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A presidente ensina comportamento ao novo comando da economia como se fosse tutora

Ela se trai e revela a intenção de intervir no plano de ajuste de Levy, Barbosa e Tombini como se continuasse a determinar a linha econômica

O constrangimento na vida paralela entre os que chegam e os que vão sair do governo

[caption id="attachment_21973" align="alignright" width="620"]Joaquim Levy e Nelson Barbosa, respectivamente, nos ministérios da Fazenda e do Planejamento: missão de consertar os estragos cometidos em 4 anos l Wilson Dias/Agência Brasil Joaquim Levy e Nelson Barbosa, respectivamente, nos ministérios da Fazenda e do Planejamento: missão de consertar os estragos cometidos em 4 anos l Wilson Dias/Agência Brasil[/caption] No momento em que a presidente Dilma recebia Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tom­bini em almoço no Alvorada, o ainda ministro da Fazenda, Guido Mante­ga, levava para São Paulo a pasta com os despachos do dia. Constrangido pelo poder paralelo de seu virtual sucessor, Levy, o líder do novo trio. O que Mantega gostaria mesmo era de ir mais cedo para a sua casa paulistana. Chegou a anunciar entre amigos que o caminhão de mudança não tardaria. Não é nada, não é nada, ministro há mais de oito anos, desde a reeleição de Lula, Mantega foi demitido há três meses, quando Dilma prometeu a repórteres que “governo novo, equipe nova” se fosse reeleita. Mas Mantega não está só. No Ministério do Planejamento, a companheira Miriam Belchior também é constrangida a continuar no trabalho em função paralela à de seu sucessor virtual, Nelson Barbosa. Nem Levy, nem Barbosa ainda foram nomeados. Porém, todos sabem que os dois companheiros estão em situação inferior aos sucessores. Para começar, os dois ministros de papel passado continuam a dar expediente na Esplanada dos Ministérios. Quanto ao futuro, é improvável que Mantega continue em Brasília no segundo mandato de Dilma, a partir de janeiro. Belchior, deve permanecer na cidade, mas se falam em tantos ministérios que qualquer um parece servir a ela. Ou ela a qualquer um. Enquanto isso, os sucessores se preparam na Praça dos Três Poderes para assumir as cadeiras dos petistas, instalados os novatos no Palácio do Planalto, no terceiro andar, a metros da sala de Dilma. Levy, porém, disse algo depois daquele almoço que sugere distanciamento da chefe no trabalho do comando econômico: — A autonomia, eu acho, está dada. O objetivo é claro. Os meios a gente conhece. Quis dizer que o grupo deve ser livre para cortar gastos, como os de programas sociais, e fazer ajustes em despesas como as de benefícios sociais. “Quando uma equipe é escolhida, é porque há uma confiança nessa equipe”, observou e arrematou que não tem porque esperar outra coisa da presidente: — Eu não tenho indicação nenhuma em sentido contrário. O grupo pode propor o reequilíbrio das contas com aumento de impostos? Conhecido pela maneira implacável com que corta alguns gastos e cobra outros por onde passa, Levy respondeu não esperar turbulência: — Essa questão vai se responder de maneira muito tranquila. A gente vai ver dia a dia como é que ela (autonomia) ocorre.

Enquanto o Congresso não aprova a LDO, Levy e Barbosa se aquecem para a Esplanada

