No caso do prefeito, interesse na movimentação estende-se a 2018, quando poderá disputar o Senado

Carlos Amastha: pulando de partido para facilitar reeleição | portaldotocantins.com
Carlos Amastha: pulando de partido para facilitar reeleição | portaldotocantins.com

Gilson Cavalcante

Apesar da habilidade para fazer o seu próprio marketing pessoal, o prefeito de Palmas, Carlos Amas­tha, que trocou o PP pelo PSB recentemente, não está numa posição confortável para enfrentar a reeleição. Orientado pelos seus marqueteiros políticos, o prefeito não usa de meias palavras quando ataca seus adversários com vocabulário pesado e, às vezes, ofensivo, expediente que não agrega para quem necessita de uma ampla aliança para ver o seu projeto político para 2016 ter sucesso. É que Amastha também tem em vista 2018, quando pode lutar por uma das duas vagas para o Senado.

Utilizando-se das redes sociais para ganhar mais visibilidade, o prefeito não tem papas na língua, atira para tudo quanto é lado ao mesmo tempo em que tenta arrebanhar mais legendas para o seu projeto político. Antecipa processo sucessório intempestivamente, o que pode lhe enfraquecer na composição de uma aliança até as vésperas das convenções do próximo ano.

Carlos Gaguim: minando as bases de Amastha | Fernando Leite/Jornal Opção
Carlos Gaguim: minando as bases de Amastha | Fernando Leite/Jornal Opção

O deputado federal e ex-governador Carlos Gaguim (PMDB) sempre sonhou ser prefeito de Palmas e acha que o momento é propício para minar as bases do prefeito Amastha. Disse recentemente a um site da capital que a prefeitura pratica cobranças injustas de impostos, o que fez com que, segundo ele, a cidade ficasse “muito cara”.

As críticas de Gaguim abriram um entrevero político com vereador Folha Filho (PTN), líder do prefeito na Câmara Municipal.

O líder do prefeito disse que Gaguim estaria defendendo “interesses próprios” ao sustentar que o ex-governador é dono e tem ações em cinco empresas, das quais quatro são incorporadoras imobiliárias da capital. “Ele (Gaguim) lucrou muito especulando com o preço dos imóveis e agora não quer pagar os tributos”, atacou Folha.

No bate-boca pelas redes sociais, o peemedebista foi curto e grosso: “O próprio nome dele (líder do prefeito) já diz como ele é Folha, um vira-folha. Quem não se lembra que ele começou com a Luana (disputa pela Prefeitura de Palmas em 2012) e antes de a campanha terminar já estava por baixo dos panos apoiando o Carlos Amastha?”, questionou Gaguim, acrescentando que Folha precisa cuidar é do PTN: “Que ele tomou da Cinthia Ri­beiro, porque se não cuidar pode acabar ficando sem legenda”.

Raul Filho: “Tempos da truculência voltaram?” | Fernando Leite/Jornal Opção
Raul Filho: “Tempos da truculência voltaram?” | Fernando Leite/Jornal Opção

Na avaliação do ex-prefeito Raul Filho, ainda sem partido, a administração de Amastha é “incipiente; muito barulho e pouco resultado”. E questiona: Qual obra foi iniciada e executada nessa gestão? O relógio de flores nunca funcionou e o lugar foi um equívoco terrível para o trânsito. Qualquer leigo pode atestar isso. Aumentar os impostos? Implantar um estacionamento rotativo cujas diretrizes nunca ficaram claras para a população? Transferir a sede da prefeitura para um prédio alugado no centro comercial, inchando ainda mais um trânsito já estrangulado na região”.

Raul Filho, que pretende disputar a Prefeitura de Palmas em 2016, disse que nos seus dois mandatos inaugurou o fim de uma era de truculências e negação da democracia: “Ao que parece esses tempos voltaram”, resumiu o ex-prefeito.

Irônico, mas reconhecendo o trabalho do prefeito de Palmas, o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (PTB) defende o raciocínio de que, se Amastha for reeleito prefeito em 2016, ficará pouco mais de um ano à frente da prefeitura da capital, caso Amastha tenha mesmo interesse em disputar umas das duas vagas ao Senado e 2018.

“Se houver a intenção dele (Amastha) de candidatar-se em 2018, a população estará votando em 2016 em um candidato-gestor para um ano três meses, sendo que dois anos e nove meses serão do vice-prefeito”, fez as contas Eduardo, a um blog, na semana que passou.
No entanto, Eduardo Siqueira elogiou a gestão do prefeito Amastha, mas fez a seguinte ponderação: “As transformações feitas pelo prefeito, já afirmei, são motivo da nossa estima, o que não significa que não discutamos o que representará o vice nesse tabuleiro”.

Ricardo Ayres repercute filiação de Carlos Amastha

“Com o prefeito Carlos A­mastha, o partido (PSB) ganha uma dimensão maior ainda no Estado”, argumentou o deputado estadual Ricardo Ayres, em discurso da tribuna da Assembleia, no dia 19. Destacou que na gestão do prefeito de Palmas até 2% da receita corrente líquida vai ser distribuída entre os servidores na forma de bonificação para premiar a meritocracia, “elevando também a qualidade dos serviços públicos”.

O parlamentar também deixou claro que quando se discutiu a filiação do prefeito Carlos Amastha, em nenhum momento se discutiu composição ou indicação política para o preenchimento de cargos dentro da administração. “Aliás, a filiação dele se deu como uma consequência natural dos espaços que a gente já vinha ocupando pela competência dos currículos como do professor Alan e do professor Danilo”, avaliou.

