Ministra Kátia Abreu e governador Marcelo Miranda: separados por brigas políticas, reaproximados pelo desenvolvimento | Foto: Elizeu Oliveira/Secom
Ministra Kátia Abreu e governador Marcelo Miranda: separados por brigas políticas, reaproximados pelo desenvolvimento | Foto: Elizeu Oliveira/Secom

O comentário no meio político do Estado é que a solenidade de lançamento oficial do Matopiba e do Plano de Desenvolvimento Regional Susten­tável da Região, ocorrida em Palmas, na semana que passou, serviu como um forte motivo para a reaproximação política entre o governador Marcelo Miranda e a ministra da Agricultua, Kátia Abreu, ambos do PMDB.

“No momento em que o país passa por incertezas e cenários conservadores para o seu desenvolvimento, o Matopiba se propõe a debater e integrar um novo eixo econômico”, ressaltou o governador, para quem cabe a esta geração trabalhar por um futuro de desenvolvimento e transformar essa região na mais promissora e sólida fronteira agrícola do planeta.

“O Tocantins é protagonista desse novo tempo de prosperidade e se orgulha de fazer parte dessa estratégia de integração dos estados co-irmãos da Bahia, Piauí e Maranhão. O Matopiba é a porta para gerar competitividade com a utilização racional das nossas riquezas”, pontuou. “Estamos prontos e ávidos para colaborar, pois temos a convicção de que os caminhos da prosperidade passam pelas terras do Tocantins e de todo o Matopiba”, complementou.

Marcelo Miranda começou o seu pronunciamento destacando a união e os desafios para potencializar as riquezas do Estado. ”Os desafios nos unem; hoje é o reencontro de povos, espaços, paisagens, lugares e territórios com laços comuns e hábitos culturais que nos aproximam e identificam oportunidades para nossas riquezas”. Na oportunidade, o governador também comemorou o sucesso da Agrotins Brasil 2015 e agradeceu ao apoio da Ministra da Agricultura Kátia Abreu quanto ao evento realizado na semana passada.

No discurso da ministra, foram destacados os benefícios da criação do programa para os produtores do Estado. “Nós iremos articular políticas para levar oportunidades aos mais de 100 mil produtores que serão atendidos no Tocantins”, enfatizou.

Foram desenvolvidos três eixos estratégicos para o Matopiba: infraestrutura, inovação e tecnologia, além de desenvolver a classe média do campo.

Segundo Kátia Abreu, o governo federal pretende apoiar o crescimento sustentável dos produtores locais do Matopiba com investimento em tecnologia e assistência técnica.
“O governo está tendo a chance de acompanhar esse crescimento e promover verdadeiramente o desenvolvimento regional. No passado, produtores experientes ocuparam nossas áreas agrícolas, mas a população local ficou ao largo assistindo. Com o Matopiba, queremos reverter esse histórico”, afirmou Kátia Abreu.

Uma das medidas que deverá impulsionar os agricultores da região é a criação de uma agência de desenvolvimento voltada para tecnologia com forte investimento em capacitação, inovação, pesquisa, agricultura de precisão e assistência técnica. O formato da futura agência tem sido discutido entre o ministério e representantes dos estados, da iniciativa privada e de instituições de pesquisa e de ensino.

O Matopiba abrange 337 municípios e 31 microrregiões num total de 73 milhões de hectares, com 5,9 milhões de habitantes. O principal critério de delimitação territorial foi embasado nas áreas de cerrados existentes nos quatro estados. O segundo critério foram os dados socioeconômicos.

O Maranhão ocupa 32,77% de todo o território do Matopiba, com 23,9 milhões de hectares em 135 municípios. O Tocantins tem 37,95% da área, 27,7 milhões de hectares e 139 municípios. Já o Piauí representa 11,21%, tem 8,2 milhões de hectares e 33 municípios; e a Bahia ocupa 18,06% da área, com 13,2 milhões de hectares e 30 municípios. A proposta de delimitação foi feita pelo Grupo de Inteligência Territorial Estratégica (GITE), da Embrapa.

