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Na semana passada, Iris Rezende confidenciou um aliado, amigo do peito, que, se for derrotado para o governo de Goiás, deverá ser candidato a prefeito de Goiânia. Por dois motivos. Primeiro, avalia que, se não tiver mandato em 2016, vai perder o controle do PMDB para Júnior Friboi. Segundo, acredita que, se não disputar, o PSDB do governador ganha a Prefeitura de Goiânia e as oposições vão chegar mais enfraquecidas no pleito de 2018. O argumento de Iris está prontinho para 2016: “As bases me convocaram e eu não tenho como não disputar”.
Dois deputados federais devem ser convocados para secretarias importantes do governo de Marconi Perillo, se este for reeleito. Um deles pode ser Marcos Abrão, cotado, ao lado de José Paulo Loureiro, o golden boy do marconismo, para a Secretaria da Fazenda ou para a Secretaria de Planejamento. A ressalva é que o PPS nacional conta com o deputado goiano para se fortalecer em Brasília. Alexandre Baldy (PSDB), embora queira passar pela experiência do Parlamento, pode ser convocado para uma secretaria com o objetivo de alavancar sua candidatura a prefeito de Anápolis. Há, porém, uma vantagem: os recursos do Orçamento da União podem ser liberados pelos titulares do cargo. No período de votar as emendas eles assumem e, depois, saem de novo.
Ao ser eleito com mais de 30 mil votos, Adib Elias provou que não está morto politicamente e que será um adversário temerário para o prefeito de Catalão, Jardel Sebba, na eleição de 2016. O problema-chave de Adib Elias é que é previsível e, assim, fácil de combater. Ele não é uma toupeira, mas às vezes age como se fosse. Seu estilo “trator” está superado.
José Taveira é cada vez mais citado como o nome forte para a Secretaria de Saúde. O nome de Leonardo Vilela, também mencionado para uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, figura na lista dos cotados para a complicada secretaria. Acreditava-se que sem Simão Cirineu, o Cirinão, o Estado não conseguiria manter as contas ajustadas. José Taveira assumiu a Secretaria da Fazenda e não apenas manteve as contas em dia, como conseguiu organizá-las ainda mais. Não é à toa que ele é chamado, no governo, de “o Midas que deu certo”. O único que nunca esqueceu Cirinão é o próprio Cirinão. Taveira, por final, aprecia sua competência e descortino.
O deputado federal Thiago Peixoto teve uma votação menor do que a esperada. Por dois motivos. Primeiro, professores ligados ao Sintego produziram e divulgaram panfletos anônimos depreciando o líder do PSD, o que o prejudicou em todo o Estado. Segundo, Thiago Peixoto teria desacelerado a campanha, para economizar, antes da hora. Perdeu apoio para outros candidatos endinheirados.
O PT não se empenhou na campanha de Karlos Cabral e perdeu um de seus mais eficientes e qualificados deputados estaduais. Com a derrota, ficou muito difícil para Karlos Cabral articular uma estrutura para disputar a Prefeitura de Rio Verde em 2016.
Com as vitórias de Heuler Cruvinel para deputado federal e de Lissauer Vieira para deputado federal, o PSD de Rio Verde ficou muito forte. Será difícil, muito difícil, derrotar o candidato à sucessão do prefeito Juraci Martins, em 2016. Heuler Cruvinel — ou Lissauer Vieira —, com sua vitória maiúscula, credencia-se, desde já, como fortíssimo candidato a prefeito de Rio Verde na próxima eleição. O único concorrente do deputado federal é mesmo Lissauer Vieira. Mas ele devem trabalhar juntos.

[caption id="attachment_17827" align="alignleft" width="620"] Segundo o doleiro Youssef, cada partido indicava um operador para o esquema que repassa dinheiro de suborno aos políticos / Foto: Joedson Alves/Estadão Conteúdo[/caption]
O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa contaram detalhes à Justiça Federal do Paraná na quarta-feira, 8, sobre como o dinheiro das fornecedoras da estatal migraram para o caixa dois do PT, PMDB e PP e abasteceram campanhas políticas em 2010.
