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Amastha amplia apoio e faz marketing pessoal

[caption id="attachment_27958" align="aligncenter" width="620"]Amastha tem carisma e boa assessoria | Foto: Antônio Gonçalves Amastha tem carisma e boa assessoria | Foto: Antônio Gonçalves[/caption] Gilson Cavalcante  Os adversários do prefeito Amastha (PP) têm poucas chan­ces de êxito na tentativa de fazer frente a uma disputa pela prefeitura da capital. Isso porque o prefeito apresenta simpatia popular, principalmente quando lança mão do marketing pessoal, o que faz com sucesso. Some-se a isso, a mudança em sua postura política. Agora, mais articulado, Amastha iniciou o ano arregimentando para as suas hostes outros partidos políticos, a exemplo do PSB, que passou a fazer parte da administração municipal. O prefeito tem ampla maioria na Câmara de Vereadores. Os 19 parlamentares, 16 fazem parte da base aliada, e dessa composição fazem parte o PMDB, o PT, o PR, o PSDB, além de outros partidos menores. Até as convenções, em junho do próximo ano, o cenário político pode apresentar grandes mudanças. Portanto, não há nenhuma garantia de que a base de partidos que estão com Amastha será mantida até lá. E o PMDB, que nunca admi­nistrou Palmas, pode muito bem preparar um nome para a disputa, numa coligação com o PT e outros partidos menores. Pelo menos é o que especulam alguns articulistas políticos. Amastha, por outro lado, pode ser candidato à reeleição com o apoio do maior número de partidos, para impedir que o bloco ligado aos ex-governadores Siqueira Campos (PSDB) e Sandoval Cardoso (SD) articule uma candidatura competitiva à Prefeitura.

Governo se prepara para enfrentar batalha judicial

O governo se prepara para uma nova batalha judicial. O contencioso desta vez se refere às promoções de policiais militares, concedidas pela administração passada, no final da gestão. O Executivo havia baixado um decreto anulando os atos de seu antecessor, mas o juiz Océlio Nobre interpretou que a medida do governador Marcelo Miranda (PMDB) é incabível e deu despacho suspendendo os efeitos do decreto 5.189/2015, que declarou nulos os efeitos da Lei 2.922/2014. Essa lei garante aos policiais militares reenquadramentos, reescalonamentos e o acréscimo de 8% em seus vencimentos. De acordo com o procurador-geral do Estado, Sérgio do Vale, é possível reverter para que seja restabelecida a hierarquia e disciplina da corporação e os requisitos para as promoções. Nobre alega que o decreto do Executivo é ilegal, porque anula abruptamente ato de promoção e “implica em grave prejuízo de ordem psíquica e econômica, na medida em que atinge legítima ascensão hierárquica na carreira militar, conferida por Lei anterior válida e vigente, além de reduzir substancialmente a remuneração consentânea ao novo posto, o que causa reflexos diretos na qualidade de vida, posto se tratar de verba alimentar, que se destina a satisfazer às necessidades básicas do trabalhador e sua família”. A ação foi movida pela Associação Fraterna dos Oficiais Policiais e Bombeiros Militares do Tocantins e pela Associação dos Militares da Reserva, Re­formados, da Ativa e seus Pen­sionistas (Asmir). Nos documentos encaminhados à Justiça, as entidades representativas dos militares afirmaram ao juiz que em 2013 entrou em vigência a Lei n.º 2.823/2013, que dispõe sobre a carreira e o subsídio da categoria, que traz no seu Anexo III, a tabela remuneratória, com vigência a partir de 1º janeiro de 2015 e, o anexo IV, com vigência a partir de 2016. No ano passado, o então governador Sandoval Cardoso (SD) antecipou a data de pagamento daquelas vantagens para 1º de janeiro de 2015. As associações argumentaram que não houve concessão de benefício ou aumento salarial, “mas apenas a antecipação do pagamento das vantagens que seriam pagas apenas em 2016, constituindo direito dos substituídos já a partir de 1º de janeiro de 2015”. No entendimento do juiz, o decreto do Executivo “é manifestamente inconstitucional e ilegal” e “por mais de uma razão”. E sustenta que, no decreto, “o chefe do Poder Executivo usurpou as atribuições do Poder Legislativo, ao negar a aplicação à lei vigente”. Nobre vai mais longe e seu despacho, ao constatar, segundo ele, inconstitucionalidade pelo fato do decreto ter promovido uma redução dos vencimentos, “coisa que afronta o disposto no artigo 37, XV da Constituição Federal”. “A redução de vencimentos não pode ocorrer, na vigência da Constituição Federal, sequer por edição de lei ou emenda constitucional, quiçá através de um decreto”, justificou o juiz. Os policiais militares – explica o magistrado – adquiriram, a partir do dia 1º de janeiro de 2015, o direito de receber sua remuneração de acordo com a tabela prevista na lei, “que produziu efeitos por um mês e dez dias, quando adveio o questionado Decreto, mesmo que previa retroação de seus efeitos”.

Líder do governo faz um alerta

Para o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Paulo Mourão (PT), os benefícios concedidos a diversas categorias dos servidores públicos do To­cantins, no período de 2010 a 2015, poderão comprometer o Orça­mento do Estado. De acordo com os cálculos do parlamentar, em relação ao ano de 2014, o governo estadual terá que pagar R$ 66 milhões para servidores da Saúde, R$ 5 milhões para professores da Educação Básica, R$ 5 milhões para a Polícia Civil e R$ 13,6 milhões para os servidores do Quadro Geral. Mourão disse que os benefícios concedidos aos servidores têm base legal por força de lei, mas o montante terá impacto negativo nas receitas do Estado, o que compromete a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ele acrescentou que, só para o ano de 2015, o Estado terá que pagar cerca de R$ 63 milhões. “Há boa vontade do governo, mas a questão é financeira, pois não há recursos para resolver a situação”, argumenta o deputado.

“Não vamos institucionalizar a prática homossexual, nem fazer que as escolas perpetuem esses valores”

