Não que eu viva no Século XII ou XIII, mas meu pensamento viaja bastante por lá (de São Bernardo a Dante, de Hildegard de Bingen a Alberto Magno – com tudo que possuem de desigual entre eles); não é inconfessável desejar que volte a ser ensinada aos jovens a velha fórmula clássica da busca pelo o que é Belo, o que é Bom e o que é Verdadeiro

Casa di Dante, em Florença, Itália

Em 1265 as coisas não se davam como hoje, no local onde está fixada a “Casa-museo di Dante”. Além do número de pessoas que circulam pela pequena viela que leva ao local, com certeza, as paixões, os valores e os preceitos de vida, ali recebem como que um sopro na brasa antiga e, aparentemente apagada, fazendo o visitante refletir a respeito de uma série de crenças e de um comportamento ético que estão, digamos, em desuso.

Em meio a argumentos odiosos, hoje, ouvimos dizer-nos uns aos outros, no Brasil, quando as coisas não vão ao nosso gosto, em tom de ofensa: “quer voltar à era Medieval”?

E quanto os corruptos (que os há desde que Adão deixou o Paraíso) das repúblicas (e republiquetas) de hoje jamais qualificam de “monárquico” o comportamento dos colegas que se vêem na mesma enrascada do pecado cometido ou, quiçá, na mesma prisão –, o xingamento ao que é corrupto sempre diz “fulano não teve um comportamento nada republicano”. Paradoxais, no mínimo, parecem-me as duas expressões…

Não que eu viva no Século XII ou XIII, mas meu pensamento viaja bastante por lá (de São Bernardo a Dante, de Hildegard de Bingen a Alberto Magno – com tudo que possuem de desigual entre eles); não é inconfessável desejar que volte a ser ensinada aos jovens a velha fórmula clássica da busca pelo o que é Belo, o que é Bom e o que é Verdadeiro (lição retomada de Aristóteles pelos educadores da alta Idade Média), mas pelo menos, que tal tê-la como válida para legenda de uma vida – ao invés do “quanto mais popular, melhor ?” – que é a legenda do Século em que vivemos, nesta civilização do espetáculo (Vargas Llosa, 2012).

São ideias assim que se colocam em campos opostos as duas eras, naquilo que cada uma tem de mais característico e que fazem refletir muito o turista do destino cultural chamado Florença (ou por extensão Toscana). Neste caso, a visita a Florença tem para mim o condão de fazer reavivar a brasa interior que queimou literamente (ou imagisticamente) a pele de muitos talentos, devotos (ou não) ao longo da dita Idade Média, a começar pelo que hoje só podemos nomear como “Sommo Poeta” – o símbolo da Firenze do Século XIII e dádiva divina ao mundo da Poesia italiana e universal.

A verdade é que por obra e insistência, ou seria do uso exaustivo da figura de linguagem da repetição que uma mentira veio se tornando em “verdade incontestável” – a partir dos chamados livres pensadores, principalmente a partir dos enciclopedistas, Diderot e D’Alembert, quando a Idade Média ficou conhecida como “Dark ages”.

Alertado pelo escritor e crítico maranhense Franklin de Oliveira, no prefácio de “Literatura e Civilização”, comecei, há alguns anos, a empreender uma busca que me levou a compreender que “a Idade Média…não foi, de forma alguma, a Dark Ages inventada pelos historiadores liberais do séc. XIX, mas a genuína herdeira do mundo greco-romano.” E com a ajuda dele Franklin, de Robert Bossuat, de Huizinga e de Jacques Le Goff (com todos os seus desvios e rusgas anti-religiosas ou, melhor, anticlericais, como historiadores), compreendo hoje que “a Idade Média significa a fundação da Europa em sua base cristã-romana”; e comecei a me deliciar com um dos dois fatos apontados por Franklin como de alta significação cultural do período, a saber: “o estupendo fenômeno da literatura provençal e a aparição da poesia dos clerici vagantes”; e de monumentos civilizacionais que nomeamos Dante Alighieri (nascido Durante Alaghiaro) ou Guido Cavalcanti, mestre do florentino.

