Carlos Amastha perdeu o “BRT” da História depois que conquistou o poder
24 outubro 2015 às 12h57
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Medidas impopulares, intransigências, apadrinhamentos, autoritarismo e até descaso com as leis acabaram por se transformar em catastróficas as marcas da gestão do prefeito de Palmas
Dock Junior
O prefeito Carlos Enrique Franco Amastha, hoje no PSB, foi eleito pelo PP para administrar a capital tocantinense no auge das revoltas e manifestações populares de 2012. Sua eleição, com 49,65% dos votos, foi um recado claro da população ao sistema vigente: estamos fartos do “mais do mesmo”! O eleitor rejeitou os candidatos que estavam, de alguma forma, ligados a grandes líderes tocantinenses — o então deputado Marcelo Lelis a Siqueira Campos e a deputada Luana Ribeiro a Raul Filho ou Marcelo Miranda. O povo queria o “novo”, queria a “mudança”. Queria aquele que nunca houvera sido testado. E grande parte da população palmense entrou na onda do voto de protesto.
Amastha agiu com maestria e não retrucou as acusações que lhe foram impingidas. Ao contrário, deu a outra face à tapa, ignorou solenemente as denúncias vindas do Judiciário catarinense e partiu para um populismo velado, arregimentando seus votos da periferia para o centro, enquanto seus adversários, erroneamente, agiam de forma contrária. Seus efusivos discursos acabaram por conquistar as classes C e D, e quando estes absorveram definitivamente a ideia, o quadro político se tornou irreversível. A classe B veio, nas últimas semanas, de troco.
Dessa forma, o empresário imigrante chegou ao poder praticamente sem compromissos políticos. Não estava vinculado a grandes caciques da política: havia ascendido ao cargo de prefeito “pela força do povo”. Sem entraves oriundos de barganhas, negociatas ou “forças ocultas” – inerentes ao atual sistema político brasileiro – o estrangeiro tinha nas mãos possibilidades infinitas de fazer tudo diferente. Era para ser um governo brilhante, que entraria para a história. Seu único comprometimento, pelo menos o que se viu dentro de pouco tempo, pelo menos a princípio, era com a plebe.
Mas o que se viu, dentro de pouco tempo, foi o neófito político cair nas mesmas armadilhas de seus antecessores. Medidas impopulares, intransigências, apadrinhamentos, coligações com os ferrenhos inimigos de outrora, autoritarismo, além do descaso com as leis, com os compromissos de campanha, com o funcionalismo público efetivo e comissionado e, por fim, até mesmo com parlamentares municipais, acabaram por se transformar em catastróficas marcas de sua gestão. Já se vislumbra, inclusive no parlamento municipal, a propulsão de faíscas do “fogo amigo”.
Greve
O episódio da greve dos professores, com atitudes pouco democráticas e pressões psicológicas contra os docentes, foi apenas o último dos cartões de visita. Essa falta de vontade em sentar-se à mesa de negociações com os representantes dos trabalhadores, requerendo inclusive a prisão do presidente do sindicato da categoria quando a decisão do Tribunal de Justiça nem sequer havia transitado em julgado, mostrou-se lamentável e, por que não dizer, decepcionante.
Nestas circunstâncias, antes mesmo das análises acerca dos eventuais adversários que o prefeito Carlos Amastha deve enfrentar, a reflexão sobre as eleições municipais de 2016 recai, primordialmente, sobre o maior inimigo do chefe do Executivo municipal: ele mesmo!