[caption id="attachment_31820" align="aligncenter" width="620"]Deputado Eli Borges: em defesa da família tradicional brasileira | Foto: Facebook Deputado Eli Borges: em defesa da família tradicional brasileira | Foto: Facebook[/caption] Gilson Cavalcante  O tão polêmico beijo gay entre as duas personagens vividas por Nathália Timberg e Fernanda Montenegro, na novela Babilônia, da Rede Globo, mexeu também com os preceitos religiosos do deputado estadual Eli Borges (Pros), que é pastor evangélico. O beijo entre as duas octogenárias levou o parlamentar a apresentar uma nota de repúdio contra o que ele classificou de cena que afronta princípios da família tradicional. “A referida novela, assim como outras anteriormente exibidas pela Rede Globo, tem clara intenção de afrontar os cristãos em suas convicções e princípios, querendo trazer, de forma impositiva para quase toda a sociedade brasileira, o modismo denominado por eles de ‘outra forma de amar’, contrariando nossos costumes, usos e tradições”, argumenta o parlamentar, na entrevista que concedeu com exclusividade ao Jornal Opção, em que também fala sobre os planos do seu partido, o Pros, do qual é o presidente regional, e as eleições municipais de 2016. Um partido novo como o Pros tem condições de disputar as eleições municipais de 2016, com chances de êxito nas urnas? Nós temos um projeto de colocarmos o Pros nos 139 municípios do Estado, daqui até as eleições do ano que vem e elegermos vereadores em todas as cidades; prefeitos e vices em algumas cidades. É uma meta. E Palmas? Em nossa capital é uma discussão que vai continuar acontecendo. Dessa vez, eu tenho pretensões de me candidatar a prefeito. Mas o Pros tem bons nomes na cidade que podem sonhar com isso. E, quem sabe, alguém pode vir para o partido e ousar ser prefeito de Palmas? Então, é uma discussão que vai ocorrer com tranquilidade, nós vamos fazer uma boa composição. O Pros, que com apenas um representante na Assembleia Legislativa, é um partido que está na base do governo. A estratégia é ampliar a coligação governista para o pleito do próximo ano? O deputado Eli Borges, que é presidente regional do Pros, tem uma posição de apoio ao governo, mas o partido, institucionalmente, ainda não se reuniu para deliberar sobre o apoio da legenda. Então, não posso dar a resposta do Pros fazendo parte do grupo de partidos do governo enquanto não reunir a Executiva. Quanto à minha postura de deputado, estou defendendo esse apoio ao Palácio Araguaia por causa do momento que o Tocantins vive. O Pros pode ser o carro-chefe para a formação de uma aliança política com outros partidos pequenos, com vistas à disputa das eleições municipais do ano que vem? O Pros, na minha gestão como presidente, tem a intenção de se estabelecer no Tocantins como o mais decente e organizado dos partidos, com um time de lideranças qualificadas e preparado para todos os níveis de disputa. O sr. foi um peemedebista histórico, no entanto abandonou o partido. O que o levou, de fato, a se desligar da legenda pela qual o sr. ingressou na vida pública? Historicamente, eu participei do PMDB. Ocorre que no pleito passado, eu percebia que o partido estava numa crise de identidade e eu não sabia qual seria o desfecho disso. Nas minhas pretensões de disputar a prefeitura de Palmas, em 2012, o PMDB não me respaldou nessa postulação. Portanto, achei que estava na hora de comandar um partido político. Aderi ao Pros, que foi comandado um período pelo senador Ataídes Oliveira (hoje presidente regional do PSDB), que deixou o partido e eu assumi comando. Portanto, eu tenho uma grande missão: fazer do Pros um caminho, uma alternativa para aqueles que sonham com a política idealista e decente. O Senado aprovou, recentemente, em segunda votação, o impedimento de coligações partidárias para as eleições proporcionais. O Pros pode ser prejudicado com isso? Eu não acho que seja prejudicial, pode até ajudar, porque isso está acontecendo em um tempo em que nós temos como reagir com trabalho, fazendo em todos os municípios um bom time competitivo visando tornar o Pros um partido até mais forte. Porém, acho que é uma reforma interesseira, porque, na reforma política, eu acho que temos que discutir outros assuntos que considero de maior relevância. Quais, por exemplo? Existem alguns pontos que uma reforma política séria deve pontuar. Por exemplo, o fato de as pesquisas eleitorais manipularem dados, mudando rumos. Temos que discutir isso com profundidade. O segundo ponto que julgo muito importante que seja discutido é o famoso tempo de televisão, em que muitos partidos pequenos — não todos, mas a grande maioria deles — vende seu espaço para os partidos grandes para aumentar o tempo de televisão. Isso torna a disputa majoritária desigual, porque a prática de muitas legendas pequenas é recorrente e outros fazem composições sem nenhum critério do ponto de vista ideológico ou político. Resumo: uma composição de partidos grandes com outros menores acaba tendo um tempo, por exemplo, de 8 a 10 minutos na TV, enquanto uma candidatura de um partido que não entrou na coligação fica com apenas dois minutos. Então, o tempo de TV é outro caminho a ser debatido na reforma política. Um terceiro ponto que considero curioso é uma ação no sentido de que, no horário eleitoral gratuito, os custos deveriam ser reduzidos, com base na orientação da Justiça Eleitoral, porque existem muitos candidatos que não dispõem de muitos recursos financeiros, por serem mais idealistas e, às vezes, acabam perdendo o jogo para os poderosos. Mas o financiamento de campanha eleitoral é um dos pontos que vêm sendo debatidos. Existem controvérsias quanto a ser público ou privado. Esse projeto do financiamento de campanha, que determina o gasto só daquilo que é financiado é um caminho interessante. Acho que estaríamos moralizando o processo. Eu defendo que o financiamento seja público, porque julgo que seja mais transparente. Outro ponto que considero de suma importância na reforma política é essa permissão para contratar pessoas para as campanhas eleitorais. E muitos candidatos fazem disso um caminho para, através de contrato, remunerar os famosos cabos eleitorais para fazerem boca-de-urna na reta final da campanha. Os candidatos que dispõem de mais recursos, obviamente, saem com muito mais vantagem. Nesse aspecto, acho que a Justiça Eleitoral deveria ser mais rigorosa. Os poderosos acabam arrebentando os candidatos bem intencionados no esquema. Quando o Brasil mudar a legislação nesse nível, eu acredito que nós estaríamos chegando a uma situação de competitividade equilibrada. Aí sim, teríamos eleições mais sérias, porque nas eleições é que nasce, muitas vezes, o compromisso da malandragem, coisa que nunca fiz. Outro ponto que defendo na reforma política é a coincidência do calendário eleitoral. Eleições gerais de vereador a presidente da República, o que seria mais econômico e menos desgastante para o eleitorado e para o processo como um todo. O sr. vê alguma disposição da Casa em discutir alguns pontos da reforma politica? Existe uma proposta nesse sentido, mas não é a instância mais apropriada. O Estado recebe as determinantes do ordenamento jurídico nacional. O fórum é Brasília, mas a Casa pode contribuir fazendo um chamamento aos segmentos organizados da sociedade para o debate e discussões, o que é muito salutar para a democracia. A Assembleia Legislativa deve criar em breve duas comissões especiais para discutir adequações à Consti­tuição Estadual e ao Regimento Interno da Casa. Há muitos defasados que precisam de reparos para dinamizar os trabalhos legislativos? Existe proposta nesse sentido. Agora, espero que haja maturidade de fazer essas adequações de maneira que a emancipação da instituição como Poder harmônico e independente ocorra. Eu não vejo que algumas defasagens no Regimento Interno tenham atrapalhado o andamento dos trabalhos legislativos, vejo que, em alguns momentos, não está havendo a observância do Regimento Interno. Mas em alguns pontos – não são muitos – o documento precisa sofrer alterações. Depois de dois meses da nova legislatura, em que as discussões se voltaram para a Lei Orçamentária e polêmicas em torno das medidas do Executivo, a Casa agora entra num clima de tranquilidade. Pode se dizer que vai predominar o marasmo? Não digo marasmo, mas as discussões mais acaloradas tiveram seu pico e agora deve entrar num clima mais ameno, a não ser que aconteça, daqui até o recesso de julho, algo de extraordinário. Mas o Legislativo é feito ondas, ora fervilha, ora fica mais sereno. Mas é o Poder que mais representa o sentimento democrático. É a Casa do debate e o foro das leis. Como está o relacionamento dos deputados da base aliada com o governador Marcelo Miranda? Eu devo dizer que todos compreendem o momento que o Estado está vivendo e que está absorvendo a alma do governador, em função da crise, principalmente, com o funcionalismo público. De um lado, os funcionários buscam os seus direitos e do outro, o Executivo tem que cumprir o que determina a Lei de Res­pon­sabilidade Fiscal, e se ele (governo) descumprir pode cair na improbidade administrativa. Então, há um confronto muito forte. Nessa observação, os deputados estão dando um crédito ao governador. O sr., particularmente, fez algum pedido ao governador? Não, até porque meu propósito é ajudar o Estado enquanto parlamentar, dando sugestões para o governo. O Estado passa pela maior crise de sua história e eu tenho que ser decente, não com o segmento político, mas com todo o Tocantins. Nesses três meses de administração, o sr. acredita que houve algum desgaste do governo, a ponto de alterar o cenário político para 2016 e 2018? Eu acho que nesse momento inicial é natural o desgaste, principalmente porque teve que adotar medidas que contrariaram alguns setores, em função do quadro de crise que herdou de seu antecessor. Até porque haviam muitos sonhos estabelecidos em leis por pessoas que demonstraram não estarem preocupadas com o Estado (referindo-se aos ex-governadores Siqueira Campos e Sandoval Car­doso). E, à medida que esses sonhos não se realizam, a crise, o sentimento e a revolta aparecem no cenário, para, depois, serem contornados com um bom diálogo, uma boa dose de democracia e compreensão. O Tocantins é maior do que todos nós. O sr. se posicionou publicamente contra o beijo gay na novela da Rede Globo, inclusive apresentando requerimento na Assembleia repudiando a cena a qual o sr. julga como sendo “um atentado ao pudor”. Por que o preconceito? Não se trata de preconceito. O assunto, por si só, é polêmico. A minha definição cristalizada é esta: eu respeito qualquer cidadão que faça qualquer opção íntima, não posso concordar, mas tenho o dever de respeitar. No entanto, discordo de algumas coisas como transformar a opção íntima em lei — e quando vira lei, todos têm que obedecer. Transformar opção íntima em direitos de ser transmitido como estímulo e instituições que têm concessão pública (TV Globo, no caso) me preocupa muito, porque o momento social determina que os pais trabalham fora e as crianças ficam em casa, e nem sempre os pais estão acompanhando os filhos para saber se estes estão preparados para decidir. Então, o que acontecerá com esses adolescentes e crianças, quando as escolas saírem da função de prepará-los intelectualmente para estimular práticas íntimas por determinação de lei? O que pode acontecer com crianças que receberão esses estímulos através do sistema televisivo, em que a traição acaba virando uma máxima e tendo um final feliz; em que há incesto na novela das sete; em que a prática entre duas pessoas do mesmo sexo vira matéria que todo o Brasil assiste? Tudo isso me preocupa. Aí vem alguém e diz que é só desligar o aparelho de TV. O problema é que os pais nem sempre estão em casa para obrigar os filhos a desligarem. Acho que não precisa de lei e não somos nós, da família tradicional religiosa, que estamos propondo leis. São aqueles que querem implantar esse novo conceito social, que estão querendo implantar esse comportamento através de leis. As leis têm que servir para todos e não apenas para um segmento. E eu não posso admitir leis em que eu posso ser criticado e não tenha o direito de criticar, sendo inclusive punido por isso. A referida novela (Babilônia), assim como outras anteriormente exibidas pela Rede Globo, tem clara intenção de afrontar os cristãos em suas convicções e princípios, querendo trazer, de forma impositiva, para quase toda a sociedade brasileira o modismo denominado por eles de “outra forma de amar”, contrariando nossos costumes, usos e tradições. O sr. não tem receio de que essa postura possa prejudicá-lo política e eleitoralmente? Eu diria que o homem tem que ter uma posição. E qualquer segmento da sociedade que tenha essas práticas sabe que eu nunca desrespeitei nenhum deles. Inclusive, todos que quiseram dialogar comigo e que pediram a minha ajuda pastoral, eu ofereci essa ajuda. Acho que o direito constitucional é para todos. E quando falo todos, independe do que falam. Eu só defino da seguinte forma: a intimidade deve ser vivida na intimidade e não devemos buscar as leis para transformar isso num comportamento normal; essa questão tem que ser resolvida no contexto íntimo da família. Um homem tem que ter ousadia para defender as suas convicções. Se alguém entende que vai me enfrentar, estou preparado para o debate. Farei isso com muita tranquilidade, até porque, se algum dia tiver pretensões de estar no Executivo, acho que faria muito mais por aqueles que vivem essas práticas respeitando as determinantes da Constituição Federal do que aqueles que vivem defendendo mas não fazem nada por essas pessoas. A Igreja faz muito mais por essas pessoas do que aquelas que defendem essas coisas. Sou um cidadão que não tenho nenhum preconceito; que cada um viva a sua intimidade na intimidade, só não concordo em transformar a escola no encaminhamento dessa pretensão através de obrigatoriedade e nem concordo que a televisão deva se servir a isso. Não vamos institucionalizar a prática homossexual através de leis e nem forçar a barra para que as escolas perpetuem esses valores. Veja vídeo postado na página do deputado:

