Opção cultural

A casAcorpO comemora três anos de dedicação à cultura em Goiânia e, para participar da festa, convida a coreógrafa e bailarina Denise Stutz (RJ). Mineira de nascença, carioca de coração, desembarca em Goiânia para participar de duas atividades entre os dias 10, 11 e 12 de fevereiro: a Oficina Corpo Presente, que acontecerá na sexta, 10, das 19h às 22h, e no sábado e domingo, 11 e 12, das 10h às 13h; e no Encontro Con(versado), na segunda, 13, às 19h. Denise Stutz é um dos nomes de destaque da dança nacional desde a década de 1970. É cofundadora do Grupo Corpo, em Belo Horizonte, mas foi na capital carioca que construiu sólida trajetória na dança. Trabalhou com nomes como Lia Rodrigues e Klauss Vianna e, além da experiência com o palco e a cena, se dedicou à pesquisa do corpo. Na televisão, trabalhou para as minisséries "Capitu" e "Hoje é dia de Maria". Serviço: Denise Stutz nos três anos de casAcorpO Programação: Corpo Presente – oficina e vivência Sexta-feira, 10/02 (das 19h às 22h) Sábado e domingo, 11 e 12/02 (das 10h às 13h) Quanto: R$ 200 12 vagas / Inscrições: (62) 3609-8386 ou [email protected] Encontro Con(versado) Segunda-feira, 13/02, a partir das 19h Quanto: Contribuição voluntária Onde: casAcorpO Endereço: Av. 243 esquina com R. 233 n° 1370 Qd. C Lt. 08, Setor Leste Universitário - Goiânia, GO Mais informações: 3609-8386

Uma olhada rápida pelos longas que disputam a estatueta nas principais categorias La la Land — É um musical. Nada muito além disso. Musicalmente, é quase impecável, afinal o diretor é músico (como baterista, Damien Chazelle estudou jazz na Princeton High School). Porém, o roteiro é fraco e previsível. Ryan Gosling é Ryan Gosling, um ator médio que representa bem seu papel, mas que não acrescenta. Aliás, ele é uma boa caracterização para o filme em si. Emma Stone está bem e consegue ultrapassar um pouco aquilo que seu papel pede. O final é a única surpresa, não pelos acontecimentos, mas pela forma com que foi feito, isto é, seu processo é mais interessante que o resultado. Longe de ser um "Whiplash", que é um filme de excelência, "La La Land" ganhará o Oscar de Melhor Filme por ser nada mais do que o que se propôs a ser: um filme de Hollywood. Vale o ingresso, mas não conquista. [relacionadas artigos="85503, 85345, "] Fences — Ainda não tinha visto um filme dirigido por Denzel Washington. O resultado é impressionante. O filme, baseado na premiada peça homônima de August Wilson e na qual tanto Denzel quanto Viola Davis também atuaram, é um poderoso drama familiar. O longa tem como palco a casa dos Maxson e como foco o papel centralizador de Troy Maxson (Denzel). O roteiro é magnífico e o diretor consegue filmá-lo muito bem, alcançando a díficil tarefa de prender a atenção do público em um filme praticamente teatral — é claro que a qualidade dos atores ajuda muito e não falo apenas de Denzel e Viola, mas também dos coadjuvantes Jovan Adepo (Cory), Stephen Henderson (Bono), Mykelti Williamson (Gabe) e a pequena Saniyya Sidney (Raynell), que dá um show de interpretação no final. "Fences" ("Um Limite Entre Nós", em português) é um filme de forte simbologia e só pega seu sentido completo quem presta atenção aos detalhes, a começar pelo título. Não vencerá na categoria Melhor Filme, mas tem chances na disputa pelo Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, visto que Viola está, como sempre, belíssima no filme. Capitão Fantástico — Um ótimo filme. Não tem a produção de "La la Land" e nem poderia ter, dado seu perfil ideológico. Aliás, se podemos falar em uma falha do filme, é justamente certo exagero ideológico. O exagero parece ser proposital, pois serve para dar entendimento ao final do filme, o de que o radicalismo, por mais benéfico que seja em qualquer aspecto, sempre trás más consequências e de que o ideal é ser moderado. Ben Cash, personagem de Viggo Mortensen, entende isso ao final do longa. Porém, às vezes, o filme dá a impressão de perder o controle desse exagero, o que causa mal estar. Isso não tira, entretanto, a força do filme. Viggo Mortensen está bem, mas provavelmente não levará o Oscar de Melhor Ator.

