O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) desafiou as expectativas do mercado ao manter inalterada a previsão para a safra de soja no Brasil.

Em seu relatório mais recente sobre oferta e demanda, divulgado em 11 de abril, o USDA estimou que a colheita brasileira atingirá 155 milhões de toneladas, o mesmo número apresentado no mês anterior. Esta estimativa surpreendeu analistas consultados pelo “The Wall Street Journal”, que previam uma redução para 151,7 milhões de toneladas.

A manutenção da estimativa do USDA vai de encontro às previsões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que projetou uma colheita recorde de 154,60 milhões de toneladas para a temporada 2022/23.

No ciclo anterior, o USDA havia projetado um volume ainda maior, de 162 milhões de toneladas. As exportações brasileiras de soja permaneceram em 103 milhões de toneladas.

Para a safra de soja dos EUA, que está praticamente consolidada, as principais mudanças ocorreram nos estoques finais do país, que aumentaram 8,1% em comparação com o mês anterior, atingindo 9,26 milhões de toneladas.

A previsão de exportação americana foi reduzida em 1,2%, para 46,27 milhões de toneladas, enquanto a produção permaneceu estável em 113,34 milhões de toneladas.

A incerteza nas projeções levou os preços da soja a caírem 0,24% na bolsa de Chicago, sendo negociados a US$ 11,62 o bushel. Também havia expectativa de ajustes na safra de soja da Argentina, mas o USDA manteve sua estimativa em 50 milhões de toneladas.

Quanto à safra mundial de soja, o USDA reduziu sua projeção em 0,3%, estimando agora 396,73 milhões de toneladas. O consumo mundial caiu 0,21%, para 381,08 milhões de toneladas, enquanto os estoques permaneceram praticamente estáveis, em 144,22 milhões de toneladas.

Além disso, o USDA fez pequenos ajustes para baixo na oferta global de milho da safra atual (2023/24). A produção global foi reduzida em 0,2%, para 1,23 bilhão de toneladas, enquanto as exportações globais foram reduzidas em 0,4%, para 218,3 milhões de toneladas.

A principal alteração foi na perspectiva para a produção da Argentina, 1 milhão de toneladas abaixo do projetado no mês anterior.

Os produtores argentinos devem colher 55 milhões de toneladas de milho nesta safra, segundo a projeção do USDA. Apesar do ajuste, ainda é um aumento expressivo de 53% em relação à safra passada. O órgão não alterou sua estimativa para a colheita americana, de 389,7 milhões de toneladas, nem das exportações do país, de 53,34 milhões de toneladas.

Em relação ao trigo, o USDA elevou sua previsão de safra mundial para o ciclo 2023/24, estimando uma produção de 787,36 milhões de toneladas. As exportações globais do cereal também foram revistas para cima, passando de 212,13 milhões para 213,47 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais foram ajustados para 258,27 milhões de toneladas.

O relatório do USDA justifica o aumento das estimativas de produção na União Europeia, Moldávia e Paquistão, bem como o aumento das previsões de consumo de trigo na Índia, devido à expectativa de aumento no uso industrial do cereal para conter a inflação de alimentos.

“A projeção de comércio global em 2023/24 foi elevada em 1,3 milhão de toneladas, principalmente pelo aumento das exportações de Rússia e Ucrânia compensando, em parte, a redução na União Europeia”, ressalta o relatório.

Para os Estados Unidos, o USDA manteve a previsão de safra de trigo em 49,31 milhões de toneladas e a de exportações em 19,32 milhões de toneladas, enquanto o consumo interno caiu para 30,32 milhões de toneladas e os estoques finais aumentaram para 18,98 milhões de toneladas.

Em relação à Argentina, o USDA manteve a previsão de safra em 15,9 milhões de toneladas, mas reduziu a estimativa de exportações do cereal argentino para 10 milhões de toneladas, com estoques finais previstos de 3,32 milhões de toneladas.

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