“Desvio” da Veja, a Lei Anticorrupção e FHC diz que Dilma herdou um sistema corrupto

A maior revista do país se torna amiga do inimigo maior, o Lulopetismo. Fernando Henrique percebe a presidente como prisioneira do Lulopetismo. Modesto Carvalhosa diz que Lei Anticorrupção não precisava ser regulamentada. Instituições resistem às pressões da corrupção sistêmica

Marcelo Miranda: “É preciso fechar a torneira”

Com a LOA 2015 finalmente aprovada, governador do Tocantins elenca prioridades e afirma que este será um ano para "botar a casa em ordem"

Fracasso de Dilma Rousseff produz tese de que Lula pode ser o “salvador da pátria” em 2018

O Lulopetismo opera um jogo arriscado e não muito bem delineado: torce não pelo fracasso total, e sim parcial da presidente, para que Lula da Silva surja como o político-gestor, quase de oposição, para recuperar o país. As oposições? Estão dormindo

Impeachment de Dilma Rousseff é melhor do que “deixá-la” terminar o seu mandato?

O PT de Lula da Silva e Dilma Rousseff montou uma estrutura corrupta para mantê-lo no poder por longo tempo. As elites políticas foram corrompidas para não questionarem a força petista no plano nacional. Mas o próprio PT se corrompeu. E a presidente da República?

Em reunião na casa de Iris Rezende, PMDB manda recado: “Caiado é o aliado preferencial”

Senador e peemedebistas discutiram atuação da oposição em Goiás e estratégias para alianças em 2016 e 2018

Paulo Garcia deve ir à Espanha ainda em fevereiro

Pedido do prefeito para se ausentar do Brasil foi protocolado nesta quinta-feira (19/2) na Câmara. Viagem deve acontecer entre os dias 25/2 e 6/3

Assembleia abre trabalhos nesta quinta-feira (19/2)

Sessão inaugural da 18ª Legislatura será marcada pelos discursos da situação e da oposição. Dezessete partidos terão representação na Casa; maiores bancadas são do PSDB, do PMDB, do PSD e do PTB

