Por A.C. Scartezini

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A semana foi marineira e o PT teria pesquisa com a derrota de Dilma no segundo turno

O senador petista Jorge Viana pertence ao Acre como Marina Silva (PSB/Rede), mas são adversários no Estado, governado pelo irmão e companheiro Tião Viana. Outras semelhanças entre os Viana é que eles são influentes no PT e gostam de vazar informações do poder para jornalistas amigos. Numa semana dominada pela as­censão de Marina, Jorge Viana vazou a informação de que o PT dispõe de uma pesquisa interna na qual Marina amplia sua vantagem sobre Aécio Neves no primeiro turno. Depois derrota a presidente Dilma Rousseff na segunda rodada. A pesquisa interna teria sido discutida pelo comando do PT com Lula e Dilma numa reunião realizada na noite de quarta-feira, no Alvorada. No primeiro turno, a reeleição da presidente seria a mais votada com uma cotação perto de 40%. Marina teria mais de 20 pontos. Aécio ficaria próximo aos 15%. Nas sondagens abertas ao pú­bli­co, o primeiro levantamento eleitoral depois da morte do socialista E­duardo Campos, apurado há dez dias pelo Datafolha, Dilma está na frente com 36%. A seguir, Ma­rina e Aécio no chamado empate técnico; ela com 21 pontos e o tu­cano com 20. Portanto, na amostra do PT, no fim de semana subiu o prestígio das candidatas e caiu o de Aécio. Nas contas do PT, no segundo turno Marina vence Dilma fora da margem de erros prevista pelos institutos, ou seja, sem empate técnico. No Datafolha, na segunda rodada Marina arrebata 47% e Dilma fica com 43. Aí, haveria o empate técnico, pois a margem de erro é de dois pontos para cima ou para baixo. Na segunda disputa com Aécio, Dilma bateria o concorrente por 49 a 37 pontos. Na pesquisa secreta do PT já haveria no primeiro turno a polarização entre o partido e o PSB/Rede. Mas a preferência petista predominante é levar Dilma à segunda rodada contra Aécio, mantida a rivalidade com os tucanos. No levantamento aberto do Datafolha não há polarização porque Marina entrou no jogo com mais votos que Campos, que obteve 8% em julho. Na pesquisa realizada em agosto, a no calor da morte do socialista, a rejeição a Dilma era a campeã, com 34%, quase o dobro da taxa de Aécio, 18. Marina tinha 11%.

Lula 2018 namora o espólio de Eduardo Campos e quer controlar um novo governo Dilma

