Thaygo Henrique Alves e Alison Pereira Costa e Silva respondem pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, destruição de cadáver, formação de quadrilha e corrupção de menores

Os dois acusados durante a primeira audiência de instrução, no dia 5 de março
Os dois acusados durante a primeira audiência de instrução, no dia 5 de março

 

Vão a júri popular os principais acusados da chacina na Serra das Areias, Thaygo Henrique Alves e Alison Pereira Costa e Silva. Eles respondem pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, destruição de cadáver, formação de quadrilha e corrupção de menores.

A decisão é do juiz Leonardo Fleury Curado Dias, da 4ª Vara Criminal de Aparecida de Goiânia, que também requisitou a manutenção da prisão preventiva dos dois acusados. Thaygo e Alison são apontados como autores das mortes de Neylor Henrique Gomes Carneiro, Raíssa de Sousa Ferreira, Daniele Gomes da Silva e Denis Pereira dos Santos em 19 de agosto do ano passado.

Para o juiz, estão presentes os agravantes de crueldade, motivo torpe, impossibilidade de defesa das vítimas e, também, de execução para encobrir o primeiro assassinato, já que, conforme o planejado inicialmente por Thaygo, a morte Neylor era o objetivo principal.

Leonardo Fleury analisou as circunstâncias dos quatro homicídios e concluiu que Thaygo teve participação em todas, ao contrário do que pugnou a defesa do rapaz, que pedia para que ele fosse julgado apenas pela morte de Neylor. No entanto, consta nos autos que o acusado teria encabeçado as execuções: ele conduziu as vítimas ao local, as ameaçou e ordenou que deitassem no chão para que fossem mortas pelos comparsas.

“Os indícios da participação de Thaygo na morte das vítimas foi determinante. Ademais, pelos relatos feitos pelas testemunhas, houve divisão de ações durante o desencadeamento dos fatos, porém, ao que tudo indica a morte foi pretendida por Thaygo, para que as vítimas não o delatassem”, declarou o juiz. “Assim, existem indícios suficientes que apontam o acusado como autor dos fatos.”

O caso

As vítimas Raissa de Souza Ferreira, 15 anos, Daniele Gomes da Silva, 15 anos, Neylor Henrique Gomes Carneiro, 18 anos, Denis Pereira dos Santos, de 16 anos, e H.M.S, 15 anos – jovem apontada como namorada de um dos suspeitos – desapareceram no dia 19 de agosto do ano passado após entrarem em um carro de cor prata. No mesmo dia, o corpo de Denis foi encontrado com um tiro na nuca.

No dia 26 daquele mês, os corpos das outras três vítimas foram encontrados carbonizados, um ao lado do outro, no Parque Ambiental Serra das Areias, em Aparecida de Goiânia. A única que não estava no local era a garota que namorava o rapaz apontado como autor dos assassinatos. Ela foi encontrada no dia 1º de setembro, supostamente sendo mantida em cárcere privado na casa da tia do acusado.

O principal suspeito do crime, Thaygo Henrique, de 19 anos, foi preso pela Polícia Civil no dia 4 de setembro. Com ele foram detidos também dois comparsas, sendo um deles menor de idade. Em depoimento, Thaygo disse que H.M.S. escolheu se refugiar na casa da tia dele e que também teve participação nas mortes.

O jovem revelou que foi ele quem matou Neylor, enquanto o menor teria sido o responsável pelos assassinatos das duas garotas, Raíssa e Daniele. Já a autora do disparo que matou Denis, segundo os dois suspeitos, foi H.M.S., até então apontada como outra vítima do caso.

O motivo dos crimes seria o fato de Neylor manter contato com a jovem por Facebook, o que despertou ciúmes em Thaygo. Ele teria então tentado um diálogo com Neylor para que não conversasse mais com sua namorada, mas foi, supostamente, ameaçado de morte.

Temendo pela sua segurança, Thaygo pegou uma arma e, com seu amigo menor de idade, planejou levar Neylor para uma área afastada para matá-lo. Como outras pessoas testemunharam o jovem ser levado por Thaygo, também foram obrigadas a ir para o local.

De acordo com ele, foi ideia de H.M.S. que os assassinatos fossem cometidos. O suspeito alega que sua então namorada arquitetou os crimes, mas agora “se faz de inocente”. Segundo Thaygo, a estudante teria inclusive pedido que ele matasse a mãe dela.

Os suspeitos negam que tenham ateado fogo aos corpos.