Imprensa
Maria José Silveira é uma prosadora do primeiro time, além de tradutora precisa. No domingo, 11, o principal colunista de “O Globo”, Ancelmo Gois, publicou: “‘A Mãe da Mãe de Sua Mãe e Suas Filhas’, de Maria José Silveira, será lançado nos EUA em 2016 pela editora Open Letters.
“O romance conta a trajetória de gerações de mulheres brasileiras desde o nascimento da indiazinha tupiniquim Indaiá, em 1500. A venda no exterior foi fechada pela agência literária VBM”.
Maria José Silveira, que mora em São Paulo, é irmã do poeta e marchand PX Silveira e tia do deputado federal Thiago Peixoto. Ela é autora de vários livros -- romances e biografias.
Jornalistas brasileiros, dos mais qualificados, estão participando de batalhas que, no lugar de promover, fecham e empobrecem o debate. Resenha de Ruy Fausto na Piauí é modelo de crítica contundente e respeitosa
A jornalista Sandra Stefan (foto acima; de seu Facebook) morreu no sábado, 10, em Goiânia, em decorrência de uma pneumonia. A profissional, que trabalhava no Sesc, havia passado por uma depressão desde a morte de uma filha, formada em medicina. Foi sepultada no domingo, 11.
Sandra Stefan é apontada por colegas como uma profissional “competente, inteligente, íntegra e de fácil relacionamento”. “O jornalismo perde uma grande profissional e os amigos e colegas de trabalho perdem uma grande figura humana”, define uma amiga, também jornalista.
Repercussão no Facebook
Da jornalista Adrianne Vitoreli: “Profissional competente e uma pessoa querida, de sorriso aberto. Muita tristeza...”.
Da jornalista Sônia Ferreira: “Lamentável. Sandra era uma pessoa do bem. Estou chocada”.
Do jornalista e escritor Jj Leandro: “Sandra Stefan era da turma de jornalismo de 79 da UFG. Fizemos o curso juntos. Perda lamentável”.
Do poeta, jornalista e cronista Hélverton Baiano: “Descurtir. Perdemos um doce”.
Do jornalista Deusmar Barreto: “Sandra: eternamente em nossos corações!”
Se após o ataque não surgir um crescimento do sentimento anti-islâmico ou um fortalecimento da extrema direita na Europa, seus ideólogos irão se reunir para rever o que aconteceu de errado...pois são estes os objetivos

[caption id="attachment_25397" align="alignleft" width="300"] Momentos depois do ataque ao jornal Charlie Hebdo, na França / Foto: William Molinié/ Twitter[/caption]
O terrorismo, contra a democracia e o indivíduo, aproveita-se de que nas democracias modernas, apesar do suposto big brother, os espaços públicos e privados são escassamente protegidos. Os terroristas que mataram dez jornalistas e chargistas da revista “Charlie Hebdo” — que satiriza, entre outros, o profeta Maomé — e dois policiais usaram da liberdade de ir e vir, típica da sociedade democrática, para cometer um atentado contra a vida e a liberdade de expressão. A França, com sua tendência a assimilar as diferenças, apesar das pressões da extrema direita, tornou-se vítima por ser, em geral, libertária.
George Packer escreveu, no site da revista “New Yorker” — a síntese é de Caio Blinder, no portal da “Veja” —, que “o ataque contra ‘Charlie Hebdo’ foi apenas a última salva de uma ideologia que tenta conquistar o poder por décadas” por intermédio “do terror. A mesma que foi ao encalço do escritor Salman Rushdie a mando da teocracia iraniana, a mesma que matou 3 mil pessoas nos EUA em 11 de setembro de 2001, a mesma que assassinou Theo van Gogh nas ruas de Amsterdã em 2004 por fazer um filme, a mesma que pratica decapitação e estupro na Síria e Iraque, a mesma que massacrou 132 crianças e adultos em uma escola em Peshawar, no Paquistão, em dezembro. E como observa Packer, é a mesma que mata nigerianos com tanta regularidade, especialmente jovens, a que o mundo mal presta atenção”.