Com o desgaste de Gilberto Carvalho no Planalto, o ex designou um novo porta-voz informal para seus recados ao palácio e ao público, o presidente do PT, Rui Falcão [caption id="attachment_12880" align="alignleft" width="708"]artigo_scartesini.qxd Ex-governador Eduardo Campos deixa a cena e embaralha o quadro sucessório, o que confunde até o PSB[/caption] Eduardo Campos gostaria de observar de perto como o PSB administra a perda de seu líder e presidente no acidente aéreo de quarta-feira em Santos. Ao decidir pela candidatura própria do partido na sucessão presidencial, Campos a conduziu como forma de abandonar a antiga subordinação aos interesses do PT, contra a tendência do então vice-presidente do PSB, Roberto Amaral. Agora na coordenação da sucessão de Campos como presidenciável, Amaral continua a preferir o partido socialista como linha auxiliar do PT de Lula. Por isso, resistiu à composição, em outubro, com Marina Silva. Mas praticamente se rendeu a Marina ao reconhecê-la como virtual candidata, na sexta-feira, 15, depois de oferecer ao PSB a oportunidade de rediscutir o futuro do partido. Um dos riscos para o PSB é Marina se eleger pelo partido e depois continuar a insistir na criação da Rede. Levaria consigo quadros e eleitores socialistas. Se for eleita e continuar no PSB, poderá se afastar do programa socialista? Em qualquer hipótese, como ficariam os ambientalistas e políticos que recrutou para a Rede? Poderão se sentir logrados. Entrou em jogo também a coesão dos socialistas sem o carismático comando de Campos. Assim como ambientalistas e políticos se preocupam com o futuro da Rede, o partido que Marina tentou fundar, mas malogrou no Tribunal Superior Eleitoral, há dez meses, porque não convinha ao Planalto ter um novo candidato de oposição à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Em contatos com socialistas influentes no partido, Lula abriu as portas do PT ao reatamento da antiga aliança que Campos rompeu. Tentou ainda conquistar um lugar para Dilma nos palanques regionais do PSB, como em São Paulo. Junto à família Campos, o ex-presidente apresentou solidariedade pela morte inesperada. Mas a família já declarou apoio a Marina como herdeira. Ao público, Lula reconheceu interesse pela reaproximação com o PSB, mas prometeu ações apenas depois do enterro de Campos. “Obviamente que mudou a conjuntura política e eu não sei qual o tamanho do impacto”, claudicou duas vezes na declaração e prosseguiu: — Não vamos tentar antecipar os fatos. Vamos esperar enterrar o companheiro Eduardo e os companheiros que estavam com ele, e depois voltamos a falar da política, a falar da campanha. A consagração de Marina como presidenciável não é boa para Dilma, mas é pior para Aécio Neves (PSDB). Seria a certeza de que haveria uma segundo turno na eleição — tudo o que Campos desejava para cavar uma posição para si na disputa mano a mano da final. Ao entrar no páreo, Marina pode ocupar a vice-liderança e retirar o tucano Aécio do segundo turno. As contas marineiras, porém, baseiam-se em boa parte no desempenho que Marina obteve ao se candidatar em 2010. No primeiro turno, ficou em terceiro lugar com 19,6 milhões de voto — ou 19,34% dos eleitores. A segunda disputa ficou entre Dilma e o tucano José Serra. Resta observar se Marina manterá o mesmo carisma quatro anos depois em outro cenário de disputa. A favor de Aécio fica a possibilidade de Marina fechar o palanque tucano paralelo que Campos abriu em associação à reeleição do governador Geraldo Alckmin. Na parceria com Campos, o tucano até assumiu como vice em sua chapa o presidente do PSB no Estado, deputado federal Márcio França. Se Marina fechar o palanque, Alckmin fica inteiro para Aécio. Ela tem razões apara virar as costas ao governador. Na quarta-feira, Marina só não estava no avião de Campos porque o roteiro dele em São Paulo incluía contatos com Alckmin. Ao assumir a candidatura a vice, cortou o namoro entre Campos e Aécio em busca de parceria no segundo turno presidencial. Enfim, Marina não gosta de tucanos. O virtual segundo turno deste ano levou Lula a retomar a disputa com a sucessora Dilma pelo controle da campanha da reeleição. O conflito entre lulistas e dilmistas desgastou o espia palaciano de Lula, o secretário-geral, Gilberto Carvalho. Por isso, no começo da semana o presidente do PT, Rui Falcão, apresentou-se como novo porta-voz de Lula junto ao poder.

Falcão apresenta ao público a credencial de porta-voz de Lula junto ao poder

[caption id="attachment_12870" align="alignright" width="269"]artigo_scartesini.qxd Presidente do PT, Rui Falcão: novo porta-voz do ex-presidente Lula[/caption] A senha inicial veio do companheiro Gilberto Carvalho poucos dias antes. Pela primeira vez, o secretário-geral da Presidência admitiu, em nota de jornal, que pode deixar o posto em dezembro. Não disse o motivo, nem precisava. Todos sabem da pressão que os dilmistas fazem para Carvalho se afastar logo do palácio e mergulhar na campanha da reeleição. A segunda senha veio do presidente do PT, Rui Falcão. Na última segunda-feira, o jornal “Valor” publicou uma entrevista na qual Falcão afirmou que Lula terá uma presença maior num segundo governo de Dilma Rousseff para garantir a volta dele ao Planalto daqui a quatro anos e desenvolver o projeto de poder do PT: “Precisamos eleger a Dilma para o Lula voltar em 2018. Isso significa que, ela, reeleita, começa o ciclo de debate, de planejamento para que o nosso projeto tenha continuidade com o retorno de Lula, em 2018, que é a maior segurança eleitoral de que o projeto pode continuar.” Abertamente, Falcão afirmou que um segundo mandato de Dilma será necessariamente melhor do que o primeiro porque ela “aprendeu muitas lições”. Uma delas seria a de aumentar a presença de Lula no governo. O ex-presidente não teria sido o protagonista, até agora, porque desejou, espontaneamente, não ofuscar a sucessora. Na versão de Falcão, não houve uma disputa de poder entre Lula e Dilma. “Houve esse distanciamento planejado e deliberado por parte dele” para evitar uma competição que seria comum “entre quem indica e quem sucede, entre criador e criatura”— dias antes, a presidente censurou a insistência com que o ex se refere a ambos, em público, como criador e criatura. Como Carvalho já disse antes, Falcão reiterou que, se houve o avanço social da “nova classe média”, a evolução não ocorreu pelo mérito de seus membros, que teriam se empenhado em melhorar de vida. A promoção social derivaria do fato de que o PT amparou as pessoas, que agora estariam alienando o dever de retribuir politicamente aos petistas. Trata-se da teoria da ingratidão, que Carvalho abordou, há dois meses, em entrevista a blogueiros amigos no Planalto, a propósito dos xingamentos a Dilma na abertura da Copa do Mundo há dois meses. As vaias e palavrões seriam oriundos de gente socialmente emergente que não reconhecia o valor do governo petista. Agora, Falcão retornou ao que seria alienação social. “Essa ideia do mérito próprio estimula fragmentação, o individualismo afasta as pessoas de coisas mais sociais, coletivas”, condenou o presidente do PT, que prefere o engajamento da nova classe média na militância em defesa do partido. A falta de gratidão justificaria, hoje, os riscos da reeleição de Dilma. O recado de Falcão quis dizer que falta ao Planalto uma política de comunicação eficaz dirigida as emergentes para ensinar que a melhoria de vida deles deriva de políticas públicas patrocinadas pelo partido. Seria um erro da presidente ao não “dialogar” com o povo, ensinou o porta-voz, jornalista mineiro que se elegeu deputado estadual em São Paulo.