Quisera qualquer brasileiro exercer seu ofício com a naturalidade e desembaraço de quem compôs “Samba de uma nota só” e “Samba do Avião”
[caption id="attachment_85959" align="alignleft" width="300"] Tom Jobim, o gênio da música, faria 90 anos de idade dia 25 de janeiro | Foto: Carlos Mancini[/caption]
Vitor Hugo Goiabinha
Especial para o Opção Cultural
Um certo cantor de voz muito grave, da cena paulistana da década de 1980, costumava interromper suas apresentações e perguntava muito seriamente para sua plateia: “Você conhece Tom Jobim?” Diante dos sorrisos desconcertados pela pergunta repentina, ele insistia: “Você realmente já ouviu Tom Jobim?... É preciso ouvir Tom Jobim”. Qual brasileiro não conhece Tom Jobim?
Jobim é um desses gigantes dos quais é difícil falar algo, dada a responsabilidade, mas é impossível deixar passar em branco a data em que ele completaria 90 anos (25 de janeiro). Seria inútil qualquer homenagem ou tentativa de engrandecer sua formidável obra musical, de forma que gostaríamos apenas de ensaiar, aqui, um mapeamento da sua presença significativa, da sua figura e do seu papel no imaginário da cultura brasileira.
Tom não era apenas o “maestro soberano”, como bem lembrou Chico Buarque em “Paratodos”. Era o Tom da ligação profunda com a poesia de Vinícius de Moraes, de Carlos Drummond de Andrade e de Manuel Bandeira. Era o Tom da literatura, ao ler Guimarães Rosa e trazê-lo para sua música em “Urubu” e “Matita Perê”. Era o Tom da política, ao compor “Sinfonia da Alvorada” para a Brasília de JK. Era o Tom da natureza no clamar, no seu último disco, “salvem as flores, salvem a primavera”, em “Forever Green”. Era o Tom do humor refinado e da simplicidade nas entrevistas que concedia.
Nos idos da década de 1950, quando o samba encontrou-se com o cool-jazz, originando a Bossa Nova, o Brasil viveu uma vanguarda artística que não conhecia. O novo momento político se misturou com uma belle époque das artes — como se referem os franceses. Jovens talentosos, dados à boemia e à vida noturna, com a cabeça em um projeto de procura da identidade cultural nacional, num momento em que a Semana de Arte Moderna de 1922 já havia aberto as portas para experimentação antropofágica e em que Tom herdava Villa-Lobos. Eram momentos de tensão do pós-guerra, das possibilidades democráticas de crescimento sociocultural e político-econômico, da construção da moderna Brasília.
Fatores que ventilavam um esperançoso ar de inserção do país no cenário internacional e que davam ao nacionalismo uma sensação menos tensa comparada ao pesado cenário europeu e mundial. O Brasil aparecia como possibilidade de modernidade e de receptividade e a Bossa Nova era providencial nessa conjuntura. Era um ritmo simpático, leve, beira-mar, mas também da vida noturna, do prazer das conversas ao som do violão, bem próximo da imagem que o país desejava passar para si mesmo e para a cena internacional. Saíamos do nacionalismo-exaltação, às vezes exageradamente orquestrado, de Ari Barroso, para uma versão menos grandiloquente e mais intimista, mais conceitual, mais realista e mais sóbria em seu discurso poético e musical.
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Tom e seus companheiros criaram esse que é um dos estilos musicais populares mais difíceis de interpretar, devido à união de uma cadência rítmica bem específica ao refinamento dos altos e baixos das melodias e a uma harmonia rebuscada (com acordes abertos às sétimas, nonas, décimas-terceiras etc.), mas também receptiva a dissonâncias e experimentações modais. Por um lado, produziram um terreno fértil tanto para o amadurecimento harmônico de nossa música quanto para a recepção de sonoridades externas, por outro, pelo apelo à erudição necessária para o aprofundamento estético, deram esse ar conceitual à música, inexistente nos estilos brasileiros anteriores.
A Bossa Nova cumpriu bem seu papel. Mostrou ao Carnegie Hall e ao mundo que o balanço do samba era inventivo, pois estava atento e aberto tanto às influências impressionistas de Debussy e Ravel quanto às tendências mais inventivas do jazz. E ainda revelava um Brasil e brasileiros extremamente desimpedidos, espaçosos e competentes para unir o gingado africano com as harmonias jazzísticas. Talvez um Brasil que mesmo os brasileiros não conheciam.
Mas Tom, apesar dos muitos clichês músico-biográficos, transcende a Bossa Nova. Ele não apenas elevou nosso patamar de qualidade, mostrando para nós mesmos que nossa música em nada deve a outros gêneros, como passou a figurar ativamente no nosso imaginário cultural.
Um Tom para cada brasileiro
Em uma das suas últimas entrevistas, Chico Anysio foi questionado: “Há algo que você gostaria de ter feito e não fez?” Sua resposta foi imediata: “Águas de Março”. A sensualidade das curvas que Niemeyer tanto reivindicou estão tão presentes em sua obra quanto nas idas e vindas de “Wave” e de “Garota de Ipanema”. O timbre característico do trompete de Miles Davis reivindica a simplicidade e genialidade em sua interpretação de “Corcovado”. A genialidade de um ofício parece figurar quando, ao observarmos o produto em sua superfície, não compreendemos e não adentramos no tortuoso processo pelo qual ele foi realizado. “A Felicidade”, “Chega de Saudade”, “Águas de Março” (só para citar algumas) parecem ter nascido prontas — sem dor, sem sofrimento — com toda naturalidade. É quase como acreditar num criacionismo, num estalar de dedos, no milagre da criação instantânea e espontânea. Chico Buarque de Holanda, falando de Niemeyer, diz “... quando minha música sai boa, penso que parece música do Tom Jobim. Música do Tom, na minha cabeça, é casa do Oscar”. Chico quis ser arquiteto quando jovem. Tom também. Talvez por isso a sensação dos silêncios e intervalos na Bossa Nova flua de maneira tão natural e arriscada quanto quem caminha pela sinuosidade dos corredores curvos ou pelas as curvas sensuais das mulheres, que Tom e Vinícius com tanto esmero cantaram. É provável que o grande legado de Tom seja essa impressão de espontaneidade e descontração no fazer. (Re)conhecemos Tom na brasilidade desse charme da criação da beleza. Quisera qualquer brasileiro exercer seu ofício com a naturalidade e desembaraço de quem compôs “Samba de uma nota só” e “Samba do Avião”, e ao mesmo tempo falava de passarinhos: e daí sair “Passarim”. Uma dica: “A música segundo Tom Jobim”, de 2012, dirigido por Nelson Pereira dos Santos e Dora Jobim é mesmo um evangelho da nossa cultura: documentário sem cara de documentário, vai ao tom do Tom. Vitor Hugo Goiabinha é doutor em história pela UFG, professor de história na UEG, no Colégio Sagrado Coração de Jesus - Pires do Rio, e na Faculdade Brasil Central-Goiânia
Johan Wolfang von Goethe (1749-1832) é considerado o maior escritor alemão e um dos maiores da história da literatura. É autor, dentre outras obras, do poema dramático “Fausto”

