Por Augusto Diniz

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Desde Getúlio Vargas, tratado como o pai dos pobres, chefes do Poder Executivo abusam do populismo no Brasil para conquistar eleitores
[caption id="attachment_84250" align="alignleft" width="620"] "Varre, varre, vassourinha..." de Jânio Quadros (1960) e João Dória vestido de gari (2017) são exemplos de populismo na política brasileira | Fotos: Reprodução[/caption]
Do pai dos pobres ao caçador de marajá, o populismo continua a encontrar políticos que adotam suas práticas de discurso e identificação com determinada parcela da sociedade para darem força e voz a um agente público que espelha sua imagem em uma espécie de salvador da pátria. A defesa de parte de um povo contra aquele outro grupo apontado como o culpado de ser o causador de todos os males enfrentados por um país em um dado momento ganha espaço.
E erra quem gosta de dizer que o populismo é uma prática política adotada apenas pela direita ou pela esquerda. A figura do líder carismático que pauta seu discurso na luta de classes sociais e minorias oprimidas contra uma elite corrupta e controladora das riquezas de uma nação ou aquele político que lidera uma frente de combate à invasão de imigrantes e o retorno às práticas éticas e morais da sociedade dos bons costumes contra os avanços do comunismo, na briga pela defesa dos valores da família, os dois exemplos vão e voltam, independe da época vivida.
Este líder carismático e próximo das pessoas, que representa geralmente uma figura identificada como o ser que trabalha voltou a dar novos exemplos de que existe espaço para ele atuar no campo político, na conquista emocional de um povo, eleitores ou sociedade, com o resultado das eleições municipais de 2016 em algumas cidades.
Vendido como figura não política, o empresário João Dória Júnior (PSDB), que é filiado a um dos grandes partidos brasileiros e se veste de gari e varre as ruas da capital paulista em sua posse, mostram que, em tempos de divulgação ao vivo nas redes sociais, há sim espaço para um discurso que nem sempre significa sucesso das suas práticas políticas a longo prazo.
Getúlio Vargas, político centralizador e autoritário, que ao mesmo tempo concedeu, a partir do Estado Novo, avanços importantes aos trabalhadores e garantiu direitos que existem até hoje, como a CLT, o salário mínimo, a carga horária semanal e as férias remuneradas, usou sua figura popular para controlar as informações contra seu governo e, mesmo assim, viu seu governo ruir com a péssima situação econômica. O pai dos pobres é o maior exemplo de populista no Brasil. E nele muitos se inspiraram.
Assim como Getúlio Vargas combateu uma propagada e acreditada por muitos ameaça comunista, figuras como a de João Dória surgem na política no momento em que a representação da esquerda é retirada do poder por consequência de uma crise institucional, econômica, política e ética envolta em escândalos de corrupção.
Prato cheio
A corrupção e o discurso do combate aos corruptos sempre se tornam pratos cheios na mesa do populismo. Com a figura do político de profissão encarada de forma negativa por grande parte da população brasileira, que foi às ruas para pedir o impeachment de uma presidente da República, o espaço foi aberto para discursos populistas com a venda da imagem de figuras apolíticas. Pessoas que não querem ser enquadradas na visão criticada do gestor que governa com base na carcomida coalisão de interesses econômicos e dispostos a tudo para atingir o sucesso de seus projetos de poder.
Não só João Dória se viu beneficiado e soube usar bem o discurso populista pautado no sucesso pelo trabalho, como outros também venceram eleições em capitais importantes. Como o ex-presidente de um clube de futebol, Alexandre Kalil (PHS), em Belo Horizonte (MG), contra o candidato do presidente nacional do partido de Dória, que amargou a segunda derrota seguida em Minas Gerais em um intervalo de dois anos. O senador Aécio Neves (PSDB), que perdeu para Dilma Rousseff (PT) em seu Estado para presidente em 2014, no ano passado não conseguiu eleger o deputado estadual tucano João Leite no segundo turno na capital mineira.
Dória se vestiu de gari e varreu ruas de São Paulo em uma tentativa populista de se mostrar um homem do povo, mais um, identificado com o trabalhador paulistano. Kalil venceu em Belo Horizonte, e, com base em suas frases de efeito e sua ascendência síria, descartou os termos pejorativos usados para identificar peessedebistas ou petistas na polarização política que cresceu a partir das eleições presidenciais de 2014: “Acabou coxinha e mortadela. O papo agora é quibe”.
Vassourinha
A mesma vassoura usada por Dória para se promover em seu ato de posse como prefeito de São Paulo já foi instrumento eleitoral de combate à corrupção por outro político populista, usado inclusive como jingle de campanha. Presidente eleito em 1960 com ajuda do partido de direita UDN, Jânio Quadros (PTN) dizia que varreria a corrupção do País. Com ele, foi eleito o vice-presidente da outra chapa — a eleição para presidente e vice eram separadas. O vice João Goulart (PTB) se tornou o sucessor de Jânio, mas não ocupou o cargo, apesar da renúncia do titular sete meses depois de este ocupar a Presidência.
Apoiado no anseio da população, que queria uma renovação na política brasileira, Jânio Quadros se elegeu com discurso populista e uma proposta de governo revolucionária. Tratava-se de um político conservador e anticomunista, mas que começou a ser mal visto quando concedeu, em agosto de 1961, uma condecoração a Che Guevara, um dos líderes da revolução cubana, por este ter libertado mais de 20 religiosos presos em Cuba.
Na carta de renúncia, de 25 de agosto de 1961, Jânio manteve o discurso populista ao dizer que “forças terríveis” conspiraram contra o seu governo: “Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou indivíduos, inclusive, do exterior. Forças terríveis levantam-se contra mim, e me intrigam ou infamam, até com a desculpa da colaboração”.
Assim como Getúlio, o governo de Jânio terminou com a renúncia. No caso de Vargas, o discurso era o do político que iria “restabelecer a paz com a anistia e garantir a opinião do povo com a liberdade das urnas”, como dizia seu material de campanha em 1930. No final de agosto de 1954, sob a pressão para renunciar ao poder, escreve uma carta suicida que diz em sua primeira frase “Deixo à sanha de meus inimigos, o legado de minha morte. Levo o pesar de não ter podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro, e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia”.
O jingle “Varre, varre, vassourinha...”, ligado à imagem de Jânio Quadro com uma vassoura a varrer a corrupção, fez o sucesso eleitoral que seu governo acabou não concretizando. “Varre, varre,varre vassourinha!/Varre, varre a bandalheira!/Que o povo já ‘tá’ cansado/De sofrer dessa maneira/Jânio Quadros é a esperança desse povo abandonado!/Jânio Quadros é a certeza de um Brasil, moralizado!/Alerta, meu irmão!/Vassoura, conterrâneo!/Vamos vencer com Jânio!”
No receituário populista, Iris aposta em mutirão para arrumar a cidade
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