Nesta 2ª-feira sai a nova pesquisa presidencial, depois vem a propaganda política de TV

artigo_scartesini.qxd A primeira pesquisa eleitoral depois da morte de Eduardo Campos deverá ser divulgada nesta segunda-feira, 18, pelo Datafolha em dois cenários presidenciais. Num dos cenários, está a cotação da sigla PSB sem o nome de candidato. No outro desenho, pede-se a intenção de votos em Marina Silva como candidata no primeiro turno, dentro de sete domingos. A ansiedade com que a presidente Dilma aguarda as oportunidades que a propaganda eleitoral oferece ao confronto com os adversários ficou clara há uma semana. Em pleno domingo de Dia dos Pais, a presidente antecipou-se à exibição em mídia de massa. Sem rede oficial à disposição, quebrou o sossego das redações ao convocar uma entrevista coletiva, no bucolismo residencial do Palácio da Alvorada. Em busca da audiência da televisão na noite de domingo, Dilma acusou a mídia e a oposição de produzirem “factoides políticos” para explorar a compra da Refinaria de Pasadena e lançar suspeitas sobre a Petrobrás e seus dirigentes. “Não é correto misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país”, censurou como se fosse uma advertência à oposição. Dilma se dirigia em especial a dois então concorrentes presidenciais, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), interessados na apuração do escândalo junto às duas CPIs que, mesmo controladas pelo governo, arriscam-se a investigar no Congresso a compra de Pasadena, o que estimulou o Tribunal de Contas da União a bloquear bens de dirigentes da petroleira. Naquele domingo, o receio no palácio se agravou com a possibilidade de o TCU rever a decisão que livrou do bloqueio a primeira-amiga e presidente da Petrobrás, Graça Foster. Cada avanço sobre Foster é um passo que aproxima a investigação da própria Dilma, como presidente do conselho administrativo da petroleira na época da operação Pasadena. Numa espécie de luto cívico, a morte de Eduardo Campos, na quarta-feira, colocou em recesso, naquele dia, os poderes institucionais em Brasília, salvo duas exceções no Supremo Tribunal Federal. Numa delas o ministro Gilmar Mendes negou-se a editar a liminar pedida por diretores e ex-dirigentes da Petrobrás para sustar o bloqueio de bens deles pelo TCU. Porém, Mendes deixou em suspense a situação de Graça Foster, que mais tarde se incorporou ao grupo para se prevenir quanto à hipótese de seus bens também se tornarem indisponíveis. O ministro, sem a mesma ansiedade, preferiu deixar a decisão da liminar de Foster para depois de o TCU resolver se a inclui ou não no bloqueio — o que pode demorar. Numa extensão das ansiedades do aparelho do Planalto, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, como quem não quer nada, advertiu que o bloqueio de bens deixaria Foster sem condições de presidir a Petrobrás. Ou seja, a estatal seria abalada com a ruína de seu patrimônio de mercado, como o valor das ações. O aviso de Adams faz sentido, duplo. O candidato Aécio Neves, aparentemente, não deu bola à advertência. No começo da semana, passou por Manaus e gravou imagens para seu horário eleitoral nas emissoras. Admitiu que pode incluir a Petrobrás nas denúncias tucanas para demonstrar o “quanto faz mal ao país o aparelhamento da máquina pública em benefício de um projeto de poder”.