Em outro contexto, Franklin cita Arnold Hauser (A História Social da Arte) para justificar que a presença da mulher no centro do lirismo trovadoresco (la poésie lyrique au Moyen Age), com a mescla do platonismo e sensualismo, determina “aquilo que chamamos de a mais importante transformação da história literária do ocidente” (Hauser). E conclui: “a poesia do amor moderno é obra da Idade Média” – cujo cimo da Comédia é o Canto XXIII de “O Paraíso”, onde Dante nos lega este verso final de incontornável beleza: “l’amor che move il sole e l’altre stelle.”

De fato, para Dante, vale a síntese de Nicola Bianchini[i]: “todos os meus pensamentos se voltam para o Amor”. É o que confirmamos em outra autora importante, também libertadora da ideia redutora de “Idade média” (e suas conclusões nada elogiosas ao rico período de mil anos!). Com Régine Pernoud[ii] (autora de “O mito da idade média”), aprendemos que:

“As razões pelas quais a Idade Média tem sido desfigurada evidentes: a história é o terreno mais palmilhado pelas ideologias, que procuram encontrar na evolução dos tempos as premissas para os seus princípios filosóficos. Ora o século XVI deu início a um período de anticlericalismo até chegar ao ateísmo e materialismo do século XIX. Os autores desses quatro séculos, inspirados por seus princípios filosóficos, alimentaram aversão aos tempos medievais, fortemente marcados pela fé e pelos valores religiosos; a história daquela época foi lida em função de noções preconcebidas que falseiam a ótica dos estudiosos. Quem deseja avaliar com objetividade a história do passado, tem que transpor-se para a época estudada, pesquisar os seus documentos-fontes e reconhecer os critérios dos antepassados; se não, fará um juízo arbitrário e errôneo.”

Exilado de Florença, por uma condenação injusta, depois de um verdadeiro “imbroglio”, que é matéria específica para os historiadores e não cabe nesta crônica. Pois bem, o político e o poeta florentino Dante Alighieri separam-se, definitivametne, para se erguer à posteridade o magnífico Poeta, como um dos verdadeiros monumentos do Medievo. Mesmo tendo perdido a causa política em que se metera como jovem (24 anos à época da batalha de Campaldino) partidário dos “guelfos” (brancos vs. negros) contra os “gibelinos”; mesmo tendo a desgraça lhe sorrido com dentes putrefactos; nada disso pôde lhe estancar o talento, a emocão e o domínio técnico do verso que fazem dele o Sommo Poeta.

Sabe-se na Casa di Dante que, por primeiro, Dante recebera uma multa de cinco mil florins de seus adversários políticos que retomaram o poder em Florença; e, depois, tendo se negado a pagá-la, fora condenado à morte ou ao desterro. Teria essa contenda que envolveu o jovem poeta o levado a exilar-se da cidade que amava e a quem ele havia dedicado todo seu compromisso intelectual e político. Daí, talvez, as referências a Florença e a alguns florentinos no Canto X de  “O Inferno” (a parte talvez mais incensada hoje em dia da “Comédia” dantesca!). [Continua]


Canto XXV, de “O Inferno”, de Dante Alighieri, por Machado de Assis

Acabara o ladrão, e, ao ar erguendo

As mãos em figas, deste modo brada:

“Olha, Deus, para ti o estou fazendo!”

 

E desde então me foi a serpe amada,

Pois uma vi que o colo lhe prendia,

Como a dizer: “não falarás mais nada!”
Outra os braços na frente lhe cingia

Com tantas voltas e de tal maneira

Que ele fazer um gesto não podia.

 

Ah! Pistóia, por que numa fogueira

Não ardes tu, se a mais e mais impuros,

Teus filhos vão nessa mortal carreira?

 

Eu, em todos os círculos escuros

Do inferno, alma não vi tão rebelada.

Nem a que em Tebas resvalou dos muros.

 

E ele fugiu sem proferir mais nada.

Logo um centauro furioso assoma

A bradar: “Onde, aonde a alma danada?”

 

Marema não terá tamanha soma

De reptis quanta vi que lhe ouriçava

O dorso inteiro desde a humana coma.

