Por A.C. Scartezini

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Temer se queixa de ajudar o palácio sem receber retribuição para peemedebistas

[caption id="attachment_29628" align="alignleft" width="620"]Michel Temer: o vice queixoso quer evitar a criação de novos partidos / Edilson Rodrigues/ Agência Senado Michel Temer: o vice queixoso quer evitar a criação de novos partidos / Edilson Rodrigues/ Agência Senado[/caption] A presidente Dilma aproveitou uma inauguração no interior gaúcho, na sexta, 27, para passar o fim de semana com a família em Porto Alegre. Na volta, chamará o vice Michel Temer para conversar jun­to com os presidentes da Câmara, o desafeto Eduardo Cu­nha, e do Senado, o rebelde ocasional Renan Calheiros. Em pauta, o PMDB no governo. “Sou vítima”, desabafou Temer, zangado, como anfitrião de um jantar na residência da vice no Palácio do Jaburu. “Só sou chamado nos momentos de crise. Depois o PMDB me cobra contrapartida”, completou o vice com a queixa sobre o dar sem receber em troca. Ali, sem dizer mais nada, Temer justificou uma conspiração contra Dilma. “Vou falar com a presidenta”, dispôs-se o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, mas sem saber o que viria depois do jantar. Ele, um dos magos petistas que aconselham Dilma sobre a política, mas contestado inclusive pelos companheiros no PT. Entre eles, Lula, outro que estará de volta a Brasília e às conversações sobre o ajuste fiscal. O arrocho era o prato de resistência na mesa do Jaburu. Além de Mer­cadante, o governo mandou para a conversa com o PMDB os ministros da Fazenda e do Pla­ne­ja­mento, Joaquim Levy e Nelson Bar­bosa. Escoltados pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Mas os peemedebistas não esperaram pelas novas conversas. Em seguida ao jantar no Jaburu, os deputados do PMDB aderiram integralmente à aprovação pela Câmara do projeto do DEM que neutraliza a ideia do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, em fundar novos partidos que se juntariam ao PSD que criou para apoiar o governo. Aprovado em votação simbólica por causa da evidente maioria a favor, o projeto não permite que um partido se funda com outro logo depois de ser criado. Ao contrário da vontade de Dilma e Kassab, haveria uma quarentena de cinco anos entre a criação e a fusão. Além disso, impede um filiado a partido assinar ficha a favor da criação de outro. A segunda restrição à facil criação de novos partidos — que logo recebem dinheiro do fundo partidário mais espaço na televisão e no radio — prejudica a firmação da Rede Sustentabilidade, a legenda idealizada pela ex-ministra Marina Silva. Agora o projeto vai ao Senado, onde o espera o senador Renan Calheiros para votar logo. Sem os senadores do PMDB, o governo não terá como evitar a aprovação do projeto no Senado. Para os peemedebistas, a criação de barreiras a novos partidos é uma questão de sobrevivência. Porém, nesta semana, a presidente poderá reunir os presidentes dos partidos aliados para discutir a distribuição de cargos no segundo escalão. Vai que nessa surge um bom negócio para o PMDB. A votação poderá ser adiada.

Crise atropela os sonhos presidenciais para recuperar simpatia perdida no povo

[caption id="attachment_29629" align="alignleft" width="620"]Em contingência, Dilma perde a confiança geral da população / Elza Fiúza/Agência Brasil Em contingência, Dilma perde a confiança geral da população / Elza Fiúza/Agência Brasil[/caption] Ainda na quarta-feira, 25, a presidente Dilma acariciava a ideia de viajar mais aos Estados em campanha para recuperar a queda da popularidade. Antes que caia mais com a crise geral, inaugurou, na baiana Feira de Santana, um conjunto com 92 unidades do Minha Casa, Mi­nha Vida. No discurso, comparou a administração de uma casa ao ajuste fiscal: — Eu faço ajustes no meu governo como uma mãe, uma dona de casa faz na casa dela. No dia seguinte, em Brasília, o governo suspendeu novos financiamentos para o Minha Casa Melhor, que complementa aquele outro. Nele, a Caixa Econômica Federal (CEF) emprestava até R$ 5 mil para a família equipar a casa. O pagamento poderia ser feito em quatro anos. A CEF não sabe informar quando o financiamento será reaberto. Não durou dois anos, mas equipou a reeleição. Reeleita, a presidente assumiu o novo mandato com a declaração de que o lema do governo passava a ser “Pátria Educadora”, slogan bolado pelo marqueteiro João Santana, o Patinhas. Neste ano, o Ministério da Educação deveria empregar R$ 37,8 bilhões no programa como investimento e custeio. Deles, R$ 5,6 bilhões foram congelados ou contingenciados nomeio da semana pelo Minis­tério da Fazenda. Serão liberados quando for possível.

