Corregedoria da PC apura condutas do delegado Humberto Teófilo consideradas abusivas e midiáticas pela OAB-GO

13 junho 2025 às 10h33

COMPARTILHAR
As atuações do delegado Humberto Teófilo, que resultaram na prisão de três advogados, são alvo de apuração administrativa por parte da Corregedoria da Polícia Civil. Os casos ganharam destaque depois que a Ordem dos Advogados do Brasil — Seccional Goiás (OAB-GO) pediu à Secretaria de Segurança Pública (SSP) o afastamento do delegado lotado na Central-Geral de Flagrantes de Goiânia (CGF).
LEIA TAMBÉM
OAB-GO acusa o delegado Humberto Teófilo de ações arbitrárias e midiáticas contra advogados
‘Não vou retirar minha pré-candidatura’, afirma delegado Humberto Teófilo
No pedido divulgado na última segunda-feira, 9, a entidade alegou que as prisões dos advogados Boadyr Veloso Junior, Heylla Rose Campos Valadão Veloso e Taynara Divina Arruda Soares Trindade foram arbitrárias e midiáticas. No caso de Taynara, de acordo com a OAB, a profissional também foi ridicularizada e exposta nas redes sociais.
“A Polícia Civil de Goiás informa que os casos envolvendo a atuação do delegado de polícia Humberto Teófilo em face dos advogados goianos são objeto de apuração administrativa junto à Corregedoria da Instituição, com diligências em andamento”, diz nota enviada ao Jornal Opção.
Delegado se manifesta
Teófilo usou as redes sociais para se manifestar contra o pedido da OAB. Para ele, o discurso do presidente da entidade, Rafael Lara, foi “inflamado” e que ele violou as prerrogativas apenas porque “prendeu advogados que estavam cometendo crimes”.
Segundo o delegado, ele virou “alvo” devido às prisões de “ricos” e pessoas com influência política. Teófilo também rebateu as acusações de atuação midiática e abusiva, dizendo atuar dentro dos parâmetros da lai.
“Tanto o pobre quanto o rico, se cometer crime, vai preso. Tanto o advogado quanto o não advogado, se cometer crime, vai preso. Qual a diferença? Ou a prisão é seletiva? Vai lá ver as minhas prisões no judiciário homologadas. Vai lá na corregedoria, várias representações arquivadas”, afirmou.
Manifestação OAB
O Conselho Pleno da OAB-GO aprovou uma nota de desagravo contra o delegado, em defesa dos advogados. Os profissionais foram vítimas de ações consideradas arbitrárias e midiáticas, gerando repercussão que mobilizou o Sistema de Defesa das Prerrogativas da OBA-GO.
O presidente da OAB-GO, Rafael Lara Martins, classificou a atuação do delegado como um “desvio de finalidade com nítida intenção de autopromoção pessoal”, alertando para o uso indevido da estrutura estatal como plataforma de projeção pública. Segundo Lara, a delegacia de polícia “não pode ser palco de manifestações lacradoras em busca de likes ou aprovação digital”, e a instrumentalização do aparato de segurança pública para fins políticos ou de autopromoção pessoal é um “claro desvirtuamento da função estatal”.
Em um dos episódios, os advogados Boadyr e Heylla foram presos enquanto atuavam na defesa de clientes. A bolsa de Heylla foi revistada, e cheques lacrados foram apreendidos e incluídos como suposta prova de crime — um procedimento considerado abusivo e sem amparo legal. No dia seguinte, o flagrante foi anulado e o próprio Ministério Público reconheceu a improcedência das acusações.
A advogada Taynara Trindade, por sua vez, foi presa ao tentar exercer seu direito de autodefesa, mesmo tendo se identificado como advogada. Emocionada, ela relatou ter sido ridicularizada e exposta nas redes sociais, com vídeos editados para depreciar sua imagem profissional. “Não fui tratada como cidadã, muito menos como advogada”, lamentou Taynara.
Rafael Lara destacou que o desagravo não é um ataque pessoal ao agente público, mas sim uma defesa enérgica da advocacia diante de um cenário de violações reiteradas das prerrogativas profissionais. Ele enfatizou que o uso das redes sociais e da estrutura policial como “vitrines pessoais” compromete a sobriedade e a impessoalidade exigidas da autoridade.
Lara anunciou a inclusão do servidor no Cadastro Nacional de Violadores de Prerrogativas e o envio de um ofício à Secretaria de Segurança Pública pedindo a remoção ou transferência de Teófilo da Central de Flagrantes.