Segundo Youssef, cada diretoria tinha um operador no esquema indicado pelos próprios partidos. Ao todo, 13 empresas foram identificadas por pagar ou repassar, a pedido de empreiteiras, dinheiro de suborno destinado aos políticos. Em depoimento, Paulo Roberto Costa afirmou que consta em uma agenda, apreendida pela Polícia Federal, que ele pagou R$ 28,5 milhões para sete políticos do PP. Acusado de ser o mentor do grupo criminoso, Youssef disse que o operador inicial do esquema era o deputado José Janene (PP), que se encarregava de fazer a distribuição do dinheiro entre os políticos até 2010. Youssef afirmou também que, além dele, atuavam no esquema a doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama, Leonardo Meirelles e Carlos Rocha — os três foram indiciados na Operação Lava Jato. Os partidos de oposição na Câmara e no Senado devem marcar, essa semana, uma reunião de emergência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investiga negócios ilícitos na Petrobrás.
Encerrada a greve da Caixa Ecônomica
O último banco que ainda estava em greve, a Caixa Econômica Federal, também optou pelo fim da paralisação na noite de terça-feira, 7. Após uma assembleia, os servidores decidiram aceitar as propostas da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), assim como as demais instituições haviam feito anteriormente. A definição aceita pelos servidores prevê um reajuste salarial de 8,5%, mais 9% no piso e 12% no vale-alimentação. Com a concordância das partes envolvidas, as agências voltaram a funcionar normalmente logo na manhã desta quarta-feira, 8. A greve dos bancos privados e do Banco do Brasil em Goiás teve início no dia 30 de setembro e durou oito dias.Paquistanesa e indiano vencem Nobel da Paz
A jovem paquistanesa Malala Yousafzai, de 17 anos, e o indiano Kailash Satyarthi, de 50 anos, venceram o Prêmio Nobel da Paz de 2014. A dupla foi anunciada na sexta-feira, 10, pela Academia Sueca por lutar contra a “opressão das crianças e dos jovens e pelo direito de todos à educação”. A ativista paquistanesa tornou-se reconhecida internacionalmente pela resistência aos esforços do regime talibã em negar educação e outros direitos básicos às mulheres. Malala era a mais jovem entre os favoritos a receber o prêmio. O indiano Kailash Satyarthi é um dos promotores da Marcha Contra o Trabalho Infantil e já resgatou mais de 60 mil crianças e adultos mantidos sob regime de escravidão em seu país.Ferreira Gullar assume como imortal da ABL
Por votação quase unânime, a Academia Brasileira de Letras (ABL) elegeu na quinta-feira, 9, o poeta Ferreira Gullar para a cadeira 37 da Casa, vazia desde 3 de julho, com a morte do poeta e tradutor Ivan Junqueira. Gullar recebeu 36 dos 37 votos possíveis e foi eleito em primeiro escrutínio. Um voto foi em branco. Votaram 18 acadêmicos presentes e 18 por cartas. O maranhense Ferreira Gullar, cujo verdadeiro nome é José de Ribamar Ferreira, nascido em São Luís, em 10 de setembro 1930, é o terceiro poeta a ocupar sucessivamente a cadeira 37. Antes de Ivan Junqueira, ela pertenceu ao pernambucano João Cabral de Melo Neto. A cadeira teve como fundador Silva Ramos, que escolheu como patrono o poeta Tomás Antonio Gonzaga.“Ebola é o maior desafio desde a aids”
O diretor do Centro para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), Thomas Frieden, comparou hoje na sexta-feira, 9, o surto de ebola no Oeste africano com o surgimento da aids. A escalada do ebola e as dificuldades para conter o avanço da doença na África e em outros continentes foi tema de uma reunião, em Washington, entre representantes dos países mais atingidos, Banco Mundial, da ONG Médicos sem Fronteira e do CDC. “Eu diria que, em 30 anos de trabalho com saúde pública, a única coisa parecida foi a aids”, assinalou Frieden, durante fórum promovido pelo Banco Mundial. A referência do diretor do CDC é ao desafio de conter o surto.Com avanço de 3,3%, indústria goiana tem o segundo maior crescimento do país
O Estado de Goiás obteve índice positivo e se firmou em segundo lugar no quadro industrial nacional. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as fábricas instaladas em Goiás produziram 3,3% a mais do que em julho. O índice é quatro vezes maior do que a média nacional, que ficou em 0,7%. As indústrias de combustível e alimentos, instaladas no Estado, são as que mais influenciaram no resultado. O índice segue um crescimento registrado em agosto de 2013, cujo crescimento foi de 3,7%. Segundo informações do IBGE, a indústria de combustível avançou 15,3% em sua produtividade e a de alimentos saltou 4,7%. No País, a produção cresceu em 10 dos 14 Estados analisados pelo Instituto. Outros locais que apresentaram aumento acima da média nacional, de 0,7%, foram o Ceará (2,8%), Pernambuco (2,7%), Paraná (2,1%), Pará (2,0%) e São Paulo (0,8%). No cenário nacional, os destaques de crescimento foram os setores de máquinas e equipamentos (3,9%), as indústrias extrativas de coque (2,4%), produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,5%) e de produtos alimentícios (1,1%).

