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[caption id="attachment_54882" align="alignright" width="620"] George Steiner e Rubens Figueiredo: o primeiro é filósofo, ensaísta e crítico literário de primeira linha e o segundo é um escritor e tradutor notável[/caption]
O escritor e tradutor Rubens Figueiredo concedeu entrevista supimpa à revista “Brasileiros”. Devemos a ele as notáveis traduções de “Guerra e Paz” e “Anna Kariênina”, de Liev Tolstói; de uma coletânea de contos de Anton Tchekhov; de “Oblómov”, de Ivan Gontcharóv, e “Pais e Filhos”, de Ivan Turguêniev. Tradutores exímios, como é o caso, são porta-vozes privilegiados de culturas-línguas.
Rubens Figueiredo faz uma crítica pertinente tanto a Joseph Frank, biógrafo de Dostoiévski, quanto ao filósofo e crítico George Steiner, mas excede e se torna grosseiro ao discordar do segundo. “Joseph Frank chama Dostoiévski de democrata, liberal e moderado contra todas as evidências que o próprio livro que ele escreveu apresenta. E tem um livro horrível (“Tolstói ou Dostoiévski: Um Ensaio Sobre o Velho Criticismo”) do George Steiner, aquele crítico medonho, vergonhoso, que mostra Dostoiévski como representante da liberdade, da democracia, do progresso e Tolstói como retrógrado, tudo porque a União Soviética fez o movimento contrário, ou seja, prestigiava Tolstói e desconfiava do Dostoiévski — com certa razão. Ele chega a dizer que Tolstói é o grande inquisidor no livro do Dostoiévski (“Os Irmãos Karamázov”). Isso é George Steiner, considerado um grande crítico internacional, mas que é um picareta, um farsante”.
De fato, no caso de Tolstói, George Steiner mostra-se “equivocado” — Isaiah Berlin, Vladimir Nabokov e Harold Bloom escreveram sobre o autor com mais percuciência. Entretanto, se errou a respeito dos dois russos, George Steiner acertou sobre vários outros escritores. Sobretudo, não é “picareta” nem “farsante”. Rubens Figueiredo, brilhante como escritor e tradutor, perde-se como crítico. Em parte, pelo menos.

Eis um livro que não pode faltar nas estantes (ou nos computadores) dos jornalistas e dos leitores que se interessam por política internacional: “SwissLeaks — Revelação sobre a Fraude Fiscal do Século” (Estação Liberdade, 240 páginas, tradução de Guilherme J. F. Teixeira), de Gérard Davet e Fabrice Lhomme, repórteres investigativos do jornal francês “Le Monde”.
O escândalo financeiro que abalou o HSBC na Suíça, mostrando que figuras impolutas de vários países, como o Brasil, mantinham contas secretas no exterior, é rastreado minuciosamente pelos repórteres. Brasileiros como o bicheiro Capitão Guimarães, a recém-falecida atriz Marília Pêra, os apresentadores de televisão Jô Soares e Ratinho estão na lista dos felizardos milionários que têm ou tinham contas na Suíça.
O técnico em informática Hervé Falciani, insuspeito funcionário do HSBC, colheu dados, sigilosa e organizadamente, durante o ano de 2006 e, em seguida, com o apoio de jornais de vários países — no Brasil, “O Globo” e o “UOL” (Fernando Rodrigues fez jornalismo de primeira linha) foram os principais divulgadores, num excelente trabalho (inclusive sem preconceito contra os ricos, mostrando que, em alguns casos, não havia ilegalidade alguma) —, divulgou a história de que cerca de 180 bilhões de euros tinham pelo menos origem suspeita, senão ilegal. Os fatos ainda estão sendo esquadrinhados.
O prefácio da edição patropi é do jornalista Ismael Pfeifer, que situa o caso dos brasileiros com contas no HSBC suíço. A Receita Federal continua investigando caso a caso.

Um livro brilhante está de volta às livrarias. “Caminhos de Goiás — Da Construção da Decadência aos Limites da Modernidade”, de Nasr Chaul, sai numa edição primorosa pela Editora UFG.
Parece trabalho da Cosac Naify e da Companhia das Letras. A obra refaz a história e a historiografia de Goiás. Meras 291 páginas produzem uma revolução nos estudos de história do Estado, dialogando e refutando, com elegância, interpretações arraigadas, como a tese de economia e sociedade decadentes, sobretudo nos séculos 18 e 19.
O que Chaul revela, com um texto fluente, rigoroso mas sem a pompa acadêmica, é que a decadência é um mito, paciente e articuladamente construído por historiadores, viajantes-escritores e, mais tarde, políticos. Pós-Revolução de 1930 era preciso insistir na tese da decadência para justificar e legitimar (tornar aceitável) o novo processo de modernização.
Os prefácios são de Paulo Bertran — cujo texto é de historiador-escritor, tal a delicadeza da prosa — e José Carlos Sebe Bom Meihy, da Universidade de São Paulo.
Nash Chaul está se aposentando da Universidade Federal de Goiás. Uma pena. A UFG, onde estudei Filosofia e Jornalismo, perde um excelente professor. Fui seu aluno no curso de História da Universidade Católica de Goiás, no início da década de 1980.
É do tipo de mestre apaixonado pelo que faz e que, notadamente, consegue transmitir a paixão para os alunos. Outra de suas virtudes é que escreve muito bem. A qualidade de seu texto — que deve muito à literatura e à música — lembra, e não vagamente, estudiosos brilhantes como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Evaldo Cabral de Mello.
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Sou meio desconfiado com a estirpe dos sociólogos que se enquadram na categoria de futurólogos. Mas o livro “2025 — Caminhos da Cultura no Brasil” (Sextante, 314 páginas), organizado por Domenico de Mais e Stefano Palumbo, é interessantíssimo. São valiosas as intervenções de Caio Túlio Costa, Cláudia Leitão, Cristovam Buarque, Jaime Lerner, Leonel Kaz, Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti e Tárik de Souza.
Domenico de Masi geralmente é otimista, mas nem todos que participam do livro comungam de suas ideias e conceitos. Alguns são mais céticos. É um contraponto dos mais instigantes.

“No Coração do Mar” é excelente. Herman Melville por certo ficaria mesmerizado com as cenas marítimas. O diretor Ron Howard baseou seu filme no estupendo livro “No Coração do Mar — A História Real Que Inspirou o Moby Dick de Melville” (Companhia das Letras, 371 páginas, tradução de Rubens Figueiredo), de Nathaniel Philbrick. O filme toma certas licenças poéticas — Owen Coffin não se matou; foi morto e devorado pelos marinheiros —, mas nada que comprometa a história. “No Coração do Mar” supera, de longe, o filme “Moby Dick”, de John Huston, com Gregory Peck como o capitão Ahab. Ao ótimo Gregory Peck falta a chama que o personagem explosivo e, ao mesmo tempo, soturno exige. O Brasil tem três traduções competentes de “Moby Dick”. A primeira é de Berenice Xavier. A segunda é de Péricles Eugênio da Silva Ramos (a que capta de maneira mais adequada a poesia da prosa de Herman Melville). A terceira (e mais recente) é de Alexandre Barbosa de Souza e Irene Hirsch (a edição da Cosac Naify é de qualidade). Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=K-H35Mpj4uk
A redação comenta que ao todo foram demitidos 40 funcionários, 23 deles na redação