendada pela Companhia das Letras. O biógrafo e a editora são referências de qualidade. A biografia de Drummond será lançada em 2017. “Drummond é meu poeta. Ele fala por mim as coisas que não dou conta de falar. Quero juntar os cacos e ver que xícara dá”, disse Werneck ao “Estadão”. O “Estadão” informa que Werneck pretende Manuel Graña Etcheverry, de 98 anos, que foi casado com Maria Julieta Drummond de Andrade, única filha do poeta. O poeta Graña Etcheverry traduziu poemas do bardo mineiro para o espanhol.
A jornalista Laila Navarrete, de 79 anos, morreu na sexta-feira, 27, no Hospital Anis Rassi, em Goiânia. Uma das mais importantes colunistas sociais da história do jornalismo de Goiás, Laila havia sido submetida a uma cirurgia, no Hospital dos Acidentados, para colocar uma prótese num joelho. A operação havia sido bem-sucedida. Pelo menos até sexta, a família não tinha informação precisa sobre a causa da morte. Laila trabalhou em vários jornais, como “Cinco de Março”, “Diário da Manhã”, “O Popular”, Jornal Opção, “Correio do Planalto” e “O Anápolis”. Ela tinha um conhecimento profundo da sociedade goiana — a dos ricos e da classe média — e escrevia muito bem e era uma profissional, acima de tudo, ética, íntegra. Pode-se dizer que era uma espécie de rainha do colunismo social de Goiás. Além do colunismo social, que exercia com raro prazer — era dedicadíssima —, Laila era poeta. Sua poesia era precisa e, ao mesmo tempo, delicada, amorosa e perspicaz.

O primeiro filho do jornalista e poeta Carlos Willian Leite e da publicitária Tainá Corrêa (filha do brilhante publicitário Ailso Braz Corrêa e da psicóloga Walquíria) nasceu na sexta-feira, 27, na Maternidade Ela, em Goiânia. Céu é seu belo e criativo nome.
Carlos Willian Leite é editor de Cultura do Jornal Opção e, junto com Tainá Corrêa, é o editor da “Revista Bula”, uma das publicações culturais mais bem-sucedidas do país.
Impossível discordar de uma lista que põe “O Poderoso Chefão” como principal destaque e cita “Cidadão Kane”. Mas como aceitar “Apertem os cintos... O piloto sumiu” como um grande filme?
Anote: o advogado José Eliton (PP) será o vice do governador Marconi Perillo para a disputa de 5 de outubro deste ano. Está definido. A batalha de Magda Mofatto e Jovair Arantes não é tanto para lançar a republicana para vice do tucano-chefe. Os líderes do PR e do PTB querem o PP coligado na chapa para deputado estadual. O PP não quer, avaliando que, se o fizer, não vai eleger nenhum parlamentar. Quanto a José Eliton, não resta dúvida: será o vice. Está definido, pois é uma escolha do governador Marconi. O resto é especulação.

O presidente nacional do PHS, Eduardo Machado, trabalhou, árdua e habilidosamente, para formar aquela que ficou conhecida como Chapinha: a união de alguns partidos para fazer uma chapa consistente para deputado federal. Houve um momento em que se pensava que a Chapinha não iria sair das ideias e do papel. Mas na quarta-feira, 25, ela se tornou realidade — unindo PHS, PMN, PTC e PEN.
O PHS vai lançar 29 nomes — entre eles Eduardo Machado e Edivaldo da Cosmed. O PEN banca 10 nomes, como Alfredo Bambu. O PMN terá um candidato — Walter Paulo. O PTC colocará 10 políticos na disputa.
Eduardo Machado diz que, se cada candidato (são 50 candidatos ao todo) obtiver 3 mil votos, a Chapinha elegerá um deputado federal. Porém, se cada candidato conquistar 6 mil votos, o grupo poderá eleger dois deputados federais. O líder do PHS afirma que alguns dos candidatos deverão ter votação superior a 30 mil votos. “Logo, teremos pelo menos dois deputados federais. É a nossa aposta.”
Pré-candidato a deputado federal, o médico Antônio Faleiros (PSDB) está trabalhando em 100 municípios. Em alguns, o tucano tem o apoio de prefeitos. Noutros, tem o apoio de ex-prefeitos. E há também aqueles em que têm o apoio de vários vereadores. Em várias cidades prefeitos, vice-prefeitos e vereadores vão subir no seu palanque. O ex-secretário da Saúde do governo de Goiás tem conseguido apoio de militantes e líderes de vários partidos da base. Faleiros tem amplo de segmentos religiosos e militares. E é, claro, fortíssimo no setor de saúde.
A Editora Abril, que publica a “Veja” e a “Exame”, extinguiu mais uma revista. Agora foi a vez da “Info Dicas”, que estava na 126ª edição. A redação da revista informou ao site Comunique-se que os profissionais não serão demitidos. Devem ser remanejados. Maria Isabel Moreira, editora-chefe, irá para a “Info” — assim como a repórter Adeline Daniele. A Editora Abril extinguiu recentemente as revistas “Alfa”, “Gloss”, “Bravo” e “Lola”.