Presidente confia que tamanho é documento e assume o horário da reeleição nas emissoras

Os marqueteiros da presidente Dilma ficaram para trás. A candidata assumiu a direção do conteúdo dos programas da propaganda do PT na televisão e rádio, com uma certeza na cabeça: o tempo à disposição do partido nas emissoras é um latifúndio que torna a reeleição imbatível quando usado para divulgar obras e programas sociais com a presença da candidata no local. O PT, com 11 minutos e 24 segundos diários, possui quase o dobro do tempo somado pelos dois maiores adversários. O PSDB tem 4 minutos e 10 segundos. O PSB, dois minutos e cinco segundos. Eduardo Campos discursou, na paulista Araçatuba, que não trocava o seu tempo minguado com o gorducho de Dilma. “Porque eu vou ganhar a eleição, mas vou ganhar a eleição com as mãos livres e limpas”, disse que não inchou o horário com barganhas políticas. Na terça-feira, a presidente voltou a visitar a obra da Ferrovia Norte-Sul em Anápolis. Foi mais uma visita que repetiu para gravar novas imagens junto a obras e trabalhadores, para passar a ideia de que acompanha os trabalhos atentamente, como uma gerente zelosa com a engenharia e o bem-estar dos operários. “Quem manda aqui sou eu”, impôs as mudanças ao marketing. O risco que a candidata corre é o de transformar os quase 12 minutos do programa eleitoral num relato maçante de obras e inspeções, daqueles que provocam no público a vontade de ir ao banheiro. É o que ocorre a cada ato público com a presença da presidente nos últimos anos, transformar o discurso num relatório enfadonho sobre obras e programas sociais. A cena se repetiu há 11 dias, Dilma foi a um debate na Con­federação Nacional da Agricultura e Pecuária ao lado dos concorrentes. Era uma discussão estranha onde os candidatos não trocavam perguntas entre si. A presidente aproveitou e leu um relatório de realizações, que recebeu reclamações discretas de ruralistas, aqueles que aplaudiram Aécio em pé. Pura provocação. Lembre-se. A vice de Campos, Marina Silva, queixou-se porque não subiu ao palco junto com o companheiro de chapa, Aécio e Dilma. Ela queria estar lá em cima, mesmo que também estivessem lá embaixo dois vices concorrentes, o tucano Aloysio Nunes Ferreira e o peemedebista Michel Temer. Outro presidenciável que realiza um circuito de obras é Aécio. Mas o projeto dele é desconstruir a fala de Dilma. Mostrar obras federais inacabadas, dinheiro público malgasto, pessoas insatisfeitas... A ideia é demonstrar que, na prática, as coisas não são propriamente como Dilma promete. Também tomou uma resolução, a de ir apenas a debates onde a presidente estiver. No PSB, a ordem a Campos era ir a todos. O consenso entre o PT e o PSDB será a homenagem a Eduardo Campos no programa de abertura do horário eleitoral. Dilma e Aécio estarão de olho na conquista dos eleitores que se sentem órfãos do presidenciável que morreu. O PSB também prestará o seu tributo, até pelo dever de explicar ao público a ausência do companheiro como candidato do partido.

O PSDB de Aécio e o PSB de Campos não estão bem nos Estados deles; em São Paulo, sim

Como presidenciáveis na época, Aécio Neves e Eduardo Campos tiveram a primazia de indicar os candidatos de seus partidos aos governos de Minas e Pernambuco. Mas os eleitores dos dois Estados, que ambos governaram, não parecem satisfeitos com os nomes que escolheram para governador. Conforme a pesquisa do Datafolha publicada na sexta-feira, em Minas o tucano Pimenta da Veiga está atrás de Fernando Pimentel (PT), até recentemente primeiro-amigo da presidente Dilma desde a mocidade estudantil. Pimentel tem 29% das preferências dos eleitores. Pimenta está com 16% e Tarcísio Delgado (PSB) com quatro pontos. Pimenta vence na rejeição: 14% contra 10 de Pimentel. Registre-se que Tarcísio Delgado, ex-deputado do grupo autêntico do velho MDB, está na corrida apenas para marcar presença. O objetivo era garantir um palanque a Campos em Minas, pois a então vice Marina Silva vetou a composição deles com o tucano Pimenta. Ele é pai do deputado Júlio Delgado, líder do PSB na Câmara. Em Pernambuco, o empresário Armando Monteiro (PTB), com apoio do PT, está na frente com 47% contra 13 de Paulo Câmara (PSB), ex-secretário do governo de Eduardo Campos. Câmara vence Monteiro na rejeição, quase o dobro: 17% a 9. Não se pode dizer que a morte de Campos influiu. A pesquisa foi a campo nos dias 12 e 13, data do acidente com o avião. Em São Paulo, os candidatos de Dilma e Lula perdem feio para a reeleição do governador tucano Geraldo Alkmin, que tem 55% e promete levar no primeiro turno. Há um mês, estava com 54%. Em segundo, o empresário Paulo Skaf (PMDB) manteve os 16%. Em terceiro, Alexandre Padilha (PT) subiu de quatro para cinco pontos. Todos estão estáveis em suas posições, menos em matéria de rejeição, quesito que Padilha lidera com 28%. Alkmin é o menos rejeitado, com 19%. Skaf tem 20%. A margem de erros das pesquisas é de 2% para cima ou baixo.