Augusto Rodrigues, de 42 anos, e seu sobrinho Pedro Maia, de 16, escrevem, a quatro mãos, crítica sobre os “novos” Trapalhões mostrando as percepções de duas gerações de espectadores

Oscilando entre a utopia e a ironia, o que nos legou Antonio Callado? Certamente, um importante painel do Brasil e de seus principais problemas, costurado em excelente prosa

[caption id="attachment_85750" align="alignnone" width="620"] O escritor Antonio Callado completaria cem anos de idade dia 26 de janeiro | Foto: Marcos André Pinto[/caption]
Dia 25, quarta-feira, fizemos uma homenagem a Tom Jobim, que teria completado 90 anos de idade. Hoje, 26 de janeiro, é a vez de outro Antonio, o Callado (este sem o acento circunflexo), autor de “Quarup” e "Madona de cedro", que, se estivesse vivo, completaria cem anos. Aproveitamos então o ensejo para uma homenagem dupla, ou, melhor dizendo: quádrupla.
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No vídeo abaixo, podemos assistir Tom Jobim e Antonio Callado conversando com mais dois Antônios: Antônio Cândido e Antônio Houaiss. O primeiro (dos quatro, o único ainda vivo), um dos grandes críticos literários e estudiosos da cultura brasileira; o segundo: filólogo, tradutor e dicionarista.
A conversa passa por diversos temas, desde a etimologia do nome Antônio, até assuntos sobre política, utopias, a arte e cultura brasileira, etc.
Em tempo: domingo, dia 29, a edição do Opção Cultural contará com um texto sobre Antonio Callado, bem como com um trecho transcrito do primeiro capítulo de seu Opus Magnum, “Quarup”.
https://www.youtube.com/watch?v=IudtNg9-pxA&t=281s