“Todos nós devemos ser Charlie não apenas hoje, mas todo dia”, sugere George Packer.
O problema é que o terrorismo, embora intolerante e contra a liberdade de expressão, não vai acabar. O filósofo britânico John Gray afirma, no polêmico livro “Al-Qaeda e o Que Significa Ser Moderno” (Record, 176 páginas, tradução de Maria Beatriz de Medina), que a Al-Qaeda modernizou o terrorismo (a barbárie), inclusive suas comunicações — daí sua eficiência letal.
Destaco, neste breve texto, o comportamento celerado de certa intelectualidade. O livro “Passado Imperfeito — Um Olhar Crítico Sobre a Intelectualidade Francesa no Pós-Guerra” (Nova Fronteira, 478 páginas), do historiador britânico Tony Judt, mostra como o filósofo Jean-Paul Sartre e mesmo Merleau-Ponty justificaram, sem meias palavras, o inominável — o stalinismo. Em 1952, numa resposta a Albert Camus, Sartre assinalou: “Nós podemos ficar indignados ou horrorizados diante da existência desses campos [de concentração soviéticos]; nós podemos até ficar obcecados por eles, mas por que eles deveriam nos constranger?” Constrangidos com o Gulag soviético, Camus, François Mauriac e Raymond Aron optaram pela crítica ao stalinismo, indicando que não é dever do intelectual “acanalhar-se” por razões ideológicas ou quaisquer outras.
No caso da França atual, intelectuais de uma certa esquerda avaliaram que o terrorismo é um instrumento legítimo da guerra. Óbvio que, para chocar menos, retorcem as palavras, ao estilo do facinoroso Frantz Fanon, espantosamente seguido nas universidades brasileiras, até por pessoas inteligentes e responsáveis. Os cartunistas que desenhavam Maomé, políticos e outras figuras públicas, sugerindo que todos podem e devem ser criticados, estavam em guerra? Não estavam. A guerra, no caso, era unilateral. Os cartunistas e jornalistas eram tão inocentes quanto as vítimas do terrorismo nas Torres Gêmeas ou em trens e ônibus.
Seja religioso, político, de esquerda ou de direita, o terrorismo é sempre condenável. Não só o terrorismo dos árabes. Há ações de militares americanos e agentes da CIA no Oriente que são igualmente condenáveis. Não cabem aos intelectuais, mas eles se convocam para esta missão, justificar a violência.
Barbárie americana
Se o leitor quiser saber o que os Estados Unidos fizeram (e fazem) no Oriente Médio, e noutros lugares, nos últimos anos, não deve deixar de ler “Guerras Sujas — O Mundo É um Campo de Batalhas” (Companhia das Letras, 840 páginas, tradução de Donaldson Garschagen), de Jeremy Scahill. O jornalista mostra, com fartos exemplos documentados, que, em nome da civilização e dos valores democráticos, os Estados Unidos também levam sua barbárie ao Oriente, matando indivíduos de maneira indiscriminada. Não é livro de esquerdista, e sim de repórter independente e íntegro.Terror na literatura
A literatura tratou do terrorismo com rara felicidade. Fiódor Dostoiévski escreveu o clássico “Os Demônios” (vale ler a tradução de Paulo Bezerra, publicada pela Editora 34). Joseph Conrad é autor do celebrado “O Agente Secreto”. O romance “A Terrorista”, de Doris Lessing, relata o mundinho perfunctório e raso dos criadores de terror. John Updike enfrentou o tema em “Terrorista”. O atentado das Torres Gêmeas, em Nova York, no qual morreram mais de 3 mil pessoas — uma violência com a marca da Al-Qaeda, de Bin Laden —, rendeu livros de qualidade, como “Extremamente Alto & Incrivelmente Perto”, a narrativa fascinante de Jonathan Safran Foer, e “Homem em Queda”, de Don DeLillo. “Sábado”, de Ian McEwan, também toca no assunto.
