Segundo Rogério Cabloco, Marco Polo Del Nero ofereceu R$12 milhões para evitar denúncia de assédio sexual e moral. A Comissão de Ética da CBF recebeu a denúncia no dia 4 de junho e Caboclo foi afastado por 30 dias. Diretoria analisa se mantém afastamento

Marco Polo del Nero e Rogério Caboclo | Foto: Lucas Figueiredo/Divulgação CBF

Com o prazo de afastamento do cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), prestes a vencer, Rogério Caboclo acusou, por meio de nota nesta quinta-feira, 1º,  seu antecessor e ex-padrinho político, Marco Polo Del Nero, de ter oferecido R$12 milhões para evitar que uma funcionária apresentasse denúncia de assédio sexual e moral contra Caboclo.

O dinheiro seria uma forma de acordo. A defesa da funcionária diz que ela nunca fez nenhum pedido de dinheiro, e que houve apenas uma oferta por parte de Caboclo, que foi recusada. A Comissão de Ética da CBF recebeu a denúncia no dia 4 de junho e dois dias depois, Caboclo foi afastado por 30 dias. Já Del Nero está desde 2018 banido pela Fifa, porém, ainda mantém grande influência na CBF.

Além da nota, o presidente afastado anexou a cópia de um bilhete, que atribui a Del Nero, com os cálculos que chegam ao valor de R$ 12 milhões. A diretoria da CBF deve se reunir para decidir se amplia ou retira o afastamento de Cabloco.

Confira a nota de Rogério Caboclo:

O presidente da CBF, Rogério Caboclo, revela mais uma prova contundente de que Marco Polo Del Nero, ex-presidente da confederação banido do futebol, foi quem trouxe a proposta de R$ 12 milhões para evitar que uma funcionária protocolasse uma acusação no Conselho de Ética da entidade e a tornasse pública. Trata-se de uma anotação feita à mão por Del Nero apontando o valor de R$ 12,409 milhões, quantia que deveria ser paga pela CBF como uma indenização à funcionária em troca da não apresentação da acusação. Logo à frente do número 12.409 foi escrito: “corresp [correspondente] 20 anos de salário, transferindo ao valor presente a uma taxa [de correção] de 2,75 [%] anual”.

A negociação proposta por Del Nero e por seus aliados exigia inicialmente R$ 12 milhões, correspondentes ao pagamento dos vencimentos mensais até a ocasião da aposentadoria da funcionária, mediante sua imediata demissão para que essa acusação não fosse apresentada à Comissão de Ética e tornada pública.

Este documento é a prova cabal de que as acusações contra Rogério Caboclo fazem parte de um golpe orquestrado por Marco Polo Del Nero para plantar aliados no comando da CBF e, assim, voltar a dar as cartas na entidade. Neste momento, os comandados por Del Nero que ainda pertencem aos quadros da CBF preparam mudanças ilegais no estatuto da entidade para tentar impedir Rogério Caboclo de voltar ao cargo.

Em reunião marcada para sexta-feira (2/7/2021), eles ainda pretendem incluir no estatuto uma regra que permita a ampliação do prazo do afastamento do presidente da CBF para, assim, atender seus interesses particulares e momentâneos. Trata-se de um passado que não queremos de volta, marcado por múltiplos escândalos de corrupção e vários processos criminais.

As mudanças estatutárias que estão sendo orquestradas pelos meus adversários são ilegais, conforme parecer do jurista Fábio Ulhoa Coelho, professor titular de direito da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.