Publicação é fruto de uma primeira seleção entre os mais de 10 mil textos do site, que já contabiliza 315 milhões de acessos em mais de 20 países
A Revista Bula, veículo que desponta como um fenômeno da internet — tem mais 8 milhões de acessos mensais —, está indo para o papel. Não, a revista não será física. Na verdade, ela está lançando um livro com seus melhores textos.
Criada em 2003 pelo jornalista Carlos Willian Leite — que foi editor do Opção Cultural por dez anos —, a Bula conseguiu conquistar leitores por cerca de 20 países, totalizando mais de 315 milhões acessos nos mais de 10 mil textos publicados.
Muitos desses textos, aliás, foram compartilhados nas redes sociais centenas de milhares de vezes e alguns chegaram a ser o tema mais comentado na internet, virando memes, gerando vídeos e caindo em domínio público. Assim, o livro é um bom jeito de comemorar os 14 anos de existência da revista.
O livro, que será lançado nesta quinta-feira, 26, nos Cinemas Lumière do Shopping Bougainville, é uma primeira seleção de textos que reúne as melhores crônicas e ensaios publicados na revista entre 2012 e 2016.
Entre os textos está o ensaio “Virginia Woolf tentou ‘curar’ sua loucura pelo suicídio”, do editor-chefe do Jornal Opção, Euler de França Belém. Ao todo, são 60 textos. Além de Euler Belém, o livro conta também com Jacques Fux, Rebeca Bedone, Edson Aran, Karen Curi, Eberth Vêncio, Rodrigo Campos, Carolina Mendes, Flávio Paranhos, Lara Brenner, Ademir Luiz, Nei Duclós, Ruth Borges, Valdivino Braz, Marcelo Franco, Edival Lourenço, Carlos Augusto Silva, José Carlos Guimarães e Rafael Theodor Teodoro.
Serviço:
Lançamento do livro “Os melhores textos da Bula”
Data: 26 de janeiro de 2017
Local: Cinemas Lumière, Shopping Bougainville, piso 3
Horário: 19h

Segundo álbum com a mesma formação, 15º registro de estúdio da banda brasileira de metal traz bastante experimentalismo e foge da sonoridade conhecida pelos fãs

[caption id="attachment_85658" align="aligncenter" width="620"] Tom Jobim, gênio da música não apenas brasileira, mas internacional, faria 90 anos neste 25 de janeiro | Foto: Otto Stupakoff[/caption]
Nesta quarta-feira, 25 de janeiro de 2017, o músico Antônio Carlos (“Tom”) Jobim completaria 90 anos de idade. Para celebrar a data, segue abaixo cinco vídeos do grande músico em momentos de descontração, junto a amigos e parceiros de composição, como Chico Buarque e Vinícius de Moraes.
“Eu quase que me cortei”
Diz Tom, ao lado de Vinícius de Moraes, ambos já “pra lá de Bagdá”, que quase se cortou na ocasião em que sua esposa quebrou duas garrafas de whisky, na pia, diante dele. Detalhe: repare nos dois amigos cantando (ou melhor, tentando cantar) a música “Pela luz dos olhos teus”...
https://www.youtube.com/watch?v=A6MfF4v9ZD0&w=640&h=360
“Chama o Tomzinho pra ajudar…”
Durante a festa de entrega dos prêmios do Festival Internacional da Canção, de 1968, vencido pela dupla Tom Jobim e Chico Buarque, com a música “Sabiá”, Chico, entrevistado por Nelson Mota, diz que está um tanto atordoado e diz: “Chama o Tomzinho para ajudar”. Tom, além de parceiro de composição, era também parceiro de copos de Chico, como podemos perceber no vídeo.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=4hyKYhn59b4&w=640&h=360]
“É pau, é pedra…”
Aqui, Tom e Elis Regina, gravando “Águas de Março”, em meados da década de 1970, em clima de total descontração.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=E1tOV7y94DY&w=640&h=360]
“Aqui está um marco da música brasileira...”
Tom Jobim foi recebido na Escolinha do Professor Raimundo, em 20 de novembro de 1993, e fez piada com o fato de fumar charuto (“Esse charuto é de alface, para não poluir”) e com os títulos de suas músicas — que acabam se tornando respostas para questões sobre política, formuladas pelo personagem de Chico Anysio.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=SclxJjRQ-xA&w=640&h=360]
“Que é para o rock não entrar...”
Mais uma vez com Chico Buarque, Tom, além de tecer elogios ao parceiro, fala também de detalhes de sua vida familiar e acaba revelando que “não é contra o Rock’n Roll”, mas “já mandou fazer um estúdio”, para o “rock não entrar”...
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=JNafHwjJfBU&w=640&h=360]

