“Contexto da disputa no Tocantins ainda está muito aberto”

05 junho 2022 às 00h00

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Presidente do MDB mantém candidatura ao Senado, mas quer ouvir militância para definir o melhor projeto para o partido

O ex-governador Marcelo Miranda foi reconduzido à direção do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) do Tocantins para mais um mandato. Durante a convenção, o novo presidente declarou que a partir de agora o partido vai abrir o debate, buscando ouvir as lideranças, militantes e filiados sobre que caminhos o partido deve seguir nestas eleições. Miranda lembra que nada impede o partido de ter candidato próprio ao governo do Estado e que essa decisão cabe ao conjunto do partido toma-la.
Miranda revela que a deputada federal Dulce Miranda (MDB) foi convidada por Dimas para compor sua chapa como candidata a vice. Ele adianta, porém, que nenhuma decisão ainda foi tomada. “Tenho procurado ouvir a companheirada do interior e vejo que há uma incógnita, uma incerteza de para onde nós poderemos ir. Exemplo, o deputado Elenil (da Penha), por quem tenho grande respeito, está na base do governo; é possível que tenha também outros pré-candidatos que podem dizer que não tem como ir para o governo. Vamos continuar o diálogo e decidir na convenção”, explica.
O ex-governador revela que o pré-candidato a governador Ronaldo Dimas convidou a deputada federal Dulce Miranda (MDB) para compor chapa. “Houve um convite por parte do eminente ex-prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (PL), à deputada Dulce (Miranda). A deputada tem uma folha de serviços prestados, principalmente na área social que nos enche de orgulho, quando foi primeira dama. Hoje tem trabalho muito como deputada federal. Mas eu a vejo com potencial, com muita humildade, em ser pré-candidata à reeleição”, defende.
Marcelo Carvalho Miranda é goianiense, tem 61 anos, é agropecuarista e político. Foi eleito três vezes deputado estadual e três vezes governador, duas das quais teve o mandado cassado por prática de irregularidades na campanha eleitoral. Foi ainda eleito senador em 2010, mas não pode tomar posse em função da suspensão dos seus direitos políticos. Marcelo postura novamente candidatura ao Senado e garante que se eleito tomará posse.
“Eu vejo muita nebulosidade neste momento”
Como o sr. avalia essa nova empreitada de conduzir o MDB rumo às eleições?
Estamos vivendo um momento histórico, onde o MDB, de Ulisses Guimarães, que usava uma palavra muito importante: democracia, se prepara das eleições. Aqui estamos num momento de construção da democracia, momento onde o MDB se faz presente de forma calorosa. Companheiros que vieram de todos os rincões deste Estado para dar o seu voto, como delegado, como membros do diretório. E novos valores que chegam ao MDB. A responsabilidade aumenta. Temos vários prefeitos, mais de 100 vereadores, tem o deputado Elenil da Penha e a deputada federal Dulce Miranda. Quer dizer, temos um conjunto de companheiros que engrandece nosso partido. O ex-governador Moisés Avelino, e o mais importante disso tudo é que o MDB é um partido que cresce a partir dos seus próprios desafios. Pode ter algumas baixas, mas continua crescendo.
Quero dizer que não tem sido fácil substituir um baluarte do Derval de Paiva, os companheiros que tiveram oportunidade de dirigir o partido nos deram a oportunidade de poder discutir política partidária, na sua dimensão correta e apropriada que às vezes alguns não querem entender. O MDB hoje é um partido que precisa ser compreendido como um grande partido. Hoje estamos com mais de 100 diretórios e comissões provisórias no Estado. Nosso desejo hoje é promover o debate sobre a importância do partido. Dizer que o partido não tem candidato a governador, a senador, a vice-governador, tudo é dentro de um contexto que ainda há muito para se discutir. Eu vejo muita nebulosidade neste momento. Tenho certeza que até à convenção muita coisa pode acontecer. O MDB está atendo a tudo isso. O partido já sentou à mesa com alguns pré-candidatos, o partido quer fazer parte deste processo de construção do gestor do Estado.
O que o partido pretende fazer de imediato já que o calendário eleitoral segue?