O padrinho não assume a crise na Petrobrás e repassa responsabilidade a Dilma

O conflito de rua entre lulopetistas e militantes pelo impeachment da presidente Dilma assinalaram pelo menos duas coisas, na tarde-noite de terça-feira, 24, no Rio. Uma delas é o início de um processo de radicalização nas ruas a ser alimentado, dentro de dois domingos, pelas manifestações a favor do impedimento com apoio na crise social. Outra coisa perceptível no conflito carioca em torno da Petrobrás foi o interesse de Lula em expor Dilma — não em blindá-la, diriam dilmistas. O ex procurou se afastar da sucessora, como se ela fosse a responsável pelo “petrolão”. A ideia estava em sua fala na reunião sobre a Petrobrás, aonde chegou apenas depois do confronto de rua: — Nossa querida Dilma tem de levantar a cabeça, dizer “eu ganhei as eleições” e governar o país. Não pode ficar dando trela, se não ficamos paralisados. Nós ganhamos as eleições e parecemos envergonhados. Quem teria de levantar a cabeça é Dilma. O problema seria da presidente. Lula não teria nada a ver com a quebra da petroleira, que entregou à sucessora quando ainda não se sabia de assaltos à empresa para beneficiar o projeto de poder do PT. Lula não apenas se blindou. Acirrou novos conflitos urbanos e rurais contra a oposição. “Quero paz e democracia, mas eles não querem”, condenou o inconformismo. “Mas também sabemos brigar. Sobretudo quando Stedile colocar o exército dele nas ruas”, referiu-se ao líder do MST, João Pedro Stedile. Antes, estava combinado que o MST se manifestaria no próximo dia 13. Dois dias antes da oposição com o impeachment. Outro sintoma de que a mobilização é lulopetista à revelia de Dilma esteve nas palavras de ordem que foram à rua. Todas se referiam ao ex, como aquele bordão “Lula, guerreiro do povo brasileiro”. Ninguém defendeu a presidente, embora fosse ela o tema da oposição, que respondeu aos lulistas com um “Lula ladrão”, sem rima. A vez em que o ex mandou um companheiro em desgraça erguer a cabeça foi na campanha de outubro, em Brasília. “Levanta a cabeça, companheiro Agnelo e vai para a rua. Não tira a camisa do PT nem a estrela”, estimulou o governador Agnelo Queiroz, a quem foi socorrer, mas cuja reeleição sequer chegou ao segundo turno. O favorito na eleição presidencial em Brasília era o tucano Aécio Neves, a quem Lula acusou, no comício de Agnelo, de defender um choque de gestão que “significa arrocho e corte de benefícios dos trabalhadores”. Não evitou que Aécio vencesse os dois turnos no Distrito Federal. Nem que o arrocho de Dilma seguisse aquele modelo. A agressividade com que o lulopetismo, sob aquela camisa vermelha com a estrela do PT a que se referiu Lula, partiu com socos e pontapés para cima da turma do outro lado evoca embates na era FHC dos anos 90. A mesma camisa com estrela distribuiu os socos e pontapés pioneiros em interessados nas privatizações de estatais. A cena promete repetecos ao longo da campanha do impeachment.

A estranha visita do procurador Janot ao ministro da Justiça e ao vice-presidente

Os pedidos de inquérito contra políticos acusados de receber dinheiro do “petrolão” seriam encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF) depois do carnaval, conforme a promessa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ainda depois do carnaval, os empreiteiros presos por suspeita de pagamento de suborno à Petrobrás teriam uma notícia animadora, prometeu o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a advogados de empresários hospedados na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. No calendário, o carnaval terminou há 12 dias e Janot ainda não entregou pedido de inquérito ao Supremo e não se explicou. Na Procuradoria, transpirou que os pedidos serão encaminhados nesta semana, o que não garante a divulgação automática dos nomes dos políticos suspeitos. Na noite de quarta-feira, 25, iniciaram-se três fatos que se sucederam em cadeia. Começou quando Janot visitou Cardozo. Na manhã seguinte, a presidente Dilma soube pelo ministro que a entrega dos pedidos deve ocorrer nesta semana. Ainda no início da quinta-feira, o procurador visitou o vice-presidente Michel Temer, líder do PMDB. No contato entre ambos, Cardozo teria recomendado a Janot que reforçasse a segurança pessoal e a da família porque o serviço de inteligência do governo teria detectado risco de ameaças contra eles. Como foi isso? Qual dos serviços de inteligência do governo teria repassado a informação? Nada vazou. Haveria uma intimidação velada no repasse da comunicação do ministro ao procurador às vésperas da entrega dos pedidos de inquérito? Os pedidos envolvem políticos do governo e, talvez, da oposição. A visita de Janot a Temer poderia ser a propósito do repasse de dinheiro a peemedebistas. No momento em que a presidente procura valorizar o vice para ter apoio do PMDB na aprovação do arrocho pelo Congresso, a ideia poderia ser não deixar que Temer fosse, mais uma vez, o último a saber sobre fatos que se passam na intimidade do governo. A entrega por Janot dos pedidos não assegura a publicidade automática dos nomes porque, ao receber a documentação, o ministro Teori Zavascki, relator do petrolão no Supremo examinará os pontos sobre os quais cabe sigilo. Se considerar adequado, poderá liberar as informações gota a gota, à medida que considerar conveniente. Assim, Zavascki deverá examinar um a um os pedidos de abertura de inquérito contra os políticos suspeitos. Se autorizado, o Ministério Público Federal investigará o político. Com os dados novos, o suspeito será denunciado ao Supremo. Se a denúncia for aceita, o político passará a réu.