[caption id="attachment_21975" align="alignright" width="620"]Peemedebistas Renan Calheiros e Eduardo Cunha: eles ajudam o governo se forem eleitos para comandar o Legislativo l Ivaldo Cavalcante/Agência Câmara Peemedebistas Renan Calheiros e Eduardo Cunha: eles ajudam o governo se forem eleitos para comandar o Legislativo l Ivaldo Cavalcante/Agência Câmara[/caption] A presidente Dilma não tem data para desfazer os poderes paralelos na economia com as nomeações de Joaquim Levy na Fazenda e de Nelson Barbosa no Planejamento, nas vagas de Guido Mantega e Miriam Belchior. Mas gostaria de assinar os papéis depois que o Congresso aprovar a emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que anula a exigência de superávit primário nas contas deste ano. Ao trazer Levy e Barbosa, na quinta-feira, para o poder paralelo e temporário, ao lado de Mantega e Belchior, e instalar os novatos no Planalto a presidente preenche parcialmente a ansiedade em trocar os ministros e reiniciar a política econômica. Enquanto espera o momento há semanas, Dilma faz o aquecimento dos dois virtuais ministros. Quando pensa que chegou a hora de nomear, não dá certo. Há dez dias, autorizou a equipe do palácio a vazar os nomes de alguns favoritos ao ministério, entre eles Levy e Barbosa, aos quais esperava empossar no meio da semana passada. Não funcionou, a emenda não foi aprovada. Então, Dilma mandou a equipe vazar que estava indignada com aquele outro vazamento de nomes. Queria livrar a cara na frustração. Mas não foi bem assim. A posse dos dois não gorou por causa de vazamento. Gorou porque o Congresso não aprovou antes a emenda da LDO que adultera Lei de Reponsabilidade Fiscal (LRF) para permitir ao governo gastar mais do que arrecada. Sendo assim, o novo aquecimento da dupla ficou para a última quinta-feira, quando Barbosa e Levy deram entrevista a respeito da volta de ambos ao trabalho na Esplanada, por onde já passaram como assessores. A posse deles, agora, ficaria para esta semana. Porém, mais uma vez o plano de Dilma pode gorar. O Congresso pode não aprovar nesta semana o novo superávit. Há três semanas que a presidente tenta aprovar a LDO de forma a despachar o superávit ao beleléu. O panorama político de hoje tende ao novo adiamento no Congresso. Nem a bancada do PT está firme com o Planalto. Os aliados, menos ainda. Antes, os partidos amigos querem negociar cargos e verbas das emendas parlamentares. Se Dilma não entregar os anéis, a ideia de atropelar o superávit original poderá, agora, malograr pela quarta semana seguida, o que seria um risco para o Planalto. O calendário não ajuda. A próxima sexta-feira cairá no dia 5 e, mais um pouco, deputados e senadores saem em férias em 22 de dezembro, que cai numa segunda. Eles gostariam de largar o serviço na quinta, dia 18. Se o Congresso entrar em recesso sem aprovar a LDO deste ano com a mudança no superávit estará legalmente consumada a violação da LRF por Dilma. As diretrizes orçamentárias de 2014 não podem ser aprovadas no ano seguinte, em outro exercício fiscal. Sem a alteração na LDO, a presidente pode ser processada. Seria a abertura da via para o impeachment. Mas a LDO será aprovada com a emenda, mais dia, menos dias. Basta a presidente se render. No caso do PT, a dificuldade está mais na ideologia: a resistência contra a expansão do capital na Esplanada. Há um racha a ser explorado entre os deputados e senadores. Na última votação, entre os 87 deputados do PT, 30 se ausentaram. Entre os 13 senadores, apenas um se e ausentou. No PMDB, principal aliado, ausentaram-se 43 dos 71 deputados. Não votaram 11 dos 19 senadores. Resolve-se o caso com favores, mais a eleição de peemedebistas às presidências. No Senado, o presidente Renan Calheiros não faz questão de ajudar a emenda do superávit, mas tudo muda se for reeleito. Na Câmara, o líder Eduardo Cunha, ajuda se for presidente.

As razões do Planalto para condicionar os novos ministros ao desprezo pelo superávit

