O grupo Bororó & Trio representa a cena local na programação Piri Jazz Festival. Por telefone ao Jornal Opção, o multi-instrumentista fala da expectativa para o evento e faz um panorama da música instrumental em âmbito nacional e local: “precisamos de mais apoio”

Bororó e Trio: Músicos abrem a segunda noite de shows | Foto: Divulgação

Entre as atrações, o grupo Bororó & Trio representa a cena local no Piri Jazz Festival, abrindo a segunda noite de shows. O grupo é formado pelos músicos Bororó Felipe (baixo), Ricardo de Pina (bateria, compositor e arranjador), Rosinaldo (sax e flauta) e Genysonn Ponce (teclado), que há anos estão na estrada em parceria. Apesar do pezinho em Pirenópolis, os anfitriões possuem uma vasta ‘quilometragem’ percorrida na música instrumental brasileira. É o caso do multi-instrumentista goianiense Bororó, que recentemente voltou para Goiás após 20 anos no Rio de Janeiro, onde trabalhou com músicos e compositores consagrados, do samba à MPB, como Chico Buarque, Gal Costa, Caetano Veloso, Ney Matogrosso, Zeca Baleiro, Hamilton de Holanda, Paulinho Moska, Alceu Valença, Fagner, Geraldo Azevedo, Ivan Lins, Guinga, Zeca Baleiro, entre inúmeros outros.

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Bororó também traz no currículo diversas apresentações em importantes festivais como o de Mon­treaux (Suíça), o North Sea Jazz Fes­tival – The Hague (Holanda), o Ro­yal Festival Hall (Inglaterra) e o Free Jazz Festival/96 (Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre), além de se apresentar em países como Cuba, Bél­gica, Alemanha, Portugal, Ve­ne­zuela, Argentina e Estados Unidos, onde foi o baixista escalado para o disco do americano Kenny Rankin, ao lado de consagrados instrumentistas americanos como: Toots Thielemans e Michael Brecker, numa produção de Oscar Castro Neves.

Há 9 meses, Bororó decidiu mudar de Goiânia e fixar residência em Pirenópolis, a qual chamou de “berço da cultura não só de Goiás, mas do Brasil”. De lá, falou com o Jornal Opção, por telefone, sobre o cenário da música instrumental brasileira que, na sua avaliação, não escapa à turbulência que assola demais segmentos da sociedade no País. “Atravessamos um processo muito difícil. Vivemos o reflexo de uma crise deflagrada pelas próprias gravadoras por propostas de trabalho equivocadas, além da invasão das multinacionais e a pirataria, o que gerou uma ‘quebradeira’ no mercado. Há pouco trabalho, pouca gravação, poucos shows, o que torna ainda mais difícil a situação para os profissionais”, lamenta.

Intitulada “Imagens da Alma”, a apresentação de sábado trará no repertório canções do CD“Fogaréu” (“Red River”, “Caminhos das pedras“ e “De Del Rey a Via Boa”) e duas de autoria de Ricardo de Pina (“Colorindo Flores” e “Saudade”), além de releituras de canções de Edu Lobo, Milton Nascimento e Moacir Santos. Na avaliação de Bororó, iniciativas como o Piri Jazz são um bálsamo diante da crise, além de uma importante vitrine para que o público possa conhecer mais o estilo, bem como seus expoentes. “É um evento importantíssimo para a música brasileira, além de uma oportunidade única de conferir nomes consagradíssimos, como o Cama de Gato, com músicos maravilhosos, respeitados não só no Brasil, mas na Europa, Estados Unidos e Japão. E o público desconhece isso.”

Bororó conclui ao afirmar que, mais do que apoio dos governantes, é preciso oferecer, acima de tudo, respeito aos profissionais da música. “O governo até apoia a cultura. Temos eventos, como o Fica, o Canto da Primavera, mas é preciso resolver alguns problemas. Por exemplo, o músico não pode se apresentar e esperar seis meses para receber. Nós temos contas para pagar, temos família, como qualquer cidadão. Isso não acontece com artistas de fora, que recebem na hora. Precisamos de mais respeito. O músico trabalha e precisa receber. Se não, o que a gente faz com as contas, o arroz e o feijão?”, questiona.

SERVIÇO:

Evento: Piri Jazz Festival – 3ª Edição

Data: Sexta-feira (19/10), sábado (20/10) e domingo (21/10)

Local: Rua do Rosário, Centro Histórico de Pirenópolis-GO

Entrada franca

PROGRAMAÇÃO

* DIA: 19/10 (Sexta) – 20H

– Zé Krishna & Amigos Eternos (DF)

– Trio Curupira (SP)

– Sons de Sobrevivência (SP)

* DIA: 20/10 (Sábado) – 20H

– Bororó & Trio (Pirenópolis)

– Marcel Powell (RJ)

– Cama de Gato (RJ)

* DIA: 21/10 (Domingo) – 19H

– Grupo Ludere com Philippe Baden Powell (SP)

– Virgínia Rodrigues & Grupo (BA)