O governador afirma que vai melhorar a segurança pública, a educação e a saúde em todo o Estado

Governador do Tocantins, Mauro Carlesse | Foto: Divulgação

O empresário Mauro Carlesse assumiu o governo do Estado do Tocantins em definitivo após as eleições suplementares, que ganhou nos dois turnos (no segundo turno obteve 75,14% dos votos). Utilizando sempre o seu jargão preferido — “não é homem de promessas, e sim de realizações” —, o candidato à reeleição ressalta as diversas pesquisas eleitorais que indicam que tem aproximadamente 50% dos votos válidos, o que impede qualquer possibilidade de segundo turno nas eleições ordinárias.

Mauro Carlesse defende seu modelo de gestão, o municipalismo, as alianças partidárias, a estabilidade política e econômica. O governador reclama que só não tem feito mais pelo Tocantins em razão das momentâneas limitações impostas pela legislação eleitoral.

Paranaense de Terra Boa, Mauro Carlesse migrou para o Tocantins na primeira década do século 21. Ocupou-se como empresário e agropecuarista no município de Gurupi. Iniciou sua carreira política ao se filiar ao Partido Verde (PV) em 2011, quando exercia a presidência do Sindicato Rural de Gurupi. Em outubro de 2014, pelo PTB, foi eleito deputado estadual. Em julho de 2016, foi eleito presidente da Assembleia Legislativa do Estado para assumir o cargo a partir de fevereiro de 2017. No mês de junho de 2018, venceu as eleições complementares e foi eleito governador do Estado do Tocantins, pelo PHS, com mais de 368 mil votos.

As obras de infraestrutura também são de vital importância para o desenvolvimento do Tocantins. Se reeleito, quais são as prioridades?
A redução do limite de gastos com pessoal e o reenquadramento do Estado à Lei de Responsabilidade Fiscal. Só assim teremos condições de realizar os investimentos necessários à manutenção da infraestrutura do Estado. Com as medidas de controle dos gastos públicos — que já começamos a implementar —, o aumento da capacidade de arrecadação do Estado, por meio de uma política de atração de investimentos privados, vamos alcançar os resultados desejados, sem a necessidade de recorrer a medidas que provocam desemprego e a consequente desestruturação social. Vamos continuar nossos esforços no sentido de concluir todas as etapas para a finalização do projeto de investimentos em infraestrutura nos 139 municípios do Estado do Tocantins — por meio da parceria com a Caixa Econômica Federal — para garantirmos a construção da ponte sobre o Rio Tocantins em Porto Nacional e os demais investimentos na construção de rodovias e hospitais com suporte nesses investimentos.

No que concerne às políticas para a segurança pública, quais são as medidas efetivas a serem implantadas para reduzir os índices de criminalidade?
Um dos pontos é o concurso da Polícia Militar, que está na Justiça. Caso seja mantido, daremos continuidade ao certame. Em caso de cancelamento, vamos realizar novo concurso público. Mas, independentemente dessa decisão, temos consciência de que o efetivo precisa ser ampliado, por isso determinei que muitos militares que estavam em serviços administrativos retornassem ao patrulhamento das ruas. Estamos adquirindo novos equipamentos, armas, viaturas e fardamento, com vistas a dar as melhores condições de trabalho para esses policiais protegeram a nossa população e a si mesmos. Vamos investir também na Polícia Civil para dar as condições dignas e adequadas para que ela possa desempenhar suas funções, além do reconhecimento às suas progressões e conquistas funcionais garantidas em lei.

O sr. era deputado estadual e representante da região sul do Estado do Tocantins. Após sua chegada à presidência da Assembleia Legislativa, tornou-se protagonista e, pouco depois, tornou-se governador interino, após a cassação do emedebista Marcelo Miranda. Por meio da eleição suplementar, foi mantido no Palácio Araguaia. Para as eleições de outubro, é líder absoluto em todas as pesquisas, que indicam que sequer haverá segundo turno. A quais fatores atribui o seu sucesso tão rápido? A força da máquina administrativa é capaz de fazer a diferença?
A máquina estatal não tem mais a força que imaginam. Tanto em função das restrições impostas pela Lei Eleitoral quanto pelas limitações financeiras do Estado. Independentemente disso, nunca faríamos mau uso de recursos públicos para comprar apoio político. Nosso crescimento nas pesquisas se deve ao trabalho feito no governo. Mesmo com uma máquina pública cheia de problemas e com poucos recursos, destravamos grandes obras, como a construção da NS-15 em Palmas, e agimos rapidamente para tirar entraves em áreas importantes como a saúde, educação, infraestrutura e segurança pública. Estas e outras ações do governo explicam a aprovação da nossa gestão por 82% dos tocantinenses, conforme pesquisa do Ibope.