“Um Novo Dueto” soa como uma análise sóbria, delicada e convincente da natureza complicada do adultério
Olavo Noleto (PT) perdeu sobretudo porque foi traído por vários prefeitos. Eles disseram que apoiariam o petista, mas, na surdina, trabalharam para outros candidatos, sobretudo para os endinheirados. Fica uma lição para Olavo Noleto: é preciso construir bases eleitorais próprias no interior e bem mais cedo. Um assessor diz que Olavo Noleto está “decepcionado” — teve pouco mais de 30 mil votos —, mas não magoado. “Olavo é de bem com a vida”, sublinha.
O livro “O Difícil Exercício das Cinzas” mostra um poeta em plena forma, inteiramente seguro de sua identidade e com a “angústia da influência” sob controle
O prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), não quer bancar a candidatura de Sandro Mabel para sucedê-lo. Seu candidato é mesmo o secretário Euler Morais (PMDB), seu braço direito. Porém, se o PT bancar Olavo Noleto, um político pelo qual Maguito tem o maior apreço, é provável que o prefeito banque Euler Morais para seu vice. Aí, em Goiânia, o PT lançaria o vice do candidato do PMDB a prefeito.

Ultrapassando a ideia de que quilombo se configura meramente como uma área delimitada e habitada por descendentes de escravos, a Associação Brasileira de Antropologia propõe pensar quilombo a partir de práticas de resistência e experiências que constroem uma trajetória comum, sem a necessidade da construção de um espaço propriamente demarcado
O vice-prefeito de Aparecida de Goiânia, Ozair José, saiu da eleição deste ano menor do que entrou. Ele estava crente que seria eleito deputado estadual e obteve uma votação pífia. Assim, dificilmente será candidato a prefeito em 2016. Até porque o prefeito Maguito Vilela, que aposta em Euler Morais, não vai bancá-lo. Isto é definitivo. Vigora a tese que apoiar Ozair é o mesmo que bancar os políticos que são rejeitados pelos eleitores, como Ademir Menezes e José Macedo. O PT também não tem qualquer simpatia pela candidatura de Ozair, por considerar que o político “está” no PT, mas “não é” do PT.

Eberth Vêncio
Especial para o Jornal Opção
Não costumo escrever a respeito dos meus destinos de viagem para não parecer mais presunçoso e metido a besta do que penso. No duro: não sou de vomitar cruzeiros all-inclusive, de me deixar fotografar ao lado de uma centenária torre francesa enferrujada. Melhor seria fazer um selfie com a septuagenária La Belle de Jour. É líquido e certo: Catherine Deneuve e o Rio de Janeiro continuam lindos.
Mesmo assim, vou contar: há pouco, estive no Peru e curti uma viagem repleta de paisagens estonteantes, bucólicas, picos monumentais, piscos inebriantes e mais de mil caçarolas de mate-de-coca para suportar a altitude. O maior barato que consegui ao encher a lata de chá foi incrementar a diurese. Nem de longe fui capaz de enxergar políticos honestos montados em unicórnios a sobrevoarem a atmosfera mística de Machu Picchu. Essas coisas — os políticos honestos — simplesmente não existem.
Duas constatações deixaram-me incomodado por lá. Número uno: o trânsito louco, descortês e caótico, no qual ninguém mais parece se afetar com a irritante sinfonia das buzinas que, de tão corriqueiras, tornaram-se ineficientes. Todos buzinam, mas ninguém dá a mínima. Prevalecem os mais impetuosos, a despeito da segurança dos transeuntes: o povo ziguezagueia entre os carros como se fosse um formigueiro.