A CPI do Metrô era contra os tucanos, mas joga o PMDB contra o PT em São Paulo

O PT atirou no que viu e acertou no que não viu. Ainda no meio do primeiro semestre, quando a oposição batalhou pela CPI da Petrobrás para investigar a compra da Refi­naria de Pasadena, o PT deu o troco com a articulação de outra comissão parlamentar de inquérito para examinar fraudes no metrô de São Paulo ao longo dos 20 anos de governo do PSDB. Saíram até duas CPIs da Pe­trobrás. Como o PT impôs que a CPI fosse do Senado, onde os governistas deitam e rolam, a oposição conseguiu criar outra, mas mista, com senadores e deputados. A primeira, exclusiva de senadores, passou a ser boicotada pelos oposicionistas. Enquanto isso, os petistas deixaram a CPI do Metrô dormitar à espera da ocasião oportuna. O momento seria agora, quando a campanha eleitoral começa a esquentar. Aí, veio a desilusão. O PT não conseguiu colocar a CPI nos trilhos, também mista, na quarta-feira. Os petistas pediram um gesto de boa vontade ao PMDB, mas ainda não levou porque a disputa eleitoral entre os dois partidos em São Paulo não permite gestos de desapegos sem reciprocidade à altura. A boa vontade seria os peemedebistas cederem a presidência e a relatoria da comissão, que seriam ocupadas por dois petistas paulistas, respectivamente, senador Eduardo Suplicy e deputado Renato Simões. O raciocínio era que a presidência, pelo costume, seria do PMDB, mas o partido não tem senador no Estado. Além disso, possui apenas dois deputados que estão fora do jogo no partido, Gabriel Chalita e Edinho Araújo. Acontece que o PMDB não quer empurrar a CPI se o PT estiver no comando. Por isso, na malograda tentativa de ação na quarta-feira, os peemedebistas indicaram o correligionário João Alberto, senador pelo Maranhão, mas ele não compareceu. Ausente, não poderia ser eleito, mesmo que o costume com o PT seja deixar a presidência para o PMDB. A resistência peemedebista inclui o líder do partido no Senado, Eunício Oliveira. Candidato a governador do Ceará, ele está na bronca com a presidente Dilma porque ela preferiu apoiar no Estado o Pros do governador Cid Gomes, cujo candidato é o deputado estadual Camilo Santana. O favorito nas pesquisas é o senador. Sobretudo, o impasse na CPI do Metrô está na disputa pelo governo de São Paulo. O PT deseja o comboio para transportar até o palácio o companheiro Alexandre Padilha. Porém, o PMDB também possui candidato ao expediente no Palácio dos Bandeirantes, o empresário Paulo Skaf, muito mais forte nas pesquisas do que o ex-ministro da Saúde que Lula fez candidato

Equilíbrio na pesquisa do Ibope inclui eleitores indecisos e votos brancos ou nulos

Complicou-se a avaliação de tendência na mais recente pesquisa presidencial do Ibope porque, além da estabilidade dos candidatos principais, a queda de três pontos nos votos brancos ou nulos é compensada de alguma forma pelo aumento de outros dois entre os eleitores indecisos. Na pesquisa de abril, os votos brancos ou nulos eram de um quarto dos eleitores, 24%. Des­ceram a 13% em junho e subiram a 16% em julho. Caíram a 13% agora em agosto. Os indecisos eram 13% em abril. Diminuíram para 8% em junho e foram a 9% em julho, Em agosto, são 11%, conforme o levantamento entre o último domingo e quarta-feira. Sempre na ponta, a reeleição da presidente Dilma manteve os 38% de julho. Aécio Neves (PSDB) subiu um degrau, estava com 22% e passou a 23. E­duardo Campos (PSB) também subiu um ponto, foi de 8% a 9. Todos os outros sete candidatos tinham, juntos, 7% por cento em julho e ficaram com 6 em agosto. Se dependesse da última pesquisa, a realização do segundo turno ficaria indefinida. Os 38% de Dilma empatam com os 38 pontos alcançados pelos outros nove candidatos. Mas, se houvesse o novo turno, Dilma teria 42% contra 36 de Aécio. A vantagem seria o dobro na disputa com Campos: 44% para Dilma e 32 para o adversário.

