Sandoval e Lelis vão estar no funil?
18 abril 2014 às 11h22
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Com dois terços da Assembleia Legislativa, o governo tem larga vantagem, mas não tem a vitória garantida na eleição indireta em que os 24 eleitores são também os potenciais candidatos
Ruy Bucar
No dia 4 de maio a Assembleia Legislativa escolhe o novo governador, em eleição indireta. Os 24 deputados que integram o Parlamento são ao mesmo tempo os eleitores e os candidatos com maior chance eleitoral. Será a segunda vez que a Assembleia Legislativa escolhe um governador por eleição indireta. Em outubro de 2009, o então presidente da Assembleia Legislativa, Carlos Henrique Gaguim (PMDB), foi eleito governador para um mandato tampão de um ano e dois meses, sucedendo o ex-governador Marcelo Miranda, que teve o mandato cassado por abuso de poder político e econômico durante as eleições de 2006.
Depois da profusão de candidatos que se verificou no início do processo da eleição indireta, com dez nomes lançados — os deputados José Augusto Pugliesi (PMDB), Marcelo Lelis (PV) e Sargento Aragão (Pros), senador Ataídes Oliveira (Pros), deputado federal Irajá Abreu (PSD), servidor público Nuir Júnior (PMN), ex-prefeito de Porto Nacional Paulo Mourão (PT), o empresário Benedito Faria, Dito do Posto (PMDB), o governador interino Sandoval Cardoso (SDD) e ex-secretário de Relações Institucionais Eduardo Siqueira Campos (PTB) — o momento agora é de afunilamento do processo. Apenas dois ou três nomes devem parmanecer.
Como em 2009 o mais provável é que um deputado seja eleito governador. A prevalecer este entendimento, dois nomes têm grande chance de polarizar a disputa. O presidente da Assembleia Legislativa e governador interino Sandoval Cardoso e o deputado Marcelo Lelis, pré-candidato ao governo na eleição de 5 de outubro. A 20 dias da escolha indireta eles são os mais cotados para se confrontarem na disputa.
Cardoso, que exerce a função de governador interino, é o nome da base do governo. O problema é que segundo a legislação eleitoral ele é considerado inelegível, mudou de partido em setembro de 2013, era do PSD e passou para o SDD, seguindo orientação do secretário de Relações Institucionais Eduardo Siqueira Campos, que pretendia construir uma opção partidária comandada pelo senador Vicentinho Alves, caso seu projeto de candidatura ao governo não decolasse.
Marcelo Lelis, que é pré-candidato a governador, cuja postulação vive uma fase de franco crescimento, diz que sua candidatura à eleição indireta, uma das primeiras a ser lançadas, atendeu no primeiro momento ao desejo da oposição de protestar contra as medidas do governo que foram classificadas de golpe político. Pela sua postura crítica e vigilante no plenário de Assembleia Legislativa, Lelis pode vir a ser o nome que congrega os deputados de oposição e até outros da base do governo que eventualmente estejam insatisfeitos.
A situação tem vantagem, já que controla dois terços da Casa, mas ao que tudo indica lançará um candidato inelegível, o que vai gerar contestação na Justiça, o que pode favorecer a oposição. Pelo menos este é o entendimento da maioria dos deputados da oposição, que esperam a apresentação da lei que vai regulamentar a eleição para entrar em campo. A estratégia da oposição é usar os equívocos do governo que podem gerar desgaste para ganhar terreno no plenário da Assembleia e virar uma disputa francamente favorável ao governo.