Lula teme a voz rouca das ruas pelo impeachment de Dilma Rousseff como um obstáculo em 2018

Contra a crise econômica, presidente e o ex decidem desafiar a resistência do PT ao ajuste fiscal que reduz direitos trabalhistas

Começou a mudança na cabeça da presidente depois de ir a São Paulo pedir conselho

[caption id="attachment_29004" align="alignleft" width="620"]Dilma faz café da manhã e mostra no cardápio os ajustes fiscais  l  Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil Dilma faz café da manhã e mostra no cardápio os ajustes fiscais l Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil[/caption] Como Lula recomendou, a presidente Dilma deu um passo em direção à aproximação com o deputado E­duardo Cunha (PMDB) depois da eleição à presidência da Câmara há duas semanas. Na última sexta-feira, ela concordou com a correção da tabela do imposto de renda em 4,5%, oito dias depois da conversa com Lula. Ao eleger-se na Câmara, Cunha propôs aqueles 4,5% como condição para o Congresso não derrubar o veto à correção de 6,5% aprovada pelos congressistas. A­gora, depois do recuo no fim da se­mana, a presidente terá novas oportunidades para comprovar, na prática, a dedicação de mais atenção aos deputados e senadores proposta por Lula. A primeira impressão é a de que Dil­ma não parece disposta a ir ao cor­po a corpo com políticos. Pre­fere ter­ceirizar os acordos parlamentares, entregar as conversações políticas a mi­nistros sem a presença da presidente. A tendência ficou exposta no pla­nejamento tático de contatos nesta semana. A terça-feira, 24, dia de votações no Congresso, será tão importante que o Planalto convidou os líderes aliados para dois eventos no palácio, quase sociais, com direito à presença de cinco ministros. Entre eles, os da Fazenda e do Planejamento, Joaquim Levy e Nelson Barbosa. Pela manhã, café com os líderes do Se­nado. A seguir, os líderes da Câmara merecem almoço – efeito Cunha. Mas Dilma não deverá se sentar à mesa em nenhum momento, a não ser que decida fazer uma surpresa, que poderia ocorrer no almoço, para reabilitar líderes cujas tropas ajudaram a eleger Eduardo Cunha, como aconteceu no PT. Até o meio da semana, o planejamento incluía apenas o café da manhã. Ao qual os líderes da oposição seriam convidados. Ao final, foram alijados. No cardápio, o ajuste fiscal que corta direitos trabalhistas, a ser votado com a presença de um segmento social caro ao PT, as lideranças sindicais. A diferença é que os sindicatos estarão na oposição. Eles fazem barulho e pressionam, mas não votam. O palácio precisará dos votos da oposição e da lealdade do PT e do PMDB para não aumentar o rombo nas contas públicas. A negociação do governo, na me­sa de café, ficará por conta dos cinco ministros. Mas o que eles poderão fazer é alertar sobre o prejuízo que o governo teria com derrotas no arrocho fiscal. Se a presidente não ceder em alguma coisa, como cargos no governo, terá de confiar no gogó de Lula para convencer petistas e aliados. Mais um evento quase social. No dia seguinte, quarta-feira, deve ocorrer o segundo café da manhã na semana apenas para os senadores e deputados aliados. Eles serão importantes na negociação sobre o comando da nova CPI da Petrobrás. O bloco formado pelo PMDB com mais 11 partidos que participaram da eleição de Cunha não deseja a hegemonia do PT. Naquele momento, o Planalto sa­be­rá como o Congresso se comportou nas votações da véspera. Se for o ca­so, poderá tentar o adiamento da ins­talação da CPI, que Cunha programou para o dia seguinte, quinta-feira. Se tudo correr bem na terça, o café de quarta será a oportunidade para Dilma tentar consolidar a recomposição da base com a formação de uma CPI que inspire confiança ao palácio. Será o momento, então, de distribuir aos partidos os cargos no segundo escalão. A presidente conhecerá melhor quem lhe ofereceu votos na preliminar do ajuste fiscal. Poderá conhecer melhor a tropa, mas não terá segurança, tão cedo, quanto à força com que poderá contar no Congresso de forma consolidada. A posição do Planalto é frágil. As tropas descontentes com a parte que lhes coube no latifúndio da Esplanada terão oportunidades constantes para espernear.