O sr. é o único governador do PHS no país e, certamente, continuará a sê-lo após as eleições de outubro. Qual a importância da sua reeleição para o partido?
O PHS, embora pequeno, está crescendo. O partido tem apenas quatro deputados federais — Carlos Andrade (RR), Cícero Almeida (AL), Marcelo Aro (MG) e Zenaide Maia (RN) — e nenhum senador. Mas sairá maior destas eleições, não apenas pela grande possibilidade da nossa eleição, mas porque vamos eleger deputados estaduais, federais e senadores em vários estados.

Nacionalmente, o PHS está coligado ao MDB, na chapa encabeçada por Henrique Meireles. O sr. apoia este presidenciável ou se identifica com outro candidato?
Optamos por não declarar apoio a candidato a presidente da República. Não se trata de se esconder, mas de deixar livres os companheiros da nossa coligação para apoiarem quem quiser. Em caso de segundo turno, vamos discutir com nosso grupo o apoio ou não a algum dos presidenciáveis.

Qual sua avaliação sobre os candidatos a senador escolhidos para compor a sua chapa majoritária, César Halum e Eduardo Gomes, e quais são as razões para a escolha?
São dois grandes líderes, parlamentares experientes e que fortalecem muito a nossa chapa. Começamos a campanha com Siqueira Campos e César Halum, dois companheiros de primeira hora, mas o ex-governador enfrentou problemas de saúde e entendeu que era melhor seguir como suplente de Eduardo Gomes. César Halum tem sua base em Araguaína e no norte do Estado e Eduardo Gomes tem sua base em Palmas e vários municípios do interior — o que soma muito à nossa chapa e esperamos que eu e os nossos dois senadores sejamos eleitos em 7 de outubro, pois, como governador, vou precisar deste apoio no Senado para aprovar os projetos de interesse do Tocantins.

O sr. foi acusado, durante a eleição suplementar, de não obedecer ordens judiciais e pagar emendas que não eram consideradas urgentes ou estritamente necessárias. A denúncia procede? Qual é a atual situação do processo que investiga os pagamentos?
A ação, movida por nossos adversários na eleição suplementar, é meramente eleitoreira. O processo encontra-se em fase de instrução na Justiça Eleitoral, porém estamos absolutamente tranquilos. Não fizemos nada de errado, como será demonstrado no final do processo. Os processos que foram pagos na época foram para que a máquina governamental não parasse. Pagamos fornecedores do Estado na área da saúde, o que garantiu o abastecimento de medicamentos nos hospitais; as equipes médicas que estão fazendo o Opera Tocantins; o Plansaúde foi regularizado; colocamos em dia, com os municípios, o transporte e a merenda escolar; pagamos dívidas de combustível que já eram antigas, visando garantir que as viaturas da Polícia e as ambulâncias continuassem rodando. O objetivo da denúncia, eleitoreiro, visava paralisar o Estado, e isto ocorre em toda eleição. Por isso ninguém aguenta mais tanta eleição e o povo vai decidir esta a meu favor — no primeiro turno.

Procede que o Estado do Tocantins enfrenta problemas com o Cauc e está impedido de receber recursos federais em razão de intercorrências nos repasses ao Igeprev?
Não. O Tocantins não tem pendências no Cadastro Único de Convênios (Cauc). Nada nos impede de receber recursos federais. Recentemente o sistema [da Secretaria do Tesouro Nacional] mostrava uma pendência, mas por ausência de informações. Tais esclarecimentos e dados já foram inseridos no sistema e a situação regularizada. Após o período eleitoral, o Estado estará apto a buscar recursos, como o empréstimo de mais de R$ 450 milhões, já aprovados pela Assembleia Legislativa, junto à Caixa Econômica Federal, para investimentos em infraestrutura em todo o Estado.

O que os tocantinenses podem esperar no que se refere a avanços no setor educacional? Construção de escolas de tempo integral ou transformações de algumas unidades em colégios militares serão questões prioritárias no seu governo?
Uma educação de referência é a nossa meta. Vamos investir pesado na área, mas reconhecemos que apenas investimentos não bastam; temos que readequar o sistema de ensino e de toda sua estrutura física. Vamos adotar o modelo de escola de tempo integral na política estadual de ensino, bem como a implantação de unidades de escolas técnicas e militares. Vamos valorizar os profissionais da Educação, dialogar com a categoria e encontrar solução para resgatar os direitos que foram deixados de lado no passado. Nós queremos um professor motivado e com permanente qualificação.

