Para o senador e ex-vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), o governo federal “quer tratar os militares como cidadãos de segunda categoria”. A afirmação foi feita em entrevista publicada no jornal Folha de S.Paulo. Além disso, Mourão comentou o escândalos das joias do governo Bolsonaro e declarou que não foi eleito para “liberar gastança”.

Sobre as Forças Armadas, o senador foi taxativo: “O Exército não tem de ser amado nem querido. O Exército tem de ser temido. É para isso que ele existe”, disse à Folha, reforçando que o exterior deve temê-lo e o povo brasileiro, respeitá-lo. Ele afirmou ainda que os militares não estão preocupados em estabelecer regras para a participação de integrantes das Forças na política.

Nomeações
Na entrevista, o senador também disse que assinou a promoção do ex-secretário da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes (envolvido no escândalo das joias) e de José de Assis Ferraz Neto, ex-subsecretário-geral, a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ambos teriam pressionado o então corregedor da Receita Federal, João José Tafner, para que as denúncias envolvendo informações sigilosas de desafetos do ex-presidente não fossem devidamente apuradas.

Tanto Júlio quanto José foram nomeados para embaixadas no dia 30 de dezembro, quando Mourão era presidente em exercício. Na entrevista, ele avaliou que viu as nomeações como uma promoção, mas que não teria perguntado o motivo ou se era algo previamente acordado com o ex-presidente Bolsonaro.

Escândalo das joias
Ao ser questionado sobre o escândalo das joias que o ex-presidente teria tentando resgatar na Receita Federal, Mourão afirmou que “não tem nada a ver” com a questão, mesmo que do ponto de vista legislativo. “Isso é uma perda de tempo e eu não estou vendo ninguém querendo criar CPI para isso. Sei que existe requerimento de informações”, minimizou.

Imagem do conjunto de joias retido pela Receita Federal em 2021 e que estava na bagagem de um membro da comitiva do então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque | Foto: Reprodução

O senador afirmou que, enquanto era vice-presidente, não teve conhecimento das joias. Mas ele reconhece que, em tese, os presentes poderiam ter sido transportados de outra forma, como pela mala diplomática, por exemplo. “Se tem alguém que transportou isso da forma que não era correta, essa pessoa vai terminar pagando”, alertou.