Um dos mais importantes filósofos da atualidade, John Gray afirma que a Al-Qaeda nada tem a ver com a Idade Média e que usa muito bem os recursos dos tempos modernos

“A Casa da Vovó — Uma Biografia do DOI-Codi (1969-1991), o Centro de Sequestro, Tortura e Morte da Ditadura Militar” (Alameda, 611 páginas), do jornalista Marcelo Godoy, de “O Estado de S. Paulo”, é um notável livro de história. Não é um mero relato jornalístico. Trata-se de uma pesquisa exaustiva, nuançada e bem escrita. O livro esclarece histórias às vezes tão-somente esboçadas noutras obras.
Para contar a história do DOI-Codi, além de pesquisar noutras fontes, inclusive livros, Marcelo Godoy decidiu ouvir agentes — inclusive mulheres — que trabalharam no órgão de combate à guerrilha das esquerdas brasileiras. Seu relato, porém, não é subserviente às fontes. É “seu”, quer dizer, ouve os agentes, mas confronta suas versões e apresenta, de maneira equilibrada, um denominador comum.
O repórter, no lugar de “desmentir” o coronel Brilhante Ustra, abre espaço para os agentes — alguns deles com nomes reais apresentados, outros com codinome — contestarem as versões do comandante do DOI-Codi.
Baseado nas entrevistas, Marcelo Godoy conclui que a guerrilha foi destroçada, em larga medida, devido ao trabalho dos “cachorros”, guerrilheiros que, “virados” pelos militares e policiais, se tornaram informantes. “O uso de informantes foi um dos métodos mais eficazes, às vezes até mais do que a tortura, para a destruição das organizações de esquerda”, afirma. Os esquerdistas se tornavam informantes mais para sobreviver do que por convicção. Há, claro, aqueles que se tornaram apoiadores da ditadura, como o Cabo Anselmo.
A Ação Libertadora Nacional foi destroçada, em grande parte, graças ao informante João Henrique Ferreira de Carvalho, que se tornou o informante Jota. Ele deu informações precisas sobre os guerrilheiros da ALN. Era amigo do poeta Pedro Tierra (Hamilton Pereira da Silva), que militava em Goiás e São Paulo. O Molipo foi destroçado com a ajuda do informante Camilo. Gilberto Prata Soares contribui para a destruição da APML. Ele entregou o cunhado e Honestino Guimarães caiu ao se pôr em contato com José Carlos da Mata-Machado. O Cabo Anselmo contribuiu para a liquidação da VPR e da VAR-Palmares. Jover Teles (o informante VIP) entregou, por dinheiro, a cúpula do PC do B.
Uma história mostra a coragem suicida do guerrilheiro Frederico Mayr, do Molipo. Preso e baleado, foi levado para a Casa da Vovó (o DOI). O comandante Brilhante Ustra “abriu a porta do interrogatório e aproximou-se de Mayr:
— Ô, meu filho, fala aí, é melhor pra você...
— Eu não vou falar, seu gorila filho da puta...
Ustra deu-lhe as costas para sair e o guerrilheiro enfiou-lhe o pé na bunda. O chute tornou mais duro o tratamento que lhe foi reservado. “Mayr agonizou nas mãos do capitão Ramiro e morreu na sede do DOI em consequência dos ferimentos e das torturas”, relata Marcelo Godoy.
A morte do arquiteto-guerrilheiro Antônio Benetazzo impressiona pela brutalidade dos policiais e militares.
Pessoas de Goiás ou ligadas ao Estado que são citadas no livro: A.C. Scartezini, Aldo Arantes, Athos Pereira da Silva (irmão de Tierra), Edmilson de Souza Lima (repórter de “O Popular”), Gilberto Prata Soares, Marco Antônio Tavares Coelho (trabalhou no “Diário da Manhã), Pedro Tierra, Renato Dias (seu livro sobre o Molipo é listado) e Tarzan de Castro.
