Amastha, Gaguim e Raul Filho antecipam briga pela prefeitura
23 maio 2015 às 21h26
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No caso do prefeito, interesse na movimentação estende-se a 2018, quando poderá disputar o Senado
Gilson Cavalcante
Apesar da habilidade para fazer o seu próprio marketing pessoal, o prefeito de Palmas, Carlos Amastha, que trocou o PP pelo PSB recentemente, não está numa posição confortável para enfrentar a reeleição. Orientado pelos seus marqueteiros políticos, o prefeito não usa de meias palavras quando ataca seus adversários com vocabulário pesado e, às vezes, ofensivo, expediente que não agrega para quem necessita de uma ampla aliança para ver o seu projeto político para 2016 ter sucesso. É que Amastha também tem em vista 2018, quando pode lutar por uma das duas vagas para o Senado.
Utilizando-se das redes sociais para ganhar mais visibilidade, o prefeito não tem papas na língua, atira para tudo quanto é lado ao mesmo tempo em que tenta arrebanhar mais legendas para o seu projeto político. Antecipa processo sucessório intempestivamente, o que pode lhe enfraquecer na composição de uma aliança até as vésperas das convenções do próximo ano.
O deputado federal e ex-governador Carlos Gaguim (PMDB) sempre sonhou ser prefeito de Palmas e acha que o momento é propício para minar as bases do prefeito Amastha. Disse recentemente a um site da capital que a prefeitura pratica cobranças injustas de impostos, o que fez com que, segundo ele, a cidade ficasse “muito cara”.
As críticas de Gaguim abriram um entrevero político com vereador Folha Filho (PTN), líder do prefeito na Câmara Municipal.
O líder do prefeito disse que Gaguim estaria defendendo “interesses próprios” ao sustentar que o ex-governador é dono e tem ações em cinco empresas, das quais quatro são incorporadoras imobiliárias da capital. “Ele (Gaguim) lucrou muito especulando com o preço dos imóveis e agora não quer pagar os tributos”, atacou Folha.
No bate-boca pelas redes sociais, o peemedebista foi curto e grosso: “O próprio nome dele (líder do prefeito) já diz como ele é Folha, um vira-folha. Quem não se lembra que ele começou com a Luana (disputa pela Prefeitura de Palmas em 2012) e antes de a campanha terminar já estava por baixo dos panos apoiando o Carlos Amastha?”, questionou Gaguim, acrescentando que Folha precisa cuidar é do PTN: “Que ele tomou da Cinthia Ribeiro, porque se não cuidar pode acabar ficando sem legenda”.
Na avaliação do ex-prefeito Raul Filho, ainda sem partido, a administração de Amastha é “incipiente; muito barulho e pouco resultado”. E questiona: Qual obra foi iniciada e executada nessa gestão? O relógio de flores nunca funcionou e o lugar foi um equívoco terrível para o trânsito. Qualquer leigo pode atestar isso. Aumentar os impostos? Implantar um estacionamento rotativo cujas diretrizes nunca ficaram claras para a população? Transferir a sede da prefeitura para um prédio alugado no centro comercial, inchando ainda mais um trânsito já estrangulado na região”.
Raul Filho, que pretende disputar a Prefeitura de Palmas em 2016, disse que nos seus dois mandatos inaugurou o fim de uma era de truculências e negação da democracia: “Ao que parece esses tempos voltaram”, resumiu o ex-prefeito.
Irônico, mas reconhecendo o trabalho do prefeito de Palmas, o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (PTB) defende o raciocínio de que, se Amastha for reeleito prefeito em 2016, ficará pouco mais de um ano à frente da prefeitura da capital, caso Amastha tenha mesmo interesse em disputar umas das duas vagas ao Senado e 2018.
“Se houver a intenção dele (Amastha) de candidatar-se em 2018, a população estará votando em 2016 em um candidato-gestor para um ano três meses, sendo que dois anos e nove meses serão do vice-prefeito”, fez as contas Eduardo, a um blog, na semana que passou.
No entanto, Eduardo Siqueira elogiou a gestão do prefeito Amastha, mas fez a seguinte ponderação: “As transformações feitas pelo prefeito, já afirmei, são motivo da nossa estima, o que não significa que não discutamos o que representará o vice nesse tabuleiro”.
Ricardo Ayres repercute filiação de Carlos Amastha
“Com o prefeito Carlos Amastha, o partido (PSB) ganha uma dimensão maior ainda no Estado”, argumentou o deputado estadual Ricardo Ayres, em discurso da tribuna da Assembleia, no dia 19. Destacou que na gestão do prefeito de Palmas até 2% da receita corrente líquida vai ser distribuída entre os servidores na forma de bonificação para premiar a meritocracia, “elevando também a qualidade dos serviços públicos”.
