Deputado federal goiano reconhece gravidade das denúncias contra o presidente da Câmara, mas diz que é preciso esperar

Daniel Vilela e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha: PMDB vai se posicionar | Fotos: Naiara Pontes e Fábio Pozzebom / ABr
Daniel Vilela e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha: PMDB vai se posicionar | Fotos: Naiara Pontes e Fábio Pozzebom / ABr

O deputado federal Daniel Vilela (PMDB-GO) avaliou, em entrevista ao Jornal Opção, que a situação do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é delicada. Para o goiano, a consistência das denúncias de participação no esquema do Petrolão põe em xeque a permanência do correligionário à frente da Casa.

“Acredito que, quando chegarem as informações concretas sobre as contas na Suíça, a bancada e o partido serão cobrados. É preciso dar ampla defesa, mas a situação é insustentável. Ele sempre foi muito leal, respeitoso a nós deputados, teve uma atuação elogiada quando foi líder do PMDB, por isso não podemos nos precipitar. Mas tem coisas que são insustentáveis”, argumenta ele.

Vilela se refere aos documentos que foram divulgados na última semana pela promotoria da Suíça, que revelaram recursos desviado de contrato da Petrobras abastecendo contas atribuídas a Eduardo Cunha. Entre as mordomias que teriam sido pagas com dinheiro do esquema de corrupção na estatal estariam até gastos da família do deputado com aulas de tênis na Europa.

A Justiça suíça rastreou, inclusive, o valor do montante depositado nas mencionadas contas bancárias nos últimos anos: 4,8 milhões de dólares e 1,3 milhão de francos suíços, que totalizam quase R$ 25 mi.

Em meio a esse furacão de denúncias, Cunha tem garantido que não deixará a presidência e que, mesmo que perca apoio de todas as bancadas, só sairá se for cassado. De fato, Daniel Vilela não acredita em uma possível renúncia: “Ele vai para o enfrentamento, é o perfil dele”. Ainda assim, o goiano lembra de outros casos, como Jader Barbalho, Antônio Carlos Magalhães e Renan Calheiros, que, “mesmo com toda a força, caíram”.

Questionado sobre a dita influência do presidente da Câmara, Daniel Vilela destaca que não é a mesma. “Perdeu força. Perdeu porque chega a um limite… A sociedade cobra isso”, completa.

Quem ganha 

Com Eduardo Cunha na berlinda, os pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) devem se arrefecer — pelo menos por agora. É o que avalia Daniel Vilela. Para ele, se Cunha for mesmo afastado, as chances de um eventual impedimento da petista prosperar na Câmara caem consideravelmente. “Fica bem mais difícil”, resume.