Há um consenso no Grupo Jaime Câmara: o profissional que quiser sair, sobretudo por motivos salariais, não vai receber uma proposta superior à ofertada. No caso de Bruno Rocha Lima, pela primeira vez, mesmo não cobrindo a proposta do governo do Estado de Goiás, R$ 11 mil, o GJC decidiu segurá-lo. Por dois motivos. Primeiro, Bruno Rocha Lima é um editor diplomático, agregador e, profissionalmente, está em ascensão na redação. Segundo, comenta-se que está sendo, mais do que preparado, observado para que, adiante, assuma o comando da redação.
Acusado de mandante do assassinato do radialista Valério Luiz, o ex-cartorário Maurício Sampaio foi eleito presidente do time do Atlético. Parte dos meios de comunicação de Goiás decidiu não divulgar notícias sobre o clube, alegando que seu presidente é “criminoso”, “assassino”. O jornalista Henrique Morgantini sugere, com razão, que o empresário não foi julgado, por enquanto é acusado. Se querem boicotar Maurício Sampaio, tudo bem. Mas não há nenhuma lógica jornalística no veto ao Atlético. Leitores, ouvintes e telespectadores certamente não aprovarão os veículos que não divulgarem notícias do clube.
O jornalista Yago Rodrigues Alvim, formado pela UFG, é o novo editor de Cultura do Jornal Opção. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás, Yago Rodrigues pretende manter o que o Cultural tem de positivo, como os textos de grande fôlego e o cosmopolitismo, acrescentando reportagens sobre temas locais, nacionais e internacionais.
Até logo, Jornal Opção Durante 9 anos e 10 meses editei o Opção Cultural, suplemento cultural do Jornal Opção. Foram 510 edições ininterruptas. Esta foi minha última semana. Foi no Jornal Opção que aprendi a ser editor. Com o Euler Fagundes De França Belém aprendi tudo que sei de jornalismo cultural. Mais: com o Euler eu descobri que ninguém é bom pelo que escreve, mas sim pelo que lê. Também foi no Jornal Opção que descobri na prática o significado de uma célebre frase de Pio Vargas: 'O pensamento é o armazém de tudo que pulsa e arde em nós'. Minha relação com Opção Cultural é mais que amor. É umbilical. Passei mais de um terço da minha vida envolvido com ele, sim, porque mesmo antes de editar — eu já era um entusiasta e colaborador. Foi no Opção Cultural que conheci vários de meus melhores amigos e colecionei histórias. Mas é preciso seguir, pois como disse Calderón de La Barca: 'Toda a vida é sonho, e os sonhos, sonhos são'. A todos que participaram desta caminhada, minha gratidão infinita.
Nota do Jornal Opção
O Jornal Opção lamenta a saída do jornalista e editor Carlos Willian Leite, que, durante quase dez anos, editou, com raro brilho e decência ímpar, o Opção Cultural. Vale o registro de que Carlos Willian não foi demitido. Ele pediu para deixar o jornal. Ele é editor da “Revista Bula”, umas das mais importantes publicações de cultura do País.Ricardo Pedreira e Carlos Muller Reproduzido do “Jornal ANJ” nº 253, dezembro/2014 Nizan Guanaes e sua agência África Zero assumem a conta da ANJ em fevereiro. Nesta entrevista feita por telefone, o premiado publicitário baiano diz que gosta tanto de jornal que, “se pudesse, tinha um”. Com seu estilo irreverente, diz que os jornais “precisam ser tirados de sua linha de conforto”, lembra que queria fazer advocacia quando jovem e, agora, vai advogar para os jornais. Você esteve no nosso Congresso, quando anunciamos a disposição de fazer um reposicionamento. A partir do que você viu e da própria experiência, quais seriam os principais desafios dos jornais? Nizan Guanaes — Acho que os jornais precisam monetizar os números que têm alcançado. Tem muitas coisas na internet que têm mais fama do que dinheiro. Nunca se leu tanta notícia e nunca a notícia precisou tanto de endosso, porque, como nós vimos, o doleiro não está morto, não