Cotado para a vaga no Supremo, o ministro da Justiça tropeça nas próprias pernas

[caption id="attachment_29000" align="alignleft" width="620"]Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, quer passar de oráculo de petroleiros a juiz do petrolão no Supremo Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, quer passar de oráculo de petroleiros a juiz do petrolão no Supremo Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil[/caption] Como se fosse um golpe de ironia, Joaquim Barbosa acentuou a crise que complica a vida do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, candidato à vaga que o primeiro deixou aberta no Supremo Tribunal Federal há sete meses ao aposentar-se antes da hora. “Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a presidente Dilma demita imediatamente o ministro da Justiça”, tuitou Barbosa ainda na noite do sábado anterior, dia 14, assim que se soube de reuniões de Cardozo com advogados que defendem empreiteiros enrolados com o petrolão. A intimação de Barbosa a Dilma pela demissão do ministro engrossou a pressão contra Cardozo. Desde então, o ministro disparou uma série de declarações e entrevistas para explicar seu comportamento, mas que serviram apenas para ampliar a crise com apoio de advogados que também não pararam de discursar. Es­creveram até artigo em jornal. A inédita insistência de Car­dozo em explicações ajudou na descoberta de outros contatos com empreiteiros e seus advogados. O nervosismo incontrolável reafirma a impressão de que não deseja se queimar no Ministério da Justiça e, com isso, incinerar uma carreira possível no Supremo – quem sabe na vaga de Barbosa? Como ele poderia deixar de ser oráculo de petroleiros e passar a julgador do petrolão no Supremo? Como ministro da Justiça chamado em socorro de empresários acusados de corrupção, ele não entendeu que possui responsabilidade sobre a Polícia Federal, mas não é o orientador dela nem do Minis­tério Público. “Tenho a confiança da presidente Dilma”, desabafou Cardozo na quinta-feira. Se, ministro da Justiça, Cardozo sente necessidade dizer que tem a confiança da presidente, não é mais nem o fim da picada: a picada terminou bem antes. E Dilma? Não se sente arrastada para a crise de desvio de conduta do ministro da Justiça? Cardozo não fez bom negócio ao receber o lobby de advogados criminalistas que defendem empreiteiros acusados de suborno no petrolão sem que os contatos constassem em sua agenda no ministério. O ministro agiu às escondidas, mas, duas semanas depois, ainda está explicando o seu comportamento sem convencer. “É direito de um advogado ser recebido e eu os receberei”, teimou o ministro. “Só na ditadura isso não se admite”, enviesou-se na fala. Acontece que Cardozo não é uma autoridade comum. É responsável pela Polícia Federal, que participa da apuração do crime. Além disso, responde pelos contatos do governo com o Supremo Tribunal Federal, onde correrá parte do julgamento. Por enquanto, os empresários estão distantes do Supremo. Estão presos em Curitiba, nas mãos do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela formação do processo. É “intolerável que emissários dos dirigentes presos e das empreiteiras pretendam discutir decisões judiciais com autoridades políticas”, antecipou Moro um juízo que estará implícito em seu julgamento.

O risco da expectativa otimista que Cardozo injetou em empreiteiros e seus advogados

