Emocionado ao chegar em casa depois de ter sido preso após atos em 8 de janeiro, o vereador de Inhumas, José Ruy (PTC), disse que sentiu na pele o que é uma cadeia de verdade. “Não estou acreditando que estou aqui fora”.

“Estive com assassinos, estupradores, esse tipo de gente. Convivia na cela, dormia junto com essas pessoas. Seis meses não são seis dias. Pra uma pessoa que nunca passou nem perto da delegacia, ficar 6 meses e 18 dias preso é humilhante”, contou o parlamentar ao Jornal Opção.

Na última quarta-feira, 30, o vereador recebeu a notícia que o Supremo Tribunal Federal (STF) tinha determinado sua soltura por volta das 17h. “Fiquei acordado até meia-noite na expectativa de sair a qualquer momento”, relatou. No entanto, ele só conseguiu ver o lado de fora da prisão às 15h do dia seguinte.

Rotina na cadeia

De acordo com José Ruy, a cela em que ficou chegou a comportar doze detentos. “Como que consegue dormir com um cara que matou o pai de um lado e, do outro, um que estuprou uma menina de 10 anos. Aqui fora eu tinha o céu nas mãos e não sabia. Se tiver inferno, o inferno é a cadeia”, disse.

O vereador relatou ainda que, enquanto esteve preso, ouviu dos bandidos: “Quem vai pra cadeia, não quer voltar”. Segundo ele, a prisão é uma coisa “outro mundo”. “Lá não tem esse negócio de ser vereador. Lá eu era mais um presidiário”, disse.

No entanto, o político garante que foi bem tratado pelos policiais e que teve atendimento médico adequado na prisão. “Um enfermeiro media minha pressão todos os dias e minha diabetes ficou controlada”, destacou.

Reencontro com a família

Ao sair da cadeia, José Ruy conheceu a neta Maria Teresa, que nasceu depois que ele já tinha sido preso. Ele disse ainda que sua mãe idosa nem ficou sabendo que ele estava preso. “Fiquei seis meses sem falar com ela. Disseram que eu estava viajando. Vivi um pesadelo”, afirmou ao lembrar dos momentos que, para ele, foram uma “tortura”.

Durante o tempo em que esteve preso, o vereador disse que pensou muito na vida e que buscava refúgio nas orações. “Saio um milhão de vezes melhor do que entrei: sadio, com a família e com Deus no coração. Não fiz nada de errado e Deus sabe disso”, avaliou.

Apesar de estar em casa, vereador ainda responde a processo

No dia 8 de janeiro deste ano, José Ruy foi de carona para Brasília com amigos de Inhumas. E ele garante que não se arrepende de ter ido. “Fui pra uma manifestação pacífica que acabou virando aquela bagunça. Sou totalmente contra aquele tipo de vandalismo e jamais iria praticar um ato como aquele. Quem me conhece sabe que não faria qualquer depredação. Estava no lugar errado na hora errada”, afirmou.

O vereador, apesar de solto, precisa cumprir algumas condições determinadas pela decisão do ministro Alexandre de Moraes, como usar tornozeleira eletrônica. Além disso ele está proibido de usar as redes sociais e se comunicar com os demais envolvidos.

“Vou cumprir todas as regras. Estou sendo monitorado 24 horas por dia e não tem problema. É constrangedor, mas fazer o que o quê? Tenho que passar por isso”, declarou.

E mesmo com a liberdade provisória, o processo continua. “Estou confiante na absolvição. Vou provar que não fiz nada de errado”, garantiu.

Futuro na política

E agora o vereador quer seguir a vida. Nesta sexta-feira, 1º, ele já quer dar andamento aos trâmites burocráticos para continuar seu trabalho na Câmara Municipal de Inhumas. E sobre as próximas eleições, ele diz que só vai pensar sobre isso mais pra frente.

“Se tiver que ser candidato, serei de novo”, declarou, afirmando ainda que, caso tenha apoio, pode tentar até a Prefeitura. “O futuro a Deus Pertence”, arrematou.

Depois de tudo isso, o que fica para José Ruy é o sentimento de gratidão. “Agradeço a todos que oraram por mim e perdoo quem torceu pra eu ficar mais tempo preso. Não tenho rancor de ninguém não”, arrematou.

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