Por que a presidente se antecipa à decisão do parlamentar sobre a LDO ao aquecer Joa­quim Levy e Nelson Barbosa para a Fazenda e o Planeja­mento? Seria uma forma de acalmar o mercado com a perspectiva de mudança na economia. Também exibe ao Con­gresso o potencial de poder de dois virtuais ministros importantes cuja ascensão depende de políticos. Há uma fila de outros ministros a serem nomeados e que atendem a interesses de partidos, inclusive ao PT. A fila não anda por duas razões. A primeira, a falta de anistia à presidente por ser a primeira a não cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal desde a sua criação por FHC no século passado como garantia à estabilidade fiscal. A segunda, a obstrução pelo Congresso. No conjunto, o afastamento da hipótese de processo contra Dilma retiraria do armário o esqueleto do fracasso na conquista do superávit primário. Ao exigir a parceria do Congresso no golpe, Dilma procura se legitimar, sem o esqueleto. Ao mesmo tempo, cria a ilusão de um saneamento fiscal que seria bom ao novo pacote econômico. Ou não será pacote, como afirma Levy? E por falar em Levy, ao propor com Barbosa, mais o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, as linhas do novo pacote, o grupo encara o desafio de elevar o Produto Interno Bruto a um patamar que permita retirar dele, no próximo ano, o superávit primário de 1,2%. Nos dois anos seguintes, o superávit de pelo menos 2% em cada ano. Compare-se com a situação deste momento, a um mês do fechamento de 2014. A Lei de Diretrizes Orçamentárias original marca a conquista, em 2014, da meta de superávit igual a 1,9% do PIB. Dilma não conseguirá chegar lá, a conquista de uma economia de R$ 99 bilhões entre a arrecadação fiscal e os gastos do governo. As contas públicas apresentaram em outubro o maior déficit mensal da história, R$ 21 bilhões.

Com ironia, o arrocho chega como cria do arrocho que Dilma garantiu que não haveria

[caption id="attachment_21970" align="alignright" width="620"]Ex-ministro Delfim Netto: redução do superávit primário precisa ser aprovada  l Foto: Roosewelt-Pinheiro-ABr Ex-ministro Delfim Netto: redução do superávit primário precisa ser aprovada l Foto: Roosewelt-Pinheiro-ABr[/caption] Com força para se projetar pelos próximos anos, o arrocho que a presidente Dilma oferece ao país às vésperas do novo mandato se desenha como produto de algo que ela atribuiu, ao longo da campanha eleitoral, a uma ideia fixa do candidato rival, Aécio Neves. Se eleito, o tucano faria aquilo que Dilma se propõe a fazer agora, um mês depois da reeleição. Trata-se de um processo destinado a ser histórico como os desvios que agitam e marcam os governos do PT como o fato político deste, ainda, início de século. Ao descartar a índole de arrocho no primeiro mandato, a presidente afrouxou os gastos públicos na esperança de que levassem o país para frente movido a impulsos da presidente. O desenvolvimento não veio porque Dilma, com o PT, assumiu o bonde da história, mas saiu do tri­lho: a despesa se tornou superior à receita. Gastou mais do que re­cebia. Na contramão, atropelou a oposição com mais gastos em bus­ca da reeleição e atribuiu ao PSDB a vocação para arrocho. Com ironia, o arrocho de Dilma surge como negação do arrocho de Aécio. Na sinuca, a presidente tenta apagar da história a falta de superávit primário nas contas do balanço do governo em 2014. “Legítima defesa”, definiu a ironia do ex-ministro Delfim Netto o empenho da presidente em obter do Congresso a aprovação da redução da meta fiscal para este ano, o que salvaria Dilma de processo por transgressão à Lei de Responsabilidade Fiscal. Acredita Delfim, conselheiro econômico informal do governo Lula até ser ignorado, que a redução do superávit primário “precisa ser aprovada” pelo Congresso, mas isso teria um custo ao Pla­nalto que se estenderia até a próxima eleição presidencial: — Criará mais um problema de credibilidade a ser enfrentado pelo governo no período 2015-2018. Credibilidade que Dilma pretende assegurar, junto ao mercado com os novos ministros da Fa­zenda e do Planejamento, Joa­quim Levy e Nelson Barbosa. A expectativa é que ambos mudem o rosto técnico do governo, mais o manjado presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Será preciso conter o ímpeto da presidente em determinar como será a economia.