O parlamentar também deixou claro que quando se discutiu a filiação do prefeito Carlos Amastha, em nenhum momento se discutiu composição ou indicação política para o preenchimento de cargos dentro da administração. “Aliás, a filiação dele se deu como uma consequência natural dos espaços que a gente já vinha ocupando pela competência dos currículos como do professor Alan e do professor Danilo”, avaliou.
Assegurou que o seu partido, que agora tem sob a sua responsabilidade a capital do Estado, certamente vai realizar um grande trabalho de fortalecimento nas eleições municipais, “mesmo porque é importante refletir que com a fusão do PSB com o PPS, nós vamos ter um partido ainda maior, do tamanho do nosso Brasil e das esperanças que o povo do Tocantins tem e vem depositando numa nova política que nós precisamos estabelecer”.
Amastha no PSB não é projeto de poder, diz Néris
O vereador Milton Néris (PR), aliado de Amastha, afirma que o retorno do prefeito ao PSB representa o fortalecimento do projeto de desenvolvimento de Palmas e Tocantins liderado pelo chefe do Executivo da cidade. “Amastha iniciou na capital um projeto de desenvolvimento, com investimento nas áreas vitais como saúde, educação, juventude e infraestrutura. Porém, deu início a um o projeto de crescimento de Palmas, com melhorias em transporte urbano e foco na mobilidade urbana”, disse.
Néris afirmou que seguirá acompanhando a gestão municipal como aliado e colaborador. “Como vereador da oposição temos a oportunidade de participar auxiliando naquilo que está bom, dá certo e mais: tendo diálogo para rediscutir alguns pontos que precisam ser melhorados. Temos liberdade para isso”, afirmou.
Deputado Eduardo Siqueira reclama que não foi ouvido em sindicância sobre Igeprev
O deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (PTB) disse que vai questionar o relatório da sindicância do Instituto de Gestão Previdenciária do Estado (Igeprev) que o aponta como um dos responsáveis pelas irregularidades nas aplicações financeiras do fundo. O parlamentar foi presidente do Conselho de Administração do Instituto e argumenta que não foi ouvido sobre o contencioso.
A divulgação de uma sindicância no Igeprev durante o período de 2011 a 2014, realizada pela atual gestão do governo do Estado e citando Eduardo Siqueira, foi o motivo que o levou a questionar o documento.
Segundo o parlamentar, jamais fará “cara de paisagem” quando sua honra for atacada por quem quer seja. Eduardo alegou que foi citado em uma sindicância e teve supostas atitudes questionadas pelos membros do atual governo, sem nunca ter sido ouvido.
Disse que a divulgação do resultado da sindicância na segunda-feira, 18, lhe causou surpresa: “Não fui ouvido, nunca recebi um ofício, nada”, afirmou. “Talvez a sindicância não seja o local para se apontar o contraditório, mas logo no início a sindicância alega que se utiliza da prova indireta, por meio do raciocínio lógico-dedutivo”, argumentou.
Eduardo Siqueira reafirmou que nunca foi consultado sobre qualquer aplicação do Igeprev e rechaçou a afirmação de omissão na presidência do Conselho de Administração. “O Conselho sempre teve um presidente comandando as reuniões na forma como determina o estatuto do Igeprev”, destacou. “Vou acompanhar, vou responder sempre que for citado e não vou pecar pela omissão.”
O deputado também citou o fato de a presidente Dilma Rousseff, enquanto presidente do conselho de Administração da Petrobrás, ter dirigido a reunião que definiu a compra da refinaria de Pasadena, e ainda ter assinado a ata e homologado a decisão do conselho, e mesmo assim, foi eximida de qualquer culpa pelo Tribunal de Contas da União, por este entender que a decisão do negócio foi um ato de gestão da presidência da empresa.
Eduardo Siqueira utilizou este fato para comparar a atuação do conselho do Igeprev com as decisões da gestão do órgão sobre as aplicações de seus recursos. Ainda assim, o parlamentar petebista deixou claro que as atas do conselho comprovam que o órgão jamais foi consultado sobre as aplicações.
Credibilidade
Eduardo também questionou a credibilidade da atual gestão à frente do Igeprev, cujos membros possuem condenação e bloqueio de bens. O parlamentar também destacou que a sindicância omitiu informações acerca de aplicações que já tiveram condenações referentes às gestões anteriores do governador Marcelo Miranda.
Indenizações para implantar BRT são questionadas
O vereador Joaquim Maia (PV) retomou a discussão quanto aos valores das indenizações pagas para possibilitar a implantação do sistema de transportes BRT. O parlamentar reclama o pagamento de um valor justo às famílias impactadas.
“No Aureny III o que se vê é uma situação de insegurança da população, de sonhos perdidos”, disse, avaliando que os imóveis estão sendo avaliados por baixo. Maia citou casos em que a prefeitura está oferecendo de 35 mil a 36 mil reais, sendo que o valor de mercado de um imóvel semelhante é de R$ 80 mil.
“Nenhum daqueles moradores terá condições de ter um imóvel semelhante ao que eles têm hoje”, calculou, cobrando uma avaliação isenta dos imóveis.