Como amam os Homens

TCDCHBR EC014 Por Cristiano Pimenta* Não me parece possível abordar esse tema sem antes enfrentar uma difícil questão: o que é ser homem hoje? É ser machão? É ser heterossexual? Sabemos que há o metrossexual e também — seguindo tendências mais recentes — o lumbersexual. Dizem, aliás, que Brad Pitt, Ben Affleck, dentre outros, já aderiram ao estilo do “lenhador sexy”. Por outro lado, por que um homossexual não seria um homem? E o que dizer de certas mulheres que em tudo parecem ser “mais macho que muito homem”? Ora, essa confusão evidencia que, nessas questões, a vida contemporânea é atravessada por uma ruptura com os antigos padrões. O homem com “H” maiúsculo Tentemos fazer o contraste entre o passado e o presente. Antes, as referências pareciam mais claras e firmes. A teoria psicanalítica lacaniana mostrou como eram feitos os homens. Na década de cinquenta, Lacan elaborou uma fórmula chamada Metáfora Paterna para traduzir em termos formais a teoria do Complexo de Édipo de Freud. Para psicanálise, também quanto ao sexo masculino, é certo dizer que não se nasce, mas torna-se homem. Dito em termos simples, a Metáfora Paterna nos mostra como um menino torna-se um homem, a saber, pela interdição que a função paterna introduz nas relações mãe-criança. Trata-se da famosa interdição do incesto, mas que atinge não só a criança como também a mãe. Pelo lado da criança, a função paterna lhe impõe um “Não te deitarás com tua mãe”. E pelo lado da mãe um “Não reintegrarás teu produto”. O pai, portanto, salva a criança de ser devorada pela mãe e é isso que lhe permite tornar-se um homem. Restará apenas o passo seguinte dado pelo projeto de homem: "Eu quero ser igual ao papai". Eis que nasce um homem! Sim, pois, na medida em que sou igual ao papai me sinto no direito de ter uma mulher, ou seja, me é permitido que um objeto venha substituir a mãe. A coisa culmina na família, no interior da qual terei minha autoridade de pai, do homem da casa, etc. Antes de apontarmos o declínio dessa maquininha de fabricar homens à imagem do pai, quero chamar a atenção para as características gerais desse antigo homem-pai. Ele era absolutamente seguro de si na relação amorosa com a mulher. Ele se sentia, ele se via, como sendo o possuidor daquilo que uma (a sua) mulher mais poderia desejar, a saber, sua própria masculinidade, à qual Lacan consagrou o termo falo. Ser homem aqui é ser o portador daquilo que satisfaz o desejo de uma mulher, daquilo que estabiliza, orienta e apazigua a aflição feminina. Nesse sentido, ser homem é anterior ao ser o provedor. Ser homem é, antes, a condição necessária para prover. Ser homem é estar no poder. De um modo geral, na história humana, o poder sempre foi coisa de macho, e o falo é a essência do macho. E como ama esse homem simbolizado pelo pai severo, cuja vontade era expressa e atendida com um simples olhar enfurecido? Digamos que ele não foi talhado para amar, mas sim para ser amado. É que amar fragiliza, enfraquece, gera dependência para com o objeto amado. Amar é confessar sua falta (Miller). No contexto desse homem-pai-possuidor-do-falo, o amor concerne mais à mulher. Amar é coisa de mulher. Daí que, se esse Homem com maiúscula se enfraquece por amor ele pode ser depreciativamente chamado de “mulherzinha”. Compreende-se, por outro lado, que, dessa perspectiva, ser mulher é ter inveja do pênis (Penisneid), como formulou Freud. A inveja do pênis é o nome freudiano da falta feminina, falta que se apazigua na relação com aquele que é o detentor do objeto do desejo. A liberação do desejo feminino Mas um Homem assim terá existido realmente algum dia? Deixo de lado essa questão para dizer que, de todo modo, enquanto Ideal, referência simbólica e identificatória, ele existiu sim. Sua produção dependia da eficácia do pai, enquanto o interditor da relação mãe-criança. Todavia, o pai enfraqueceu. Por quê? Para responder tal questão é preciso observar que essa engrenagem da Metáfora Paterna só funciona se o desejo feminino estiver enganchado nesse Homem, ela foi montada para responder ao desejo feminino, ao qual se supõe poder dizer: "Afinal, o que mais uma mulher poderia desejar além de ter marido e filhos?" Impossível não nos lembrarmos de que a psicanálise foi inventada por Freud justamente na tentativa de tratar das mulheres que não se encaixavam nesse padrão: as histéricas. As histéricas do final do século XIX já testemunhavam, ou melhor, já produziam, o fracasso desse Homem. O desejo histérico se caracteriza justamente por se remeter sempre a uma Outra coisa; ele é por definição insatisfeito, não se apazigua com o falo e nem com os objetos substitutos como o filho. As histéricas foram as primeiras a deixar esse Homem a ver navios. Seus pais, numa última tentativa desesperada de colocá-las na via correta, diga-se arranjar-lhes um marido, as levavam a Freud, como se dissessem: "Quem sabe essa tal psicanálise possa dar um jeito". Digo de passagem que Freud jamais se propôs simplesmente atender às demandas de adaptação dos pais. O projeto de Freud foi, antes, o de tentar explicar os mistérios que governam a vida amorosa das pessoas. Eis, portanto, o motivo fundamental do declínio desse Homem-pai: a liberação do desejo feminino. Liberação em relação ao padrão “papai-mamãe”. Já de início, poderíamos dizer que, nesse terreno, o homem está sem bússola, pois o que antes era o Norte para ambos os sexos, o falo, já não cativa tanto, ou já não se encontra lá onde se espera encontrá-lo, tal como podemos ver no filme Jovem e bela. Depois de perder a virgindade para um rapaz que acabara de conhecer, num encontro frio e sem amor, a linda e jovem moça dá início ao exercício da prostituição. Ela se vende a homens mais velhos, sendo que por um deles ela desenvolve um apego maior. Com o falecimento deste em pleno ato sexual ela é descoberta e faz um tratamento psi para voltar a ser uma garota “normal”. Tudo parece caminhar para sua reabilitação, pois ela começa um namoro romântico com um rapaz da sua idade. A surpresa do filme é que ela simplesmente se desencanta disso que seria uma promessa de felicidade e retorna à prostituição. Quando ela reativa o antigo número de celular as mensagens dos clientes pululam uma atrás da outra para regozijo seu. A simplicidade dessa história parece testemunhar o que dizemos aqui: que o desejo feminino segue agora caminhos misteriosos e fora dos padrões estabelecidos. A psicanálise lacaniana, seguindo as pegadas do desejo histérico, já havia descoberto que um dos traços fundamentais do desejo feminino é o de estar essencialmente ligado ao vazio. Isso permite que a mulher mude com mais facilidade que o homem o objeto de seu desejo, pois lhe interessa mais o vazio que o objeto venha ocultar ou o vazio que possa haver no objeto. É isso que, igualmente, explica o talento das mulheres para representação. É justamente pelo fato de seu próprio Ser estar atravessado pelo vazio, por se reconhecer no vazio, que a tarefa de encarnar qualquer personagem se torna tão acessível a uma mulher. Essa mudança no feminino, ou melhor, essa liberação, por sua vez, fez com os homens também se transformassem. Um homem que ama Mas quando nos interrogamos sobre o que seria essa transformação não nos vem à mente, justamente, a imagem do lenhador sexy, ou seja, um ideal encarnado por um Brad Pitt, um homem sedutor que arrebata toda e qualquer mulher, um “pegador”, um Don Juan? E para quem se destinaria o visual cuidadosamente desleixado se não para o desejo feminino? Além disso, essa concepção de homem parece ir ao encontro da queixa de muitas mulheres, a de que os homens hoje não se apegam, não se apaixonam, querem apenas desfrutar do sexo, evitar o amor, o compromisso, etc. Nesse mesmo sentido, poderíamos ainda convocar o ponto de vista de um sociólogo de peso, Zygmunt Bauman, que denunciou, em “Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos”, a superficialidade dos amores na vida contemporânea, a liquidez com que os amores se desfazem antes mesmo de começar. Contudo, nos tempos atuais, há um fato desconcertante que subsiste ao lado desse o homem fluido, livre e desapegado, a saber, com o declínio do modelo paterno, o homem passou a amar. Eis uma novidade! Sem a proteção das antigas identificações paternas, sem uma bússola para se orientar frente ao desejo feminino, ele se valeu do recurso ao amor. Ao fazer isso, no entanto, o homem adentra um terreno que ele não domina, ou melhor, um terreno dominado pelas mulheres. Inexperiente, se assim podemos dizer, o homem corre