[caption id="attachment_28998" align="alignleft" width="620"]Sérgio Moro estranhou, com razão, cerco de empreiteiros ao ministro Sérgio Moro estranhou, com razão, cerco de empreiteiros ao ministro[/caption] Ao procurar o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a defesa de empreiteiros acusados de corromper agentes públicos no petrolão recebeu dele uma expectativa otimista quanto ao futuro de seus clientes que o próprio oráculo terá dificuldade em satisfazer. Ainda mais se os contatos entre eles vão se revelando com suas tramas. “Ele não é o responsável pelas investigações”, estranhou o juiz federal Sérgio Moro o cerco ao ministro pelos advogados de empreiteiros que estão presos em Curitiba. Encarcerados na Polícia Federal sob a responsabilidade de Moro, que, naturalmente, tende a considerar suspeitos os movimentos da defesa dos seus hóspedes. O fato é que os empresários se animaram porque Cardozo, via advogados, repassou otimismo ao dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, um dos presos. Depois de receber o recado, Pessoa decidiu adiar a ideia de oferecer-se à delação premiada. O recuo do colega da UTC coloca em compasso de espera toda a clientela disponível à delação no petrolão. Mas o que Cardozo prometeu? Disse que um fato novo surgiria neste pós-carnaval com impacto favorável aos acusados pelo petrolão. É o mesmo período prometido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para a remessa ao Supremo de denúncias contra políticos às voltas com o assalto à Petrobrás. A lista pode envolver a oposição, o que seria bom ao governo. Quando um empreiteiro evita a delação, é bom para o governo porque reduz a possibilidade de novas denúncias contra os seus quadros. Se as suspeitas rondam a oposição, os governistas sorriem porque não se sentem sozinhos na berlinda. Porém, qual seria a boa nova capaz de convencer Ricardo Pessoa a adiar a ideia de delação? Poderia ser o envolvimento do governo na articulação de uma saída para evitar que as empreiteiras paguem pela corrupção dos empreiteiros, como a presidente Dilma já andou falando. O empresário ou executivo dele se lascaria agora, mas os negócios futuros da empresa não seriam prejudicados. Dilma já falou também em preservar empregos na clientela do PT. Se for por aí, o ministro Cardozo teria a chance de assegurar o controle do governo sobre a execução da decisão. Porém, as cartas se embaralham se o jogo envolver denúncia contra partidos que há muito tempo estão fora da órbita do poder federal. Uma busca sobre a era PSDB correria o risco de desagradar a empreiteiras, pois novos fantasmas poderiam sair do armário. A expectativa confortadora do PT de Lula e Dilma é a descoberta de fantasmas tucanos ocultos nas gavetas da história. Ainda na sexta-feira, a presidente renovou aquele discurso de que seria melhor os investigadores e juízes procurarem antecedentes na era FHC. Bem que poderia ser essa a missão de Cardozo no Ministério da Justiça. Se for, deu no que deu.

As crises que levaram Dilma voltar a procurar Lula em São Paulo a bordo do avião oficial

A presidente cedeu diante de problemas com a corrupção, o PT e partidos aliados, que ameaçam o ajuste fiscal e montam um governo paralelo no Congresso

A folga de carnaval na praia é uma oportunidade para que a presidente pense nos conselhos

[caption id="attachment_28549" align="alignleft" width="620"]Eduardo Cunha deu dor de cabeça ao romper velhos conceitos de Lula Eduardo Cunha deu dor de cabeça ao romper velhos conceitos de Lula[/caption] Ao retornar a Brasília depois de ouvir Lula em São Paulo, a presidente Dilma foi ao expediente do Planalto, na manhã de sexta, 13, para re­ceber o ministro das Relações Ex­teriores da Alema­nha, Frank-Wal­ter Stein­meir e retirou-se para o carnaval na praia baiana junto à base naval de Aratu. É a terceira tem­porada naquele retiro desde o Natal. O silêncio da praia é um oportunidade para Dilma refletir sobre os conselhos que ouviu de Lula na quinta-feira, 12. O carnaval representa mesmo uma espécie de trégua no jogo político. A partir das cinzas, poderá se avaliar se alguma mudou depois da reaproximação da presidente a Lula. Inclusive conferir se, por parte da presidente, houve mesmo reaproximação consistente. Mas Lula, safo como é, já pres­sentia o que a sucessora queria com ele e saiu a campo na véspera. Foi ao encontro do PMDB do Rio, ponto de origem do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, razão de dores de cabeça de Dilma na semana passada, quando ela deixou tudo e foi a Lula como antes. Na noite de quinta, o ex confraternizou com três caciques locais: o ex-governador Sérgio Cabral, o sucessor Luiz Fernando Pezão e o prefeito Eduardo Paes. Lula anunciou aos amigos cariocas que sugeriria a Dilma ter uma “conversa séria” com Cunha, que, em sua rebeldia, iniciou um processo de afirmação parlamentar que desafia o Planalto. Se o contato dele com Dilma acontecer, teremos uma amostra do que a presidente considera conversa séria com o comandante de outro poder, se isso envolve ameaça de retaliação. A inclinação de Dilma seria à agressividade. Com ou sem contato, será possível avaliar a receptividade da sucessora a um conselho do padrinho, ao qual procurou depois de isolá-lo por tanto tempo. No dia seguinte à divulgação da pesquisa do Datafolha que atestou a decadência do prestígio da presidente, Eduardo Cunha passou a exercer de fato seu poder institucional como novo presidente da Câmara e sinalizou a montagem pelo PMDB de um governo paralelo. A afirmação do Congresso colocou em cheque o ajuste fiscal do governo ao aprovar o orçamento impositivo. A mudança causa um prejuízo duplo o Planalto. De um lado, obriga o pagamento automático de certas verbas dos parlamentares. De outro, impede o palácio de condicionar a liberação de verbas dos parlamentares, geralmente para beneficiam as bases eleitorais dele, à apresentação de votos a favor do palácio no Congresso. Num processo de afirmação do parlamento e dele próprio, Cunha liberou a criação da CPI para in­ves­tigar o petrolão montado na Petrobrás. Além disso, aconselhou Dilma a corrigir a cobrança do im­posto de renda em 4,5 por cen­to. Do contrário, o Congresso derrubaria o veto da presidente ao projeto que corrigiu em 6,5 por cento. Com tanta pressão, Dilma estressou. Não é nada, Cunha rompeu, na prática, o conceito de presidencialismo de coalizão que Lula montou em seu primeiro governo com a incorporação ao Planalto de alianças com outros partidos para a montagem da maioria governista no Congresso em nome da conquista de garantias à governabilidade – processo adubado pelo mensalão e o petrolão. Mas o presidente da Câmara poderá alegar que Dilma é a responsável pela ruptura do padrão de alianças com partidos caro ao lulopetismo que o gerou como cooptação. A presidente teria atropelado a coalizão ao governar e decidir solitariamente, sem considerar sequer a opinião de seu próprio partido, o PT – poderia rebater Eduardo Cunha.