Chaves do inferno

Em 2011, um texto escrito por Ademir Luiz fez grande sucesso entre os leitores do Jornal Opção. Confira: Roberto Gómez Bolaños, apelidado, num exagero quase perdoável, de “Pequeno Shakespeare”, é o criador de uma das mais sutis, brilhantes e temíveis representações do inferno em qualquer das artes: o seriado “Chaves” chaves Ademir Luiz Especial para o Jornal Opção Sartre escreveu em sua famosa peça “Entre Quatro Paredes”, de 1945, que “o inferno são os outros”. Não existe uma definição universalmente aceita sobre o conceito de in­ferno na tradição teológica oci­dental. Segundo o historiador Jean Delumeau, no livro “Entrevistas Sobre o Fim dos Tempos”, o catolicismo tradicional, apoiando-se em Santo Agostinho, apregoava a “existência de um lugar de sofrimento eterno para aqueles que tiverem praticado um mal considerável nessa vida e dele jamais se tenha arrependido”. Essa noção, um tanto incongruente com a imagem de um Deus misericordioso, não prosperou fora do imaginário po­pular, sendo substituída pela so­lução do Purgatório, desenvolvida no século II, sobretudo, por Orígenas. Nin­guém mais estaria condenado para sempre, embora, excetuando-se os santos, todos tivessem que passar por um período variável de purificação, com a garantia da salvação ao final. Santo Irineu discordava. Para ele, “os pecadores confirmados, obstinados, se apartaram de Deus, também se apartaram da vida”. Portanto, após o julgamento final, os condenados seriam simplesmente apagados da existência. A polêmica continuou pelos séculos dos séculos, com novos debatedores: Tomás de Aquino, Lutero, Joaquim de Fiore. Na literatura, Dante e Milton criaram visões poderosas do inferno. O trio de condenados de Sartre, os cenobitas sadosmasoquistas de Clive Barker e os pecadores amaldiçoados de Roberto Bolaños são recriações contemporâneas perturbadoras. Sim, Roberto Bolaños. Não, não se trata do falecido ficcionista chileno Roberto Bolaño (1953–2003), autor do calhamaço “2666”. O Bolaños com S é um artista infinitamente superior. Refiro-me ao ator, escritor e diretor mexicano Roberto Gómez Bolaños, apelidado, num exagero quase perdoável, de Chespirito, ou “Pequeno Shakespeare” à mexicana. Ele é o criador de uma das mais sutis, brilhantes e temíveis representações do inferno em qualquer das artes: o seriado “Chaves”. Se, conforme ensinou Baudelaire, “a maior artimanha do demônio é convencer-nos de que ele não existe”, podemos concluir que esse mesmo demônio não iria apresentar seus domínios por meio de estereótipos: escuridão, chamas, tridentes, lava. Em “Chaves”, verdadeiramente, “o inferno são os outros”. Bolaños encheu sua criação de sinais que devem ser decodificados para que se revele seu verdadeiro sentido de auto moralizante. O primeiro e mais importante é o título. Originalmente, o seriado chama-se “El Chavo Del Ocho”, ou traduzindo do espanhol: “O Moleque do Oito”. Ninguém sabe o verdadeiro nome do protagonista, que nunca foi pronunciado. Cha­mam-no apenas de “Moleque”. O nome próprio Chaves é uma adaptação brasileira, uma corruptela da palavra “chavo”. É certo que um “chavo”, ou “moleque”, é quem faz molecagens; quem subverte a ordem do que seria moral e socialmente aceito como correto. Em livre interpretação, o “moleque” é um pecador. Portanto, o seriado trata de pecados. Não de pecados mortais, pois do contrário dificilmente seus personagens gerariam simpatia, mas, com certeza, de pecados capitais. Ao contrário do que muitos acreditam, o protagonista não mora em um barril, mas na casa número 8. Sendo órfão e morador de rua, foi recolhido por uma idosa, que jamais foi mostrada; e que talvez não exista. Se existir é a morte materializada, pois habita o 8. Basta deitar o numeral 8 que obtemos o símbolo do infinito. A morte é infinita, pois não há vida antes da vida e após a vida volta-se a condição anterior. A vida pode ser medida pelo tempo, o antes e o depois é, por definição, infinito. O nada infinito, a graça infinita ou a purgação infinita. Essa vila do “8” nada mais é do que um pedaço do Inferno, especialmente preparado para receber seus hospedes, mortos e condenados no julgamento final. Uma variação cômica de “Entre Quatros Paredes”, onde