o risco de ficar em desvantagem nesse jogo há muito jogado por elas. Uma posição desfavorável no amor já podia ser observada numa época muito antiga na qual o homem-pai ainda detinha o poder. Foi por volta do século XII, na Europa, onde alguns homens poderosos se lançaram a uma prática paradoxal para o seu tempo que ficou conhecida como amor cortês. Uma série de condutas foi relatada nos versos dos chamados trovadores. A Dama devia ser exaltada, com a correlativa desvalorização do homem devotado. Nos versos do amor cortês, a mulher torna-se um objeto supervalorizado, transcendente, inacessível, intocável. Ela não se caracteriza por ser virtuosa e amável com o homem que lhe “faz a corte”. Ao contrário, ela é extremamente arbitrária e impõe cruéis provas de amor àquele que se torna seu “servidor”. Encontramos, assim, o homem em uma posição de desvalorização e humilhação na relação amorosa. Posição paradoxal para uma época em que as mulheres não detinham nenhum poder econômico e social e o modelo patriarcal reinava. Essa Dama cruel e arbitrária, esvaziada de toda qualidade, encarnação do vazio, vazio que será contornando por uma série de procedimentos realizados pelo homem através de uma conduta de rodeio, serviu de referência para Lacan pensar sua noção de real sob a forma de a Coisa (das Ding). Segundo Lacan, essa mulher, que encarna o real, é para o homem “um objeto enlouquecedor, um parceiro desumano”. O fato de que a mulher enlouquece um homem na relação amorosa pode ser considerado uma herança do amor cortês presente nas relações atuais. Levado à loucura, um homem pode perder as estribeiras e bater na mulher. Mas o fato mesmo de enlouquecer, transgredir a lei a ponto de ser levado preso, deve ser avaliado em relação ao despreparo desse homem atual frente ao desejo feminino. No filme de Lars Von Trier, "Anticristo", encontramos um exemplo cheio de ironia de um homem que enlouquece na relação amorosa. Nesse longa, o marido terapeuta se dedica pleno de confiança e certeza ao tratamento de sua própria esposa. Ele a leva para uma fazenda isolada onde a natureza reina e ali aplica uma série de técnicas comportamentais de tratamento. Tudo fracassa. O especialista nos assuntos psi é o que menos sabia a respeito da psique de sua esposa. Ela surta, tenta matá-lo e ele tem que lutar pela própria vida para escapar. Enlouquecido pela loucura dessa mulher, ele a mata e queima seu corpo como o de uma bruxa. A ironia, portanto, é que o marido-terapeuta-salvador, se tornou o assassino de sua paciente-esposa. Por que motivo ele se dedicou de corpo e alma a esse tratamento? É simples: porque amava sua esposa. "Anticristo" coloca em evidência o fato de que a agressão masculina testemunha que o homem não controla mais a mulher. Esse descontrole evidencia também que amar, para o homem, é um modo de gozo, um gozo que pode ser mortífero. À mulher nada falta Nesse mesmo sentido, encontramos na teoria psicanalítica lacaniana uma formulação que inverte a clássica posição de superioridade do homem em relação à mulher, a posição de independência e poder do possuidor do falo e a correlativa dependência daquela a quem só restava a inveja do pênis. Hoje é comum o homem se apresentar como faltoso e a mulher, por seu lado, se apresentar como aquele ser a quem nada falta, ou que “não precisa de homem para nada”. Lacan percebeu que isso já estava inscrito em um nível básico da relação homem-mulher, o nível da relação sexual. Aí o homem está em evidente desvantagem pelo simples fato de precisar produzir e manter a ereção de seu órgão, o pênis. Assim, na hora “H” (que é a hora do Homem se colocar à prova) as coisas são tensas para ele: seu órgão pode não funcionar como esperado, a relação pode terminar antes do previsto ou simplesmente não acontecer. Por outro lado, mesmo que funcione bem, com ou sem ajuda de um “Viagra”, no final assiste-se inexoravelmente a uma detumescência, que simboliza a perda da sua virilidade. A mulher não. Neste nível ela sai do ato tal como entrou: intacta. Por não ter nada a sustentar, também não tem nada a perder. No nível do gozo não se pode falar em inveja do pênis na mulher, pois “não lhe falta nada” (Lacan). Ao contrário, “a mulher se revela superior no campo do gozo” (Lacan). Não é novidade que a vida sexual do homem seja atravessada pelo drama da impotência. Na adolescência a experiência sexual ainda inédita é temida, o que explica o tempo enorme dedicado aos jogos de internet. Na maturidade há o temor de uma impotência inesperada e na velhice pode haver uma impotência há muito esperada. Nem precisaríamos falar da perturbadora questão do tamanho do seu pênis. Enfim, ao vincular sua virilidade à ereção de seu órgão, o homem se torna refém desta última. Não é o caso, por exemplo, das mulheres homossexuais que na relação sexual ocupam o lugar masculino, ativo, que faz a parceira gozar satisfatoriamente. O fato de não terem um pênis não lhes traz nenhum problema. Algumas, aliás, sentem-se muito mais viris justamente por não possuírem esse órgão tão frágil e problemático. Pois bem, essa inferioridade masculina no campo do gozo é transposta ao campo do amor. Justamente por ter algo a perder, o homem se encontra em uma posição de desvantagem no amor. Poderíamos dizer que, quando um homem perde a sua mulher (ou até nos casos em que ele mesmo se separa dela), é como se uma parte de si mesmo lhe fosse cortada fora. Imagem que nos remete ao mito da costela de Adão com a qual Deus fez o objeto do desejo, Eva. Já a mulher, por já estar castrada de saída, por habitar o vazio, está muito mais preparada para a perda. Nenhum objeto é capaz de obturar sua relação íntima com o vazio. O sofrimento feminino está ligado mais às suas relações com o vazio. Via de regra, a solidão, por exemplo, é insuportável para a mulher. O homem, com seus apetrechos, seus canais por assinatura, lida melhor com a solidão. Seu mundo desaba apenas quando ele perde seu objeto privilegiado. Vale mencionar aqui a lembrança de um jovem que eu acabara de conhecer na mesa de um bar e que do nada soltou: "Não tem comparação, uma separação é muito mais difícil para nós, homens, do que para elas". Nesse sentido, a clínica psicanalítica nos mostra homens surpreendidos e traumatizados com isso que para eles se apresenta como absolutamente inesperado: o fato de que em dado momento de crise, mesmo em relacionamentos já duradouros, a mulher amada se revele perfeitamente capaz de viver sem ele. É aí que encontramos no homem, só para dar um exemplo, o medo da separação. Medo que conduz às mais variadas formas de covardia como, por exemplo, a de investir sua vida e seus bens em uma mulher que, ao menor deslize seu, teria todas as condições de lhe deixar. Portanto, a superação do amor perdido passou a ser problema de homem. Talvez possamos afirmar, em resposta às mulheres que dizem que os homens não se envolvem, não querem compromisso, etc., que o motivo, pelo menos em alguns casos, é que eles não superaram um relacionamento traumático anterior, um amor que deu errado. Em seu inconsciente, portanto, eles amam, eles estão sob o efeito do que Freud chamou de fixação da libido, por isso, não estão livres para viver um novo amor, só lhes restando as diversões descompromissadas do sexo. O luto e a alegria O que se revela de nosso percurso é que o desafio do homem hoje é o de poder amar e, ao mesmo tempo, preservar sua virilidade. Se, como diz Jaques-Alain Miller, “só se ama verdadeiramente de uma posição feminina; amar feminiza”, como ser viril e feminino ao mesmo tempo? Ora, isso só é possível se o homem conseguir evitar fazer de uma mulher a solução para sua falta. Erroneamente, a experiência amorosa se tornou a via pela qual o homem acredita resolver o problema da sua falta. É preciso que ele se dê conta de que essa Mulher, assim concebida, não é nada além da parte de si mesmo (a costela) que está definitivamente perdida. O objeto está perdido. É preciso, pois, fazer o luto dessa perda. Como diz Lacan, “o homem tem que fazer o luto de encontrar em sua parceira sua própria falta”. O luto é um processo dolorido, triste, mas que leva a um paulatino desapego. É isso que lhe permitirá que o objeto amado não se torne insubstituível e que ele se aposse da certeza de que a alegria de um novo encontro amoroso estará sempre em seu horizonte.   Cristiano Pimenta é graduado em Filosofia pela USP, mestre em Psicologia Clínica pela UNB e membro da Escola Brasileira de Psicanálise (EBP), da Associação Mundial de Psicanálise (AMP) e da Delegação Geral GO/DF da EBP.

