Vereadora denuncia medicamentos vencidos em Cais; secretário rebate: “Não estavam sendo distribuídos”
28 novembro 2014 às 18h59
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Um embate foi criado entre a vereadora Lucia e o secretário Francisco, que achou desrespeitosa a ação da vereadora, que de acordo com ele, invadiu o Cais sem autorização
Denúncias envolvendo supostos remédios vencidos em Rio Verde têm causado reboliço na cidade. A vereadora Lucia Batista (PT) denunciou no Ministério Público de Goiás (MPGO) medicamentos fora do prazo de validade no único posto de saúde de Rio Verde, e que estariam sendo distribuídos para pacientes. Já o secretário de Saúde, Francisco Barreto, garantiu ao Jornal Opção Online que os produtos estavam todos separados para serem descartados. “Os remédios vencidos estavam em um saco preto para serem incinerados, não nas prateleiras do depósito”, sustentou.
Lucia Batista disse ao Jornal Opção Online que foi informada por terceiros do fato. Em seguida, a parlamentar foi ao local e encontrou no depósito do Cais uma grande quantidade de remédios vencidos. A parlamentar tirou fotos, registrou denúncias no Ministério Público de Goiás (MPGO), e levou o assunto a Câmara dos Vereadores.
O secretário de Saúde, Francisco Barreto, entretanto, sustenta que os remédios estavam em um saco preto para serem incinerados, não nas prateleiras do depósito. “Essas fotos aí… não sei! É montagem, ou não sei o que é. O que eu sei é que todos os remédios vencidos estavam em um saco preto esperando pela vigilância sanitária, que iria recolher”, garantiu.
Um embate foi criado entre a vereadora Lucia e o secretário de Saúde, que achou desrespeitosa a ação da vereadora. Ambos foram a uma rádio da cidade falar sobre o assunto: o secretário na última quinta-feira (27) e a vereadora nesta sexta-feira (28). Lucia disse que o secretário ameaçou processá-la; já Francisco garante que disse que iria recorrer ao jurídico para descobrir se ela poderia entrar no Cais sem autorização. “Ela pode fazer o que quiser na Câmara. Mas não pode invadir os órgãos assim”, disse.
O secretário, em entrevista ao Jornal Opção Online, sustentou que essa denúncia não seria por pacientes, mas por parte de funcionários que se opõe politicamente, pelo fato do último secretário ter sido candidato à prefeitura da cidade. “Tenho amigos e inimigos dentro da secretaria”, e completou: “Toda vez que um medicamento sai, a prescrição médica é carimbada dizendo que o remédio foi fornecido pela prefeitura. Por que ela não apresentou recibo nenhum? Porque esses remédios não estavam sendo distribuídos”, garantiu. Francisco recebeu nesta sexta-feira (28) pela manhã um documento do MPGO solicitando que as providências legais sejam tomadas em cinco dias.
Francisco disse ainda que os remédios vencidos que ela levou para denunciar não são os que estão nas prateleiras. “Duvido que um doente tenha pego um remédio vencido.” O secretário disse também que a vereadora abriu o saco preto com os remédios vencidos separados e tirou-os de lá. “No Facebook dela tem foto lá. Esses remédios não estavam sendo distribuídos”, pontuou.
“Ela sempre ajudei ela [Lucia] e agilizei processos quando pedia” [sic]
O secretário diz não entender o motivo da vereadora ter feito isso. “Eu sempre ajudei ela. Pedia para agilizar exames, cirurgias, eu sempre ajudava. Agora ela faz isso”, disse, garantindo que Lucia ia constantemente na secretaria pedir ajuda.
E os remédios vencidos?
Francisco admitiu que os remédios de amostra grátis poderiam estar vencidos, mas que estes são distribuídos pelos médicos. “Quem recebe amostra grátis é médico, não o Cais. Nem sempre dá para eu saber”, disse.
De acordo com o secretário Francisco Barreto, os remédios que ficam no Cais são de uso contínuo de determinados pacientes, desta forma, são comprados por mandato de segurança. “O doente às vezes usa três caixas do mês. Aí compramos anualmente, ou de dois em dois anos. Então, se o paciente melhora nesse meio tempo, e não vai buscar o medicamento por esse ou qualquer outro motivo, o remédio fica lá, porque não podemos passar para outro paciente”, sustentou.
A denúncia
A vereadora Lucia Batista explicou ao Jornal Opção Online que foi ao Cais no dia 14 deste mês após denúncias de que medicamentos vencidos estavam sendo utilizados em pacientes. A parlamentar sustenta ter chegado ao local, tirado fotos e recolhido alguns remédios. “Me identifiquei, informei o motivo de estar ali, fomos até o almoxarifado e solicitamos que fosse chamado o diretor da unidade. Foi apresentado o senhor Paulo chegou, pedimos para verificar o prazo de validade dos medicamentos que se encontravam em uma prateleira dentro do almoxarifado, e constatei que realmente havia medicamentos vencidos adquiridos pelo município, alguns de amostra grátis, bem como medicamentos a vencer em novembro de 2014.”
Em seguida, Lucia fez um Boletim de Ocorrência, depois foi ao Ministério Público de Goiás fazer uma denúncia, além de ter levado a discussão para a Câmara da cidade. “Solicitei a presença da responsável Cida Lobo, e expliquei que iria retirar uma amostra de cada medicamento vencido utilizando uma caixa de papelão para o transporte destes”.
A vereadora sustenta que foi Hospital de Urgência do Sudoeste Goiano procurar pelo bioquímico responsável pelo laboratório do Cais. “Chegando lá foram encontrados tubos para coleta de sangue fora do prazo de validade. Assim, pedi para verificar os reagentes dentro da geladeira que são usados no laboratório, e constatei que também estavam vencidos, e por precaução e pela materialidade do crime, recolhemos os mesmos e colocamos na caixa de papelão juntos aos outros encontrados e transportamos para a Câmara Municipal de Rio Verde, sendo colocados na geladeira”, afirmou Lucia.