Integrantes do grupo estreante se unem a músicos da Sheena Ye e DogMan em convite diferente para a 4ª edição do Diablo Sessions, no domingo (29/1)

Entre longas e curtas metragens, as produções brasileiras disputam os Ursos de Ouro e de Prata em um dos festivais mais importantes do mundo
[caption id="attachment_85634" align="aligncenter" width="620"] "Joaquim" concorre ao Urso de Ouro na competição internacional de longas-metragens, a principal mostra do Festival | Foto: Reprodução[/caption]
Rui Martins
Especial para o Jornal Opção
Dos dias 9 a 19 de fevereiro acontece o 67º Festival Internacional de Cinema de Berlim, do qual participarão doze filmes brasileiros, um recorde de participação nas diversas mostras da “Berlinale”.
Na competição internacional de longas-metragens, que distribui Ursos de Ouro e de Prata, estará “Joaquim”, de Marcelo Gomes, revivendo a figura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, num misto de ficção e história do líder da Inconfidência Mineira — a primeira manifestação da consciência brasileira por sua independência.
Para a competição internacional de curtas-metragens, cujo prêmio é o Urso de Ouro, foi selecionado “Estás Vendo Coisas”, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca. O curta, que participou da 32 ª Bienal de São Paulo, tem como foco o mau gosto das músicas bregas que dominam hoje o cenário musical brasileiro, filmado numa discoteca pernambucana.
Já na mostra Panorama, dois filmes longas-metragens foram selecionados: “Vazante”, dirigido por Daniela Thomas, e “Pendular”, dirigido por Júlia Murat. “Vazante” revive a época do trabalho escravo dos negros na extração de pedras preciosas em Minas Gerais, fonte da riqueza do Brasil colonial.
Na apresentação de “Vazante”, o Festival assinala a falta de memória brasileira, pois até hoje o Brasil não procurou se resgatar das atrocidades dessa época. “Pendular”, por sua vez, mostra as relações entre uma dançarina e um escultor e o significado de suas diferenças artísticas. Um tratamento filosófico de gênero, original, de jovens boêmios à beira da meia-idade. Além desses, a mostra Panorama ainda incluiu outros dois filmes brasileiros: “Como Nossos Pais" (Just Like Our Parents), de Laís Bodanzky, e "Vênus - Filó a fadinha lésbica”, de Sávio Leite.
Na mostra Fórum, está o filme "Rifle", do cineasta Davi Pretto, uma espécie de western gaúcho, mostrando uma luta pela propriedade da terra, de um grande fazendeiro contra um pequeno agricultor.
Na mostra Fórum Documentos, está o filme de João Moreira Salles, “No Intenso Agora”, um documentário que reúne cenas da revolta estudantil de maio 68 na França, da invasão da Tchecoslováquia e cenas na China e no Brasil dessa mesma época.
Na mostra Geração, dedicada ao cinema jovem, estão três longas-metragens: 1)“As Duas Irenes”, do cineasta Fábio Meira, contando a história de duas meio-irmãs com o mesmo nome e mesma idade, filhas do mesmo pai com mães e níveis sociais diferentes; 2) “Mulher do Pai”, de Cristiane Oliveira, já premiado no Festival do Rio. O filme acompanha o relacionamento entre uma menina de 16 anos e seu pai cego, por quem a garota fica responsável após a morte da avó. A distante convivência do homem com a jovem é conturbada pela presença de uma professora; e 3) “Não Devore o meu Coração”, de Felipe Bragança, que narra uma história de paixão "amour fou" entre adolescentes de 13 anos, ela índia guarani, tendo como pano de fundo a questão da própria identidade e as disputas por terras na fronteira do Brasil com o Paraguai.
Ainda na mostra Geração, também está o curta-metragem “Em Busca da Terra sem Males”, de Anna Azevedo. Na mitologia Guarani, Terra sem males é o lugar onde os índios, enfim, encontram a paz. Nos arredores da cidade do Rio de Janeiro, um grupo indígena sem-terra ergue uma pequena aldeia chamada Ka ́aguy hovy Porã, “Mata Verde Bonita”. Ali, crianças crescem entre as antigas tradições.
Por fim, na mostra Talentos, dedicada a jovens, há ainda em fase de produção, o filme “Medusa”, na categoria de horror e sobrenatural, de Anita Rocha da Silveira.
Rui Martins estará em Berlim, em fevereiro, como convidado da organização do Festival.