O vale-tudo do Planalto falsifica a biografia de jornalistas que não agradam ao poder

A assessoria presidencial encontrou uma fórmula para censurar a imprensa enquanto o governo não cria o controle social da mídia que o PT defende

Os nervos de Lula demonstram como ele receberia a derrota de Padilha em São Paulo

[caption id="attachment_12169" align="alignleft" width="300"]Lula da Silva: irritação com os baixos índices de seu candidato-poste Alexandre Padilha em São Paulo | Foto: Paulo Pinto/Analiticana Lula da Silva: irritação com os baixos índices de seu candidato-poste Alexandre Padilha em São Paulo | Foto: Paulo Pinto/Analiticana[/caption] A menos de dois meses das eleições, os nervos de Lula de­monstram a revolta com que receberá a derrota de Alexandre Pa­dilha, o candidato que indicou ao PT para a disputa do governo de São Paulo, mas não decola nas pesquisas apesar de todo o seu apoio. Ao lado da presidente Dilma, acusou a Globo de “sacanagem” ao tramar a derrota de Padilha. Tudo porque a TV Globo iniciou a divulgação do dia de campanha de candidatos a governador em São Paulo. Mas, no “Jornal Nacional”, só entra quem tenha mais de 6% nas pesquisas do Ibope. No SP TV quem tiver mais de 10%. Padilha tem cinco. Lula esbravejou na quinta-feira, quando participou de um encontro com centrais sindicais em São Paulo. “Decidiram que só vão co­locar na televisão do principal jornal deste país os candidatos acima de seis por cento das intenções e não os pequenos”, indignou-se porque a ausência de Padilha prejudica também a reeleição de Dilma, que não recebe menção. Em sua linguagem rude, Lula acusou a Globo, sem mencioná-la, de fazer oposição ao governo federal. “É porque, como eles estão com a política de criticar de manhã, de tarde e à noite, eles querem fazer os adversários crescerem”, acusou e reiterou com o caso do jornal local: — Em São Paulo, a sacanagem é tamanha que eles decidiram que só vão colocar os candidatos acima de 10 por cento para tirar o Padilha da televisão. Cada eleição é uma sacanagem.

Entre uma intervenção e outra do governo, Pasadena segue para impunidade no TCU

[caption id="attachment_12149" align="alignleft" width="300"]Presidente da Petrobrás,  Graça Foster: manobra  para evitar bloqueio de bens | Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil Presidente da Petrobrás,
Graça Foster: manobra
para evitar bloqueio de bens | Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil[/caption] A disposição do Tribunal de Contas da União em bloquear os bens da presidente da Petrobrás, Graça Foster, era uma forma de o TCU se recuperar, na quarta-feira, do desgaste que sofreu, duas semanas antes, quando seus 11 ministros aceitaram uma sugestão de Lula e, absolveram os dez conselheiros da estatal que aprovaram a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas. A absolvição dos conselheiros incluiu a presidente Dilma Rousseff, que presidia o conselho administrativo da Petrobrás ao liberar a operação, em 2006, responsável pelo prejuízo de 792,3 milhões de dólares no negócio mal sucedido. O TCU atribuiu a culpa a 11 diretores atuais e antigos da empresa. Todos tiveram seus bens bloqueados para o eventual ressarcimento do prejuízo. A repercussão da absolvição soou mal no Ministério Público, au­tor de um recurso pela revisão do jul­gamento. Lembrou ao relator do processo no Tribunal, ministro José Jorge, que, além da conselheira Dil­ma, o TCU deixou fora dois diretores da Petrobrás que participaram do negócio. Um deles, a presidente Graça Foster, antiga diretora de Gás e Energia. Outro, Jorge Zelada, na época diretor internacional. O relator Jorge tratou de corrigir o esquecimento. Providenciou a inclusão de Foster e Zelada no processo com o bloqueio dos respectivos bens. Preparou o processo que deveria ser levado à reunião do Tribunal da última quarta-feira. Junto com os papéis, o pedido do MP pelo reexame do julgamento. Mas foi atropelada pelo Planalto, que enviou à sessão o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, para defender Foster. Nunca antes o chefe da Advocacia Geral da União participou de um julgamento no TCU para defender ou denunciar um acusado. Adams discursou que não havia razão para o bloqueio dos bens de Foster porque a antiga ocupação dela não se confundia com a de outros acusados. O discurso do advogado-geral ficou como marco da intervenção inédita e deixou uma dúvida. A quem cabe à AGU defender? Ao patrimônio da União ou aos diretores da Petrobrás? Mas o relator Jorge não pensou nisso e bastou a presença de Adam para o ministro retirar o processo de pauta antes de ser julgado. Com a manobra, paralisa-se o processo e todos, julgadores e acusados, ganham tempo para examinar melhor a posição de cada um no processo. Como Jorge se aposenta em novembro para retornar à política, o Planalto espera que ele deixe a eleição presidencial passar e retome o processo quando estiver para sair do TCU. Ao mesmo tempo, Graça Foster realizou outro movimento paralelo para ganhar tempo. Recorreu ao Supremo Tribunal Federal com o pedido para não permitir ao TCU o bloqueio de seus bens. Na prática, a presidente da Petrobrás se juntou ao mandado de segurança com que outros acusados recorreram ao Supremo na semana anterior. Com isso, os acusados retardam o processo nesta campanha eleitoral, a 56 dias ou oito semanas da eleição presidencial. O bom para a reeleição da presidente seria Dilma congelar todo o julgamento que envolve a Petrobrás, mas sem deixar de acusar a oposição de desvalorizar a empresa. Se o PT continuar no poder, terá novos meios para esvaziar os efeitos Pasadena. A atual composição do Su­pre­mo e o Tribunal de Contas possuem antecedentes recentes de cooperação com o governo. Mas os julgamentos assustam a campanha pela reeleição de Dilma, como ocorreu na intervenção de Lula e na presença do advogado-geral na sessão do TCU. O campo de manobra à disposição do governo na campanha realimenta, porém, o discurso de palanque da oposição a partir da base social de insatisfação com escândalos. A Petrobrás, por exemplo, comunicou aos acusados de Pasadena que tem como pagar as multas e os advogados que eles escolherem para a defesa de cada um. O estatuto da empresa garante o pagamento de despesas judiciais na defesa de atos administrativos.