Agricultura

O território do Matopiba apresenta a expansão de uma fronteira agrícola baseada em tecnologias modernas de alta produtividade. Hoje, o principal grão destinado à exportação é a soja, mas outras culturas começam despontar na região como o algodão e o milho.
O clima favorável, o perfil dos produtores e a legalidade de novas áreas a serem abertas trazem boas perspectivas para a região. Assim, a totalidade dos quatro estados deverá apresentar aumento de 7,9% na produção de grãos na safra 2015/2016.

No caso da soja, por exemplo, os quatro estados aumentaram significadamente sua produção na safra de 2014/2015 em relação à de 2013/2014. Conforme dados da Companhia Nacional de Abaste­cimento (Conab), a Bahia teve crescimento de 20,3% (produção total de 3,979 milhões de toneladas), o Piauí, 18,6% (1,766 milhões de toneladas), o Maranhão, 16,4% (2,123 milhões de toneladas) e o Tocantins, 13,5% (2,335 milhões de toneladas).

Entre 1973 e 2011, a produção de soja passou de 670 mil toneladas para mais de 7 milhões. E a de grãos saltou de 2,5 milhões de toneladas para mais de 12,5 milhões no mesmo período. O total produzido de soja deverá saltar de 18.623 milhões de toneladas da safra 2013/2014 para 22.607 milhões de toneladas em 2023/2024, aumento de 21%.

População e economia

A população total do Matopiba é de 5,9 milhões, sendo que Imperatriz (MA) tem o maior contingente populacional, 566 mil pessoas. Os dados mostram rápido crescimento da população urbana, que em 2000 era de 69 mil pessoas – número que saltou para 124,3 mil dez anos depois.

Do total de 250.238 estabelecimentos rurais, 85% têm mais que 100 hectares e exploram principalmente lavouras temporárias e permanentes, hortícolas, bovinos, leite, porcos, aves e ovos.

Os dados coletados pela Embrapa mostram concentração de renda e pobreza na região. Do total de estabelecimentos, 80% são muito pobres (renda mensal de 0 a 2 salários mínimos) e geraram apenas 5,22% de toda a renda bruta do Matopiba. 14% são pobres e geraram 8,35 % da riqueza na região. 5,79% são classe média e responsáveis por 26,74% da renda. Somente 0,42% das propriedades são ricas (renda mensal de 200 salários mínimos) e geraram 59% da renda bruta da região.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Matopiba soma R$ 46,9 bilhões, sendo que o Maranhão responde por 41% desse total, seguido por Tocantins (36,7%), Bahia (18,47%) e Piauí (3,74%). O PIB per capita da região é de R$ 7,95 mil, abaixo da média do Nordeste (R$ 9,56 mil), do Norte (R$ 12,7 mil) e do país (R$ 19,77 mil).

Natureza

Há três biomas no Matopiba, mas o cerrado prevalece em 90,9% de toda a área. Em seguida está Amazônia (7,2%) e Caatinga (1,64%). Quatro regiões hidrográficas importantes estão localizadas ali, a Tocantins-Araguaia, o Parnaíba, o Atlântico Nordeste Ocidental e o São Francisco. Na área de óleo e gás, o Maranhão se destaca como o 8º maior produtor do país, com o campo de Gavião Real.

Quadro agrário

Segundo estudos do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica (GITE) da Embrapa, em toda a extensão do Matopiba há 19% áreas legalmente atribuídas, sendo 46 unidades de conservação, 35 terras indígenas, 745 assentamentos e 36 quilombolas.

A região, conhecida como a nova fronteira agrícola brasileira, abrange os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Na última quarta-feira, 06, a presidente Dilma Rousseff criou, por meio de decreto, o plano para alavancar o desenvolvimento dessa região. Dos 73 milhões de hectares, 38% estão no Tocantins. O Matobiba é responsável por 9,7% da produção de grãos prevista para o país na safra 2014/2015 e Estado é grande destaque na capacidade de expansão.

A produção de grãos, na região, é a mais marcante nos quatro Estados, e deve crescer 4,37% na safra 2015/2016, em comparação com a safra 2013/2014, saltando de 7,322 milhões de hectares para 7,642 milhões de hectares, conforme as estimativas da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab). O salto é de 18,107 milhões para 19,539 milhões de toneladas.