CNMP aplica penalidade de advertência a procurador do Espírito Santo

Márcio Messias Por unanimidade, o plenário do Conselho Nacional do Mi­nistério Público (CNMP) aplicou a penalidade de advertência ao procurador de Justiça do Estado do Espírito Santo, Benedito Leo­nardo Senatore, por violação a dever funcional. A decisão do conselho ocorreu na quarta-feira, 28, durante a segunda sessão ordinária do ano. O processo administrativo disciplinar foi instaurado pela Cor­regedoria Nacional do Ministério Público para apurar falta funcional imputada ao referido procurador. O conselheiro relator, Fábio George Cruz da Nóbrega, destacou que restou apurado nos autos que, em dezembro de 2013, Benedito Senatore, que na época exercia o cargo de promotor de Justiça, estava num evento no município de Cariacica (ES), quando tomou conhecimento de que uma pessoa, a qual conhecia, tinha sido presa e autuada em flagrante. O membro do MP, então, telefonou para o delegado da Polícia Civil responsável pela prisão e passou a tratá-lo de forma descortês, com o emprego de gírias e expressões ofensivas. Além disso, o acusado passou a ditar o modo como o delegado deveria agir para promover a imediata liberação do detido, afirmando, ainda, que poderia representar contra ele na Corregedoria da Polícia Civil por suposta demora no processo de liberação. Diante dos fatos, o CNMP concluiu que ficou comprovada a falta de urbanidade no trato com integrante de polícia, dever funcional cuja violação constituiu infração disciplinar prevista na Lei Orgânica do MP-ES.

Rápidas

  1. [caption id="attachment_28128" align="alignright" width="108"]marcia Márcia Queiroz[/caption] O nome favorito para ocupar a Tesouraria da OAB-GO é o da advogada Márcia Queiroz. Como ela já está na Secretaria-Geral adjunta, mais um espaço será aberto na formação do grupo eleito.
  2. Na próxima terça-feira, o presidente eleito da OAB, Enil Henrique de Souza Filho, aproveitará a inauguração da nova sala da subseção da OAB-GO em Formosa, no Fórum da cidade, para visitar o presidente do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coelho.
  3. Um dos focos do presidente Enil será aprimorar a comunicação da entidade, após identificar que discordâncias internas têm ocorrido por falha nesse setor.
 

Últimas semanas foram marcadas pela posse de importantes dirigentes do meio jurídico de Goiás

[caption id="attachment_28133" align="alignright" width="250"]Na última quarta-feira, foi eleito e tomou posse no cargo de presidente da OAB-GO, para mandato-tampão,  o dr. Enil Henrique de Souza Filho Na última quarta-feira, foi eleito e tomou posse no cargo de presidente da OAB-GO, para mandato-tampão, o dr. Enil Henrique de Souza[/caption] [caption id="attachment_28131" align="alignleft" width="250"]Também no domingo, o dr. Gilberto Marques Filho assumiu o cargo de corregedor-geral de Justiça do TJ-GO Também no domingo, o dr. Gilberto Marques Filho assumiu o cargo de corregedor-geral de Justiça do TJ-GO[/caption] [caption id="attachment_28129" align="alignleft" width="250"]Em 30 de janeiro, tomou posse como presidente do TRT/18ª Região o desembargador dr. Aldon do Vale Alves Taglialegna Em 30 de janeiro, tomou posse como presidente do TRT/18ª Região o desembargador dr. Aldon do Vale Alves Taglialegna[/caption] [caption id="attachment_28130" align="alignright" width="250"]No domingo, 1º, foi empossado, como presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, o desembargador dr. Leobino Valente Chaves No domingo, 1º, foi empossado, como presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, o desembargador dr. Leobino Valente Chaves[/caption]