[caption id="attachment_85610" align="aligncenter" width="620"] Ives Gandra tem livros sobre a obra de J.R.R. Tolkien | Fotos: Gláucio Dettmar / Reprodução[/caption]
Uma das grandes incógnitas do Brasil atualmente é saber quem será o próximo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A escolha é importante e pode influenciar assuntos primordiais para o País, como o destino da Operação Lava Jato.
A escolha deverá ser feita pelo presidente Michel Temer (PMDB) em breve, mas nomes de possíveis candidatos já surgem e o último apontado para a vaga deixada por Teori Zavascki, morto na semana passada, é Ives Gandra Filho.
Atual ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra é também um estudioso de literatura. Seu pai, o famoso tributarista Ives Gandra Martins, é poeta e também um grande leitor (diz ter lido as obras completas de Júlio Verne, José de Alencar e Machado de Assis antes de completar 15 anos e, depois, não parou: de Camões a Charles Dickens, de Dostoiévski a Faulkner, de Geraldo Vidigal a Mário de Andrade, já leu tudo). A influência de Ives Gandra Martins vem do pai, José da Silva Martins, que era afeito às letras e gostava principalmente do escritor estadunidense Orison Swett Marden.
Dessa forma, não era de estranhar que Ives Gandra Filho recebesse do pai essa influência, tornando-se, a exemplo do pai e do avô, também um leitor ávido. E ele possui uma paixão literária específica: a obra do escritor britânico J.R.R. Tolkien, de quem acabou se tornando um estudioso, tendo inclusive livros sobre ele. O principal é "O Mundo do Senhor dos Anéis", cuja primeira edição foi publicada em 2002 pela Editora Madras, e que tem edição mais recente pela Martins Fontes, editora oficial de Tolkien no Brasil.
O livro é uma espécie de guia para os leitores de Tolkien e contém tabelas (muitas que fazem comparações sobre as traduções dos nomes de personagens e lugares), resumos de fatos ocorridos (e são muitos dentro do universo tolkieniano), além de textos explicativos e ilustrações de Hildebrandt e Ted Nasmith — no site de Ted é possível ver algumas das ilustrações "tolkienianas" do artistas. São belíssimas).
O ministro possui outros livros, jurídicos e filosóficos — em alguns, chega a citar Tolkien e em outros traz o autor como tema de comparação, caso de “Ética e Ficção: De Aristóteles a Tolkien”, lançado em 2010. Além disso, Ives Gandra Filho é colunista do site Valinor.

Representante do hardcore em Goiânia, Lattere se apresentará em dois concertos no mês de março com os germânicos da Wolf Down

