Tocantins

Deputado de oposição prevê que a eleição indireta como vem sendo conduzida pode levar a desdobramentos imprevisível para o governo, como a cassação do mandato de quem for eleito

Ex-governador Marcelo Miranda garante que os pré-candidatos de oposição estão unidos em torno de um objetivo comum: vencer o siqueirismo. Há quem negue

Com dois terços da Assembleia Legislativa, o governo tem larga vantagem, mas não tem a vitória garantida na eleição indireta em que os 24 eleitores são também os potenciais candidatos

[caption id="attachment_1949" align="alignleft" width="620"] Foto: Diretoria de Comunicação[/caption]
O deputado Eduardo do Dertins, do PPS (foto), tem grandes possibilidades de ser indicado candidato a vice-governador na chapa de Sandoval Cardoso. Não que seja um bom nome para somar votos, mas porque atende aos interesses do governo de comprometer mais um partido de oposição. A indicação de Dertins pode ainda anular a pré-candidatura do procurador da República Mário Lúcio Avelar, um velho adversário do siqueirismo que deve dispor de artilharia pesada para usar nesta disputa.
Quem torce pela eleição de Dertins é o suplente de deputado Elenil da Penha (PMDB), que em caso de vitória do adversário pode ganhar a oportunidade de exercer oito meses de mandato. Com a oportunidade Elenil ganharia ainda mais força para garantir presença na lista dos novos deputados que vão compor a próxima legislatura.
Do limão a limonada. O ex-governador Marcelo Miranda não podendo combater a propaganda governista que espalha a informação de que ele não será candidato porque está inelegível, resolveu usar a própria campanha como exemplo de que se é temido pelo governo é porque tem condições de disputar as eleições. “Se não posso ser candidato, porque a minha candidatura os preocupa tanto?”, questiona o peemedebista, afirmando que a campanha do governo está ajudando a esclarecer melhor este assunto da elegibilidade.
O ex-governador Marcelo Miranda garantiu em pronunciamento durante seminário realizado pelo PSD em Palmas no final de semana, e que contou com a presença do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, que os candidatos de oposição estão unidos em torno de um projeto de mudança para o Tocantins. Marcelo inclui nesta lista o deputado Marcelo Lelis (PV), o empresário Roberto Pires (PP), o ex-prefeito Paulo Mourão (PT) e o senador Ataídes Oliveira (Pros), além dele próprio.
O deputado Freire Júnior observa que a insegurança jurídica que era privilégio da oposição agora atingiu também o governo. O deputado aponta que a candidatura do governador interino Sandoval Cardoso (SDD) à eleição indireta coloca o governo em situação desconfortável. “Se for candidato Sandoval corre o risco de ter sua eleição contestada, perder o mandato e ficar inelegível”, comenta o parlamentar, informando que a oposição está se preparando para questionar na justiça a candidatura governista.
A tese de que a senadora Kátia Abreu (PMDB), ao indicar o aliado João Oliveira para compor a chapa majoritária de Siqueira Campos em 2010, o fez pensando em “amarrar” o governo, é no mínimo estapafúrdia, para não dizer criativa demais. O que a senadora teria a ganhar com esta estratégia? Na semana passada Kátia revelou que acordo fez para apoiar o ex-governador. “Se o senhor fizer um bom governo eu é que vou apoiar a sua reeleição, e se o senhor não fizer um bom governo eu que não quero o seu apoio”, disse a senadora em resposta à oferta de apoio de Siqueira Campos a sua candidatura a governadora em 2014, que recusou prontamente. A senadora conta que recusou fazer compromisso de apoio com Siqueira porque queria apenas o melhor para o Tocantins. Como não viu resultado foi obrigada a romper.
Não pense que será fácil construir algum entendimento num cenário de incertezas, em que o governo já deu demonstração de que é capaz de tudo e a oposição de que não é capaz de resolver suas pendências internas. E não consegue por quê? Porque o governo tem sido eficiente em plantar obstáculos no caminho dos adversários. A desenvoltura do deputado Júnior Coimbra (PMDB) no combate ao prestígio político do ex-governador Marcelo.
O deputado Irajá Abreu (PSD) não teme interferência do prefeito de Palmas, Carlos Amastha, na construção de união das oposições. O deputado aponta que quem é o pré-candidato do PP é o empresário Roberto Pires e quem dirige o partido é o deputado Lázaro Botelho, que são favoráveis ao entendimento neste esforço. Conclusão: a posição
Dos dez pré-candidatos na eleição indireta, anunciados até agora, apenas cinco resistem ao critério de ano de filiação partidária como recomenda a legislação eleitoral. Os deputados José Augusto Pugliesi (PMDB), Marcelo Lelis (PV) e Irajá Abreu (PSD), o servidor público Nuir Júnior (PMN) e o ex-prefeito de Porto Nacional Paulo Mourão (PT). Estariam fora da disputa o governador interino Sandoval Cardoso (SDD) e ex-secretário de Relações Institucionais Eduardo Siqueira Campos (PTB), o senador Ataídes Oliveira (Pros) e o deputado Sargento Aragão.

Após a renúncia o ex-governador Siqueira Campos (PSDB), que já vinha mantendo agenda de poucos compromissos, desapareceu. Ele ainda está “dando as cartas”, mas de casa para não parecer que continua mandando no governo. Apareceu em público pela última vez um dia após a renúncia, no dia 5, em Ipueiras, para prestigiar a inauguração de obras. Como declarou que ainda pretende servir ao Estado, não vai demorar a voltar às visitas ao interior para pedir voto, ainda que não seja candidato a carga algum.
O presidente do PSD nacional, Gilbeto Kassab, avalia que o partido que começou a ser criado em 2011 teve um bom desempenho nas eleições municipais, mas agora nestas eleições é que será submetido ao teste definitivo. Ele avalia que as eleições para presidente da República, para governadores e para deputados e senadores será a oportunidade de avaliar se o partido vai passar no teste. Se tiver o mesmo desempenho que teve nos municípios estará aprovado e com futuro garantido, caso contrário estará com o futuro comprometido.
O presidente nacional do PL, ex-deputado por Goiás Cleovan Siqueira, acompanhou a visita do presidente do PSD ao Tocantins. Cleovan aproveitou para abraçar lideranças com a quais teve convivência em Goiás e hoje atuam no Tocantins, como o ex-governador Marcelo Miranda. O líder do PL diz que o partido tem alinhamento em nível nacional com o PSD.