Escândalos na petroleira completam 10 anos desde o Land Rover do secretário do PT

[caption id="attachment_12142" align="alignright" width="300"]Silvinho Pereira: ele aceitou veículo Land Rover como “presente” | Foto: Joedson Alves/AE Silvinho Pereira: ele aceitou veículo Land Rover como “presente” | Foto: Joedson Alves/AE[/caption] O primeiro escândalo dos governos do PT depois do aparelhamento da Petrobrás se prepara para completar dez anos em novembro. Em 2004, antes que Lula chegasse aos dois anos de governo, o então secretário-geral do partido, Sílvinho Pereira, recebeu de presente da empreiteira baiana GDK um carro Land Rover zero-quilômetro ao preço na época de R$ 73,5 mil. A revelação do presente da GDK, prestadora de serviços à petroleira, ocorreu há sete anos no embalo da investigação do mensalão, que envolveu Silvinho como secretário-geral do partido sob a presidência de José Genoino - agora liberado pelo Supremo Tribunal Federal para deixar presídio da Papuda e cumprir em casa o restante da pena Silvinho não chegou a ser julgado pelo Supremo Tribu­nal Federal porque negociou previamente com o Ministério Pú­­bico a conversão da pena em prestação de serviço co­mu­nitário alternativo, uma espécie de delação premiada. Gra­ças a um habeas corpus da Justiça, também se livrou da obrigação de declarar seu pa­trimônio à CPI dos Cor­reios, que investigou o mensalão. Antes que fosse expulso do PT pediu a desfiliação em julho de 2007. Na carta de despedida ao partido, reconheceu que “cometi um erro” ao aceitar o presente de César de Oliveira, “meu amigo pessoal, mas proprietário da empresa GDK”. Negou a realização de tráfico de influência na Petrobrás a favor do amigo. “Nada ofereci ou me foi pedido em troca”, assegurou. Na época, o dono da GDK, César Santos Oliveira, afirmou que, espontaneamente, ofereceu o carro ao amigo quando Silvinho lhe “manifestou a intenção de adquirir um veículo usado da marca Land Rover”. Então decidiu presentear o amigo com um novo da linha Defender. Presente aceito prontamente.

Em Pernambuco, o quadro do PT não é animador para o ex-governador Eduardo Campos

[caption id="attachment_11672" align="alignnone" width="620"]Aliado do PT, empresário Armando Mon­tei­ro Filho lidera em Pernambuco. Foto: Elza Fiuza/ Agência Brasil Aliado do PT, empresário Armando Mon­tei­ro Filho lidera em Pernambuco. Foto: Elza Fiuza/ Agência Brasil[/caption] O levantamento do Ibope em Pernambuco é duplamente frustrante a Eduardo Campos (PSB), que entregou o governo do Es­tado há exatos quatros meses para entrar na corrida presidencial. Ele está atrás da reeleição da presidente Dilma e seu candidato a governador, Paulo Câmara, também socialista, caminha para a derrota no primeiro turno da eleição. Como se fosse uma praga do pernambucano Lula pela deserção de Campos das antigas alianças com o PT, Dilma lidera a disputa no Estado com 41%. A seguir, o socialista ostenta 37 pontos. Aécio Neves (PSDB) figura na pesquisa com inexpressivos 6% de apoio. Na corrida ao governo estadual, a liderança é de um aliado do PT, o empresário Armando Mon­tei­ro Filho (PTB), com 43% das pre­ferências. Em segundo, Paulo Câ­­mara (PSB) arrebata 11 pontos. Em terceiro, Zé Go­mes (PSol), com 2%.