duas mulheres e um homem (além de um mordomo... mas o comunista Sartre não considerou o representante da classe proletária um personagem pleno) são obrigados a se suportarem mutuamente pela eternidade, num ciclo infindável de acusações e violência. Não é difícil imaginar a cena: Chiquinha chuta a canela de Quico e faz seu pai pensar que o menino foi o agressor, enervado Seu Madruga belisca Quico, que chama Dona Florinda, que acerta um tapa no vizinho gentalha, que descarrega a raiva no Moleque, que atinge o Seu Barriga quando ele chega para cobrar o aluguel. Enquanto isso, o professor Girafales, queimando de desejo, bebe café, com um buquê de rosas no colo, sem desconfiar a causa, motivo, razão ou circunstância de tanta repetição. O cenário é um labirinto rizomático, sem centro, começo nem fim. Saindo da vila caem em uma rua estreita que leva a um pequeno parque, um restaurante e uma apertada sala de aula. As variações, como Acapulco, são exceções que confirmam a regra. O universo dos personagens se resume a esse espaço claustrofóbico, onde um ambiente leva a outro que leva a outro que leva a outro, indefinidamente. Os pecados que cometeram em vida transparecem em suas características, medos e frustrações. Chaves, o Moleque, sempre faminto, cometia o pecado da gula. Glutão inveterado, sua preferência por sanduiche de presunto indica desprezo pelas leis de Deus, que proibiu o consumo de porco, esse animal sujo e de pé fendido. Inimigo de qualquer autoridade moral, apelidou seu professor de “Mestre Linguiça”, outra referência a malfadada iguaria suína. Seu Madruga, que têm muito trabalho para continuar sem trabalhar, cometia o pecado da preguiça. Exigem redobrados esforços suas estratégias de fuga, para não pagar os indefectíveis 14 meses de aluguel. Que nunca se tornam 15 meses, denotando que a passagem do tempo está suspensa. Não é necessário lembrar que 7 + 7 é igual a 14 e que, na tradição crística, 70 x 07 simboliza o infinito. Da mesma forma que o 8, o símbolo de adição deitado torna-se o de multiplicação. Deus mora nos detalhes. A ganância de Seu Barriga é óbvia. Quem mais cobraria o aluguel mensal praticamente todos os dias? Os golpes que o Moleque lhe aplica sempre que chega a vila faz parte de sua punição. O fato de possuir como veículo uma Brasília amarela liga-o imediatamente ao país Brasil, indicando que em vida deve ter se envolvido em escândalos de corrupção. Terry Gilliam não escolhe títulos ao acaso. O pequeno marinheiro Quico, o menino mais rico da vila, é movido pela inveja. Sempre que vê um de seus pobres vizinhos se divertindo com um surrado brinquedo, cobiça aquela alegria simplória e vai buscar um dos seus, sempre maior e melhor, mas que nunca lhe dá satisfação. O brinquedo do outro, mesmo sendo obviamente inferior, sempre lhe parece mais interessante. Um círculo vicioso de inveja, jamais saciada. Chiquinha é marcada pela personalidade intolerante, raivosa. Imitando o Pateta, usava o automóvel como uma arma potencializadora de sua ira. Morrendo em uma briga de trânsito, na vila, tenta fazer o mesmo com o triciclo. Não foram poucas as vezes que atropelou pés e brinquedos. Mas a musa que canta a ira do poderoso Aquiles não se ocupa da ira insignificante de Francisquinha. Sendo a menor e fisicamente mais fraca da vila, só lhe resta chorar, chorar e chorar. Dona Florinda e o Pro­fessor Girafales foram libertinos do porte do Marquês de Sade e Messalina (ou os próprios). Mestres na arte da luxúria, acabaram condenados a eternidade de abstinência sexual. Frigida e impotente, a mente almeja, mas o corpo não acompanha. Consomem infindáveis xícaras de café que, com propriedades estimulantes, alimentam ainda mais o fogo que não podem debelar. O professor Girafales fuma em sala de aula não porque “El Chavo Del Ocho” foi gravado antes da praga politicamente correta, mas devido ao fato dele ser portador do célebre cacoete pós-coito de acender um cigarro, fazer um aro de fumaça no ar e perguntar “foi bom para você?”