Verão

O Jornal Opção tem publicado a série literária “Quatro Estações”. Trata-se de quatro contos em que dois autores escrevem, a quatro mãos, uma breve narrativa inspirada em uma estação do ano. Nesta semana é a vez de “Verão”, obra de criação dos escritores Anderson Fonseca e Mariel Reis. O terceiro texto, “Outono”, de Mauricio de Almeida e Rafael Gallo, será publicado na próxima semana. gurila Edgar parecia um gorila resolvido. Gozava de respeito na cidade. Um investigador particular com muito pouco trabalho. Os clientes haviam sumido. A polícia não o procurava mais. A monotonia tomou a rotina do investigador desde o último caso: O Assassinato da Rua Morgue. Talvez o mais intrincado de sua carreira. Um dos seres humanos do zoológico havia escapado e protagonizado um crime brutal. Edgar enfrentou a descrença das autoridades que se recusavam a atribuir o caso a um animal enfurecido, lhes parecendo trabalho de um assassino como das inúmeras séries televisivas veiculadas, em que a maioria dos psicopatas tinha um alto quociente de inteligência, além de beleza e força física. Porém, o que o intrigava não era a apatia criminosa instalada na cidade, tampouco a falta de clientes ou a responsabilidade das séries de tevê pelo aumento da violência. A preocupação de Edgar era a existência de outro dele, além das fronteiras. Nenhum macaco ousava atravessá-la, ninguém sabia o que havia por lá. Inúmeras histórias eram contadas a todos, desde a infância, e a es­cola as reforçavam. Edgar pensava consigo mesmo que não eram mais do que fábulas terríveis com o intuito de ad­moestação moral. Nunca lhe passou pela cabeça que fossem verdadeiras. Viveu toda a juventude sem inquietação nenhuma sobre o que se passava além das fronteiras. No curso universitário, embora não tivesse aptidão para a vida estudantil, fora apresentado, nas diversas fraternidades que percorreu, às teorias de multiuniversos. Escara­funchando as bibliotecas do campus, descobriu, em livros de autores duvidosos, a confirmação das informações obtidas nas conversas de fraternidades. No entanto, tudo aquilo parecia um mundo fantasioso, um escapismo juvenil. Agora, mais velho, quando tudo o que podia dar errado já havia ocorrido, quando já alcançara a notoriedade, resolvera reviver a tal fantasia. O carro, aparelhado com o necessário, o esperava na garagem. Um mapa com as paradas para descanso, aberto à sua frente, mostrava parte do planejamento e em um bloco de notas, com mais de vinte folhas escritas, a estratégia se desdobrava. O objetivo era a captura de seu duplo. Edgar contava com armas tranquilizantes e letais; não contava ter que usá-las, mas sabia manejá-las, se preciso. Edgar, o gorila, sonhava com um homem com cabelos negros revoltos, testa alta, queixo curto, cujo nome, sobrenome e filiação fossem iguais aos seus. Virgínia, datilógrafa e namorada de Edgar, rogava para que ele tirasse da cabeça a maluquice. Ele parecia a ela obstinado –– em geral são assim os gorilas. Partiria no dia seguinte, portanto, dormiria como um bebê. Retirou o carro da garagem, o estacionou em frente de casa, compraria alguns víveres no centro da cidade e voltaria para repousar. Ouviu o alarme de fuga de humanos, enquanto manobrava próximo ao supermercado, procurando vaga. A polícia não perdoaria quem lhe roubou a soneca do plantão. Edgar costuma deixar destrancada a viatura para as emergências, vício antigo, sem nenhuma serventia em tempos tão calmos. Levou consigo apenas as chaves e a carteira que estavam sobre o painel atulhado de quinquilharias, badulaques e um amontoado de multas vencidas. Entrou no mercado. Quando retornou, a rua estava tomada de policiais, os chimpanzés, agitados, segurando lanternas, reviravam os latões de lixo e observavam o interior dos automóveis largados ali. Edgar saudou o sargento Lerie, um velho conhecido. –– Como está, meu velho? –– Nada bem, Edgar. Pa­rece que tivemos o perímetro da cidade violado por um humano... –– Boa sorte. –– Obrigado, companheiro. Edgar entrou no carro, jogou as compras no banco traseiro. Deu a partida e pisou fundo. As luzes das viaturas policiais sumiram do retrovisor. Ele abriu o porta-luvas, com rapidez, e sacou a pistola. Apontou para o humano encolhido, perto da sacola de compras e rosnou: –– Me dê um bom motivo para não estourar seus miolos... O invasor estendeu a mão, timidamente, dedos longos e finos, a pele pálida, os olhinhos perturbados e penetrantes: –– Boa noite. E me desculpe. Sou Edgar. O detetive piscou duas vezes antes de perguntar: –– Qual é seu nome? –– Edgar. O detetive passou as grossas mãos no rosto, manteve a arma apontada para o invasor, relaxou os ombros, balançou a cabeça negativamente e disse: –– Você só pode estar brincando. Você tem sobrenome? Qual é? –– Por que quer saber? –– Responde a pergunta! –– Alan Poe. O investigador gargalhou escandalosamente. –– Alan Poe, repetiu aos risos. O homem contraiu as sobrancelhas sem entender o porquê do riso. Edgar percebeu que o outro estranhou sua reação. –– Ah, não me diga. Você não sabe por que estou a rir? Eu sou Edgar Alan Poe, você é Edgar Alan Poe. Você sou eu. –– Ou você sou eu –– disse o homem. –– Não, meu amigo. Eu sonhei com você, eu senti que você existia. Ei-lo aqui, diante de mim. Você é meu oposto em um universo paralelo. –– E se estiver sonhando nesse exato momento? Edgar aproximou-se do homem, encostou o cano da arma na cabeça dele e disse: –– Se eu atirar e você morrer e eu acordar, então era um sonho, se não, isso é real. O homem engoliu a saliva. –– Mas se você não despertar, então terá a certeza de estar no Inferno. –– Ou, se meus olhos permanecerem abertos, constatarei somente que você é minha versão em um universo paralelo que violou as leis da física aparecendo aqui. –– Está assistindo muitos filmes ultimamente, detetive. Eu só fugi do zoológico e cometi um assassinato. Por que acredita tanto nisso? –– Você já assistiu “O Confronto”, com Jet Li? Nesse filme o protagonista descobre que existem 12 versões dele em 12 universos paralelos e que uma dessas versões está eliminando todas as outras a fim de obter poder absoluto. –– Você tem assistido muita porcaria. Sugiro lavagem cerebral com a intenção de curá-lo de suas paranoias. –– Vá se ferrar! Você é ou não de um universo paralelo? Confirme a droga da minha hipótese. –– Admito que sim e estou surpreso que você, detetive, seja um gorila. Aliás, que eu nesse mundo seja um gorila. Edgar sentiu-se tão ofendido com a palavra “gorila” que desferiu um soco no rosto do homem. Isso bastou para que escolhesse bem as palavras. –– De onde você é, seu desgraçado? –– O sangue já fervia no corpo de Edgar; por ele, teria matado o outro, mas o desejo de saber a verdade o detinha. –– Eu sou de outra terra e creio que estou aqui graças a um abalo sísmico. Se minha teoria estiver certa, o abalo distorceu as ondas eletromagnéticas da terra criando um portal para essa versão alternativa. Estou aqui por um acidente. –– E o que você é em sua terra? –– Eu sou detetive e escritor. Mas isso importa agora? Só não posso deixar de rir da situação, lembra-me muito o filme “Planeta dos macacos”, um mundo governado por símios em que os humanos são escravizados. Se o diretor da porra daquele filme soubesse que a visão dele era tão real, acho que teria feito outra coisa. Agora estou aqui como um animal de zoológico diante de mim mesmo numa versão primitiva. –– Você é de fato um desgraçado. Merece outra porrada, mas desta vez não receberá. Em meu mundo, o filme teve outro nome “Planeta dos humanos”. E você parece um animal. Responda-me, quem você matou? –– Não acreditaria, toda uma família que me olhou como um animal de estimação. –– Você não estaria aqui se não fosse o conceito de simetria que rege o universo, mas deveria haver alguma lei inviolável que proibisse a ruptura da simetria, senão você já teria desaparecido. Além disso, se sou de fato sua outra versão cósmica, por que ainda estou aqui? Por que não houve uma fusão entre nossos corpos e o desaparecimento de ambas as versões? –– Isso é claro, se desaparecermos, os dois universos também desaparecem. A questão é como fazer com que eu volte. –– Se continuar aqui, eu tenho certeza que matará mais gente. Você não tem respeito pela minha espécie e nem pela minha realidade, seu escritor de bosta. –– Tenha certeza que matarei, sou um homem e você um gorila. –– Tenho certeza que sim, por isso não tiro o gatilho da sua cabeça. –– Mas até agora não apertou. — Se eu apertar, quem irá morrer, eu com você ou esta realidade? Como não sei a resposta, não é hora de estourar seus miolos. No filme “O confronto”, a morte de um não afeta os outros universos. E se isso valer para nós dois? Se você morrer talvez eu morra, mas não esta realidade. –– Dê logo a droga desse tiro. –– Tens razão, é hora de dar o tiro. Edgar afasta a arma da cabeça do humano, coloca-a na própria boca e aperta o gatilho. O corpo do gorila cai em peso sobre o chão. O humano –– o outro Edgar –– observa a queda, estarrecido. O gorila estava morto, foi o que pensou. Mas não foi bem o que aconteceu. No instante após o tiro, a mente de Edgar sofreu um violento colapso, as luzes que o atingiam se desfizeram e um clarão mais intenso que o sol tomou seus olhos. Em uma fração de segundos, o universo desapareceu e outro emergiu do oceano de energia e, como uma porta que é aberta por dentro, a mente de Edgar atravessou incontáveis dimensões. Quando esse instante passou, ele viu a si mesmo de joelho diante de um homem. Ele continuava um gorila, mas não era um detetive, era um animal. Suas mãos estavam ensanguentadas, ele as olhou com pesar, tinha matado não um, mas toda uma família, assim como seu eu do universo paralelo. Ergueu o rosto para ver o homem que o prendera. Não estava surpreso, era o outro Edgar. Assim que o viu, Ed­gar entendeu o que é o Uni­verso, um infinito labirinto de portas. Não importa por qual delas atravessemos, as situações serão idênticas ainda que a posição dos personagens tenha se alterado. [caption id="attachment_27350" align="alignleft" width="300"]Foto: Divulgação Foto: Divulgação[/caption] Mariel Reis é carioca, nascido em 1976. Cursou Letras na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A partir da década de 1990, começou a publicar seus contos em diversas revistas eletrônicas, culminando a experiência com a extinta revista Paralelos. Publicou o último livro “A Arte de Afinar o Silêncio” (Ponteio Editora), em 2012. É um dos editores da revista eletrônica de contos Flaubert.   [caption id="attachment_27352" align="alignleft" width="300"]Foto: dvulgação Foto: dvulgação[/caption] Anderson Fonseca é escritor e professor. Autor dos livros de contos “Sr. Bergier & Outras Histórias” (Rubra Cartoneira, 2013) e “O que Eu Disse ao General” (Oitava Rima, 2014), Anderson escreve diariamente duas laudas de um livro novo de contos e, quando não escreve, está brincando com sua filha Ana Clara.