No Rio, o terceiro colégio, os dois candidatos na liderança apoiam a reeleição federal

[caption id="attachment_11662" align="alignnone" width="620"]Garotinho tem 21% de apoio para voltar a governar o Rio de Janeiro. Foto: Renato Araújo Garotinho tem 21% de apoio para voltar a governar o Rio de Janeiro. Foto: Renato Araújo[/caption] A pesquisa do Ibope no Rio é simpática à reeleição da presidente Dilma no terceiro colégio eleitoral. Teorica­mente, os quatro principais candidatos a governador fe­cham com a reeleição dela. Mas, certos mesmo, são os dois que lideram. Na ponta, Anthony Garotinho (PR) tem 21% de apoio para voltar a governar. Depois, Mar­celo Crivella (PRB), com 16%. A seguir, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) ostenta 15% de apoio para se reeleger. Em quarto lugar, Lindbergh Farias (PT) exibe 11% das preferências. Na realidade as bases peemedebistas estão rachadas pelo apoio de um grupo ao presidenciável Aécio Neves (PSDB), enquanto o próprio candidato petista reclama da falta de apoio de Dilma. No Estado, o Ibope atribui a liderança presidencial a Dil­ma com 35%. Aécio recebe 15% das preferências de voto. Eduardo Cam­pos (PSB) conquistou 5 pontos na pesquisa. É certa a realização do segundo turno de votação para governador, mas não é segura a previsão do nome que concorreria contra o favorito Garotinho.

Em Minas, o PSB pode decidir o equilíbrio entre o PT e o PSDB com efeito presidencial

[caption id="attachment_11656" align="alignnone" width="620"]Petista Fernando Pimentel lidera a sucessão no Estado de Minas Gerais. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr Petista Fernando Pimentel lidera a sucessão no Estado de Minas Gerais. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr[/caption] No segundo maior colégio eleitoral, Minas, os números da pesquisa do Ibope oferecem ao PSB do presidenciável Eduardo Cam­pos a oportunidade de ser decisivo, com a Rede da vice-presidenciável Marina Silva, no se­gun­do turno para governador. Logo eles, Campos e Marina, que e­ram os menos pretensiosos quanto à eleição ao governo mineiro. A dupla desejava não mais do que ter um palanque mineiro à disposição da chapa presidencial do PSB-Rede para marcar presença no Estado. Ocupar o território com candidato próprio, que poderia ser o ambientalista Apolo Heringer, como desejava Marina para colocar holofote sobre um militante da Rede, o partido que gorou no Tribunal Superior Eleitoral. No fim, ficaram com o ex-deputado Tarcísio Delgado. Agora veio a pesquisa e colocou na liderança Fernando Pimentel (PT), velho amigo da presidente Dil­­ma, com 25% da preferência dos eleitores. A seguir, o tucano Pimenta da Veiga, que representa o presidenciável e ex-governador Aécio Neves, como opção de 21% dos mineiros. Entre os dois favoritos, há um equilíbrio. Aí, surgiu a incógnita Tarcísio Delgado (PSB). Abaixo deles, em terceiro, com 3% de apoio. Ele que entrou na disputa apenas para garantir o palanque, cedeu-se ao apelo de Campos e de seu próprio filho Júlio Delgado, deputado pelo PSB deles. Agora, todos eles podem decidir a eleição mineira em conjunto com a sucessão presidencial. A incógnita está na tendência do PSB-Rede quanto aos dois segundos turnos, o de Minas e o presidencial. Campos fez história com o PT de Lula, de quem foi ministro da Ciência e Tecnologia. Depois se afastou do governo para ter vida própria com o PSB. Aproximou-se de Aécio Neves numa inclinação de ambos a aliança no segundo turno federal. Veio Marina, levou a Rede, aliou-se a Campos e impôs a distância deles a Aécio. A inclinação anterior de Campos era apoiar o PSDB na disputa pelo governo de Minas. Mas Marina insistia na candidatura de Apolo Heringer, sem experiência eleitoral. Então se chegou a Tarcísio Delgado, deputado da antiga ala autêntica do MDB. O movimento das contradições entre Campos e Marina sugere que, na negociação do segundo turno, eles podem assumir qualquer posição. Tanto apoiar Dilma ou Aécio quanto ter apoio do tucano se ele não chegar lá. Na opção entre Pimentel e Pimenta, a decisão deve ser uma cláusula do acordo maior, o presidencial. Segundo o Ibope, Aécio tem 41% dos votos em Mi­nas. Dilma, 31. Campos, 5 pontos.