Número dos: a malandragem dos taxistas. Não sei por que cargas d’água, os táxis de Lima e Cuzco não possuem taxímetro. Assim que pisei em solo peruano, fui alertado por um guia turístico a ficar velhaco em relação aos taxistas (não somos brasileiros assim tão espertos quanto o resto do mundo imagina). Ele me ensinou a identificar os automóveis oficiais, a fim de não contratar os serviços de um meliante qualquer, e acabar parando num bairro ermo com o cu na mão e uma pistola na cabeça.
A corrida deveria ser negociada ainda na calçada, antes de sentar o meu traseiro verde-amarelo no veículo. Negociação inglória, desigual, sujeita a tapeações, pelo simples fato de, evidentemente, eu não conhecer as distâncias e, portanto, não ter como prever os valores a serem pagos com Nuevo Sol. “Não há nada de nuevo nisso”, foi um grande amigo meu quem me consolou ao garantir que malandragem de taxista é um fenômeno pandêmico, uma artimanha desagradável que prevalece em vários países do mundo, em particular, na América Latina. Isso sem falar nos escritores malandros, nos médicos malandros e nos leitores malandros. É uma simples amostra de como o ser humano pode ser inconveniente aos projetos do Criador. Quem mandou criar? Agora, guenta!
Reclamar dos pecadinhos peruanos, que a mim pareciam tão familiares — afinal, em matéria de malandragem, somos “hors concours” no planeta — é apenas um lépido exercício de chatice da qual sou especialista, embora não me orgulhe nem um pouco disso. Frequentemente acordo com aquela vontade danada de ficar correndo atrás do próprio rabo. Não tem nada de engraçado. É uma lástima.
Então vamos mudar o rumo desta crônica e afirmar que a minha jornada gastronômico-cultural pelo Peru foi irretocável. Caminhar em meio às ruínas do povo inca em Machu Picchu foi o ponto máximo da jornada, o destino mais esperado. Muito mais do que física, a viagem foi mental, instigante, certamente potencializada pela paisagem místico-exótica, além da atmosfera levemente asfixiante proporcionada pelo ar rarefeito.
É fácil viajar na história, nas explanações detalhistas de guias turísticos tarimbados e com formação acadêmica apropriada. Enquanto o fole pulmonar mendigava por oxigênio na altitude, eu me entregava à benfazeja letargia neuronal para viajar também nas famigeradas asas da imaginação, e relembrar os despachados conquistadores espanhóis chegando àquelas plagas longínquas, invadindo territórios, saqueando ouro, dizimando gente, dominando tudo, enfim. É constrangedor notar que, ao longo dos centenários antecedentes de crueldade, dominação e medo, o pendor pela conquista seja ainda uma constante no ser humano.
Apreciar aquelas ruínas incas foi um momento mágico, mas arruinou também a minha paz e tirou da cartola uma consciência que parecia muito mais pesada que toda a pedraria que, um dia, sabe-se lá de que forma, uma destemida legião de homens e mulheres cismou em carregar para o topo das colinas, a fim de se protegerem dos riscos naturais, como os sismos, os pumas e os homens malvados de outras paragens.
Mesmo sofrendo com penhascos e desfiladeiros (sou um acrofóbico esforçado em busca da cura), consegui controlar o temor alguns minutos, ao ponto de me sentir tão tranquilo que parecia factível pular no vazio, bater as asas e voar para dentro da vida ideal. Efeito de hipóxia cerebral? Excesso de pisco nas veias? Talvez, sim. Me senti mais miserável que o normal ao imaginar que numa determinada época da história, uma civilização pouco compreendida pelos homens de hoje preencheu de vida e ilusões aquele amontoado de pedras que os atônitos turistas agora fotografavam.
Tudo na vida tem um final. Até esse texto possui um. Enquanto eu me dirigia ao aeroporto de Lima, fiz ao taxista amigo as corriqueiras perguntas que os turistas sempre fazem. Dentre elas: como é que os incas conseguiram levar para o cume das montanhas aquelas rochas enormes. “Eran los dioses los astronautas?”, eu perguntei num apalermado e plagiador portunhol. Com paciência, bom humor e nenhuma malandragem, o taxista com cara de índio disse-me “los hombres nunca dejan de soñar com las estrellas”.
Apertei sua mão, tomei um Dramin, e embarquei me borrando de medo dos homens e dos aviões. Mais dos homens do que dos aviões. Se for um taxista, então, nem te conto.
Eberth Vêncio é escritor e médico.
via Revista Bula