Com dois terços da Assembleia Legislativa, o governo tem larga vantagem, mas não tem a vitória garantida na eleição indireta em que os 24 eleitores são também os potenciais candidatos

Governador interino Sandoval Cardoso (à esquerda): favorito natural. Deputado Marcelo Lelis: ele poderá convencer governistas? | Foto: Diretoria de Comunicação
Governador interino Sandoval Cardoso (à esquerda): favorito natural. Deputado Marcelo Lelis: ele poderá convencer governistas? | Foto: Diretoria de Comunicação

Ruy Bucar

No dia 4 de maio a As­sembleia Le­gislativa escolhe o novo governador, em eleição indireta. Os 24 deputados que integram o Parlamento são ao mesmo tempo os eleitores e os candidatos com maior chance eleitoral. Será a segunda vez que a Assembleia Legislativa escolhe um governador por eleição indireta. Em outubro de 2009, o então presidente da Assembleia Legislativa, Carlos Henrique Gaguim (PMDB), foi eleito governador para um mandato tampão de um ano e dois meses, sucedendo o ex-governador Marcelo Miranda, que teve o mandato cassado por abuso de poder político e econômico durante as eleições de 2006.

Depois da profusão de candidatos que se verificou no início do processo da eleição indireta, com dez nomes lançados — os deputados José Augusto Pugliesi (PMDB), Marcelo Lelis (PV) e Sargento Aragão (Pros), senador Ataídes Oliveira (Pros), deputado federal Irajá Abreu (PSD), servidor público Nuir Júnior (PMN), ex-prefeito de Porto Nacional Paulo Mourão (PT), o empresário Benedito Faria, Dito do Posto (PMDB), o governador interino Sandoval Cardoso (SDD) e ex-secretário de Relações Institucionais Eduardo Siqueira Campos (PTB) — o momento agora é de afunilamento do processo. Apenas dois ou três nomes devem parmanecer.

Como em 2009 o mais provável é que um deputado seja eleito governador. A prevalecer este entendimento, dois nomes têm grande chance de polarizar a disputa. O presidente da Assembleia Legislativa e governador interino Sandoval Cardoso e o deputado Marcelo Lelis, pré-candidato ao governo na eleição de 5 de outubro. A 20 dias da escolha indireta eles são os mais cotados para se confrontarem na disputa.

Cardoso, que exerce a função de governador interino, é o nome da base do governo. O problema é que segundo a legislação eleitoral ele é considerado inelegível, mudou de partido em setembro de 2013, era do PSD e passou para o SDD, seguindo orientação do secretário de Relações Institucionais Eduardo Siqueira Campos, que pretendia construir uma opção partidária comandada pelo senador Vicenti­nho Alves, caso seu projeto de candidatura ao governo não decolasse.

Marcelo Lelis, que é pré-candidato a governador, cuja postulação vive uma fase de franco crescimento, diz que sua candidatura à eleição indireta, uma das primeiras a ser lançadas, atendeu no primeiro momento ao desejo da oposição de protestar contra as medidas do governo que foram classificadas de golpe político. Pela sua postura crítica e vigilante no plenário de Assembleia Legislativa, Lelis pode vir a ser o nome que congrega os deputados de oposição e até outros da base do governo que eventualmente estejam insatisfeitos.

A situação tem vantagem, já que controla dois terços da Casa, mas ao que tudo indica lançará um candidato inelegível, o que vai gerar contestação na Justiça, o que pode favorecer a oposição. Pelo menos este é o entendimento da maioria dos deputados da oposição, que esperam a apresentação da lei que vai regulamentar a eleição para entrar em campo. A estratégia da oposição é usar os equívocos do governo que po­dem gerar desgaste para ganhar terreno no plenário da As­sem­bleia e virar uma disputa francamente favorável ao governo.