Imprensa
Bruno Garschagen escreveu um livro inteligente e ousado: “Pare de Acreditar no Governo — Por que os Brasileiros Não Confiam nos Políticos e Amam o Estado” (Record, 322 páginas). O autor sugere que, apesar criticar os políticos, o brasileiro está sempre pedindo ao governo que interfira na sua vida. Quer dizer, critica os políticos, mas cobra a presença deles.

Maria Betânia é uma grande cantora; talvez menos inventiva do que Gal Costa e, antes, Elis Regina. Mas poucas vozes cativam, comovem e apaixonam tanto. Certo dia, passei na porta da discoteca Paulistinha, a do Flamboyant (extinta), e ouvi que tocava uma música de Bethânia. Passei e logo voltei. Seria um sacrilégio não ouvir a música inteira. Aquela voz que arranca a alma dos calabouços não pode ser perdida assim não. Noel Rosa na voz de Bethânia (https://www.youtube.com/watch?v=zD-7VgISbJo) contém tanta mestria que começo a chamá-lo de Noelão Rosão. O samba de Noel Rosa não é pesado e, por isso, exige que a voz da cantora capte sua leveza. Sua música e a voz de Bethânia casam-se à perfeição.
Diferente do hermano Caetano Veloso — o Machado de Assis da música (Chico Buarque é o Guimarães Rosa) —, Bethânia é discreta. Porém, muitas vezes assume posições mais consistentes. Na quarta-feira, 10, entrevistada por Luiza Franco, da “Folha de S. Paulo” (“Cada um escreve o que quer; eu sei o que sou”), Bethânia, ao ser informada que um professor universitário está escrevendo sua biografia, disse: “Não autorizei ninguém a escrever. [pausa] Mas quem quiser escrever, pode escrever o que quiser”.
A repórter insiste: “Se fosse sem seu aval, você se incomodaria?” Bethânia responde: “Eu não. Não tenho nada com isso. Cada um escreve o que quer. Eu sei o que sou”.
Sobre o boicote (talvez não só evangélico) à novela “Babilônia” — que apresenta duas lésbicas, interpretadas por Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg (o preconceito deve ser duplo: ao fato de serem lésbicas e velhas; muitos, talvez a maioria, querem que os idosos sejam amebas, e não seres sexuados, vivos) —, para a qual interpreta uma música, Bethânia diz: “O Brasil oscila. Dá sinais de uma modernidade, de uma natureza que é real, nossa. É o Brasil de dentro. As pessoas são lindas, encantadoras. E de repente recua quilômetros e dá uma topada feia. Sai do paraíso para o inferno em tudo: política, religião, amor, preconceito. Temos essa coisa muito extremada, muito perdida ainda. Acho que é um pouco infantil. Somos curumins”.
Bethânia tem lido Clarice Lispector nos seus espetáculos e, por isso, a repórter quer saber o que a atrai na obra da escritora. “Clarice veio forte aos 50 anos. Fiquei surpresa, achei que ia ser mais misturado de autor. Mas quando vi, era ela. Fico muito impressionada com a particularidade, a esquisitice, a franqueza. Esquisitice no melhor sentido. Ela e Fernando Pessoa são autores que se expõem”. A cantora nem deveria ter dito “esquisitice no melhor sentido”. Porque, em Clarice Lispector, a esquisitice incomoda, espanta e atrai. É esquisitice em vários sentidos...
Aos 68 anos, Bethânia guarda um ar juvenil, vivíssimo, com aqueles olhos que riem junto com a boca.
Minha mãe, Frutuoza Fagundes Belém, Zinha, é integrante de uma família de sete irmãos: Nair (Sinhá; com seu jeitão simples e severo, às vezes seco, era uma grande mulher), Tomás (homem simples, apreciador de bebidas fortes), Josefa (Zefinha, mulher bonita, de porte nobre), Nelito (um homem civilizado, sempre agradável), Antônio (Zico), Anastácio (bonachão, alegre, um aristocrata). Tomás, Sinhá, Zefinha e Anastácio morreram há algum tempo. Antônio Fagundes Furtado, Zico, faleceu na quinta-feira, 11, aos 82 anos. Faria 83 anos na quinta-feira, 18. Zico tinha problemas renais e fazia hemodiálise, em Goianésia e, depois, em Porangatu; às vezes, vinha para Goiânia, como todos os demais goianos, quando tinha algum problema mais grave, exigindo um especialista que as cidades do interior não têm. Na semana passada, passou mal e a família o levou para Ceres, onde foi internado numa UTI. Com severos problemas cardíacos, morreu. Na sexta-feira, 12, foi enterrado em Porangatu, sua amada cidade, possivelmente ao lado dos pais (Joca e Margarida) e irmãos. Homem simples, Zico era um homem de olhar triste, escorregadio. Às vezes, dizia mais com os olhos, que pareciam fazer flexões, do que com as palavras. Era reservado, circunspecto, sempre a observar o mundo, sem explicá-lo. Em sua casa, quem fala mais, como se fosse uma porta-voz, é sua mulher, a solidária e dinâmica Maria Pereira. O que fica de Zico? Acima de tudo, era um bom homem, um homem delicado e, ao mesmo tempo, sólido, temperado pelas desventuras da vida. Na vida pública, um cidadão exemplar, decente. Deixa quatro filhos: Tânia, Teves (meu querido amigo de infância, com quem joguei bola no time Porangatu, ao lado de João Roberto Naves e Valdemarzinho), Antônio Euzébio e Luzia Augusta. Todos herdaram a delicadeza do trato, um olhar às vezes de ressaca, como o de Capitu, e a decência (como se fosse uma pele). A morte de Zico, que não via sempre, deixa o mundo familiar menor e menos rico. Permanecem vivos minha mãe (a caçula), de 79 anos, e Nelito, de 85 anos, os últimos dos moicanos.