 

Junto à nuca do monstro se elevava

De asas abertas um dragão que enchia

De fogo a quanto ali se aproximava.

 

“Aquele é Caco, — o Mestre me dizia, —

Que, sob as rochas do Aventino, ousado

Lagos de sangue tanta vez abria.

 

Não vai de seus irmãos acompanhado

Porque roubou malicioso o armento

Que ali pascia na campanha ao lado.

 

Hércules com a maça e golpes cento,

Sem lhe doer um décimo ao nefando,

Pôs remate a tamanho atrevimento.”

 

Ele falava, e o outro foi andando.

No entanto embaixo vinham para nós

Três espíritos que só vimos quando

 

Atroara este grito: “Quem sois vós?”

Nisto a conversa nossa interrompendo

Ele, como eu, no grupo os olhos pôs.

 

Eu não os conheci, mas sucedendo,

Como outras vezes suceder é certo,

Que o nome de um estava outro dizendo,

 

“Cianfa aonde ficou?” Eu, por que esperto

E atento fosse o Mestre em escutá-lo,

Pus sobre a minha boca o dedo aberto.

 

Leitor, não maravilha que aceitá-lo

Ora te custe o que vais ter presente,

Pois eu, que o vi, mal ouso acreditá-lo.

 

Eu contemplava, quando uma serpente

De seis pés temerosa se lhe atira

A um dos três e o colhe de repente.

 

Com os pés do meio o ventre lhe cingira,

Com os da frente os braços lhe peava,

E ambas as faces lhe mordeu com ira.

 

Os outros dous às coxas lhe alongava,

E entre elas insinua a cauda que ia

Tocar-lhes os rins e dura os apertava.

 

A hera não se enrosca nem se enfia

Pela árvore, como a horrível fera

Ao pecador os membros envolvia.

 

Como se fossem derretida cera,

Um só vulto, uma cor iam tomando,

Quais tinham sido nenhum deles era.

 

Tal o papel, se o fogo o vai queimando,

Antes de negro estar, e já depois

Que o branco perde, fusco vai ficando.

 

Os outros dous bradavam: “Ora pois,

Agnel, ai triste, que mudança é essa?

Olha que já não és nem um nem dous!”

 

Faziam ambas uma só cabeça,

E na única face um rosto misto,

Onde eram dous, a aparecer começa.

 

Dos quatro braços dous restavam, e isto,

Pernas, coxas e o mais ia mudado

Num tal composto que jamais foi visto.

 

Todo o primeiro aspecto era acabado;

Dous e nenhum era a cruel figura,

E tal se foi a passo demorado.

 

Qual camaleão, que variar procura

De sebe às horas em que o sol esquenta,

E correndo parece que fulgura,

 

Tal uma curta serpe se apresenta,

Para o ventre dos dous corre acendida,

Lívida e cor de um bago de pimenta.

 

E essa parte por onde foi nutrida

Tenra criança antes que à luz saísse,

Num deles morde, e cai toda estendida.

 

O ferido a encarou, mas nada disse;

Firme nos pés, apenas bocejava,

Qual se de febre ou sono ali caísse.

 

Frente a frente, um ao outro contemplava,

E à chaga de um, e à boca de outro, forte

Fumo saía e no ar se misturava.

 

Cale agora Lucano a triste morte

De Sabelo e Nasídio, e atento esteja

Que o que lhe vou dizer é de outra sorte.

 

Cale-se Ovídio e neste quadro veja

Que, se Aretusa em fonte nos há posto

E Cadmo em serpe, não lhe tenho inveja.

 

Pois duas naturezas rosto a rosto

Não transmudou, com que elas de repente

Trocassem a matéria e o ser oposto.

 

Tal era o acordo entre ambas que a serpente

A cauda em duas caudas fez partidas,

E a alma os pés ajuntava estreitamente.

 

Pernas e coxas vi-as tão unidas

Que nem leve sinal dava a juntura

De que tivessem sido divididas.

 

Imita a cauda bífida a figura

Que ali se perde, e a pele abranda, ao passo

Que a pele do homem se tornava dura.

 

Em cada axila vi entrar um braço,

A tempo que iam esticando à fera

Os dous pés que eram de tamanho escasso.