O próximo passo é convidar os pré-candidatos a deputado para uma avaliação do que eles estão sentindo nessas suas andanças para que a gente possa chegar à convenção em igual condições de todos. O vejo que o MDB é um partido que a coerência prevalece. Não podemos nos dar ao luxo de dizer que somos os melhores, mas podemos dizer que queremos traçar a nossa própria trajetória. Agora, vence o melhor. Vejo que o MDB pode também alcançar grandes vitórias a partir do momento que todos entendam que se unirmos poderemos alcançar a vitória.
“O MDB mais uma vez mostrará a sua força”
Como o sr. avalia o peso do MDB eleições de 2022, um dos maiores partidos do Estado?
Eu tenho convicção que mais uma vez o MDB mostrará a sua força no Tocantins. Eu quero aproveitar para agradecer aos quatro eminentes deputados que deixaram a sigla (Valdemar Júnior, Jorge Frederico, Jair Farias e Nilton Aguiar) deixaram o partido, mas enquanto estiveram filiados deram a sua contribuição. Procuraram outras siglas partidárias, nós respeitamos a decisão. Hoje temos o Elenil da Penha, deputado estadual e Dulce (Miranda), deputada federal. Também agradecer o senador Eduardo Gomes que esteve em nosso partido, mas com a saída desses parlamentares nós tivemos a oportunidade de trazer novos companheiros para o partido.
O MDB em 2018 não teve candidato próprio ao governo e conseguiu eleger cinco deputados estaduais, na verdade reelegemos quatro e elegemos mais um. E quantos prefeitos não elegemos, vice-prefeitos, vereadores nós fizemos mais de 100 vereadores e vereadoras nas últimas eleições. Então nós temos um quadro que pode sim trazer grandes vitórias nos municípios. O momento é agora, neste momento o MDB está se preparando para discutir um projeto alternativo para o Tocantins.
Como fica o seu projeto político de pré-candidato a senador neste contexto de projeto alternativo para o Tocantins?
Eu estou com uma pré-candidatura ao Senado Federal, mas tenho tido para os companheiros, tudo a ser analisado. O contexto da disputa no Tocantins ainda está muito aberto, então não é demérito para ninguém descer um ou dois degraus e mérito para subir um ou dois degraus. De qualquer forma o MDB agora, após essa eleição – aproveito para agradecer todos os nossos companheiros que vieram do interior, que deram o seu voto de confiança numa chapa única, mais uma vez – apresentará à Assembleia, à Câmara Federal, dentro de um contexto em que se conclui porque não o Senado, porque não a vice-governadoria e a governadoria? O projeto pessoal do Marcelo é a partir de hoje buscar ouvir a companheirada para definir qual é o projeto que eu possa ajudar o MDB e consequentemente o Tocantins.
Como o sr. recebe os comentários de que se vencer as eleições para o Senado não toma posse?
Tenho o maior respeito pela Justiça brasileira. E não é diferente da Justiça do Tocantins, merece o nosso respeito. Não tem nada que me impede de ser candidato. Eu estou automaticamente elegível. Não colocaria meu nome na disputa, pela responsabilidade que nós temos, se não pudesse disputar. Fui governador por três vezes, fui deputado por três vezes, tive a oportunidade de me eleger senador, não tive êxito de assumir. Agora mesmo na eleição do partido, será se eu colocaria o meu nome se tivesse alguma restrição jurídica? Em política você tem adversários, inimigos nem tanto, isso é natural. O Marcelo não toma posse, o Marcelo não diploma. Das sete eleições que venci só não tomei posse na eleição de senador. Agora todos os mandatos que exerci eu transmitir o cargo ao sucessor. Eu tenho a minha consciência tranquila e serena que estou em condições de disputar um cargo eletivo.
O sr. tem dito que tem conversado com todos os candidatos, menos com o ocupante do Palácio Araguaia. O que o sr. tem conversado com os pré-candidatos da oposição?
Tem procurado ouvir a companheirada do interior e vejo que há uma incógnita, uma incerteza de para onde nós poderemos ir. Exemplo, o deputado Elenil (da Penha) por quem tenho grande respeito, está na base do governo; é possível que tenha também outros pré-candidatos que podem dizer que não tem como ir para o governo. Vamos continuar o diálogo e decidir na convenção. Temos prefeitos e é importante ouvir os gestores que precisam do Palácio Araguaia para encaminhamento de benefícios para os munícipes. Agora na hora da decisão, eu vejo que será uma decisão madura porque não temos mais idade pra errar.