A pressão sobre o palácio inclui o desafio do PT ao ajuste fiscal que contraria sindicatos

[caption id="attachment_28544" align="alignleft" width="620"]Medidas do governo desfavoráveis a trabalhadores assustaram Lula e o PT Medidas do governo desfavoráveis a trabalhadores assustaram Lula e o PT[/caption] Se quiser mesmo ajudar a governabilidade da presidente Dilma, Lula terá trabalho junto ao PT e sindicatos para conter movimento contra a redução de benefícios trabalhistas previstos na medida provisória que agora depende do Con­gresso. É uma pressão que conta com o apoio silencioso de Lula, senão não se alastraria pelo partido contra a presidente. Se Dilma não tocar nos direitos tra­balhistas, como prometeu durante a reeleição, não será fácil avaliar se eventual recuo se deveu a orientação de Lula na nova fase de relacionamento entre ambos ou se o palácio apenas sucumbiu à pressão vinda de sindicalistas e petistas. Seria interessante conhecer um processo na pessoa da presidente que a levou a mudar de ideia. Ainda na segunda-feira pós-Da­tafolha com a queda da popularidade de Dilma, a pesquisa cimentou a mo­bilização no PT para defender trabalhadores contra o ajuste fiscal que o governo decidiu sem ouvir ou in­formar ao partido e sindicatos. An­tes da conversa com a sucessora, Lula considerou um absurdo que a CUT não fosse comunicada previamente. Naquele momento, o diretório nacional do partido fechou o manifesto que criticou o ajuste e recomendou a Dilma coerência com a linha trabalhista do programa petista. O documento foi redigido ao final do encontro petista em Belo Horizonte, onde a presidente discursou sem aparte e defendeu a mudança trabalhista: “As mudanças que o país espera para os próximos quatro anos dependem muito da estabilidade e da credibilidade da nossa economia. Nós precisamos garantir a solidez de toda a nossa economia, garantir o controle da inflação, das contas públicas e, enfim, garantir a geração de emprego e renda, que é o objetivo fundamental que nós temos.” A reação do PT contra Dilma tem a ver com o pouco caso com que agraciava o partido. Relaciona-se ao gesto de afastar Lula de seu entorno. Ela estava feliz com a troca de rostos lulistas por outros dilmistas no Planalto. Sentia-se em casa no palácio: Minha Casa, Minha Vida. Caiu na real ao ser confrontada dentro e fora do partido: foi a Lula como antes.

A crise do governo de coalização presidencialista abre espaço contra o voto de legenda