 

Os pés de trás a serpe os retorcera

Até formarem-lhe a encoberta parte,

Que no infeliz em pés se convertera.

 

Enquanto o fumo os cobre, e de tal arte

A cor lhes muda e põe à serpe o velo

Que já da pele do homem se lhe parte,

 

Um caiu, o outro ergueu-se, sem torcê-lo

Aquele torvo olhar com que ambos iam

A trocar entre si o rosto e a vê-lo.

 

Ao que era em pé as carnes lhe fugiam

Para as fontes, e ali do que abundava

Duas orelhas de homem lhe saíam.

 

E o que de sobra ainda lhe ficava

O nariz lhe compõe e lhe perfaz

E o lábio lhe engrossou quanto bastava.

 

A boca estende o que por terra jaz

E as orelhas recolhe na cabeça,

Bem como o caracol às pontas faz.

 

A língua, que era então de uma só peça,

E prestes a falar, fendida vi-a,

Enquanto a do outro se une, e o fumo cessa.

 

A alma, que assim tornado em serpe havia,

Pelo vale fugiu assobiando,

E esta lhe ia falando e lhe cuspia.

 

Logo a recente espádua lhe foi dando

E à outra disse: “Ora com Buoso mudo,

Rasteje, como eu vinha rastejando!”

 

Assim na cova sétima vi tudo

Mudar e transmudar; a novidade

Me absolva o estilo desornado e rudo.

 

Mas que um tanto perdesse a claridade

Dos olhos meus, e turva a mente houvesse,

Não fugiram com tanta brevidade,

 

Nem tão ocultos, que eu não conhecesse

Puccio Sciancato, única ali vinda

Alma que a forma própria não perdesse;[iii]

Como dizia a você, dileto leitor, se resistiu a ler até aqui: cabe observar que algumas referências históricas no Canto I sugerem que “O Inferno” foi, provavelmente escrito por Dante no final de 1309, enquanto outras dicas no Canto II indicam que “O Purgatório” foi concluído entre 1313 e 1314. Em 1316, Dante dedicou a um certo Cangrande della Scala o primeiro Canto de “O Paraíso”, no qual trabalhou até os últimos dias de sua vida. A transfiguração da raiva e da mágoa, expressão de sua tristeza e raiva por ter sido condenado e, de certa forma, condenado pelas artimanhas da “cidade-Estado” florentina, como se vê nos versos traduzidos por Machado de Assis e também por Dante Milano (cuja tradução do Canto V também é recomendada ao leitor como dever-de-casa).

A primeira reflexão política que o peregrino da Comédia está prestes a fazer durante sua viagem ao reino dos mortos é dedicada a Florença, e essa é uma demonstração óbvia de quão importante era este tema para o autor. No sexto canto do inferno, estabelece o círculo do gênio, no qual as almas malignas são forçadas a sofrer uma chuva incessante, dá-se uma reunião e um diálogo entre o viajante e Ciacco (Caco), um florentino “Que, sob as rochas do Aventino, ousado/Lagos de sangue tanta vez abria.”

Dante pede-lhe para falar sobre como a guerra entre as diferentes facções serão resolvidas, quais são os motivos de tais confrontos violentos e questioná-lo, mesmo que haja alguns homens honestos na cidade. Muito dessas desventuras está transposto em uma refinada e específica forma de fazer poesia (em terza rima, com sofisticação e profundidade de conteúdo, ritmo e rima), em “O Inferno” (1ª. parte da Divina Comédia).

Em visita a Florença, depois de um primeiro dia de chuva e multidões (era domingo) nas ruas de Firenze, pude na última segunda-feira ensolarada, passar a manhã inteira em busca do poeta que nunca vimos mas que sentimos influenciador de toda uma literatura de seu tempo até agora – passados quase setecentos anos de sua morte, ocorrida em 14 de setembro de 1321, no exílio em Ravena.