O sr. confirma as especulações de bastidores que dão conta que a deputada Dulce Miranda poderá vir compor chapa com Ronaldo Dimas, como vice?
Houve um convite por parte do eminente ex-prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (PL), à deputada Dulce. A deputada tem uma folha de serviços prestados, principalmente na área social que nos enche de orgulho, quando foi primeira dama. Hoje tem trabalho muito como deputada federal. Mas eu a vejo com potencial, com muita humildade, em ser candidata à reeleição. Mas houve o convite sim por parte de Ronaldo Dimas para que ela pudesse compor chapa com ele. Ainda não tem nada definido. Acho que hoje a Dulce tem uma responsabilidade muito grande junto aos prefeitos, às lideranças e a população que confiaram na sua atuação. A decisão que ela tomar, porque eu sei separar a esposa da parlamentar, será uma decisão com amadurecimento.
Como o sr. analisa esta disputa. Todos os pré-candidatos colocados até aqui, disputam o cargo pela primeira vez. O que se pode esperar?
Os pré-candidatos que entram na disputa pela primeira vez são políticos experientes. Laurez, foi prefeito, foi deputado; Paulo (Mourão) foi deputado, foi prefeito; Ronaldo (Dimas) foi deputado, foi prefeito. Wanderlei, foi vereador, deputado, governador do Estado. Damaso é deputado. Então todos têm uma folha de serviços prestados ao Estado. Agora o que nós precisamos é fazer os nossos pré-candidatos entenderem que precisam aproximar da população. Vejo o processo com muita cautela, para não errarmos. A população tocantinense espera do novo governante é que seja um gestor. Entendo que o que estamos precisando realmente é de uma gestão moderna, atualizada e que venha ao encontro dos interesses da sociedade.
Como o sr. avalia o desempenho do governador Wanderlei Barbosa à frente do Palácio Araguaia?
Eu seria injusto comigo mesmo se não reconhecesse o trabalho do governador atual. Porque estamos vivenciando um momento transitório em que coube a ele assumir o governo, num momento delicado, num momento de incertezas, onde nós tivemos um governador que renunciou ao mandato. Acho que uma renúncia pesa muito. Quem assume um compromisso com a sociedade tem que lutar até o final. Até suas últimas forças. Aí de repente vem uma renúncia. Isso traduziu o quê? O sentimento de um cidadão como o Wanderlei de saber da sua responsabilidade naquele momento. Porque a renúncia pesa e a sociedade vai cobrar muito dele. Eu vejo que ele tem andado por todos os lados, tem procurado fazer a sua parte, mas, vai chegar num momento onde ele como governador e pré-candidato ao governo a partir da convenção aí a história é outra. Todos os pré-candidatos estarão igualados. Essa eleição tem que ter debate de alto nível porque a população não aguenta mais baixaria. Esse negócio de ficar relembrando o passado, vamos relembrar de um passado que você deixou a sua marca. Já não dá mais para ficar agredindo os políticos de outrora. O momento agora é de ação, de projetos, é de metas a serem alcançadas.
É preciso ficar bem claro que pode surgir outros candidatos daqui pra frente. O tempo está contra o Estado de eleger um governador que realmente precisa entender da importância do ser humano. Me preocupa muito, vivemos um momento da desumanização. Precisamos implementar políticas públicas que venham ao encontro da nossa gente. Não podemos suportar mais essa segurança pública da forma que está. Hoje lamentavelmente a criminalidade está tomando conta do país. Não queremos isso pra ninguém. O Estado do Tocantins é tão jovem, não podemos deixar que isso aconteça. Por isso torço muito para que os futuros governantes possam entender da importância da proteção à criança, ao jovem, ao adolescente e dos mais velhos, que precisam ser olhados de forma diferente.
Como o sr. avalia as possibilidades da senadora Simone Tebet vingar como candidata à presidência da República?
Eu entendo que, se nós temos um candidato a presidência da República, eu continuo seguindo a orientação partidária. Eu me lembro bem quando Henrique Meireles foi nosso candidato a presidente, tive a oportunidade de votar nele no primeiro turno. E não será diferente com a candidatura da eminente senadora Simone Tebet, vamos continuar trabalhando, respeitando todos aqueles que têm opinião diferente – presidente Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes e demais candidatos –, mas eu sigo o projeto de Simone Tebet.