é? Ele só foi morto nos lobbies da internet. Acho que a entrada de grandes investidores como o Jeff Bezos, o Warren Buffett comprando pequenos jornais no interior dos EUA. Essas pessoas não são trouxas. Elas estão vendo a importância. Em primeiro, o jornal é importante, institucionalmente, para qualquer país. Eu, por exemplo, encaro esse trabalho que vou fazer com a ANJ como um trabalho profissional, mas também como uma contribuição institucional para o Brasil. O Brasil precisa de jornais fortes. Qualquer país tem de ter jornal forte. Imprensa livre e forte. Nós lutamos tanto por ela. Outra coisa é que a internet ainda não me apresentou uma coisa tão potente quanto uma bela página dupla de jornal. Os publicitários não encontraram a linguagem adequada, ainda, para a internet. É isso? Na construção de marca, a Hyundai é bom exemplo. Você está vendo a BR Foods usando jornal de maneira contundente. Você vê a moda. Ninguém vai dizer que a moda é uma coisa atrasada, não é? Louis Vuitton, Hublot. É claro, é um ponto de encontro no mundo inteiro, entendeu? Antes de ser publicitário eu queria fazer advocacia. É a mesma coisa, eu vou advogar para os jornais, e os fatos estão a nosso favor, só que a nossa forma tem de ser moderna, contundente, petulante, desafiadora, disruptiva. Num artigo publicado há algum tempo você afirma, referindo-se ao jornalismo e à publicidade, que “disruptiva é pouco”. Para onde vamos? Tudo está sendo questionado. Os refrigerantes, por causa do açúcar. As comidas, por causa o açúcar. O outro por causa do salgado. As piadas por causa do politicamente correto. Este é um mundo em transformação. Antigamente as coisas eram binárias, ou isso ou aquilo, certo ou errado... Hoje não. Há uma variedade enorme de opções, e nós temos de nos posicionarmos de maneira surpreendente. Eu gosto de jornal e gosto tanto que, se eu pudesse, tinha um. Alguém disse que, ao entrevistar candidatos para sua agência, sua primeira pergunta era “quem leu jornal hoje?”. E todos que não tivessem levantado a mão você dispensava. É lógico, é uma coisa básica. NÃO É POSSÍVEL! Tanto é verdade que jornal é usado em vestibular. É como escovar os dentes. Você conhece alguma pessoa importante, relevante, interessante, conectada, que não lê jornal? Não conheço ninguém. E mais: antigamente eu lia jornal de manhã. Agora eu leio a cada dez minutos. Como é seu hábito de leitura de jornal? Leio de manhã, todos, no papel, e depois fico no meu mobile, e passo o dia tendo relacionamento com jornal. E tenho do mundo inteiro, pelos novos apps. Nunca se leu tanta notícia. É muito engraçado... nós, seres humanos, somos péssimos em prever as coisas. A gente achou que ia se vestir como os Jetsons. Achamos que íamos comer pílulas, e estamos comendo coisas orgânicas. Achamos que íamos viver nos subúrbios, fora das cidades, e não é mais, pois agora você tem de viver perto do seu trabalho. E qual o papel do jornal nisso? Porque, muitas vezes, quem se acha moderno, adora ficar predicando o fim do jornal. Ao contrário, acho que hoje os jornais são uma das melhores. Naquele mesmo artigo, você afirma que o consumo nunca foi tão informado. Isso é uma oportunidade para a publicidade criativa e para o jornalismo criativo, não? Exatamente! E outra coisa, olha a Hyundai, por exemplo. Preste atenção ao caso que ela construiu. Um caso construído com jornal. Com jornal! Tem muita oportunidade, muita oportunidade, e o jornal, simplesmente, tem de vir com os seus fatos, com as suas cartas, que são favoráveis a ele. Tem de vir com os seus números, com os números de alcance. Você acha que está faltando marketing ao jornal, no sentido de buscar oportunidades? Tenho, e outra coisa: E ainda tem os jornalistas, porque as pessoas que mais falam mal de jornais são os jornalistas. Adoram. É uma coisa