Sobre a importância e grandiosidade da obra de Dante, o professor e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marco Lucchesi[iv], assinala que “o estudo da obra de Dante em língua portuguesa forma, por densidade e extensão, um ramo de não pequeno relevo no campo de interesse dos dantólogos. E pode se dividir em duas fases, antes e depois de Machado de Assis, de quem se esperava, aliás, a tradução completa da Comédia, que havia de ser magistral, a julgar pela tradução feita por Machado do canto 25 do Inferno. O melhor do que nos legou o Segundo Reinado, além das releituras de Dante esparsas nas páginas machadianas, desfeitas ou mesmo transformadas, como em “O alienista”: “la bocca sollevò dal fiero pasto, quel seccator”. Antes de Machado, comparece na poesia dos poetas coloniais, que ou realizam translatos da obra dantesca, ou multiplicam citações, absorvendo-lhe o cenário e alguma temperatura, como Manoel de Santa Itaparica em Estáquidos, ou nas harmonias celestiais do Caramuru, de Santa Rita Durão, onde surge um Dante-Camões, entre o canto 10 de Os lusíadas e o 33 do Paraíso. A máquina do mundo e o livro de Deus. Era sempre a Comédia que fazia parte do acervo da Companhia de Jesus e dos monges beneditinos, cujo primeiro exemplar do poema sacro – segundo Câmara Cascudo – teria chegado já no século XVII.”

Casas-museus – de Thomas Mann a Gilberto Freire

As casas-museus são uma boa e agradável forma de o leitor rememorar ou de ter o primeiro contato com um grande escritor do passado. Servem como uma verdadeira porta de entrada para uma espécie de “íntima relação com um desconhecido-íntimo pela leitura”, conhecendo-lhe aspectos da vida de escritor, detalhes daquele ser a quem o leitor só teve acesso através do livro. A casa-museu é este local privilegiado onde se adiciona um olhar mais direto ao modo de vida e aos hábitos do escritor que se admira, sua forma de escrever (seus hábitos e manias); conhecimento de parte de seu acervo deixado à posteridade, frutos do zelo de amigos, familiares, admiradores e editores (com ou sem financiamento público).

 

Interior da Casa di Dante

Nesses espaços, é como se o visitante estivesse dentro de um sonho ou estaria ainda o leitor apaixonado no estado de vigília? De fato, só tive noção do que pensava intensamente, quando levantei-me para tomar nota de situações que envolvem alguns escritores que passaram por minha vida de leitor mediano (mas sempre apaixonado), em que “leituras e destinos turísticos e culturais” se juntam em vivências inesquecíveis, permitindo cruzar o conhecimento do que se leu – ou expandindo-o do acervo daquele escritor – são emoções que se oferecem aos que amam a literatura e se interessam por saber mais sobre os escritores favoritos.

Hoje meu acervo sentimento conta com oito casas-museus, das quais sete visitadas em emoções e tempos diversos. Uma que aguarda um tempo desta minha fase de “retraite” para a ela me dedicar (Bernanos) – paradoxalmente a mais próxima de Goiânia (Barbacena/MG). Thomas Mann, François Mauriac, Rui Barbosa, Gilberto Freyre são lembrados hoje, ao lado de Dante, como personagens de quadros de uma pinacoteca que saltassem para se encontrar comigo, séculos de diferença entre si, apenas porque estáo expostos no mesmo hall de um museu (as minhas prateleiras mentais, como no Peter Kien de “Auto-da-fé”, de Elias Cannetti).

As casas-museu visitadas em São Petersburgo há um ano (apartamentos de Dostoiévski e Púshkin) deixam-me igualmente saudades no peito deste cronista, mas tudo isso seerá objeto de outro artigo, em breve. Arrivederci.

NOTAS

[i] BIANCHINI, Nicola. Dante. “All my thoughts speak of Love”, Firenze musei, 2003.

[ii] Cf. análise em link consultado em 25/09/2017 http://portalconservador.com/o-mito-da-idade-media-por-regine-pernoud/

[iii] Dante na tradução Machado de Assis, em “Poesias Ocidentais”. in: Obra Completa, Machado de Assis, vol. III. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. [Publicado originalmente em Poesias Completas, Rio de Janeiro: Garnier, 1901].

[iv] LUCCHESI, Marco. Link consultado em 25/09/2017 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142011000200024