[caption id="attachment_28542" align="alignleft" width="620"]Vice-presidente Michel Temer lidera um PMDB que desafia as noções governistas Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Vice-presidente Michel Temer lidera um PMDB que desafia as noções governistas Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil[/caption] A queda da simpatia popular pela presidente Dilma leva consigo, ladeira abaixo, o prestígio do PT, o que estimula aliados e a oposição a buscarem fórmulas que derrubem a hegemonia petista. A arma da vez é a revogação do voto em legenda em eleições proporcionais, aquele recurso que permite ao eleitor votar apenas no partido ou coligação, sem indicar o candidato. Se o PT é a legenda mais popular, os candidatos petistas ou coligados a deputado ou vereador são os mais beneficiados pelo voto apenas no partido, onde engorda o quociente eleitoral. Ao engordar o cacife da votação junto com os candidatos a deputado e vereador mais votados, o voto na legenda pode arrastar consigo nomes menos votados do mesmo partido ou coligação. A revogação do voto de legenda equilibraria a competição direta entre partidos com a eleição de candidatos votados diretamente, como no sistema majoritário. Ao ser eleito senador por São Paulo em outubro, o tucano José Serra anunciou um projeto que cria o voto distrital para vereador, onde o candidato seria votado apenas em determinado setor do município. O vice-presidente Michel Temer, líder do PMDB, cogita o chamado distritão para deputados, com a eleição dos mais votados diretamente no Estado e no Distrito Federal - cada unidade formaria um único distrito. A ideia atrai o oposicionista DEM e os governistas PTB, PP, PSD e PR. O PT prefere o voto em lista: voto apenas nos partidos, que escolheriam os eleitos. Hoje, o desafio do PMDB ao Planalto é o suficiente para colocar em crise o governo de coalizão presidencialista chefiado por Dilma Rousseff, sendo que outros aliados se interessam pelo impasse peemedebista, cujos lances podem lhes abrir novas oportunidades junto ao governo. A busca de novos rendimentos move o PMDB, assim como Dilma idealiza um desenho de reforma política que preserve a hegemonia do PT – partido que também desafia a autoridade da presidente em seu próprio governo, mergulhado nas crises contínuas de gestão. Como se os partidos estivessem alheios ao reflexo político na sociedade, os lances pelo poder são imediatistas. Assustados com o desgaste do governo. petistas perseguem a permanência da hegemonia, num processo que agrava a rejeição do país aos políticos e seus partidos. Aliados procuram o protagonismo. A oposição é oposição com oscilações. Quem mais perde no vale-tudo político é o PT, relacionado à corrupção no poder. A mais recente pesquisa do Datafolha demonstra a brutal queda de prestígio petista entre os brasileiros. Apurada nas ruas entre os dias três e cinco, a pesquisa mostra que o cartaz do PT como o mais querido despencou dos 22% em dezembro para 12 pontos em exatos dois meses. Outra constatação chocante da amostra é que os partidos concorrentes não lucraram diretamente com a decadência petista provocada por má gestão e corrupção. Em segundo lugar na corrida de prestígio, o PSDB caiu de sete para cinco por cento naqueles dois meses. A seguir, o PMDB comprovou que congelou no gosto popular: tinha quatro por cento e lá ficou. Todos os outros 29 partidos autorizados a buscar votos nas urnas, até a última sexta-feira, 13, possuem, somados, os mesmos dotes de simpatia que o PMDB: 4%. A diferença é que aqueles 29, juntos, ostentavam um ponto de simpatia. Antes do segundo turno nas eleições, os pequenos possuíam 5% na pesquisa com margem de erro de dois pontos. Em cada 10 brasileiros, sete não têm preferência por algum partido: 71%. Dois meses antes 61%, vindos das eleições de outubro, quando chegaram a 64% desde o início ao fim da campanha. Os números da pesquisa poderiam significar um latifúndio a ser lavrado e cultivado por políticos, não fossem as pragas daninhas.

Lava Jato se aproxima de Lula ao investigar as doações de empresas ao caixa do PT

Com os olhos em autoridades que se beneficiam com o petrolão, a Procuradoria Geral inicia nova fase de apuração e começou pelo tesoureiro petista

Começou a temporada de políticos na Lava Jato sem que ainda se saiba como terminará

[caption id="attachment_28032" align="alignright" width="620"]42 pedidos já feitos ao STF para processos contra pessoas com foro especial 42 pedidos já feitos ao STF para processos contra pessoas com foro especial[/caption] Há dias, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, anunciou que seria aberta em fevereiro a temporada para políticos e partidos prestarem contas pelo participação no petrolão. Por que fevereiro? Porque, a partir das informações de empresários, o processo teria avançado com força suficiente para cercar os poderosos da política. Além disso, no próximo fim de semana chega o carnaval. Mais um mês e meio, virá a semana santa. Há um efeito psicológico nas datas. Trata-se de uma espécie de tortura chinesa. A angústia de políticos e empresários na perspectiva de passar os feriados prolongados longe de casa pode facilitar a adesão deles à delação premiada em troca da redução de pena. A temporada foi aberta na última quinta-feira com o ataque ao entorno de Renato Duque, tesoureiro do PT que Lula, ao assumir o governo em 2003, retirou do partido e instalou na Petrobrás como diretor de Serviços, para, dali, continuar a cuidar dos fundos do partido. Foi tesoureiro antes do atual, João Vaccari, a quem a Polícia Federal interrogou na mesma quinta. No mesmo dia, a Justiça Federal distribuiu o depoimento, em delação premiada, do ex-gerente petroleiro Pedro Barusco, subordinado a Duque na Diretoria de Serviços. Ele confirmou que participou da arrecadação de propinas para o PT junto a fornecedores da empresa. Ressalvou que, quando a doação era mais graúda, o empresário privado entregava a grana a Duque. Como peça do entorno da Diretoria de Serviços, a Distribuido­ra BR foi alcançada pelas apurações. Constatou-se que a rede de corrução chegou à subsidiária da Petrobrás por propina que continuava a ser paga a ser paga em Santa Catarina na quinta. Paga pela Arxo, empresa que monta caminhões-tanques para abastecimento de aviões. Dois sócios e um diretor da empresa foram presos mesmo dia. Em novembro, Duque foi preso pela Operação Lava Jato junto com empreiteiros de elite, mas foi solto no início de dezembro por conta de habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal pelo relator do caso no tribunal, Teori Zavascki, nomeado ministro pela presidente Dilma a tempo de participar do julgamento de mensaleiros que receberam redução de pena. Há 10 dias, o procurador-geral Ro­­drigo Janot pediu ao relator que cancelasse a soltura do petista. A­le­gou que Duque possui meios para fu­gir rumo ao exterior e por lá se manter. Zavascki ainda não se ma­ni­festou em resposta a Janot. En­quanto isso, empreiteiros acusam Du­que de pedir dinheiro para o PT. Um deles, Augusto Mendonça, da Ca­margo Corrêa, diz que deu R$ 12 milhões. A Lava Jato já rendeu 42 pedidos ao Supremo para abertura de processos contra autoridades que possuem direito a serem julgadas ali por causa de foro especial. Como eles tramitam pelo tribunal sob sigilo absoluto, não se pode identificar quem são as pessoas acusadas de vinculação ao petrolão ou quando a Procuradoria Geral poderá pedir que sejam processadas.