“Estamos lutando pela criação da Universidade Federal do Norte do Tocantins”

Mauro Carlesse: “O ensino superior ofertado pelo Estado do Tocantins nas unidades da Unitins está passando por um amplo processo de reestruturação”

O sr. afirma que, se reeleito, fará investimentos na Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), apoiará a implantação da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT) e transformará a Fundação Unirg, de Gurupi, em universidade. Mas como avalia a reforma do ensino médio, cujo objetivo é reduzir a evasão escolar?
O ensino superior ofertado pelo Estado do Tocantins nas unidades da Unitins está passando por um amplo processo de reestruturação. Primeiramente, com a normalização do quadro de servidores, que é fundamental para a garantia de um ensino de qualidade. O próximo passo será a expansão da universidade, com novos campi para municípios-polos, interiorizando a oferta de cursos superiores de acordo com a demanda da região. Cursos nas áreas tecnológicas estão sendo estudados, com o intuito de ampliar a oferta, num mercado cada dia mais competitivo. A criação e implantação da Universidade Federal do Norte do Tocantins está sendo acompanhada pelo nosso governo e vamos trabalhar, junto à nossa bancada no Congresso Nacional e ao governo federal, para sua concretização. Já concretizamos o sonho da transformação da Unirg [Centro Universitário de Gurupi] em universidade.

E sobre a reforma do ensino médio?
Trata de diretrizes do Ministério da Educação para todos os Estados do país. A reforma visa fomentar a implementação de escolas de ensino médio de tempo integral. Infraestrutura, acesso às novas tecnologias e ensino de qualidade, com professores bem remunerados, são fundamentais no enfrentamento ao problema da evasão escolar no ensino médio.

O sr. afirma que está promovendo um amplo ajuste das contas públicas e que em pouco mais de três meses à frente do governo já reduziu o gasto com pessoal em cerca de 4% e que vai reenquadrar o Estado à Lei de Responsabilidade Fiscal até o início do próximo ano. Como é possível diminuir gastos e aumentar a arrecadação sem majorar impostos?
Quando recebemos o Estado, os gastos com pessoal representavam 58% da receita. Nesse curto período de tempo já conseguimos reduzir, em poucos meses, cerca de 4% e pretendemos retornar ao patamar de 49%, ou seja, dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, até o final do primeiro quadrimestre de 2019. Isto só é possível graças à nossa política de redução de gastos e incremento da arrecadação, mesmo sem aumento de impostos. Com uma gestão responsável e organizada é possível reequilibrar as contas e fazer o Estado retomar o crescimento.

“O governo vai zerar fila por cirurgias eletivas”

O sr. encontrou um quadro político e econômico caótico, mas está trabalhando para resolver problemas em várias áreas, como a da saúde. O sr. frisa que tem apresentado soluções para melhorar o atendimento e reduzir filas de espera nos hospitais. Quais são as efetivas medidas que foram implantadas após sua ascensão ao governo?
Encontramos uma longa fila de espera por cirurgias eletivas. Estamos resolvendo o problema com o programa Opera Tocantins. Sancionei a lei que implementa o programa e fizemos mais de duas mil cirurgias em pessoas que estavam há quase três anos na fila de espera. Ao todo, somente na minha administração, já foram quase 12 mil cirurgias, entre eletivas e de emergência. O nosso objetivo é zerar a fila de espera o mais breve possível. Convém ressaltar que, assim que alguns saem da fila, outros chegam com a necessidade de realizar uma cirurgia ou um atendimento. Nosso governo vai investir sempre para atender a todos de imediato, pois a saúde das pessoas não pode esperar. Vamos melhorar a estrutura de todos os hospitais regionais, evitando que os pacientes precisem se deslocar para Palmas, o que diminuirá também a lotação do Hospital Geral de Palmas.

Em recente visita ao Hospital Regional de Gurupi, o sr. anunciou que o local passará a contar com dez leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) — seis pediátricos e quatro neonatais. Os problemas de cardiopatia congênita são alvos de muitas críticas, feitas pela Defensoria e pelo Ministério Público, como pretende solucionar o dilema das famílias nos outros municípios, como Palmas e Araguaína?
O Hospital Regional de Gurupi tem 10 leitos de UTI em funcionamento. Estamos ampliando para 20 leitos. O local não contava com nenhuma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) infantil. Determinei ao secretário Renato Jayme a instalação de dez UTIs no local — seis pediátricas e quatro neonatais —, que já estão sendo instaladas. Quanto aos recém-nascidos, credenciamos uma empresa em Goiás para atender os que precisarem de atendimentos de cardiopatia. Vamos realizar o treinamento da equipe no HGP, além de comprar os equipamentos para que as cirurgias sejam realizadas no Tocantins. Nosso objetivo é melhorar a estrutura para o atendimento às crianças recém-nascidas em todos os hospitais regionais.