. Incapaz de cumprir a primeira parte do ritual erótico, involuntariamente reproduz a segunda. Não por acaso, a trilha sonoro de seus encontros é a mesma de “... E o Vento Levou”. A frase final do filme é “amanhã será outro dia”. Na vila, sempre haverá outro dia e outra xícara de café. Dona Clotilde, a bruxa do 71, padecia de extrema vaidade. O gênio de Bolaños teve a sutileza de convidar uma ex-miss, a espanhola Angelines Fernández, para interpretar a personagem. Novamente o signo de uma condenação eterna aparece: 71 nada mais é do que 7+1=8. O animal de estimação de Dona Clotilde, significativamente chamado de Satanás, chama atenção para outro elemento importante. A presença de diversos demônios errantes na vila. Trata-se de uma besta transmorfa. Em alguns episódios satanás é um gato, em outros um cão. Diferente do paradoxo do coelho-pato de Jastrow, Wittgenstein e Thomas Kuhn, que servia ao desenvolvimento da razão, o gato-cão é uma representação do misticismo, o cão em “pessoa”. Em 1589 o teólogo Peter Binsfeld, no livro “Binsfeld’s Classification of Demons”, estabeleceu que cada um dos sete pecados capitais possui um patrono infernal. Sintoma­tica­mente, Lúcifer, nome pelo qual muitos chamam satanás, gera a vaidade. Os outros são Asmodeu que gera a luxúria, Belzebu a gula, Mammon a ganância, Belphegor a preguiça, Azazel a ira e Leviatã a inveja. Não nos enganemos: eles rondam a vila. Aparecem circunstancialmente, para promover desordem, dor e tentação. Se o gato-cão Lúcifer/Satanás ajuda a difundir o boato de que Dona Clotilde é uma bruxa, me parece óbvio que a bela menina Paty e sua tia Glória são Belzebu e Belphegor metamorfoseados em súcubos, demônio sexuais femininos, prontos para atiçar outros apetites no Moleque e tirar Seu Madruga de seu estado de letargia. Por sua vez, o galã de novelas Hector Bonilla, que visitou a vila, nada mais é do que Asmodeu na forma de um íncubo, demônio sexual masculino, com a missão de tumultuar a relação do casal de libertinos castrados. Nhonho é Mammon, instigando o pai avaro a gastar. Popis é Azazel, esmerando-se em despertar a ira de Chiquinha com sua futilidade enervante. Godinez é Leviatã atiçando a inveja de Quico, com suas respostas tão certeiras quanto involuntárias ao Mestre Linguiça. Figuras de pouca relevância como Dona Neves, Seu Furtado, os jogadores de ioiô, os alunos anônimos na escola, os clientes do restaurante, o pessoal do parque e do festival da boa vizinhança, além de outros coadjuvantes, são entidades demoníacas menores, com a função de criar a ilusão de normalidade. De fato, os frequentadores da vila parecem inscientes de sua condição. Os adultos por serem alto-centrados. As crianças por estarem duplamente amaldiçoados, regredidos a condição infantil, talvez como espelho da imaturidade emocional que os levaram a conduta pecadora. Enquanto muitas pessoas sonham em possuir a experiência da maturidade em um corpo jovem, eles mantiveram o corpo que possuíam na hora da morte, mas quase sem nenhuma experiência. Essas são as sutilezas da burocracia infernal. O carteiro Jaiminho, em sua função de portador de mensagens, é o único representante do lado de cá. Um médium que tenta fazer contato com essa outra dimensão. Seu constante estado de fadiga é resultado do esforço sobre-humano necessário para cruzar as dimensões. Prova disso é a descrição que Jaiminho dá de sua terra natal, Tangamandápio. A despeito de existir de fato, sendo localizada a noroeste do Estado mexicano de Micho­acán, trata-se de uma alegoria. Se­gundo o carteiro, tudo em Tangamandápio é colossal. Seria maior do que Nova York e teria uma população de muitos milhões de habitantes. O que poderia ser tão grande? Obviamente, ela não se refere a uma única localidade isolada, mas a todo o planeta; a  terra dos vivos. As cartas que transporta são psicografias e a bicicleta que nunca larga, apesar de não saber andar, nada mais é do que um totem, ao estilo de “A Origem”, necessário para que possa voltar para realidade. Em “El Chavo Del Ocho”, Bolanõs, o Camus asteca, criou sua própria versão do mito de Sísifo. O Moleque e companhia estão condenados a empurrar inutilmente por uma ladeira íngreme essa imensa pedra chamada cotidiano, que sempre rola de volta, obrigando-os ao tormento do eterno retorno. A pedra de Quico é quadrada, não rola, desliza. É cômico, apesar de trágico. Ademir Luiz é doutor em História. Fonte: Revista Bula