Assegurou que o seu partido, que agora tem sob a sua responsabilidade a capital do Estado, certamente vai realizar um grande trabalho de fortalecimento nas eleições municipais, “mesmo porque é importante refletir que com a fusão do PSB com o PPS, nós vamos ter um partido ainda maior, do tamanho do nosso Brasil e das esperanças que o povo do Tocantins tem e vem depositando numa nova política que nós precisamos estabelecer”.

Amastha no PSB não é projeto de poder, diz Néris

O vereador Milton Néris (PR), aliado de Amastha, afirma que o retorno do prefeito ao PSB representa o fortalecimento do projeto de desenvolvimento de Palmas e Tocantins liderado pelo chefe do Executivo da cidade. “Amastha iniciou na capital um projeto de desenvolvimento, com investimento nas áreas vitais como saúde, educação, juventude e infraestrutura. Porém, deu início a um o projeto de crescimento de Palmas, com melhorias em transporte urbano e foco na mobilidade urbana”, disse.

Néris afirmou que seguirá acompanhando a gestão municipal como aliado e colaborador. “Como vereador da oposição temos a oportunidade de participar auxiliando naquilo que está bom, dá certo e mais: tendo diálogo para rediscutir alguns pontos que precisam ser melhorados. Temos liberdade para isso”, afirmou.

Deputado Eduardo Siqueira reclama que não foi ouvido em sindicância sobre Igeprev
Instituto teve milhões de prejuízo por causa de maus investimentos
Instituto teve milhões de prejuízo por causa de maus investimentos| Fernando Leite/Jornal Opção

O deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (PTB) disse que vai questionar o relatório da sindicância do Instituto de Gestão Previdenciária do Estado (Igeprev) que o aponta como um dos responsáveis pelas irregularidades nas aplicações financeiras do fundo. O parlamentar foi presidente do Conselho de Administração do Instituto e argumenta que não foi ouvido sobre o contencioso.

A divulgação de uma sindicância no Igeprev durante o período de 2011 a 2014, realizada pela atual gestão do governo do Estado e citando Eduardo Siqueira, foi o motivo que o levou a questionar o documento.

Deputado Eduardo Siqueira Campos: “Não fui ouvido e não vou ficar omisso” | Fernando Leite
Deputado Eduardo Siqueira Campos: “Não fui ouvido e não vou ficar omisso”

Segundo o parlamentar, jamais fará “cara de paisagem” quando sua honra for atacada por quem quer seja. Eduardo alegou que foi citado em uma sindicância e teve supostas atitudes questionadas pelos membros do atual governo, sem nunca ter sido ouvido.

Disse que a divulgação do resultado da sindicância na segunda-feira, 18, lhe causou surpresa: “Não fui ouvido, nunca recebi um ofício, nada”, afirmou. “Talvez a sindicância não seja o local para se apontar o contraditório, mas logo no início a sindicância alega que se utiliza da prova indireta, por meio do raciocínio lógico-dedutivo”, argumentou.

Eduardo Siqueira reafirmou que nunca foi consultado sobre qualquer aplicação do Igeprev e rechaçou a afirmação de omissão na presidência do Conselho de Administração. “O Conselho sempre teve um presidente comandando as reuniões na forma como determina o estatuto do Igeprev”, destacou. “Vou acompanhar, vou responder sempre que for citado e não vou pecar pela omissão.”

Dilma: exemplo de irresponsabilidade sem penalização à frente de um conselho | Givaldo Barbosa/Agência O Globo
Dilma: exemplo de irresponsabilidade sem penalização à frente de um conselho | Givaldo Barbosa/Agência O Globo

O deputado também citou o fato de a presidente Dilma Rousseff, enquanto presidente do conselho de Administração da Petrobrás, ter dirigido a reunião que definiu a compra da refinaria de Pasadena, e ainda ter assinado a ata e homologado a decisão do conselho, e mesmo assim, foi eximida de qualquer culpa pelo Tribunal de Contas da União, por este entender que a decisão do negócio foi um ato de gestão da presidência da empresa.

Eduardo Siqueira utilizou este fato para comparar a atuação do conselho do Igeprev com as decisões da gestão do órgão sobre as aplicações de seus recursos. Ainda assim, o parlamentar petebista deixou claro que as atas do conselho comprovam que o órgão jamais foi consultado sobre as aplicações.

Credibilidade

Eduardo também questionou a credibilidade da atual gestão à frente do Igeprev, cujos membros possuem condenação e bloqueio de bens. O parlamentar também destacou que a sindicância omitiu informações acerca de aplicações que já tiveram condenações referentes às gestões anteriores do governador Marcelo Miranda.

Indenizações para implantar BRT são questionadas
Vereador Joaquim Maia: “Têm  de fazer uma avaliação justa” | Divulgação
Vereador Joaquim Maia: “Têm
de fazer uma avaliação justa” | Divulgação

O vereador Joaquim Maia (PV) retomou a discussão quanto aos valores das indenizações pagas para possibilitar a implantação do sistema de transportes BRT. O parlamentar reclama o pagamento de um valor justo às famílias impactadas.

“No Aureny III o que se vê é uma situação de insegurança da população, de sonhos perdidos”, disse, avaliando que os imóveis estão sendo avaliados por baixo. Maia citou casos em que a prefeitura está oferecendo de 35 mil a 36 mil reais, sendo que o valor de mercado de um imóvel semelhante é de R$ 80 mil.

“Nenhum daqueles moradores terá condições de ter um imóvel semelhante ao que eles têm hoje”, calculou, cobrando uma avaliação isenta dos imóveis.