A falta de planejamento estratégico complicou a vida de Dilma durante a semana passada

[caption id="attachment_28030" align="alignright" width="620"]Saída de Graça Foster provou que planejamento não é o forte de Dilma l Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR Saída de Graça Foster provou que planejamento não é o forte de Dilma l Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR[/caption] A presidente Dilma dispôs de 320 largos dias para remontar outro comando na Petrobrás, mas deu tempo ao tempo e perdeu o bonde da história. Surpreendida, na quarta-feira, com a renúncia de Graça Fos­ter à presidência da petroleira, a presidente recebeu escassos dois dias para fazer o que não fez desde que se revelou sua presença na compra da Refinaria Pasadena há quase um ano. Outras duas atribulações da semana passada confirmaram que o planejamento estratégico não é o forte do Planalto. Por falta de alternativas prévias, Dilma começou a penar no domingo com a eleição do deputado Eduardo Cunha (PMDB) à presidência da Câmara. No embalo da derrota do Planalto veio a CPI para a Petrobrás, que a presidente recebeu como fato consumado. Em seguida, na sexta, veio a im­provisada eleição de uma nova diretoria para aproveitar uma reunião do conselho de administração da petroleira. Reunião que não se repetiria tão cedo. Em vão, Dilma confiou num acordo com Foster para ficar na presidência até março. Ignorou Dilma que a pressão sobre Foster surgiu a partir de 19 de março do ano passado, com o caso Pasadena. Adiar a escolha da nova diretoria seria prolongar a crise que se montou com a revelação da negociata na compra da Refinaria Pasadena, operação aprovada pelo conselho de administração sob a presidência de Dilma, então chefe da Casa Civil de Lula. A partir daí começou a descoberta de outras negociatas sob o patrocínio do petrolão com efeito imediato. Dois dias depois que se soube de Pasadena, brotou a Operação Lava Jato em 21 de março, com a prisão de Paulo Roberto Costa, o amigo Paulinho, que impulsionou o petrolão em 2004 ao ser nomeado por Lula para a Diretoria de Abaste­ci­mento da Petrobrás. Seria uma ironia incluir a mudança na petroleira na ocasião do primeiro aniversário daquelas duas datas. Além do mais, há a pressão para a mudança da diretoria da petroleira desde aquele março do ano passado. Mais de três vezes, a amiga Foster pediu a Dilma que a retirasse da presidência. Dilma recusou sempre. Julgou ter poder para contornar os escândalos. Até ceder no começo da semana passada e combinar que a mudança viria em março. A presidente ignorou que a amiga Foster concordou com o adiamento, mas estava exposta a pressões dentro de suas circunstâncias pessoais que não teria como administrar. Ao voltar à Petrobrás, no Rio, depois de se reunir com Dilma no Planalto, Foster encontrou uma diretoria rebelada. Cinco diretores disseram que não ficariam mais tempo. A presidente da empresa que os acompanhasse na saída imediata ou ficasse sem eles. Havia ainda a pressão da família Foster. Dilma foi posta contra a parede, acossada ainda pelo orçamento precário da petroleira que apontou o rombo de R$ 88,6 bilhões nas contas do terceiro trimestre do ano passado. Buraco provocado pela soma entre roubo e investimentos mal feitos.