Vereadora denuncia medicamentos vencidos em Cais; secretário rebate: “Não estavam sendo distribuídos”

Um embate foi criado entre a vereadora Lucia e o secretário Francisco, que achou desrespeitosa a ação da vereadora, que de acordo com ele, invadiu o Cais sem autorização

Governo de Goiás entrega praça aos moradores do Jardim Curitiba neste sábado (28)

Em mais uma ação de regularização na Região Noroeste, Agehab leva benefícios ao Jardim Curitiba - que recebe pacote de obras do PAC-2 [caption id="attachment_21864" align="aligncenter" width="620"]Foto: Agehab Foto: Agehab[/caption] Os moradores do Jardim Curitiba recebem neste sábado (29/11), do Governo de Goiás, praça construída pela Agência Goiana de Habitação (Agehab), com infraestrutura e equipamentos para prática de esporte, ginástica, recreação infantil e convivência das famílias. Localizada no Jardim Curitiba III, entre as ruas JC-65 com a JC-66, a praça integra um conjunto de obras de reurbanização em andamento no bairro, que, de acordo com o Estado, levará mais conforto, segurança e qualidade de vida para as famílias. A inauguração está marcada para as 9 horas e o governador Marconi Perillo (PSDB) é esperado. São 7 mil metros quadrados de área construída, iluminação moderna, pista de caminhada, quadra de esportes e parque infantil. As obras fazem parte do programa de regularização fundiária plena do bairro, executado pela Agehab com o Casa Legal – Sua Escritura na Mão e parceria da Caixa Econômica Federal. Além das escrituras registradas dos imóveis, os moradores serão beneficiados com a construção de Centro de Educação Infantil (CMEI), Centro Comunitário, asfalto, redes de esgoto e galerias para escoamento da água das chuvas. Estas obras estão em fase de conclusão. “Estamos completando a regularização de 13 bairros da região Noroeste, onde já entregamos quase 8 mil escrituras. Trabalhamos para entregar ainda este ano escrituras do Jardim Curitiba. Tudo dependerá da agilidade do registro em cartório. Com as escrituras do bairro concluiremos a legalização da região Noroeste. O Curitiba começa a receber as obras de reurbanização do processo de regularização plena”, frisa o presidente da Agehab, Luiz Stival. O bairro também será beneficiado com a construção de um Centro de Cultura e Convivência, com anfiteatro para 300 pessoas, e 315 moradias para famílias que ocupam áreas de risco ou preservação ambiental. O investimento na reurbanização do Jardim Curitiba é superior a R$ 50 milhões, provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2). A previsão é de que as primeiras 2,4 famílias do Jardim Curitiba (I, II, III e IV) recebam ainda este ano as escrituras de seus imóveis. Já foram entregues pela Agehab na região Noroeste de Goiânia cerca de 8 mil escrituras do Casa Legal, beneficiando 9 bairros.