Karla Jaime foi contratada para trabalhar no governo do Estado de Goiás. A jornalista integra a equipe comandada por Carlos Eduardo Reche, da assessoria de Imprensa do governador Marconi Perillo.
Karla Jaime era editora de Opinião de “O Popular”, de onde foi demitida recentemente, durante o passaralho que defenestrou os editores mais antigos do jornal.
O jornalista e compositor é autor, com Milton Nascimento, das músicas Travessia, Encontros e Despedidas e Canção da América
Livro de Paulo Cesar Araújo é laudatório. O autor, na edição revista e ampliada, deveria interpretar a música de maneira mais crítica
O ator britânico se tornou mais conhecido, nos últimos anos, devido à franquia “O Senhor dos Anéis”. Fez um vilão excepcional lutando contra James Bond
A biografia “Sinfonia de Minas Gerais — A Vida e a Literatura de João Guimarães Rosa”, de Eurico Barbosa, foi liberada pelo STJ
O escritor e crítico literário goiano Alaor Barbosa dos Santos escreveu “Sinfonia de Minas Gerais — A Vida e a Literatura de João Guimarães Rosa”, a primeira biografia alentada do autor do romance “Grande Sertão: Veredas” e da coletânea de contos “Sagarana”, e foi processado por sua filha, Vilma Guimarães Rosa (foto acima). Inicialmente, ela conseguiu a retirada do livro das livrarias, depois liberado pelo Superior Tribunal de Justiça. Ao mesmo tempo, começou a criticar o autor, chamando-o de “mentiroso, doido e nojento”, em entrevistas aos jornais. Frisou que a dedicatória da obra era “cínica e vigarista”, além de ter acusado o biógrafo de ter plágio de seu livro “Relembramentos: João Guimarães Rosa, Meu Pai”. O portal Consultor Jurídico publicou reportagem na segunda-feira, 8 — “Filha de Guimarães Rosa terá de indenizar autor de biografia de seu pai” —, informando que o Tribunal de Justiça de Goiás condenou-a a pagar 50 mil reais a Alaor Barbosa.
“A decisão da 4ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás foi unânime e seguiu voto do relator, juiz substituto em segundo grau Sebastião Luiz Fleury, que reformou parcialmente sentença do juízo da 6ª Vara Cível de Goiânia. Foi determinado ainda que a sentença seja publicada, de ‘forma sintetizada por certidão circunstanciada’, nos jornais ‘O Popular’ (de Goiania/GO), ‘Folha de S. Paulo’ e ‘Correio Braziliense’, com o mesmo destaque das entrevistas publicadas em cada um e com tamanho proporcional, no prazo de 15 dias”, informa o “Consultor Jurídico”.
Vilma Guimarães Rosa foi condenada, em primeiro grau, “a pagar R$ 30 mil por danos morais”. Alaor Barbosa (foto acima) solicitou que o valor fosse aumentado. “Vilma pediu “a reforma da sentença ou, alternativamente, a redução da indenização”, anota o “Consultor Jurídico”. No entanto, o magistrado Sebastião Luiz Fleury avaliou “que estavam comprovados “a existência de ato ilícito praticado por Vilma e o dano à honra do autor, ‘restando cristalino o dever legal de indenizar’”. O juiz aumentou a indenização para 50 mil reais.
Circula na redação do Daqui e de O Popular que há uma lista com o nome de dez profissionais que serão afastados
A jornalista Kríscia Fernandes (foto acima, de seu Facebook), do diário “Daqui”, foi demitida na terça-feira, 9. Mais uma vez, a cúpula do jornal alega contenção de despesa e sugere que as empresas do Grupo Jaime Câmara estão passando por uma fase de reestruturação.
Kríscia Fernandes é apontada por colegas como uma “repórter competente, produtiva e cooperativa”. “A demissão, portanto, não tem a ver com incompetência ou falha no trabalho”, garante um colega.
Circula na redação de “O Popular” e do “Daqui” a informação de que há uma lista com o nome de 10 profissionais que serão demitidos, mas não todos de uma só vez. Porém não se trata de informação oficial.
A agressora foi detida e indiciada por “perturbação da ordem pública”
O empresário mostra a família e diz que vai responder as mensagens enviadas pelos amigos e, possivelmente, pelos “adversários”
O Ministério Público aumentou o número de denunciados à Justiça de 36 para 71
Matéria de Vandré Abreu não menciona uma linha (ou uma palavra) a respeito da abordagem da primeira página
Na semana passada, a cúpula de “O Popular” discutiu a extinção da coluna “Aqui e Ali”, que é publicada às segundas-feiras. Fotógrafos e repórteres são deslocados para parques para registrar o final de semana de goianienses passeando com os filhos, divertindo-se com seus cachorros, fazendo exercícios e caminhadas. A coluna é definida na redação do jornal do tipo “não fede nem cheira”. Sua extinção será comemorada por repórteres e fotógrafos. Talvez até pelos leitores.
Contrariando informação da editora-chefe Cileide Alves aos colegas, o Grupo Jaime Câmara deve fazer novas demissões