impressionante. Impressionante! É quase que uma tara. Ah... o jornal tem dificuldade para falar com os milênios. Olha, meu querido, eu tenho uma base de dados de 400 anunciantes. Os desafios são comuns à maioria das coisas. Porque está tudo mudando muito. Vou dar um exemplo: a indústria de automóvel que fique paranoica e pense milhões de vezes, porque, se ela não reinventar o carro, ele vai ser o novo cigarro. As coisas estão sendo mudadas para perspectivas completamente novas. Os números estão a nosso favor, eu estou com Bezos, com o Buffett, com o New York Times, eu estou com o paywall. Aliás, quero dizer uma coisa, a coisa com que o Jeff Bezos mais se preocupou e que eu disse ao pessoal do jornal é: nós temos de fazer a experiência de compra ser rápida, porque esta é uma geração imediatista. Você já lembrou que a Amazon começou como livraria, virou loja de tudo e hoje ganha centenas de milhões de dólares com publicidade. Quer dizer, ela entrou no ramo de mídia. Exatamente. Tem muito o que explorar, e eu vou mostrar isso. Num almoço com a Diretoria da ANJ você disse que quer ser o personal trainer dos jornais. Exatamente. Os jornais precisam ser tirados da sua linha de conforto. O jornal tem um “corpote”, só precisa fazer exercício, ganhar forma, e vamos embora. Tem de ser um exercício customizado... Exatamente. O tempo todo, sem parar, estar continuamente falando com a sociedade, surpreendendo. Este é um mundo de muita coisa grátis, então temos de encontrar um modelo para essas coisas. Quais são as balizas dessa busca? Para mim, é pela solução de compra rápida. Não acho que o sujeito não está disposto a pagar, o que ele não tem é paciência na compra. Nós estamos lidando com pessoas impacientes. Quem construiu os atuais padrões de consumo? Não foi o mundo publicitário? Então, o mundo publicitário vai ter de construir os novos padrões de consumo. E você, como leitor, o que espera dos jornais nesse aspecto? Eu estou lhe dizendo, e esse vai ser um conselho contínuo meu. Os jornais têm de falar da vida, e a vida não é só política e economia. Acho que o problema do jornal não é só um problema de plataforma tecnológica, é um problema de plataforma mental. Acho que a cobertura do Gabriel Medina é tão importante quanto uma votação no Congresso. É isso que está posto na internet. A internet permite que se saiba que informações dos jornais são do interesse do público ou não. Ela é mais metrificada. Acho que o jornal tem de estar ligado, também, às coisas que essa nova geração quer ver. Eu não tenho a menor ligação com surfe. Só porque esse Gabriel Medina está fazendo essas coisas, eu vou buscar no jornal. Não acho que a cobertura é espetacular sobre ele. Mas se a gente quer falar com jovens, tem de estar antenado com eles. Há pesquisas que mostram que a idade média dos colunistas é o dobro da idade média da população. Eu sei, mas acontece o seguinte. O Caetano Veloso tem 70 anos e é um gato. Eu não vou deixar Chico Buarque sozinho com a minha mulher nem a pau. Essas coisas não são uma questão de idade, é uma questão de mindset. Tenho 56 anos. Quando tinha 40, pesava 160 quilos, e hoje estou me preparando para correr maratona, porque é assim que você fica olhando para o tempo. Os jornais só devem ter medo de ter medo. Olha, eu boto muita fé no taco do Bezos e do Buffett, muita, muita. O stickiness do jornal local é uma coisa absurda! Porque trata das coisas locais. Uma das coisas discutidas na ANJ é a questão das métricas. As que são as usadas hoje são muito desfavoráveis aos jornais. Claro, porque a gente não está contando toda a verdade. Olha, eu sou fã da internet. Quero lhe lembrar que eu fundei o ig e a Agência Click. Agora, a internet é um baiano, porque o que ela fala bem de si é uma coisa louca. É um cantor baiano, e usa todas as