[caption id="attachment_85563" align="aligncenter" width="620"] Mostra de Tiradentes caminha ao lado de festivais considerados como “alternativos” e isso é importante para o cinema nacional[/caption]
Todo ano, e cada vez mais, milhões de olhos afoitos acompanham a divulgação da lista de filmes indicados ao Oscar. Mais do que mera concorrência, os preferidos da Academia acabam virando referencial do que o mercado tem de melhor a oferecer, e simbolizam o posto máximo a ser aspirado por qualquer realizador do audiovisual. Não é à toa que o prêmio virou referência também em outras áreas (e, assim, o “Eisner” virou o Oscar dos quadrinhos, “Grammy” o Oscar da música e o “Emmy” o Oscar da televisão). Mas a estratégia não é inocente, por óbvio. Questões artísticas, não raro, são cotadas à margem na escolha dos melhores. O mercado está por trás de tudo.
O resultado é que frequentemente nos questionamos se os escolhidos para concorrer em cada categoria realmente são merecedores de tamanha atenção. Seríamos todos tão leigos a ponto de não perceber a beleza escondida em “Crash - No Limite” (ganhador de melhor filme em 2004), a genialidade de “Shakespeare Apaixonado” (vencedor na categoria principal em 1998), ou a justiça de 14 indicações a “La La Land” neste ano?
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Seja o que for, aqui abaixo do Equador, há duas décadas nadando contra a maré, a Mostra de Cinema de Tiradentes chega à sua 20ª edição e se firma como um dos principais festivais do Brasil. Com a abertura em 20 de janeiro passado, o festival anunciará os vencedores neste sábado, 28, mantendo firme o propósito de fomentar o cinema nacional.
Em gritante e irônico contraste com a maior premiação de cinema do mundo, a Mostra de Tiradentes escolheu, especialmente esse ano (mas em perfeita consonância com os ideais originários do festival), prestigiar o chamado cinema de resistência e reação. Conscientes de que vivemos em tempos obscuros, com a crise econômica batendo à porta, os realizadores buscaram cultivar um espaço para as produções independentes, ou que dependessem de meios alternativos de captação de recursos — os tradicionais seriam aqueles advindos de editais, leis de incentivo, concursos etc.
À parte a questão orçamentária, o que se busca é a valorização do cinema dito livre, com maior liberdade de criação e velocidade de reação. Com esse objetivo, a Mostra caminha ao lado de festivais considerados como “alternativos” ou com um viés independente, como o Festival de Sundance, criado na década de 80 pelo ator e diretor Robert Redford, por exemplo.
Mas qual a importância de nadar contra a maré?
Historicamente, o cinema brasileiro se desenvolveu a partir de uma relação tumultuada com o mercado. Inicialmente com parcos recursos, fomentou-se a produção sem que se preocupasse com o mercado consumidor. A preocupação dos produtores brasileiros era atingir o padrão de qualidade da indústria hollywoodiana.
Assim, grandes estúdios da primeira metade do século passado, como a Atlântida Cinematográfica, a Companhia Vera Cruz ou a Cinédia, responsáveis por obras icônicas da chanchada nacional, acomodaram-se em recursos de fácil assimilação pelo público (como o humor grosseiro, a paródia e as marchinhas de carnaval) para que fosse possível a popularização das obras. O resultado foi o cultivo de um público pouco exigente, ainda afeito majoritariamente às produções gringas.
Em oposição, anos mais tarde, o Cinema Novo veio com uma proposta intencionalmente pobre de recursos — em que pese rica de significados (a chamada “estética da fome”) — causando um distanciamento ainda maior do cinema nacional com o público de massa. O Cinema Marginal, logo em seguida, tentou reatar a relação com o mercado popular, e participou do início da difícil transição para o que viria a ser o modelo de produção nacional pelas próximas décadas: a Embrafilme, empresa estatal de fomento e produção instituída na ditadura.
Durante todo esse tempo, o cinema nacional falhou em sua grande empreitada, que foi a instituição de um vigoroso e estável mercado consumidor. Em compensação, galgou degraus cada vez mais altos rumo ao que seria uma “identidade do cinema nacional”.
Entendida essa realidade, é possível verificar a importância que os festivais de cinema têm na definição dos rumos do cinema nacional e internacional. Os mercados estão sendo constantemente construídos, e os festivais são a vitrine do que é produzido em determinada época — a nossa época.
Nacionais ou internacionais, grandes ou pequenos, todos têm o seu valor, mas o público — nós — devemos nos conscientizar do nosso papel na definição do que seja “o melhor”, porque nós somos o mercado. É preciso saber olhar o que nos é exibido. Nadar contra a maré nada mais é do que voltar os olhos ao que a indústria majoritária não tem interesse em que vejamos.
Mais do que nunca, vivemos na Era dos Festivais. Nesse contexto, o Oscar merece tanta atenção quanto o “Troféu Barroco”, cujos vencedores, em 5 categorias, serão anunciados neste domingo na cidade de Tiradentes, em Minas Gerais.
João Paulo Lopes Tito é advogado e estudante de Cinema e Audiovisual