Amigos da praça

[caption id="attachment_21863" align="aligncenter" width="600"]Foto: Agehab Foto: Agehab[/caption] Para despertar nos moradores o sentimento de responsabilidade e zelo pela praça que está sendo entregue, a Agehab criou o projeto “Amigos da Praça”. Foram realizadas diversas ações de promoção de cidadania e responsabilidade social. Alunos de duas escolas do bairro – Colégio Estadual João Bênnio e Escola Municipal Nossa Senhora da Terra – apadrinharam árvores nativas do Cerrado plantadas na praça. Cada muda recebeu uma placa com o nome de uma criança. “Não vou deixar ninguém tirar a minha placa, pois com ela eu me sinto homenageado. Essa praça é muito boa, quero aproveitar, brincar e cuidar dela e de tudo que tem aqui”, afirmou Dayvisson Gulherme, de 12 anos, que estuda na Escola Nossa Senhora da Terra e apadrinhou uma quaresmeira. Ele disse que será um fiscal do bom uso e dos cuidados com a praça. Dayvisson é um dos 700 estudantes da região que receberam palestras de educação ambiental ministradas pela equipe da Agehab em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). Outras ações do projeto Amigos da Praça são o torneio de futebol e o concurso de desenho. Os trabalhos dos alunos serão expostos durante a inauguração da praça e os 12 melhores receberão medalhas. O padeiro Thiago Washington Fonseca Lobo, que também é skatista, 21 anos, mora no bairro há 8 anos. Ele diz que trabalha a semana inteira e aos finais de semana quer ter um lugar para encontrar os amigos e praticar esportes. “Antes era triste olhar para essa praça e só ver terra. É gratificante ver como ela ficou”, afirma o jovem, que tem utilizado a quadra de esportes para praticar as manobras de skate.

PGE aponta discrepância de valores em decisão judicial que prevê bloqueio de contas da Agetop

Segundo cálculos da Procuradoria, valor devido a funcionários é de R$ 32 milhões, R$ 113 milhões a menos do que determinou juiz

Drica Morais é afastada de “Império” após problemas de saúde, diz jornal

[caption id="attachment_21859" align="alignright" width="620"]Reprodução/ TV Globo Reprodução/ TV Globo[/caption] A coluna “Telinha” do jornal “Extra” informou nesta sexta-feira (28/11) que a atriz Drica Morais será temporariamente afastada da novela Império, da TV Globo, devido a problemas de saúde. As cenas da vilã Cora estariam sendo reescritas pelo autor da trama, Aguinaldo Silva. Conforme a publicação, Drica foi diagnosticada com labirintite. A atriz, que enfrentou um longo tratamento contra leucemia em 2010, chegou a desmaiar durante gravação no dia 21 de outubro. "O assunto é tratado com sigilo absoluto dentro da emissora", garante a colunista Carla Bittencourt.

Paulo Garcia diz que com reajuste do IPTU inferior ao proposto menos obras serão feitas

Após sinalização pelos vereadores de redução dos valores pretendidos pelo Paço, prefeito desconversa ao ser questionado sobre possível veto

Em visita às obras da nova sede da Assembleia, Marconi reafirma corte de gastos

O tucano exaltou construções realizadas em suas três gestões, e pontuou várias outras que pretende fazer nos próximos quatro anos

Governador Marconi Perillo é eleito “Político do Ano”

Eleição ocorreu nesta quinta-feira (27/11). Tucano levou o título com 64,4% da preferência

Artista plástico José Amaury de Menezes recebe Troféu Jaburu 2014

O Troféu Jaburu é o maior e mais significativo prêmio cultural do Estado de Goiás

Em novo espetáculo, bailarinos da Quasar cantam no palco

Dirigido por Henrique Rodovalho, a obra pode ser prestigiada nos dias 02 e 03 de dezembro, no Teatro Goiânia