métricas, as suas, as minhas. Ela faz tudo, ela resolve tudo, tudo é incrível, tudo é genial, e a gente fica com essa sobriedade nossa, entendeu? E qual seria o tipo de métrica mais adequado aos jornais? A que identifique tudo que você alcança, seja no papel seja no jornal. Eu defendo o jornalismo independente, independente se é papel ou digital. Quem fala que está entrando na internet somos nós, que temos uma certa idade. As pessoas falam que estão jogando, vendo fotos, elas não têm mais essa divisão. Então, é preciso criar um espaço contemporâneo para o jornal. Eu escrevo em jornal. É inacreditável o alcance e o impacto. Quais as suas expectativas para o mercado em 2015? Vai ser um ano desafiador para todo mundo. Não é um problema do jornal, é um problema do país. Hoje acabei uma reunião com meus mídias dizendo que estou impressionado com a qualidade de anúncios de jornal que tenho visto recentemente. Acabei de fazer uma campanha de muito sucesso para a Braskem. A Embraer é a mesma coisa. Não estou dizendo uma coisa que não pratico. Você acha que a publicidade tem sabido usar a internet nos sites dos jornais? Muita gente diz que os próprios publicitários não teriam, ainda, encontrado uma linguagem adequada. O que você acha disso? Olha, se você reparar, a maioria dos cabelos que os modernos usam você vai achar a mesma coisa. O sujeito está testando um penteado, mas a maioria ainda está uma merda, não é? Tem uma frase muito boa, que não lembro de quem é, que diz “se você está entendendo é porque não está prestando atenção”. Tem muita mudança neste momento. Muita, muita. “Eu conto nos dedos os negócios que não estão sendo desafiados”. Nos dedos. Se um publisher de um pequeno jornal do interior lhe perguntasse o que deve fazer, que dica você daria a ele? Se você visse o prestígio que tem o colunista local do jornal regional... é uma loucura. Nada é mais próximo, nada é mais do cotidiano das pessoas do que o jornal local. É a grande inteligência desse gênio do senso comum que é o Warren Buffett. O cara tem de dizer “olha, meu amigo, eu sou do mesmo ramo de Warren Buffett”. O colunista mais lido é aquele que você topa com ele na esquina, no boteco. Na esquina, e ele está vendo o grande problema naquela cidade, que às vezes é o corte de uma árvore, a mudança da avenida. São coisas muito corriqueiras e que têm um bonding muito grande, muito próximo. Inclusive, muito obrigado por essa aderência ao briefing. Lhe devo essa. Porque sempre estava com os grandes jornais na cabeça. O localismo do jornal é fundamental... Fundamental, fundamental. Você não sabe a moral que eu tenho na minha terra porque eu escrevo em jornal. É um negócio impressionante. Eu não sou ridículo de achar que sou a solução para o problema dos jornais. Tem problema de tecnologia, de paywall... Agora, eu quero estar junto com os jornais pensando na solução como um todo, e não só instigá-los a fazer publicidade. É encontrar soluções tecnológicas e é procurar outras coisas também, como eu faço para os mais diversos clientes meus. Ricardo Pedreira e Carlos Muller são jornalistas.

[caption id="attachment_25617" align="alignleft" width="300"] Foto: Hernany César/ TJGO[/caption]
A coluna “Giro” publicou, na semana passada, que Leobino Valente Chaves, apontado como presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, não assumirá o governo de Goiás. Com a viagem do governador Marconi Perillo, assumiu o presidente da Assembleia Legislativa, Helio de Sousa. A coluna “Direito & Justiça” informa que Leobino só assume a presidência do TJ em 1º de fevereiro.
O Jornal Opção escreveu de duas maneiras o nome da responsável pelo setor de meio ambiente do governo de Goiás. A executiva é nomeada como Jacqueline e Jaqueline Vieira. O erro foi detectado pelo atento repórter fotográfico Léo Iran.