Para entender a crise da educação é preciso ir além da discussão das notas baixas em redações no Enem

bertha-worms-brasil-1868-1937-2O resultado do Enem de 2014 mostra que os jovens brasileiros vão mal em matemática e redação. O jornal “O Globo” ouviu dois estudantes que obtiveram nota máxima em redação. Carlos Eduardo Lopes Marciano, de 19 anos, diz que, acima de tudo, é um bom leitor. Aprecia, por exemplo, Jorge Amado, que, se não é um Machado de Assis ou um Guimarães Rosa, portanto pouco dado à inventividade literária, é uma espécie de sociólogo da vida brasileira, um discípulo literário, digamos, de Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro. Quer dizer, um intérprete, quiçá indireto, da história e do cotidiano do País. “Sempre tive o dom de escrever. Escrevia poemas e outros textos e gostava de redação argumentativa”, sublinha. Ao tentar uma vaga na Universidade de São Paulo (USP), leu os nove livros indicados. Leu as obras, não resumos elaborados por professores ou encontrados na internet. Maria Eduarda de Aquino Corrêa Ilha, de 18 anos, sugere que a paixão pelos livros contribuiu, de maneira decisiva, na elaboração de uma redação estruturada e convincente. O tema “publicidade infantil”, admitem os dois, por ter sido menos divulgado que “lei seca”, o tema de 2013, é mais “difícil”. Porém, a facilidade de lidar com as palavras e as ideias facilitou a escritura da redação. “O Globo” ouviu professores do ensino médio, em busca de uma explicação para as notas baixas — de maneira surpreendente, o jornal praticamente ignorou a disciplina matemática — e colheu platitudes, ainda que objetivas. O mestre Bruno Rabin, do ensino médio, acredita que as notas baixas têm a ver com o tema da redação, que, por ser mais “árido”, exige uma formação cultural mais ampla. Ele sugere outra explicação: como a redação foi feita junto com as provas de linguagens e matemática, é provável que não tenha sido a prioridade de vários estudantes. “Os alunos provavelmente ficaram pressionados com o tempo, e isso influiu”, avalia. O professor Filipe Couto, do ensino médio, atribui parte da responsabilidade a um possível rigor dos corretores das redações. Ora, o rigor é necessário e os corretores não podem ser apontados como “culpados” pelo fato de os estudantes não escreverem bem — muitos nada escreveram, daí a nota zero — ou de escreverem e argumentarem mal. Rafael Cunha, professor de redação, corrobora Filipe Couto: “Questiono se todos os corretores seriam capazes de tirar nota mil se fizessem a prova”. Destacar isto é passar ao largo do que realmente importa. A “Folha de S. Paulo” buscou a opinião do professor Reynaldo Fernandes, da USP e ex-presidente do Inep — que organiza o Enem. Ele atribui o fato de muitas redações terem sido entregues em branco ao “peso maior das provas objetivas em algumas faculdades que usam o exame” (o texto entre aspas é do jornal, sintetizando o pensamento do mestre). “Tem instituições que não usam a nota da redação em seus vestibulares”, afirma Reynaldo Fernandes. O ministro da Educação, Cid Gomes, entra de maneira apressada no debate. “Eu arriscaria uma tese: o tema de 2013 foi lei seca. Essa questão foi muito debatida, discutida. O tema da publicidade infantil [no ano passado] não teve um grande processo de discussão como o outro.” O que se depreende do exposto acima? Que os dois estudantes que obtiveram nota máxima na redação têm mais razão do que os especialistas e o ministro da Educação. Eles disseram, sem firulas, que estudar (ler), e de maneira lógica e atenta, é fundamental. Os especialistas, ao discutirem certas minúcias, deixaram de enfatizar que a educação precisa de reformas, que incentivem o estudo mais detido da própria língua — a falta de domínio da Língua Portuguesa (o populismo de especialistas como Marcos Bagno faz um mal enorme àqueles que precisam competir por vagas em boas universidades e, depois, no mercado de trabalho) talvez esteja na base dos textos caóticos, sem sentido e sem lógica, e não precisamente o domínio do tema — e, sim, de matemática. Não se chega a Estados Unidos, Japão, Alemanha com estudo deficiente de matemática. A China e a Coreia do Sul investem pesado no ensino de matemática, incentivando competições entre os estudantes. A falta de qualidade da educação é geral. Porém, como há escolas, privadas — como o WR, do professor Rubão — e públicas, como as administradas pela Polícia Militar, para ficar com exemplos goianos, de qualidade inquestionável; é preciso verificar, com estudos específicos, sem desconsiderar o geral, o que de fato está acontecendo. Há mestres, dados a manipular e distorcer a realidade por meio de ideologias, que consideram o WR, o Visão e o Olimpo como “amestradores” de estudantes para o vestibular ou, agora, para o Enem. É uma infantilidade pensar assim. Na verdade, o ensino dos colégios é de qualidade e seus alunos são, no geral, os melhores. Claro que, para lá, vão os mais qualificados, mas deve-se dizer, para além das ideologias ditas educacionais, que, de tais escolas, saem ainda mais qualificados, e não apenas para exames. A disciplina do WR, ao contrário do que comumente se pensa, não cria robôs; pelo contrário, forma estudantes mais comprometidos com a aprendizagem. Nas escolas militares, como o Colégio Hugo de Carvalho Ramos, a disciplina atua em favor da aprendizagem. Educação não é festa — é transpiração, diria o poeta João Cabral de Melo Neto. É evidente que não se deve discutir tão-somente nichos de qualidade. A educação do País como um todo precisa melhorar. O ministro Cid Gomes, embora muito combatido, talvez devido ao seu destempero verbal, fez um trabalho de qualidade na educação do Ceará, garante o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás Edward Madureira. Veremos se terá energia para dobrar o corporativismo — que sempre aposta no quanto pior, melhor — e consegue implantar mudanças graduais na área. Se começar a falar em mudanças profundas — ao estilo dos socialistas —, o leitor deve ficar desconfiado. Em geral, aqueles que falam em “mudanças profundas” ou “mudanças estruturais” não querem mudar nada. Nas escolas públicas, um bom começo é ter aulas todos os dias, sem greves, com professores qualificados e mais exigência, sem populismo e adulação, na avaliação dos estudantes e, também, do corpo docente.