Em “Os Intelectuais” (Editora Imago), o historiador inglês Paul Johnson faz um retrato nada lisonjeiro de Jean-Paul Sartre, o filósofo e escritor francês. Os críticos de Johnson dizem que, ao seu radicalismo acusatório, falta nuance. A nuance agora pode ser vista no livro “Passado Imperfeito — Um Olhar Crítico Sobre a Intelectualidade Francesa no Pós-Guerra” (Editora Nova Fronteira, 475 páginas), do historiador inglês Tony Judt. Este, por sinal, não cita Johnson. Não se trata, devido ao tema, apenas de um livro de história. É uma reflexão histórico-filosófica de um especialista com multifacetada formação cultural. Os que avaliam que Johnson trata Sartre com extrema grosseria vão ficar surpresos. Diferentemente de Johnson, que bate muito mas nem sempre documenta corretamente sua opinião, Judt é extremamente judicioso. Ele mostra detalhadamente como Sartre aderiu e justificou o stalinismo. Pensadores hoje mais cortejados, como Merleau-Ponty, também não saem muito bem do livro. Os heróis, mas matizados, são Albert Camus, François Mauriac e Raymond Aron. Mesmo Camus teve seus momentos de justificar o socialismo soviético, mas já em 1948, quando Sartre continuava apaixonado pelo stalinismo, fazia sua autocrítica. Em 1952, replicando Camus, Sartre escreveu: "Nós podemos ficar indignados ou horrorizados diante da existência desses campos [de concentração soviéticos]; nós podemos até ficar obcecados por eles, mas por que eles deveriam nos constranger?" Mais tarde, em 1973, o maoísta Sartre ainda é mais "coerente": "Um regime revolucionário deve descartar um certo número de indivíduos que o ameaçam, e não vejo outro meio para isso, a não ser a morte. Sair de uma prisão sempre é possível. Os revolucionários de 1793 provavelmente não mataram o suficiente". Antes, em 1950, Sartre distorcia a história: "Eu procurei, mas não consigo encontrar qualquer evidência de um impulso agressivo por parte dos russos nas últimas três décadas". Camus, em 1949, escreveu: "Uma das coisas que lamento é ter feito concessões demais à objetividade. A objetividade é, às vezes, uma acomodação. Hoje, as coisas estão claras, e temos que chamar de ‘concentracional’ o que o é, mesmo que se trate do socialismo. Em um certo sentido, eu nunca mais serei polido". Camus se arrependia, publicamente, de ter sido cordeiro dos comunistas. Judt explica, detidamente, os motivos da cegueira de Sartre, Simone de Beauvoir, Merleau-Ponty e mesmo de intelectuais católicos como Emmanuel Mounier e François Mauriac. Este, herói do livro, atua, às vezes, como inocente-útil (a tradutora brasileira, Luciana Persice Nogueira, prefere a expressão idiota-útil, que não reflete bem o ambiente político e cultural). Há um trecho muito interessante no qual Judt mostra que, ao ver a França prostrada, alguns de seus intelectuais trocaram a pátria pela União Soviética, para, no geral, rivalizar com outro gigante, os Estados Unidos. A URSS era a França “em pé”. Num aspecto, pelo menos, o livro de Judt é falho, ou melhor, pouco amplo. O historiador nota a influência da filosofia alemã (anti-modernização por excelência) na filosofia francesa, sobretudo no existencialismo de Sartre, mas não vai a fundo na explicação. Não se pense que o livro de Judt é obra de mero combate intelectual. Não é. Apesar de notar a canalhice de Sartre, o autor é extremamente equilibrado. Não há ataques abaixo da linha de cintura, no estilo de Paul Johnson. Mas, sim, Sartre sai muitíssimo mal do livro, assim como, embora menos, Merleau-Ponty. Camus fica maior, porém com alguns arranhões. Judt diz que o brasileiro José Guilherme Merquior é autor de um livro "excelente" — “De Praga a Paris”. A obra de Merquior, autor de um trabalho intelectual mais consistente do que o de Olavo de Carvalho, que está se tornando mais polemista que filósofo, merece reedição urgente.